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Hook se mexeu um pouco, incomodado que seu pau ainda estivesse duro. Ele decidiu puxar uma rápida conversa com ela, que talvez conversando até o sono vir, seu corpo relaxasse. Fazia muito tempo desde que ele tinha dormido com uma fêmea e com certeza era isso que estava fazendo seu corpo reagir tão forte a Abbie.

— Não estou confortável sentado sem nada para apoiar as costas, vou descer e deitar no chão, você pode continuar deitada em mim. — avisou antes de abaixar.

— Tudo bem, você pode me abraçar se quiser, não sou tão quente quanto você mas ajuda.

Isso não ajudaria em nada a situação do macho.

— Não. Estou bem.

Um minuto de silêncio se passou. Ele não sabia como iniciar um assunto mas estava inquieto, tão excitado que doía. O cheiro de avelã vindo dela estava piorando tudo.

— Como você foi parar jogado no capô do carro que eu estava? — ela perguntou de repente. Ele agradeceu mentalmente.

— Alguns de nós trabalham com a força tarefa humana no resgate de mais espécies e na captura de pessoas ligadas as indústrias Mercille. Havia um traidor que entregou nossa localização e eu fui capturado, mas consegui escapar.

— Que bom que conseguiu. Como você fez?

— Matei os homens que me pegaram.

Ela hesitou.

— Sério? Sozinho?

— Sim, quebrei minhas algemas e o pescoço deles em seguida.

— Incrível.

— Nenhuma palavra de lição de moral? Ou "Como você teve coragem de matar pessoas?"

— Eu não sou ninguém para te dar lição de moral, só quem sabe pelo que já passou é você. Jamais julgaria isso. E eu odeio quem odeia os novas especies, meu sonho era conhecer um de vocês pessoalmente e olha só, estou deitada em cima de um. Com todo respeito é claro.

Respeito não era bem o que o corpo de Hook estava demonstrando naquele momento. Ele decidiu que conversar com ela não era tão ruim, mas ainda continuava duro.

— E como você sabe que havia um traidor? — ela questionou.

— Ninguém exceto os membros da força tarefa e os espécies que estavam envolvidos no plano de resgate sabiam do local exato. De repente aparecem quatro homens lá e me capturam usando dardos tranquilizantes? É mais do que óbvio que fomos traídos por quem confiavamos.

Abbie sentiu o peito dele vibrar debaixo de sua cabeça, sabia que ele havia reprimido um rugido.

— Eu sinto muito. Ainda bem que conseguiu escapar, isso é tudo que importa não é?

— Não. Eu ainda vou descobrir quem nos traiu e matar com minhas próprias mãos. — a raiva começou a transparecer em sua voz.

— Posso compreender sua sede de vingança, também pretendo ir atrás do meu irmão algum dia se eu descobrir que ele sobreviveu. Antes que pergunte, eu tentei matá-lo atropelado.

— É dele de quem estava fugindo?

— Sim, é uma história complicada.

— Compreendo.

— Quer ouvir sobre ou vai me m****r calar a boca? — seu tom foi de pura diversão.

Ele hesitou mas relaxou, seu pau estava começando a amolecer, a conversa o estava distraindo.

— Conte-me.

— Para fazer sentido tenho que começar do início, pode ser?

— Prossiga.

Ela deu um longo suspiro antes de começar.

— Quando eu tinha dezessete anos, meu pai me vendeu para um velho mafioso. — Hook sentiu o coração da humana acelerar — Ele me manteve presa por dois anos, estava me preparando para ser sua amante.

Hook rugiu, o som profundo e gutural vibrando do fundo do seu peito fez Abbie levantar a cabeça para encará-lo, seus olhos estavam em puro ódio.

— Ele abusou de você? — Abbie baixou o olhar e voltou a deitar sobre o peito dele, se aconchegando mais.

— Sim. — seu tom era triste, lágrimas quentes deslizaram por sua bochecha— Ele não chegou a me violar internamente, ele queria esperar eu estar pronta para fazer isso. Ele me batia e queria que eu sentisse prazer na dor, me obrigava a colocar a boca e as mãos naquela parte nojenta dele e me sujava com sua semente.

Ele grunhiu forte.

— Pare. — a raiva que Hook sentiu foi indescritível.

De repente ele só queria ter a oportunidade de ficar frente com o desgraçado que fez mal a Abbie.

