Acordei e a vi ao meu lado, deitada de bruços. Ficamos juntos até quase amanhecer o dia, abraçados, falando sobre coisas sem sentido e também nos conhecendo um pouco melhor.Ela realmente não tinha sono durante a noite. Tanto que só conseguiu adormecer quando o dia começava a raiar. Será que se habituaria à nova rotina?Por mais incrível que pareça, depois do 69 não transamos mais. Sabia que Liah estava um pouco machucada e não queria que nada fosse desconfortável para minha agora esposa. Tínhamos tempo... Muito tempo. Só eu que precisava ter coragem e enfrentar a verdade. Sabia que quanto mais o tempo corria, menos chance eu tinha de ser perdoado.Olhei no relógio e já eram 13 horas. Cedo para quem foi dormir às 6 horas da manhã. Mas tarde para quem ainda tinha alguns planos antes de deixar Alpemburg no dia seguinte.Alisei o rosto de Merliah, tentando entender porque eu tinha aquele sentimento tão forte por ela. Nunca senti tanta vontade de proteger uma mulher como acontecia quando
— Ele poderia simplesmente deixar tudo dividido, em partes desiguais, caso preferisse. Ainda assim, estipulou tarefas para cada um cumprir.— Se não cumprirem, perdem a herança?— Sim, se um não cumprir, sua parte é dividida entre os outros dois restantes. Se dois não cumprirem, um receberá tudo.— E se ninguém cumprir?— Ele menciona uma quarta pessoa, que será revelada somente após a finalização do prazo que temos.— Você... Mora com Tessália?— Sim. E você... Também vai morar.— Ela sabe... Sobre mim?— Não.— Por que não contou?— Porque eu mal falo com ela, Liah. Só moramos na mesma casa por causa da exigência. E ela é o tipo de pessoa que fará qualquer coisa para não perder sua parte... E é capaz de tentar atrapalhar tanto a mim quanto Milano.— Por que ela deve adotar uma criança?— Eu creio que meu pai certamente sabia sobre o egoísmo e falta de jeito dela com “pessoas” no geral. Então decidiu pôr uma criança na jogada. E pelo que lhe contei, esperava algo diferente dele? Semp
- E o que você tem que fazer, Chain... Além de casar com alguém que abra mão dos bens aos quais tem direito?Parei um pouco e a olhei firmemente. Talvez aquela fosse a hora. Pensei rapidamente nos prós: estávamos num parque, o que poderia tocar o coração dela... Canto dos pássaros, verde, crianças brincando. Eu estava contando a verdade, mesmo que tardia. Contras: ela ficar puta e fugir de mim, se perdendo em Alpemburg. Ela querer voltar para Noriah North e nunca mais olhar na minha cara novamente. Ela nunca me perdoar e eu passar a virar um morto-vivo, como meu irmão passou a ser após a separação da mãe dela.Sim, tinha mais a questão de Milano ter se envolvido com Candy no passado. Mas isso eu deixaria para ele explicar. Eu já tinha mentido demais e cada verdade contada era uma possibilidade gigantesca de perdê-la.- Preciso estar junto com Milano na questão do crescimento da empresa.- Sim... Que é uma imobiliária.- Mais ou menos... – enruguei a testa.- Mais ou menos?- Não é bem
Mas e se ele não amasse? Se ainda gostasse da ex? Se tivesse me proposto aquela porra de contrato só para pegar a herança e ponto final? Ainda assim eu teria aceito, porque queria o bem de todos. Mas e o meu bem-estar e amor próprio?Sim, meu marido tinha razão... “Marido”... Porque porra eu achava aquilo tão estranho e ao mesmo tempo tinha vontade de gritar ao mundo que era isso que Chain era meu?Quando percebi estávamos na fila da montanha russa.- Isso é um pouco injusto. Olha o tamanho desta porra! – olhei para cima, nem vendo o final.- É justo... Muito justo. Lembrando que na noite da montanha russa trocamos nosso primeiro beijo – me deu um beijo no rosto.- E eu lembro exatamente onde foi – fiz uma careta e depois tapei o rosto – Não sei como tive coragem.- Porque era aquilo que queria naquele momento. Sinceramente, eu gostei... Embora tenha achado estranho para caralho.- Perdemos dona Irma naquela noite. Eu gostava dela...- Eu também – ele riu – Embora ela tenha me levado
