Hidden World_Memórias da Alma (livro II)
Hidden World_Memórias da Alma (livro II)
Por: PaYu
01-Laços

Novembro de 1462

A última lembrança de Nicolau era a de seus filhos apagando, um a um, tendo seus pulmões inundados e logo levados pelas águas. A magia expulsou a todos das profundezas do oceano, mas Nicolau logo os perdeu de vista quando se chocou contra a imensa barreira mágica que cercava o triângulo das bermudas. Seus corpos foram arrastados em direções opostas, totalmente desacordados, a família Flowster foi separada.

Lilian despertou às margens de uma praia, em algum lugar, de um mundo totalmente diferente do que ela conhecia. A pouca luminosidade da noite favorecia seus olhos, que estavam desprotegidos sem suas lentes. Após vagar sem rumo, encontrou o vilarejo dos humanos. Mas não era o mesmo de Lalfheim, aquele vilarejo continha humanos felizes, bem vestidos e limpos. Lilian logo viu que não era o mesmo lugar, ou que havia dormido por muito tempo e as coisas haviam mudado drasticamente.

Seu corpo mal segurava de pé, estava faminta e desorientada. Quando estava prestes a saciar sua fome, Lilian foi surpreendida com a bruxa a impedindo.

- Não faça isso! Este não é o mundo em que você viveu - Disse Alma - Estes humanos sequer sabem da existência de vampiros, bruxas, ou quaisquer outras das criaturas que vivem em Lalfheim.

A princípio, Lilian não entendia do que a bruxa estava a falar, mas compreendia que aquele, de fato, não era o mundo que conhecia. Tampouco os humanos pareciam o gado que vivia em cativeiro.

- Onde eles estão? - Ela perguntou desesperada - Onde está minha família? Meu irmão, meus sobrinhos, onde estão todos eles?

- Sinto muito, eu não sei de seus paradeiros, mas prometo que irei encontrá-los – Respondeu Alma, ao que aparentava também estar confusa.

Os olhos de Lilian, que até então fixavam o rosto da bruxa, mudaram de direção, fitando o chão. Seu organismo precisava de sangue para renovar suas forças, mas mesmo assim, Lilian virou-se, caminhando vagarosamente.

- Para onde está indo? – Perguntou a bruxa.

- Preciso encontrá-los.

- Você não está em condições, precisa da minha ajuda, me deixe procurá-los com você.

- Uma bruxa? Não posso confiar em você – Lilian continuou sua caminhada sem olhar para trás, e a ignorando

- Mas você confiou antes, não foi? Você me deixou tirá-la daquela prisão, e eu tirei também toda a sua família.

Lilian parou e ficou a olhar a paisagem à sua frente, a estrada não era de areia, havia colunas a suspender lamparinas, casas de todos os tipos e algumas até mais altas do que o castelo onde morava.

- Para onde você nos trouxe?

- Eu já disse, esse não é o mundo onde viviam. Os humanos aqui não sabem de sua existência. É verdade que sua família pode estar correndo perigo, mas eles também podem estar bem, só preciso que confie em mim e me deixe ajudar a procurá-los.

- Então use sua magia para localizá-los – Ela pediu virando-se a encará-la.

- Eu... Eu não posso usar magia deste lado – Respondeu cabisbaixa.

- Deste lado?

- É complicado, mas como pode ver, eu sou apenas um espírito, incapaz de comer, dormir, ou tocar em algo.

Lilian analisou a imagem à sua frente, e através do corpo da bruxa, podia-se ver a paisagem as suas costas.

- Não morri, se é o que pensa, esta forma espectral só é visível para outros seres sobrenaturais, e os humanos de Hideaway, já que, vivem em uma ilha repleta de magia – Explicou a bruxa.

- Entendo. Você é inútil agora, como poderia me ajudar a reencontrar minha família?

- Ainda posso ser útil, não, eu irei ser útil. Mesmo que você rejeite minha ajuda, irei encontrar sua família. Fui eu quem os trouxe para este mundo, e assumirei a responsabilidade em reuni-los.

Lilian estava sozinha em um mundo desconhecido, e a única pessoa com quem poderia contar era sua antiga inimiga, uma bruxa.

Adaptando-se à modernidade e à tecnologia dos humanos, ao passar dos anos, Lilian disfarçou-se muito bem e conviveu em meio a eles. Tendo sempre ao seu lado, uma ajuda visível apenas aos seus olhos.

- Tente usar um desses, será útil para andar durante o dia – Disse Alma apontando para um óculos detrás de uma vitrine. Lilian teve vários trabalhos noturnos até que pudesse comprar as lentes que protegeriam seus olhos da luz do dia.

