POV CHAINQuando desembarquei do táxi, com Liah em meus braços, o corpo completamente amolecido, fiquei desesperado. Assim que cheguei com ela na recepção, imediatamente foi levada para dentro da emergência do Hospital.— Preciso de notícias... Urgentemente... — falei para a recepcionista.— Senhor, precisamos dos dados da paciente. Por enquanto não há como dar-lhe notícias. Ela acaba de dar entrada neste hospital. Sequer chegou às mãos de um médico ainda.Sim, ela tinha razão. Não havia dois minutos que larguei Merliah na maca, ainda respirando, com os olhos entreabertos, chamando por meu nome, completamente confusa.Passei as informações pessoais dela e não tinha outra coisa a fazer a não ser aguardar. Peguei meu telefone, sabendo que deveria avisar alguém da família dela. Apesar de tudo, não foi Candy e Milano que vieram à minha mente naquele momento.— Alô?— Rosela?— Chain?— Rosela... Aconteceu uma coisa.— Liah? O que houve com Liah? — ela perguntou, parecendo já saber.— Eu n
— Obrigado, doutor. Será que... Eu poderia vê-la?— Ela pede pelo senhor... Vou deixá-lo vê-la assim que sair da sala de exame.— Obrigado mais uma vez.Voltei para recepção e quarenta minutos depois pude vê-la. Liah estava numa maca, em uma pequena sala.— Em breve ela tem outro exame, senhor. Então, terão que ser breves — avisou a enfermeira quando abriu a porta para eu entrar.Percebi o nervosismo dela só de olhar em seus olhos. imediatamente fui até ela e peguei sua mão, que estava gelada.— Diz para eles que estou bem, Chain.— Não, não vou dizer. Desta vez você vai fazer tudo certo. Ficará aqui até termos uma resposta, senhora Chalamet.— Eu estou bem já... Foi só um desmaio...— Não, Merliah! — Fui firme.— Me diga que não avisou minha família.— Avisei sua avó... Que automaticamente avisou sua mãe, que avisou Milano... Que está vindo para cá.— Porra, Chain, vou matar você.— Já está matando... Do coração. Sou jovem demais para ficar viúvo.— Lembro de ter ouvido que queria ca
— Podemos vê-la, doutor? — meu irmão pediu.— Ela deseja ver o marido. — O médico me olhou.— Desejo vê-la também, doutor — falei.— Você pode entrar, senhor Chalamet. O médico também quer conversar com o senhor. Em seguida, liberarei Merliah. Então ela poderá ver os pais. — Olhou em direção aos dois.Segui pelo corredor, acompanhado de uma enfermeira. Liah estava num consultório, sentada numa cadeira de couro confortável, sendo separada do médico por uma mesa branca.Assim que entrei pela porta, ela sorriu, feliz em me ver. Dei-lhe um beijo no topo da cabeça e sentei, pegando a mão dela.— Este é meu marido — ela falou ao médico.— Chain Archambault Chalamet — apresentei-me, levantando novamente e oferecendo-lhe minha mão.Deveria ter feito aquilo antes de sentar, mas Merliah me deixava sempre um pouco fora de mim.— Merliah falou muito de você, senhor Chalamet. — Ele sorriu.— Espero que de bem... — Olhei na direção dela, que apertou minha mão e alisou meus dedos carinhosamente.— S
— Amanhã meu marido estará com o lábio machucado... Porque nós gostamos de fazer isso um no outro. E não haverá ninguém para nos criticar ou cobrar nada...— O médico disse que ela precisa falar tudo que pensa e não guardar nada. Isso que a deixou doente — Chain tentou não soar debochado demais.— Quem sabe amanhã eu nem esteja mais com tanta raiva de vocês... E amanheça os amando de novo. Mas hoje não quero vê-los na frente... Vocês me fizeram adquirir uma gastrite. Agora vamos, Chain! — O puxei pela mão.— Antes que eu esqueça de dizer: Milano, sua filha é uma puta de uma gostosa! — Chain provocou.Milano foi na direção dele, com raiva, mas Candy o conteve.— Vou falar o que penso também... Não quero ficar doente. Vocês dois deveriam fazer o mesmo. Guardar palavras pode trazer indigestão e doenças graves. – Chain não se conteve.— Eles não vão sofrer disto, Chain. Nunca deixaram de dizer as palavras que tinham... Só nunca se importaram de ouvir as nossas.Eu saí com Chain sem olhar