— Desculpe, não queria te encher com minha história. 

Ele mal pensou direito quando levantou suas mãos hesitando e abraçou as costas da humana contra seu corpo, puxando-a mais perto.

O coração dela fez coisas engraçadas com o gesto, ninguém nunca a tinha abraçado para dar-lhe conforto. Era sincero e gostou. Se aconchegou mais nele até que seus corpos estivessem quase um dentro do outro.

— Minha raiva não é dirigida a você e sim ao homem que te fez mal. — ela assentiu, entendendo — Pensei que mulheres traumatizadas tivessem medo de homens. Por que não tem medo de mim? — ele questionou.

— Eu sei que novas espécies são diferente dos homens humanos e tenho certeza que jamais machucariam uma mulher. Até mesmo você com seu jeito rude não me machucou ou tentou se aproveitar de mim.

Culpa rasgou por ele por ter estado excitado com ela, ela havia sido abusada por um homem e sentiu nojo de si mesmo.

— Eu machuquei seu pulso. — ele murmurou experimentando remorso.

— Foi autodefesa, eu entendo que não deve ser fácil para vocês confiarem em um humano.

Ela entender o motivo dele, fez seu coração apertar, ela era boa, verdadeiramente. No entanto, lembranças de um passado doloroso começaram a nublar sua mente, uma fêmea humana com aparência inocente também o fez confiar nela e o traiu. Ele não podia cometer o mesmo erro duas vezes.

— Você não precisa falar sobre isso se te machuca. Pelo menos não comigo, eu não tenho palavras de conforto para você, realmente não sou bom nisso.

— Pela primeira vez sinto vontade de falar sobre isso, preciso tirar isso do meu coração. Você pode só escutar então? Não precisa falar nada.

Hook hesitou. Não custava nada só ouvir.

— Sim.

— Meu irmão começou a trabalhar para ele fazendo trabalhos sujos, até que um certo dia ele me viu lá. Contei a ele que estava contra minha vontade e que nosso pai havia me vendido, Adam ficou indignado e me ajudou a escapar dentro de uma mala grande que ele fingiu ser dele. Fiquei escondida por um ano no porão de uma casa que ninguém sabia ele possuía, até que hoje cedo ele me chamou para ir almoçar fora. Disse que era um lugar reservado e que ninguém me veria, ele queria me levar para sair porque desde então eu nunca havia saído daquele lugar, foi quando chegamos lá e Markus estava indo me buscar.

O peito debaixo de sua cabeça vibrou, dois segundo antes de um grunhido ser abafado atrás de seus lábios fechados. Entendeu que não era dirigido a ela.

— Você foi traída.

— E vendida, duas vezes.

— Como eu.

— Sim. Meu irmão aceitou me levar de volta por outra quantia de dinheiro. Ele é viciado em jogos de azar e faz tudo pela quantia certa.

— Humanos são desprezíveis. — ele tentou não soar tão raivoso, mas por dentro ele queimava de ódio pelos homens que fizeram mal a Abbie.

— Sim, a maioria são. Mas consegui fugir, todos me subestimam, me acham burra o suficiente para pensar que nunca seria capaz de pensar em nada. Ele saiu do carro para acertar alguma coisa com Markus antes de me entregar e deixou a chave na ignição, eu aprendi a dirigir com dezesseis anos com, uma amiga minha de infância pediu para o pai dela ensinar a nós duas. Atropelei os dois antes de dar partida em alta velocidade. Foi assim que meu caminho encontrou o seu.

— Você é corajosa e na verdade eu que pulei na frente do carro de propósito, mas meu corpo estava fraco então desmaiei por alguns segundos.

— Você não teve medo de morrer? — um pensamento deixou a Abbie apavorada — E se eu tivesse te matado? Meu Deus, eu teria matado uma nova espécie! Eu nunca me perdoaria.

Hook sentiu sinceridade em suas palavras, seu peito apertou de novo.

— Não sou imortal, mas não morro facilmente.

— Ainda bem. — ela sorriu.

Minutos de silêncio se passaram, no momento eles não tinham mais nada a falar e não sabiam o que dizer.

— Obrigada por me ouvir, Hook. — Abbie sorriu e bocejou.

Alguns minutos mais tarde, com o silêncio da noite e o corpo quente de Hook abraçando o seu, ela confortavelmente dormiu.

Já ele não poderia dizer o mesmo.

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