02- Aprisionados

DEZEMBRO DE 2062, PRESENTE...

Ao sudeste do Canadá, escondida entre enormes árvores, há uma pequena cidade chamada Tormenta, e nela, segundo moradores, habitou criaturas que para alguns não passam de lendas.

Apenas os amantes de aventura e história visitam a cidade e são bem recebidos por sua pequena população acolhedora. Muitos saem satisfeitos, outros dizem que foi perda de tempo, mas Tormenta continuará sendo sempre a cidade dos contos.

Há quem diga que Tormenta já foi uma cidade sangrenta, um campo de batalha, um cemitério gigantesco. As pessoas que viviam nela eram mesquinhas, tanto ricos como pobres. Os que muito tinham não compartilhavam. Os que nada tinham, guerreavam para obter um mínimo sequer. Não havia saúde, muito menos higiene, vez outra alguém aparecia morto ao pé de uma calçada, mas ninguém ligava. O rei de tormenta era o álcool, pois nele, muitos se apegavam e esqueciam os problemas. Não havia leis nem justiça.

Por outro lado, há quem diga que Tormenta era uma bela cidade, cheia de vida, mistérios e magia. Suas ruas eram bastante movimentadas, as pessoas cumprimentavam-se umas as outras, as crianças podiam correr livremente nas ruas com segurança, a noite sempre havia um barzinho lotado, pois era no álcool, que as pessoas deixavam suas indiferenças. Haviam leis severas e a justiça era para todos.

A verdadeira Tormenta nunca foi, de fato, descoberta. Um paraíso ou o próprio inferno. Mas as pessoas sempre irão contar suas estórias, seus contos e suas lendas.

- Então é essa a história por trás dessa cidade? – Perguntou Lilian.

- É o que ouvi desde que nasci, tanto dos moradores daqui, quanto da minha avó – Respondeu Oliver.

Em um restaurante pequeno e pouco movimentado, os dois desfrutavam de um delicioso almoço, durante o intervalo de trabalho.

- Você sempre fala da sua avó e pouco sobre seus pais. Tem alguma lembrança dolorosa? – Perguntou Lilian.

- Meu pai nos abandonou quando eu ainda era um feto, então não tenho o que falar sobre ele, minha mãe, como eu disse no nosso primeiro encontro, sempre se esforçou para me dar um bom futuro, mas infelizmente não pôde me ver trilhá-lo. Minha avó partiu bem antes, mas foi quem mais esteve ao meu lado, por isso tenho mais lembranças dela.

- Entendo – Ponderou Lilian.

- Mas não vamos falar sobre passado, te contei a história da cidade porque você parecia muito curiosa sobre o assunto, mas o que eu queria dizer na verdade é que recebemos um convite para a inauguração do museu da cidade. Lá poderá conhecer melhor as histórias daqui.

- Museu? Não sabia que tinha um – Disse surpresa.

- Um velho amigo meu, Pedro, herdou de seu avô uma antiga obra, e só agora pôde dar continuidade. Ainda é segredo, mas ele me revelou algumas coisinhas, como uma seção só de contos de Tormenta.

- E porque isso lhe parece tão empolgante? – Perguntou Lilian, curiosa.

- É uma cidade de contos, embora seja esquecida por quase todo o mundo, os poucos que conhecem fazem piadas, mas se Pedro disse que encontrou artefatos que provam essas lendas não seria maravilhoso? Deixaríamos de ser piada, e seríamos conhecidos em todo o mundo. Pelo menos é o plano dele.

- Faz sentido, mas não seria perigoso?

- São velharias encontradas em escavações, o que seria perigoso?

- Tem razão, estou pensando demais.

- Bom, preciso voltar para o escritório, te vejo mais tarde?

- Claro.

Oliver levantou-se, beijando seu rosto e deixando o dinheiro da conta na mesa. Um deslumbrante rapaz moreno, tanto seus olhos como sua pele tem um tom caramelo, o que seduzia muitas garotas durante seu período na faculdade. Lilian não foi uma delas, mas graças aos conselhos e insistências da parte de sua companheira espectral, a bruxa Alma, os dois agora tinham uma relação íntima amorosa

Alguns meses atrás...