As duas viajaram por quase todo o planeta, mas nunca encontraram sequer uma pista de sua família, até que, em uma visita a um museu, viu exposta, como troféu dos humanos, um fóssil de uma sereia. Embora muitos desacreditassem na possibilidade, Lilian sabia que aquele esqueleto não era de uma criatura marinha qualquer. E desde então, passou a visitar vários museus, em todo o planeta, sempre temendo encontrar um membro de sua família exposta ali.

...

Enquanto isso, em algum lugar do planeta, o mestiço Dylan não escondia sua identidade, pelo menos não para a família Stones, que o abrigou por vários anos.

Dylan despertou às margens de uma praia, sozinho e confuso, ele observava os horizontes. O céu tomado por um imenso vermelho, ainda incomodava seus olhos, encolhido embaixo de uma palmeira ele esperava que a noite chegasse para enfim explorar aquela região.

Quando a lua reinou no céu, o mestiço partiu. Não encontrava seu pai, nem seus irmãos, tampouco a bruxa que os havia aprisionado debaixo da água. Não viu nenhuma criatura, das que costumava ver na ilha, e por fim, surpreendeu-se ao ver humanos em abundância. Desfilando livremente em trajes limpos e de cabeças erguidas, aqueles humanos não pareciam ter medo do mestiço, pelo contrário, o ignoravam.

Dylan achava que ainda estava em Lalfheim a ser caçado. Para não ser descoberto, ele se alimentou de animais pequenos durante a noite e ao dia se escondia na torre de um farol, às margens da praia, e foi quando conheceu Eric Stones, um pescador, que usava aquele local para guardar seu material de pesca.

O homem não tinha muito, e o pouco que tinha mal dava para si mesmo, mas ao ver o rapaz naquelas condições, extremamente magro, sujo, perdido e ainda por cima com uma doença ocular, não pensou duas vezes em lhe estender a mão.

- Você tem olhos sensíveis à luz do dia? Deve ser horrível, mas a noite também tem paisagens lindas – Disse Eric.

Após um tempo, Dylan entendeu que aquele não era mais o mundo onde viveu um dia. Mas ainda não fazia ideia de que se tratava de outro. Pensava que havia dormido por tempo demais, enquanto era arrastado pelas águas. Pensou que os vampiros tinham sido esquecidos da história, e sequer ouviu sobre bruxas, lobos e sereias.

Grato por tudo que Eric fez, Dylan decidiu contar a verdade, que ele era um vampiro, ou pior, um mestiço. Contudo, a princípio, Eric não acreditou, mas quando surgiu uma situação desesperadora, onde Dylan se pôs a frente do perigo para salvar Eric, e logo depois retornou ileso e sem ferimentos, o humano não teve mais dúvidas.

Eric Stones conhecera uma bela jovem, se casou e esperavam a chegada de seu primeiro filho. Infelizmente Eric veio a morrer em um acidente sem ver o rosto do bebê.

Dylan partiria em breve a procura de sua família, mas não conseguiu sabendo que deixaria a mulher e o filho, de seu amigo, desamparados. Mais tarde, a esposa de Eric também veio a falecer, deixando a criança aos cuidados do mestiço.

- O que eu posso fazer por uma criança humana? – Se perguntava Dylan.

O mestiço assumiu aquela responsabilidade e criou o filho de Eric, mas sempre deixando claro que não era seu pai, e que carregava um sangue impuro. Mais tarde o garoto conseguiu o próprio sustento e até tinha uma namoradinha. Os dois se divertiram demais e acabaram gerando um terceiro. Dylan não entendia a facilidade dos humanos para a procriação.

- Qual a dificuldade em despejar suas sementes fora do ventre de uma mulher? - O mestiço perguntava furioso, diante do rapaz.

- Desculpa, é que, quando se está naquelas horas não dá muito para pensar no que fazer, só vai.

- Só vai?! - Dylan o encarava expondo suas presas - Você não escutou nada do que eu lhe ensinei? O que pretende fazer, agora que a jovem está esperando uma criança sua? O emprego que arrumou mal dá para sustentar você?

- Você é meu anjo da guarda, não pode me ajudar? – Indagou o rapaz com os olhos brilhantes e logo correu com medo quando Dylan semicerrou os olhos, ainda mais furioso.

Dylan sentia-se cada vez mais preso àquela família, mas sua dívida já havia sido paga, ele havia criado, muito bem, o filho de Eric, agora teria de deixar o garoto seguir com sua vida, sozinho. E assim fez. Quando o mestiço se preparava para partir, uma terrível notícia o fez ficar. O garoto que criou com tanto zelo havia sido vítima de um assalto, seu corpo foi encontrado em um beco sem vida.

