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Pouco mais de uma hora depois, Abbie estava muito cansada por andar quase correndo que teve que parar e apoiar as mãos nos joelhos para respirar. Hook olhou para trás e franziu o cenho.

— Já cansou?

— Sim, você não cansa não? — disse ela com a respiração ofegante.

— Nenhum pouco. Não tenho tempo para descansar, temos que ir.

Abigail se estressou.

— Eu não tenho DNA no meu corpo que me permite ser mais resistente a nada, ok? Pode ir andando porque eu quero descansar, minhas pernas estão doendo muito. Só vai quebrando os matos no caminho para marcar onde passou que eu te sigo depois. Agora não dá!

Ela desabou de bunda no chão e acabou se jogando deitada para descansar melhor. Hook olhou a cena e se conteve de dar um sorriso, ele podia odiar humanos mas aquela era até engraçada. Ele admitia que não estava sendo nenhum pouco gentil e ela teve paciência até demais com ele.

— Está bem. Podemos parar para descansar um pouco. — ele agachou.

— Podemos não, eu posso, porque você nem ofegante está.

— Não acredito que irá conseguir me acompanhar se eu continuar a ir na frente.

— Por que? Tá pensando que sou burra ou o que? — ela olhou para os olhos azuis de gato e ele apenas levantou as sombrancelhas — Claro que posso acompanhar, é só você fazer como eu disse, amassa o mato por onde passar que eu vou correndo assim que me recuperar aqui. Estou morta. 

— Vou esperar, estou ciente que não é resistente. Se correr para me alcançar vai se cansar muito rápido novamente e irá me atrasar mais do que já está.

— Não quero te atrasar, vai logo. Sei que não se importa em me deixar sozinha aqui e nem se vou me cansar rápido. Podemos ir fazendo assim, você vai indo e eu corro para te alcançar, descanso, corro novamente.

Pingos de chuva caindo do céu pararam as palavras de discussão que estavam por vir. Hook amaldiçoou baixo sabendo que a chuva iria os atrasar muito mais e talvez quem o capturou já tivesse mandado equipes de buscas, ele sabia que valia muito.

Ele observou a pequena humana se sentar e xingar a chuva também, então tomou uma decisão muito rápida que lhes renderia tempo. Caminhou até ela, passou os braços ao redor de sua cintura e o outro abaixo de suas coxas e a puxou para seu colo.

Seu corpo imediatamente reagiu ao toque da pele macia e cheirosa, lembrou do gosto novamente. Seu aperto instintivamente ficou mais firme em torno da pequena cintura e ele praguejou baixo, com raiva de si mesmo, odiando o fato de ter reagido tão facilmente a humana.

— O que está fazendo? — Abbie engasgou.

Ele olhou em seus olhos mas não viu medo, apenas curiosidade e surpresa.

— Te levando no colo, não podemos pegar chuva, eu não fico doente, mas você sim.

Ele rapidamente se arrependeu da frase que automaticamente escapou dos seus lábios, nem ele mesmo sabia que falaria tal coisa. Puniu a si mesmo em silêncio na medida que andava sentindo a pressão do sangue acumulado na sua calça. O cheiro de avelã vindo da pele macia estava o afetando de maneiras que ele jamais imaginou.

— Pensei que não se importava com humanos, eu sou humana e você teme que eu fique doente. — ela sorriu provocando-o.

Hook olhou para o rosto perfeito e a considerou a fêmea mais bonita que já viu. Afinal, seu orgulho não podia atrapalhar sua capacidade de admirar.

— Esperar a chuva passar debaixo da mesma irá nos atrasar muito mais, assim como irá nos atrasar se você ficar doente, é por isso que não quero que fique.

— Certo então — ela não estava convencida mas decidiu deixar passar — Mas duvido que vá me aguentar muito tempo, não sou tão leve quanto pareço.

— Sessenta kilos? — segurou uma risada.

— Sim... — ela franziu as sobrancelhas chocada com a capacidade dele de acertar seu peso exato — Como sabe exatamente?

— Não sou humano e posso saber muitas coisas, como por exemplo o sabor do seu shampoo e hidratante.

— Mesmo? E qual é? — ela estava muito curiosa e fascinada.

— Você usa shampoo de côco nos cabelos e sua pele cheira a avelã. — Abbie arregalou os olhos ainda mais impressionada.

— Uau, isso é incrível! — Hook a estudou e ela tinha uma expressão sincera no rosto.

— Agora chega. Cale a boca e segure firme meu pescoço, vou nos adiantar um pouco. — disse ele em tom duro quando começou a correr.

Exatamente cinquenta minutos depois, com Hook correndo não tão rápido quanto estava acostumado mas bem mais adiantado do que se estivessem apenas caminhando, ele parou e soltou Abbie com cuidado no chão.

— A chuva passou. Acho que devemos dormir alguns minutos. — a humana o encarou notando como seus cabelos ficavam mais compridos quando molhados.