Chain foi embora às 9 horas da manhã seguinte. Não fazia nem cinco minutos que ele havia saído e o interfone tocou.— Ok, forasteiro, voltou para mais um beijo? Admita que não consegue ficar mais cinco minutos longe de mim.— Bem, eu acho que consigo. Até uns cinco mil quilômetros...— Vó? — gritei.— Olá, minha linda. Eu aceito uns beijos babados depois de Chain.Liberei o acesso ao portão e não aguentei ficar esperando na porta. Desci as escadas descalça, do jeito que eu estava, louca para vê-la. Assim que nos encontramos no segundo lance de escadarias, joguei-me nos braços dela, sentindo seu corpo quente e magro junto do meu. Fechei os olhos e aconcheguei-me em seu peito:— Vó, eu senti tanta saudade!— Ouvi dizer que você estava para virar jabuticaba, Liah.— Não sei se era para tanto... — Comecei a rir, puxando-a pela mão para que me acompanhasse subindo as escadas.Assim que ela entrou no apartamento olhou curiosamente para tudo e disse:— Ah, isso é muito fofo. Até parece uma
— Vó, não quero falar sobre isso.Ela pegou minha mão e olhou nos meus olhos:— Então diga que me perdoa.— Claro que eu a perdoo. Assim como acho que já perdoei minha mãe e meu pai por terem me afastado de Chain.— Faça o que você tem vontade, meu amor. Muito me vi entre a cruz e a espada com relação a este sentimento entre vocês dois. Mas quer saber? É amor. E amor é amor... Não podemos contestar.Ficamos ali até quase meio-dia. Ela na jacuzzi e eu ao seu lado, conversando sobre nosso passado e planos para o futuro. Então lhe contei sobre a proposta da rainha e minha rejeição.Vovó pensou um pouco antes de dizer:— Mas você não precisa de dinheiro para montar uma loja, ateliê ou seja lá o que for?— Sim.— E como pensa em fazer isso, se não está nos seus planos pegar o dinheiro de ninguém para começar?— Posso alugar um espaço. E conforme for vendendo vou montando tudo do jeito que quero.— Não acha difícil competir com a rainha deste lugar?— Sim... Não será muito fácil. Mas ainda
— Senhor Chalamet, acalme-se! — disse o doutor Royalt.Não consegui mover-me quando vi que ele não se referia nem a mim, tampouco a Milano de “senhor Chalamet”. Era o homem que estava de pé, furioso.Caralho! O desgraçado era muito parecido com meu pai. Talvez fosse... Um irmão mais novo?— Chain, Merliah... Por favor... — Doutor Royalt apontou-nos as duas cadeiras vazias.Eu e Liah estávamos completamente indecisos sobre sentar ou não. Chegou a me dar vontade de ir embora e não me inteirar da palhaçada que provavelmente aconteceria ali.— Venha... Por favor, Chain — Milano pediu.Eu e Liah finalmente andamos, com os olhares atentos de todos sobre nós. Sentamos e meus olhos encararam os verdes do homem à minha frente, que estava sério.Tinha a pele clara, cabelos claros levemente crescidos e olhos verdes. Diferente de todos ali, não usava terno e gravata. Aliás, depois dele eu era o único que não usava gravata, preferindo deixar para o uso obrigatório durante o trabalho.— Podemos com
— Eu... Não fui culpado... — o homem disse, com voz fraca, sendo amparado pela bela morena que estava ao seu lado.Ambos puseram as mãos sobre a mesa e enlaçaram os dedos e pude ver a tatuagem de um ano em específico nos dedos deles, cada um trazendo um número.— Você não tem culpa de nada... Ele era louco! — a mulher falou-lhe num tom de voz baixo.O olhar dela veio na minha direção e abaixei a cabeça, fixando-me na tatuagem que os dois traziam iguais.“...Haroldo se transformou em Hardlles e ali eu perdi meu filho. Depois da morte de Alda, dei Haroldo como perdido e passei a viver com Ildes. Dois anos depois fui procurado por Jordan Rockfeller, que revelou que sua filha tinha engravidado de Haroldo, e que ele não queria a criança, tampouco o relacionamento dos dois. A questão é que não nos preocupávamos com nossos filhos, no entanto ambos tínhamos um neto que estava por vir. E era um Rockfeller Archambault Chalamet. Jordan disse que colocaria a criança para adoção assim que nascesse