A jovem moça estava sozinha e a carregar uma criança. Ela queria abortar, mas Dylan a convenceu do contrário. Sua gravidez já estava bem avançada, e seria arriscado, tanto para a criança quanto para a mãe. Dylan se tornou mais uma vez o guardião da família Stones. Ficou ao lado da jovem e seu bebê até o mesmo se tornar adulto.

As coisas não melhoraram com o passar dos anos. A família Stones parecia carregar uma maldição. A cada membro que chegava outro partia. Dylan já estava se acostumando com aquilo e decidiu seguir o fluxo. Estudou, frequentou universidades, obteve um amplo conhecimento enquanto investigava possíveis paradeiros de sua família, e ao mesmo tempo, cuidava da família Stones.

Sempre que viajava, tentava retornar o mais breve possível, e sempre que voltava havia uma família amorosa e calorosa à sua espera. A casa Stones havia se tornado seu lar.

...

Dionísio foi mais esperto que seus irmãos. Assim que despertou, procurou informações, e logo descobriu que não estava mais em Lalfheim. Contudo, aquele mundo ainda era um mistério.

- Como as pessoas nunca ouviram falar do conde Nicolau e seu pai Vladmir? – Ele se perguntava – Para onde foram as bruxas, e porque os lobos não conseguem falar?

Outras perguntas surgiram em sua cabeça como: Será um mundo além das águas? Pois, de fato, eles estiveram a conviver por um ano, escondidos, debaixo da água.

Logo o mistério sobre aquele mundo foi substituído por um novo, seus sonhos. Quando dormia, Dionísio conhecia outros lugares, além dos que ele havia explorado. E em algumas vezes ele se viu no mesmo lugar, em situações diferentes. Foi então que pesquisou e decidiu visitá-los. Era exatamente como via em seus sonhos. Porém, Dionísio não entendia. Seria uma mensagem? Qual seria o seu significado?

Ao longo dos anos, ele viajou, conheceu lugares novos e surpreendeu-se ao conhecer, também, as pessoas que apareciam em seus sonhos. Um morador de rua com a mesma face, a atendente de uma loja com o mesmo nome, e as surpresas não pararam por ali, em uma noite ele ouviu o nome de um de seus irmãos ser pronunciado.

- Dylan, por favor, não vá! - Era uma voz feminina.

Por muitos dias, Dionísio tivera aquele sonho com seu irmão. Mas o lugar onde mostrava seu paradeiro era muito longe, contudo, Dionísio não se segurou e preparou-se para uma longa viagem. No caminho, enquanto estava hospedado em um hotel, seus sonhos mais uma vez o guiaram.

- Bom dia, gostaria de reservar passagens com destino a Bermudas, tem algum voo direto?

Desta vez, era Dimitri, o mais novo dos gêmeos, e por coincidência, planejava viajem para o mesmo destino que Dionísio. O mestiço não acreditou quando viu em seu sonho o local onde seu irmão estava hospedado. Era um hotel bem perto dali, e mais uma vez, Dionísio não hesitou em ir conferir.

- Com licença, há alguém chamado Dimitri hospedado aqui? – Ele perguntou na recepção.

- Desculpe senhor, mas não podemos fornecer esse tipo de informação.

- Por favor, estou procurando meu irmão, há muitos anos não nos vemos – Ele insistiu.

- Sinto muito – São as regras do estabelecimento.

Dionísio só poderia fazer uma coisa, esperar do lado de fora. Se Dimitri estivesse mesmo ali, como ele viu em seu sonho, uma hora teria que sair. Para sua felicidade, não precisou esperar muito. Ao virar-se, as portas do elevador estavam a se abrir e dentro dele a figura de seu irmão. Os dois ficaram a se encarar por alguns instantes, incrédulos, com tamanha coincidência, mas imensamente emocionados por estarem juntos mais uma vez.

- Não acredito! – Disse Dionísio, com um sorriso de orelha a orelha e os olhos a lacrimejar.

Tiveram bastante tempo para conversarem, Dionísio explicou tudo o que acontecera e como o reencontrou.

- Então, não eram sonhos, você estava a ver tudo o que eu fazia – Disse Dimitri – Isso é legal, e ao mesmo tempo, assustador.

- Assustador? Graças a esse dom, pude te reencontrar, e quem sabe, encontrar Dylan também – Respondeu Dionísio.

- É verdade, o que eu estava pensando? – Dimitri sacudiu a cabeça – Devemos pensar em juntar nossa família por enquanto, depois vejo esse assunto sobre privacidade.

- Privacidade? – Ponderou Dionísio - Espera, você acha que eu estava te espionando? Não é assim que funciona. Eu não controlo isso, é como todo sonho normal, só que na verdade eram suas lembranças.