- Vai lá, o que você tem a perder? O cara é bonito e parece estar interessado. Você está há 600 anos sem um contato íntimo.

- Precisa dizer isso em voz alta?

- E porque não? Você é a única que pode me ouvir – Alma juntou as mãos próximas à boca e gritou – Lilian não transa a 600 anos!

Atendendo a todas as suas necessidades, o rapaz não se envolvia em seus assuntos pessoais, não fazia muitas perguntas sobre seu passado e era muito bom de cama. Para Lilian, seria mais fácil aceitá-lo do que passar o resto de seus dias com uma bruxa ao pé do ouvido, sussurrando por horas, que ela deveria aproveitar um pouco mais a liberdade que havia lhe oferecido.

Lilian só tinha um único propósito que era reencontrar sua família, e mesmo sendo um espírito, Alma era de muita ajuda. Ela sempre tomava a frente para estudar locais, vigiava os arredores sem ser vista e se infiltrava em bases militares para uma melhor pesquisa.

Após quinhentos anos, não havia pistas sobre o paradeiro da família Flowster, e então a bruxa sugeriu que descansassem e recomeçassem as buscas. Mas Alma não havia notado que estavam na cidade onde Kharis havia morado.

- Saia daqui! Intruso! – Vozes sussurravam ao seu ouvido.

Alma nunca havia sentido calafrios desde que adotara aquele corpo espiritual, muito menos tinha ouvido vozes do além. Era difícil reorganizar todas elas, pois eram muitas, e sussurravam, muitas vezes gritavam, em sua cabeça. Não poderia envolver Lilian, ela já tinha muita preocupação com sua família, então optou por desvendar sozinha esse mistério.

...

- Alma! – Lilian gritou.

Após o almoço com o namorado, Lilian dirigiu-se ao endereço do museu. Queria ver de antemão o que a esperava e evitar um descontrole emocional caso encontrasse algum de seus familiares ali, petrificado. Mas o local estava bem vigiado e seria impossível uma entrada despercebida. Mesmo esperando a tarde toda, não encontrou uma brecha, sua única opção era assistir a inauguração como todos os outros convidados.

Ao ouvir a voz chamando seu nome, a bruxa desceu as escadas flutuando, indo ao seu encontro.

- Você sabia que essa cidade abrigava histórias sobrenaturais? – Perguntou Lilian.

- Onde ouviu sobre isso? – Indagou a bruxa.

- Então você sabia. Porque escondeu de mim? – Insistiu.

- Não escondi, eu só queria resolver isso sozinha.

- Isso? E o que seria isso? O que está acontecendo? – Perguntou Lilian, impaciente.

- Acalme-se, eu... Irei contar-lhe uma história... Uma história longa – Alma suspirou.

O celular de Lilian tocou, na rolagem da tela, uma mensagem de Oliver – Te pego às 20:00h – Conferiu o relógio e faltavam poucos minutos para as 19:00h. Suspirou preocupada, queria investigar o museu, mas também saber o que Alma estava a esconder.

- Me conte essa história enquanto tomo banho, preciso ir ao museu – Disse subindo as escadas.

- Museu? Aqui? -  Indagou surpresa.

- É, eu também tive essa mesma reação. Vamos! Preciso me arrumar depressa.

Alma tentou resumir o máximo que podia sobre a história de Kharis, enquanto a água do chuveiro caía sobre o corpo desnudo da amiga. Do outro lado do Box, contava como havia sido a jornada da primeira bruxa, a qual chamavam de mãe. 

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Kharis era o fruto da união de um vampiro com uma fada. O casal morreu deixando dois filhos, Kharis herdou as habilidades da mãe, podendo usufruir da energia da natureza, enquanto seu irmão herdou os genes do pai, sendo um vampiro sanguinário.