A cena era simplesmente sensual, Hook era todo sexy tanto quanto era rude.

— Cansou né? Eu avisei assim que saímos de lá que eu era pesada e você iria cansar logo.

Hook gargalhou, o que surpreendeu Abbie.

— Você não é pesada. — ele parou — Mas é noite agora e estamos perto, se chegarmos naquelas casas nessa hora, será um motivo de alarde e não quero isso. Vamos esperar amanhecer.

— É, tem razão.

A jovem olhou em volta e não conseguia ver nada além da plantação de milho, sua única alternativa era se sentar onde estava e dormir ali mesmo. Estava molhado assim como sua roupa e muito desconfortável, mas não tinha outra opção.

Olhou para o nova espécie e o encontrou sentado a um metro de distância dela, olhando para o nada. Ela apenas abraçou os joelhos e tentou não pensar no frio que estava sentindo e que seu nariz e lábios estavam congelando.

Hook experimentou a culpa pela segunda vez aquele dia, ele não sabia como esse sentimento de repente o estava atingindo tanto mas parecia que algo mudou dentro dele quando ele viu aquela humana frágil sentada no chão molhado abraçando o próprio corpo tremendo de frio.

Ela estava pálida e alguns fios do seu cabelo estavam grudados na bochecha. Se sentiu miserável, um sentimento que ele odiou. Ela era indefesa e parecia inocente, ele tinha de ser sensato e admitir isso em seu pensamento. Uma ideia desagradável começou a se formar em sua cabeça.

A voz dela o trouxe de volta de seus pensamentos.

— Será que pode conversar comigo? Não estou conseguindo me concentrar em dormir apesar do cansaço, estou com muito frio.

— Não quero conversar.

— Por favor, finge que não sou humana.

— Impossível. — ele riu sem graça.

— Não parecia estar fazendo tanto frio enquanto você me carregava. Será que a temperatura baixou tão rápido assim? — ela abraçou mais o próprio corpo com o queixo batendo.

Cada instinto protetor dentro dele ganhou vida.

A ideia que não o agradou nenhum pouco começou a fazer sua cabeça latejar. Seus instintos nunca o deixariam dormir em paz se aquela fêmea estivesse morrendo de frio ali na sua frente. Ele foi programado para cuidar e proteger os mais frágeis e ela era simplesmente a personificação dessa definição.

Ele era mais forte e poderia facilmente imobilizá-la se ela tentasse algo contra ele. Então ele amaldiçoou baixinho, se levantou, caminhou até ela e se sentou ao seu lado.

— Tenho maior calor corporal por causa do meu DNA felino, você pode se encostar em mim. — tentou mostrar indiferença na voz.

Abbie não sabia o que dizer, ela queria muito. Lembrou-se muito bem quando ele a carregou como era quente e confortável aqueles grandes braços, ao mesmo tempo que sentiu uma estranha excitação em estar lá de novo.

— O que está esperando? — apressou-a.

— Certo, está bem.

A jovem se moveu devagar para não demonstrar desespero, se mexeu lentamente para mais perto dele e ficou um pouco confusa do que fazer em seguida.

— Eu monto em você ou só me sento de lado?

— Como quiser. Seja rápida, temos que dormir, aconchegue-se em mim.

Abbie ainda não estava certa de como iria fazer, mas sentou-se de lado no colo dele e colocou a cabeça no peito duro e musculoso, seus braços ficaram juntos na frente do seu corpo, ela não o abraçou, pensou que seria demais. Um calor corporal maravilhosamente quente e confortável cobriu seu corpo ao mesmo tempo que o cheiro único e másculo de Hook preencheu seu nariz. Automaticamente se aninhou a ele.

Sentiu seu corpo tão quente e desconfiou que não era apenas o calor do macho espécie. Foi quase a mesma sensação de quando ele passou a língua na pele do seu pulso, sentiu desejo por ele. Lutou contra todas as suas forças para não ficar excitada, sabia que ele poderia sentir já que adivinhou o sabor do seu shampoo e hidratante.

Olhou para cima mordendo o lábio inferior, mas Hook havia fechado os olhos.

Ele imediatamente se arrependeu da sua escolha quando seu corpo respondeu e seu membro endureceu na calça ao entrar em contato com a bunda dela em seu colo.

Respirou fundo tentando ordenar a parte inferior do seu corpo que não se animasse, entretanto o cheiro maldito e estranhamente agradável dela estava fazendo coisas desconhecidas com ele.

— Obrigada por me deixar dormir em você para me aquecer mesmo me odiando. Eu aprecio isso. — ele sentiu os lábios dela se curvarem num sorriso — A propósito, me chamo Abigail, mas odeio esse nome então todos me chamam de Abbie.

— Sou Hook. — disse ríspido arrastando ar para seus pulmões, inspirando profundamente tentando controlar seu corpo.

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