- Será que podemos não falar mais de Jadis?- Jadis é o nome verdadeiro dela?- Eu... Acho que não.- Então por que a chama assim?- Porque todos a chamam assim.- Candy é o nome real da sua mãe?- Eu descobri há pouco tempo atrás que não é.- Como assim?- Ela tem outro nome, mas este apelido é usado desde criança.- Mas... Ela é sua mãe? Como pode você não saber o verdadeiro nome dela?- Assim como não sei o de Jadis... Fico pensando se meu nome é mesmo Merliah – comecei a rir.- Você tem 21 anos. É uma mulher madura... Não há porque esconderem certas coisas de você. É o “nome verdadeiro” da sua mãe para ter sabido há pouco tempo.- Às vezes tenho a impressão que tentam me colocar num
Senti beijos ao longo do meu pescoço e abri os olhos, vendo meu marido através da claridade do sol maravilhoso que havia lá fora. Chain estava sem camisa, usando somente uma cueca boxer branca.Caralho, era a visão do inferno... Ou do céu. Dependia do ponto de vista. Tipo... o Diabo te fazer ir ao céu. Ou... O anjo te fazer queimar como no inferno.- Que horas são? – Espreguicei-me sem pressa.- Temos uma hora para sair sem nos atrasarmos para o voo.- Dá para perdermos o voo? – Encarei-o, sorrindo.- Tenho a impressão de que minha bela esposa quer morar em Alpemburg para sempre.- Eu acho que quero viver o que estamos vivendo aqui... Para sempre. – Confessei.Olhei para os pés da cama e avistei uma enorme bandeja com café, pães e frutas. Apoiei-me nos cotovelos e perguntei:- Este café é para mim?- Sim, m
Já estávamos no carro, a caminho da casa, que estava me matando de curiosidade, quando o celular de Chain tocou. Olhamos os dois ao mesmo tempo para o aparelho, acomodado entre os bancos dianteiros do carro.— Pode atender — ele disse, me olhando de relance.— Posso?— Claro que pode — confirmou.— Alô! — Fiquei tentada a rir, de quem estar ligando se deparar com a voz feminina, já pronta para responder que eu era a esposa de Chain.— Filha?— Mãe? — Tirei o aparelho da orelha e olhei-o, confusa.— Sua avó me deu o número de Chain... Que eu encontraria você. Estou... Confusa. E morrendo de saudade.— Sua mãe? — Chain arqueou a sobrancelha, igualmente confuso.Assenti, com a cabeça.— Também estou com saudade, mãe.— Eu... Vou voltar. N&at
— Não... Só tentei provocá-la. — Sorriu.— Eu achei que o convidaria por serem amigos... Só isso. Afinal, estavam sempre juntos.— Sim... Até eu perceber que ele estava interessadíssimo em arrematá-la no leilão.— Estava? — Enruguei a testa. — Ele... Tratou Ketlin muito mal. Eu entendo a frustração dele ao saber que ela era uma prostituta. Ainda assim não justifica o fato de tratá-la como tratou, entende?— Eu mesmo me senti constrangido pela forma como ele tratou Ketlin.— Ela... É uma pessoa, cheia de sentimentos, de sonhos, como outra qualquer. Aquilo ali é o trabalho dela. E assim como todas, ela quer um dia ter uma vida diferente.— Tiago nunca se preocupou com nada além de si mesmo. Mas ele sabia do meu interesse por você, desde sempre. Embora eu não tenha dito