Mais tarde, Kharis descobriu que podia usar energia sem tirar da natureza, à chamada magia, e isso causou inveja entre as fadas que desejavam seu dom. Era impossível para elas, mas Kharis substituiu a magia por um amplo conhecimento sobre medicina que adquiriu com experimentos.

Contudo, não foram bem vistas e julgadas por bruxaria, sendo Kharis arrastada como tal.

Temendo a maldade dos homens, Kharis se escondeu em uma ilha e fez crescer ali uma pequena nação. De experimentos surgiram novas raças e logo a ilha se encheu. Os humanos eram ruins, mas as bruxas daquela ilha eram piores ainda, então para proteger a todos, Kharis ergueu uma barreira mágica aprisionando todas as criaturas, ninguém entra e ninguém sai.

O mundo conhece aquela pequena região como triângulo das bermudas, mas não sabem que dentro dele existe Hideaway, o mundo que Kharis criou.

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- Porque só agora está me contando isso? – Perguntou Lilian, saindo do chuveiro.

- Porque estou pensando em retornar a ilha – Respondeu Alma.

- Não! Você não pode, é perigoso. As bruxas também estão te caçando por traição.

- Já se passaram mais de quinhentos anos, nenhuma delas está viva, e não acho que essa caça se estenderia tanto.

- Ainda assim, é perigoso, não sabemos as mudanças que ocorreram lá – Insistiu Lilian.

- Mais um motivo para eu ir. E se já tiverem se esquecido de nós? E se a ilha tiver se tornado pacífica e segura?

Lilian tentou desviar a atenção da bruxa com seu visual, mas foi em vão.

- Eu preciso investigar o museu hoje – Ela disse, aproximando-se – Por favor, não faça nada na minha ausência. Prometa-me que irá me esperar.

Alma fitou seus olhos que pareciam preocupados. No fundo a pequena lembrança de uma promessa que não poderia ser quebrada, a de estar ao seu lado até que toda sua família estivesse novamente reunida. E para isso, a bruxa não poderia se arriscar em uma jornada incerta.

- Eu prometo – Ela disse, com um olhar cabisbaixo.

A parte mais importante, Alma não havia revelado, sobre as vozes em sua cabeça. Muitas delas chamavam por Kharis, e era o motivo principal de ela querer retornar à ilha, onde estava seu corpo e a árvore sagrada.

...

Os flashes eram de cegar os olhos, os figurinos exclusivos, Tormenta era pequena, mas seus moradores humildes também eram requintados. Lilian e Oliver não eram diferentes, estavam à altura quando se tratava de elegância. Um casal diferente, mas que chamava muito a atenção, principalmente Lilian por ser mais alta que o padrão feminino, sem parecer um gigante.

- Olha só aquele cabelo! – Disse uma mulher em uma roda de cochichos.

- Ouvi dizer que é natural.

- Aquele vermelho? Impossível!

- Esqueçam a mulher, olha só aquele homem, que lindo, que perfeito.

- Queria um desses em casa.

- O que será que ela fez para seduzi-lo?

As damas não conseguiam segurar os cochichos, até que, um jovem rapaz cruzou por entre seu grupinho.

- A inveja é um pecado mortal – Ele sussurrou dando um fim aos cochichos.

- Quem ele pensa que é?

- Shiu! Ouvi dizer que é o dono desse lugar.

- Oh!

Oliver ignorava os olhares, enquanto Lilian admirava os diversos monumentos históricos, mas seu alvo principal era a seção de contos da cidade. Não foram desapontados, além de móveis e ferramentas para diversas atividades, o museu abrigava, também, mudas de ervas que só se mantinham vivas naquela região, como se fosse um tesouro local.

- Hum, deve ser isso! – Sussurrou Oliver.

- Isso o quê? – Lilian perguntou curiosa.

- Hum! Pedro havia me dito que o museu lucraria muito graças a uma grande estrela, pra falar a verdade, não imaginei que fossem plantas, pensei que seria algum fóssil de um animal ou sei lá.

