Capítulo 01 - Renegada

Capítulo 01

Hotel Califórnia

A camareira do CEO

Ao contar para minha mãe, sobre a gravidez, nada poderia ficar pior.

Eu gritei que estava grávida, mamãe sentou-se na cama com a mão em seu peito, incrédula e abismada, ficou muda por algum tempo.

— Mamãe, fala comigo! — falei entrando em desespero.

— Não me toque! — Vociferou. — Como você pôde? Eu te criei para ter um futuro, casar com alguém que você ame, casar pra depois pensar em filhos, como você... Quem é o pai? — perguntou, lágrimas brotavam dos seus olhos decepcionados enquanto me encarava com raiva.

— Eu não sei mãe! Por favor... Me perdoa, eu vou precisar de seu apoio. — falei com a cabeça baixa envergonhada e sem poder encarar minha própria mãe.

— Como assim você não sabe! Clara, quem é o pai? — ela direcionou o seu olhar para minha amiga que estava parada a porta inerte.

— Eu não faço ideia Tia Neide, mais eu vou me disponibilizar para correr atrás do homem. A gente estava na balada e... Perdi os dois de vista. — Clara falou nervosa.

— Não, não quero ouvir mais nada... — Ela falou saindo do quarto.

— Mãe... — Chamei implorando sua atenção.

— Não ouse... Eu te criei por 18 anos e é assim que você me agradece? Eu dei meu sangue por vocês, olha seu irmão, arrumou emprego e está bem de vida e você? Se tornou uma qualquer!!

Aquelas palavras da minha mãe foi como uma facada de dois gumes. Aquelas falas dela me doeu na alma.

— Mãe, eu não cometi um crime! — falei me ajoelhando na frente dela. — me ajude a passar por isso. Preciso da senhora, me ensine a ser igual a senhora. Por favor! — falei enquanto minha voz sumia entre sussurros de choro.

Naquele momento ela me olhou com ainda mais fúria nos olhos e sem piedade desferiu um tapa em meu rosto.

Clara que via tudo ficou perplexa com a cena, se jogou no chão ao meu lado colocou a sua mão em meu rosto e chorou comigo, me ajudou a levantar.

— Eu vou sair, e quando eu voltar, não quero ver você na minha casa. Pegue todas as suas roupas e saia!

— Como você tem coragem de renegar a mim? Sua própria filha? E também ao seu neto!? — Gritei com toda coragem.

Eu nunca levantei um dedo, muito menos a voz pra minha mãe, mais naquele momento depois daquele tapa, eu precisava revidar, não com a força, mais precisava falar, como ela pôde ser tão insensível a ponto de me renegar como filha? E ainda mais a uma criança que está se formando em meu ventre? Eu não ia aceitar.

— Escute aqui, eu nunca lhe desrespeitei, sempre acatei suas ordens, estudei, passei o ensino médio, estou lutando pra começar a faculdade, pra senhora me renegar por causa de um erro meu? Quando a senhora deveria estar do meu lado? — engoli o choro, limpei as lágrimas que corriam incessantes e continuei. — Eu vou embora, mais eu nunca vou te renegar como minha mãe, pelo contrário será sempre respeitada. Mas, nunca mais você vai me ver. Nem ao seu neto.

— Eu não faço a mínima questão! — Ela gritou e saiu, batendo a porta.

Clara me ajudou a arrumar minhas coisas, peguei tudo que eu pude e coloquei em uma mala.

— Vem, vamos pra minha casa, fique lá o tempo que precisar. Depois vocês conversam com calma. — ela tentava me acalmar.

— Acho que não terá um depois, ela nunca me tratou assim. Eu vou embora e nunca mais vou voltar. Falei enquanto um misto de raiva e decepção me consumia.

Clara me levou até sua casa, quando chegamos ela me ajudou a tomar um banho e fez um chá de camomila e me deu um comprimido para dor de cabeça, pediu que eu descansasse, e que amanhã iria comigo providenciar tudo para que eu comessasse o pré natal.

Quando acordei já era noite, a lua crescente brilhava lá fora e um céu estrelado embelezava a aura noturna, de repente tudo que havia acontecido naquela tarde veio a tona, não, não foi um pesadelo. Foi real, minha própria mãe me renegou por causa da gravidez.

O quarto estava na penumbra, então levantei, calcei os chinelos e sai a procura de Clara, passei pelo corredor e a porta do quarto da mãe dela estava entreaberta, as duas estavam discutindo.

— Mais mãe, ela não tem pra onde ir, Tia Neide expulsou ela de casa, foi horrível. — Clara falava chorando.

— Eu sinto muito Clara, mais aqui ela não pode ficar. Eu não tenho condições de sustentar sua amiga e ainda mais grávida. E quando a criança nascer? Ela que procure o pai dessa criança e vá morar com ele. Aqui ela não pode ficar!! Gosto muito dela, mais na nossa situação atual, não podemos.

— É só por um tempo, ela pode arrumar um emprego de meio período em algum lugar... — Clara defendeu, mas foi interrompida.

— Não Clara!!

Eu não queria ouvir mais nada, rapidamente voltei para o quarto, as lágrimas desciam ainda mais queimando meu rosto, não sei como ainda tinha forças pra chorar. Como que uma gravidez podia causar tantos transtornos e fúria?

Arrumei minha mochila e troquei de roupas, rapidamente escrevi um bilhete para Clara e deixei em cima de sua cama.

***

"Querida Amiga, não era minha intenção causar tantos transtornos. Eu vou embora, vou me virar por aí. Quem sabe tenha a sorte de encontrar o homem com quem passei a noite. Não se preocupe comigo, peguei algumas de suas economias, mais te devolvo quando tudo melhorar.

Por favor não discuta mais com sua mãe por mim."

Te amo para sempre Amiga!

Ass: Beatrice

***

A discussão continuava no quarto, enquanto eu me afastava do corredor. Sai pela porta dos fundos, e fechei devagar, sair na noite brilhante rumo ao desconhecido.

Eu posso ter errado, mais eu não poderia encerrar essa gravidez, eu tenho medo da ira de Deus, e sei que futuramente, vai me doer a consciência. Meu nome é Beatrice Navarro, e se tem uma coisa que aprendi com meu falecido pai, "Um Navarro Nunca Desiste, Somos Fortes e Donos de Nossa Própria Sorte"

Em meu pescoço uso uma corrente dourada, com um pingente de coração, dentro dele continha essa frase e uma foto de nós quatro, minha mãe, meu pai, meu irmão Bernardo e eu. Desde que meu pai faleceu em um acidente de trabalho guardo comigo esse pingente.

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