Vi Merliah chegando, com o vestido sujo, arrastando no chão. Os cabelos despenteados, os olhos avermelhados e os lábios inchados.Estava afastada de Chain, que não usava mais gravata. A camisa dele estava com os primeiros botões desabotoados e o blazer sobre os ombros de Merliah. A boca dele estava mais inchada do que a dela e tinha um pequeno ferimento. Era visível que tinha sido uma mordida.Meu coração acelerou e senti um frio na barriga. Sim, eles estavam ali. Mas mesmo depois de saberem a verdade, se beijaram... E de forma intensa.Deus, será que poderia me ajudar, uma vez na vida? É possível fazer com que estes dois entendam que não podem e não devem ficar juntos?Levantei e fui até minha filha. Antes que me aproximasse, ela deu um passo para trás.— Liah, por favor... — pedi, sabendo que todos nos observavam. — Podemos... Conversar só nós duas?— Eu não quero falar com você.— Me perdoe, minha filha... Por favor.— Não... Eu não perdoo. Você me mentiu por 21 anos.— Eu... Não q
A minha vida inteira eu sonhei com ele fazendo aquilo. E na minha imaginação, sequer estava ajoelhado. Não houve um dia em que não o amei. E jamais menti para minha filha sobre isto, deixando bem claro que o pai dela foi o único homem por quem me apaixonei de verdade.E agora o momento que tanto esperei havia chegado. E eu poderia dizer sim e ficar com ele, como quis por toda a vida, livrando minha mente, corpo e alma de toda dor daquele amor interrompido de forma abrupta.No entanto, ainda tinha muito rancor dentro de mim. Aqueles olhos verdes brilhantes tinham me deixado um vazio e uma tristeza sem igual.O que eu poderia querer mais do que um pedido de perdão? Nada. Talvez nosso tempo tivesse passado e o que nos ligasse agora fosse somente Liah... Ou o bebê que eu tinha no ventre. Ou seja, estaríamos unidos a vida inteira. Sendo que a criança que eu carregava não era minha de fato e talvez s
— Eu... Posso tocar... Por favor?— No contrato, assinei que jamais teríamos contato ou nos veríamos. Assim que o bebê nascer, o entregaria e pegaria o restante do dinheiro.— Você quer isso mesmo? O dinheiro? Foi sempre pelo dinheiro ou você se transformou nesta pessoa agora, Candy?— Duvida de mim novamente, Milano?— Do passado, não. Do presente, sim.— Sim, foi pelo dinheiro. Estávamos perdendo nossa casa e tudo que tínhamos. Vi esta gravidez como uma forma de receber uma boa quantia em pouco tempo e tentar resolver meus problemas. Até que começaram os enjoos matinais... — Sorri. — Eu não senti nada disso com Merliah. Tive uma gravidez tranquila da nossa primeira filha...— “Nossa primeira filha”... — Milano fechou os olhos e sorriu. — Pode dizer isso novamente, por favor?—
Voltei para casa no carro de Chain, sem ser contestada por Milano. No caminho, com mil palavras entaladas na garganta, eu não disse nenhuma delas. Chain, por sua vez, optou por calar-se também durante todo o trajeto.Minha vontade era gritar o quanto aquilo tudo estava me desestabilizando emocionalmente, tirando meu chão, acabando comigo. No entanto, me limitava a observar vez ou outra as mãos dele firmes no volante, sem deixar de pensar que não as teria nunca mais me tocando. E aquilo doía pra caralho. O sentimento era de que faltava um pedaço de mim. Sim, encontrei um pai, mas exatamente neste momento perdi o amor da minha vida.Talvez eu devesse focar em Milano e Candy, toda a história deles e o quanto eu fui afetada. Mas não consegui. Meu corpo e meu cérebro só tinham espaço para minha perda: Chain.Se eu tivesse coragem de não pensar em nada e aceitar a ideia dele de
Quando percebi, as lágrimas já tomavam conta de mim. Eu não poderia pedir que ele me esperasse, porque nada mudaria o fato de sermos tio e sobrinha. Mas no meu íntimo, era isso que eu aguardava: um milagre.Simplesmente não conseguia acreditar que encontrei o amor da minha vida e não poderia ficar com ele.Talvez ficar na mesma casa que Chain não fosse a solução. Porque eu sabia que ele estava ali, há metros de distância. E tinha vontade de levantar e ir até lá e pedir que esquecesse a realidade, me tomasse em seus braços e me beijasse, até que eu ficasse sem ar.Mas se ficar perto era ruim, longe era simplesmente inadmissível. Seria como assinar minha sentença de morte.Eu sabia que era só o início do meu martírio e sofrimento.Limpei as lágrimas e levantei, propositalmente, só de calcinha e camis
— Você não foi chamada nesta conversa — bradei.Tessália gargalhou:— Achei hilária a cena da igreja. Parecia aqueles casamentos de filmes ou novelas.Olhei para Chain, mas percebi que ele também parecia estar sem palavras.— Confesso que até tive “peninha” de vocês. Claro que a igreja, bem como a cerimônia estavam ridículos. O vestido da noiva então... Totalmente brega. Mas ninguém merece saber que está casando com o próprio tio na hora do sim. Ou com a sobrinha, no caso. — Olhou para Chain. — Nem no meu casamento com Robson isso aconteceu. E olhem que esperei que Chain aparecesse para estragar tudo.— Eu não faria isso... Nunca — ele defendeu-se.— Vocês são dignos de pena.— “Você” é digna de pena! Quero assistir quando estiver se
— Sim, uma ótima hora.— Acha que vai dar certo nossa tentativa de tirá-la do testamento?— Eu sinceramente não sei.— Quero Diogo com Davina de volta.— Este também é meu maior objetivo... O menino de volta ao colo da mãe, Tessália fora da casa. Mas o dinheiro... Difícil de acreditar, mas estou me fodendo para ele.Mordi os lábios, o olhando demoradamente, sentindo a saudade apertar, mesmo estando de frente para Chain.— Poderia me levar na faculdade, se não for ruim para você?— Posso, claro que posso.Eu estava entrando no carro quando Milano apareceu, vindo não sei de onde.— Onde vocês vão? — perguntou antes mesmo de nos cumprimentar.Ele estava tão sério que cheguei a me sentir culpada por algo que não fiz.— Vou levar Liah na
POV CHAINDurante toda aquela semana mergulhei no trabalho. Todas as madrugadas descia até a cozinha para beber leite, algo que eu simplesmente não gostava. Mas lá estava o copo cheio na geladeira, vez ou outra com batom marcando. O leite era ruim, mas o gosto dos lábios dela era o combustível para continuar a viver.Numa das noites bebi a metade e pus o restante na geladeira. Na manhã seguinte estava vazio. Sorri ao pegar o copo com algumas gotas ao fundo e ver o batom dela. Não era exatamente um beijo... Mas de certa forma nos satisfazia.Passamos a dividir o leite, embora não nos víssemos. Eu porque tentava imensamente saber viver com ela sem poder tocá-la. Ela... Bem, desta vez eu não sabia o que se passava na cabecinha doida de Liah.Na sexta-feira à noite aluguei um quarto de Hotel no Centro de Noriah e fiquei lá até segunda pela manhã, quando fu