- O fato de, estas ervas, morrerem instantaneamente após saírem de um certo perímetro, no caso, esta cidade, não lhe parece interessante? – Perguntou Pedro, o dono do museu, aproximando-se do casal e os surpreendendo.

- Desculpe, eu não queria desvalorizar sua descoberta, eu só achei que fosse...

- Algo mais interessante, Haha. Tudo bem, eu entendo, de todo jeito, esta não é mesmo a nossa grande estrela – Disse Pedro, e logo mudando de assunto ao fitar seus olhos em Lilian – Mas estou curioso sobre a bela dama, é sua companheira?

- Sim, esta é Lilian, ainda não havia o apresentado não é mesmo? Lilian, este é Pedro, um velho amigo da faculdade – Disse Oliver.

- Se me permite um elogio, ela é ainda mais linda do que a descrição que você fez – Disse Pedro, beijando a mão dela – É um prazer poder conhecê-la pessoalmente.

- O prazer é todo meu – Respondeu Lilian, retribuindo com um leve sorriso.

Por alguns instantes, Pedro ficou a encarar o rosto da moça, como se o achasse familiar. Aquele padrão de beleza era raro, assim como a cor de seus olhos, que se mostravam sensíveis à luz forte. Lilian notara os olhares do rapaz em sua direção e sentiu-se desconfortável, porém, ainda concentrada em sua investigação.

- Senhores convidados, queiram se dirigir ao salão principal! – Anunciou a voz feminina ao interfone.

- Muito bem, meu caro amigo, você agora irá matar sua curiosidade sobre a grande estrela do museu – Disse Pedro, com um leve sorriso, e a encarar Oliver.

...

Ao chegarem ao salão principal, um amontoado de gente já estava reunida a espera da grande revelação. A frente estava um objeto alto coberto por um tecido branco, ao seu lado Pedro citava o resumo de uma longa história, e por fim, a estrela seria revelada.

As palmas ecoaram, mas logo o ambiente ficou silencioso, o tecido branco voou lentamente diante os olhos de Lilian que fitavam a figura à sua frente.

- Apresento a vocês, o príncipe do gelo! – Anunciou Pedro.

Um cubículo de vidro, e dentro dele, uma rocha de gelo aprisionando um corpo “humano”. Os convidados voltaram a aplaudir, agora confusos, não sabiam se aquilo era real, uma pessoa em perfeito estado, ainda conservado, era de se admirar. Ao aproximar-se, podia-se ver até mesmo seus cílios e cada perfeição em sua pele, pois o indivíduo congelado parecia gozar de uma extrema beleza, duvidando se era mesmo um humano, muitos pensavam ser um boneco.

Por outro lado, Lilian tinha certeza que, sem dúvida alguma, eram os mesmos trajes, mesmo comprimento de cabelo, mesma estatura, era seu querido sobrinho, Derick. A imagem do garoto era a mesma das lembranças de Lilian, como se o tempo não tivesse passado para ele, o que a fez pensar na quantidade de tempo em que ele esteve congelado. O estômago embrulhou, seus olhos tremiam, não querendo desviar daquele indivíduo tão indefeso, sendo exposto como um objeto, como um troféu dos humanos.

Contudo, Lilian sabia que seria idiotice expor ali sua fúria e pôr em risco sua vida. Com a tecnologia atual dos humanos, não seria difícil derrubar ou até mesmo eliminar um vampiro. O museu estava cheio de seguranças e armados até os dentes. Ela aquietou seu coração, respirando fundo e disfarçando sua emoção.

JANEIRO DE 2063, EM UM FUTURO DISTANTE...

Alma foi levada para uma unidade subterrânea, com seus olhos vendados, por precaução.

Os humanos não sabiam os limites de sua magia, além do que mostravam as lendas, então qualquer coisa era possível, vindo de uma verdadeira bruxa.

- Onde estamos? – Alma perguntou, após ter a faixa retirada de seus olhos.

- Você não precisa saber, apenas caminhe – Disse Alguém a empurrando.

- Isso não são maneiras de tratar um convidado - Disse um homem de jaleco preto, aproximando-se.

Óculos de armação redonda, antiquado, com grau elevadíssimo o que fazia seus olhos parecerem enormes por trás das lentes. Os pontos pretos em seu rosto mostravam uma barba rebelde que ansiava por crescer rapidamente.

- Butcher? Não imaginei que viria pessoalmente receber a mercadoria.

- Fiquei excitado ao saber que ela veio por vontade própria – Respondeu.

Alma o encarava da cabeça aos pés, não demonstrou nenhum sentimento de medo, pois não tinha, mas sua curiosidade era gritante, ainda mais pela figura daquele homem.

- Bear, por favor, retire as algemas – Ordenou Butcher.

- Mas...

- Eu mandei retirar – Repetiu, dessa vez, com um olhar intimidante.

Bear obedeceu e libertou as mãos da bruxa, enquanto resmungava algumas palavras de desaprovação.

- Se ela quisesse fazer algo, essas algemas não a segurariam, não é mesmo? – Indagou Butcher, com um leve sorriso e prosseguiu – Mas ela vai ficar quietinha porque existem pessoas preciosas a quem quer proteger.

Os olhos da bruxa acompanhavam cada movimento daquele homem, se perguntando, porque ainda insistia em ter piedade deles.

- Tiger, como está o quarto da nossa hóspede?

- Tudo preparado senhor!

Para prevenir que informações vazassem, todos ali presentes, tanto os de nível alto quanto os de nível baixo, usavam codinomes, ou apelidos, para se identificarem.

Alma foi escoltada até onde seriam seus aposentos, durante o percurso, em um longo corredor, notou várias portas com uma pequena abertura na parte de baixo. Deduziu que por ali fossem fornecidos os alimentos aos prisioneiros, e ao fitar seus olhos em um deles, viu algo parecido com tentáculos, não saberia dizer ao certo, se seriam dedos. Seja o que for, Alma nunca havia visto tal criatura, nem mesmo nas memórias de Kharis.

Ao chegar ao seu local de destino, deparou-se com a mesma porta dos demais quartos, ao lado de dentro paredes brancas, apenas com uma cama ao centro com lençóis da mesma cor, sem janelas, apenas pequenos furos por onde saía a ventilação.

- Espero que possamos nos dar bem, para que a pesquisa seja um sucesso – Disse Butcher.

- Não tenho outra escolha além de colaborar, certo? – Indagou Alma.

- Você é inteligente, gosto disso!

- Não posso dizer o mesmo.

- Em breve dirá, tenha certeza – Ele sorriu, virando-se.

Butcher ordenou que tratassem Alma diferente dos demais aprisionados ali. Após partir, a bruxa aproximou-se, mas foi barrada por um homem alto e forte que vigiaria seu quarto.

- Eu sei que você é poderosa, mas como, ele disse, não vai fazer besteira pelo bem daqueles que estão lá fora.

Alma o encarou de uma forma curiosa, tinha muitas perguntas sobre o lugar, os seres aprisionados, de tudo, mas limitou-se às perguntas insignificantes.

- Porque todos usam nomes de animais?

- Você deve ser muito especial para ele te tratar diferente dos demais, mas ainda assim, não tenho permissão para fornecer informações, meu trabalho é apenas vigiar os quartos – Ele disse fechando a porta.

- Eu sou uma bruxa – Alma disse, rapidamente, fazendo o homem pausar sua ação.

- Interessante – Ele respondeu com uma expressão neutra.

- Não parece surpreso.

- Aqui tem de tudo, já vi muitas coisas, acho que nada mais me surpreenderia – Ele disse, voltando a fechar a porta e a trancando em seguida.

Alma encostou-se à parede pensativa, sabia que não poderia conversar com ninguém, então ficou a discutir consigo mesma.

- Não são apenas nomes de animais, são todos animais predadores, perigosos, mas o de jaleco preto era diferente. Butcher (açougueiro) o que isso poderia significar? E porque um jaleco preto?

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