- Hahaha, relaxa, estou brincando com você, mas me conta aí, o que achou da Anne?

- Anne? Quem é Anne?

- Hum... Então você não vê tudo mesmo, ein.

- Você... Você estava me testando?

- hahaha. Vamos, vamos, não se irrite.

Ter o seu irmão mais velho vendo tudo o que você faz não é nada agradável, mas aquela família tinha outras prioridades, como, descobrir para onde estava indo Dylan.

...

Dominic teve mais sorte em sua jornada, sendo encontrado por uma família africana, que o acolheu muito bem. Apesar da miséria, eles criaram o garoto como um da família e mais tarde notaram que ele não envelhecia. Pensaram ter encontrado um ser divino, que estava os pondo em prova, talvez um anjo ou quem sabe, um deus.

O jovem vampiro não disse sim, nem não. Trabalhou arduamente, como um humano, para retribuir os favores que lhes fizeram. Cansado de presenciar cada membro daquela humilde família ser levados pelo anjo da morte, Dominic deixou a África e explorou os demais cantos do mundo.

Sempre ligado às notícias, com o passar dos anos se adaptou ao celular e não desgrudava dele. Era o meio mais prático que conhecia para encontrar sua família. Fez de bom uso de aplicativos como GPS e tradutores enquanto explorava o mundo.

Anos mais tarde, uma notícia no jornal da tv o chamou a atenção: Três indivíduos foram presos por roubar um navio, segundo eles, queria ir até o famoso triângulo das bermudas.

Dominic sorriu, como a muito não havia feito. Finalmente encontrara seus irmãos. Não era na melhor das situações, mas a foto dos três detrás das grades de uma delegacia o fez cair na gargalhada, tanto que até chorou.

A emoção foi ainda maior, quando Dominic chegou à delegacia para soltá-los. A cômica cena do irmão mais novo, resgatando e dando lição de moral nos três irmãos mais velhos, ficaria gravada na memória dos três como uma vergonha.

- Nunca imaginei que nos encontraríamos nessa situação - Disse Dimitri - Mas como você nos achou?

- Digamos que eu não perco um noticiário - Dominic respondeu - Aliás, vocês não foram os únicos que vi na tv. Há uma pequena cidade chamada Tormenta, não muito longe daqui, que inaugurou a poucos dias um museu. A foto de Derick está em todos os jornais.

- Ele é algum famoso, ou também foi preso? - Perguntou Dimitri.

- Não, infelizmente nosso irmão não está em uma boa situação como a nossa.

- Você chama de boa, passar fome por vários anos e ser preso quando finalmente reencontra seus irmãos?

- Não deve ser pior do que estar preso a um bloco de gelo - Respondeu Dominic.

- O que quer dizer? - Perguntou Dionísio.

- Nosso irmãozinho foi encontrado na Antártida, em bom estado, e agora está sendo exposto em um museu como troféu dos humanos.

- Mas ele ainda está vivo, não está? - Dimitri perguntou aflito.

- Não havia nenhuma estaca em seu coração – Ponderou - creio que a condição de vampiro o manteve em bom estado. Mas nem imagino o que deve ter acontecido com ele para se entregar e deixar de lutar pela sua sobrevivência.

- Precisamos ir imediatamente a essa cidade e resgatar nosso irmão - Disse Dylan com olhos furiosos.

- Além disso, - Dominic encarou Dylan com um sorriso - Havia fotos dos convidados.

- Não importa o quão importante sejam essas pessoas, iremos roubar a estrela desse museu - Respondeu Dylan.

- Não era disso que me referia, mas sim, o destaque de uma bela dama de cabelos vermelhos entre os convidados.

Imediatamente, os olhos de Dylan se encheram de esperança. Ele tentou esconder o sorriso, mas foi em vão. E assim, os irmãos Flowster, Dionísio, Dylan, Dimitri e Dominic partiram rumo a Tormenta, a cidade dos contos.

JANEIRO DE 2063, EM UM FUTURO DISTANTE...

Alma, a bruxa mais poderosa já existente, retornava para Hideaway, sozinha, a fim de cumprir com uma promessa. Deixou a casa de Lilian, silenciosamente, e partiu para sua jornada.

Contudo, ela não era a única acordada naquela casa. Após ouvir barulhos, Alma viu Derick ser levado em um saco, por dois homens fortes, logo atrás, outro vigiava os arredores.

Salvá-lo era sua prioridade, mas ela não sabia como.

Mostrar sua verdadeira identidade aparecendo de surpresa na frente deles, ou os abordando quando estivessem na rua?

Quaisquer das opções que usasse, haveria uma batalha. Alma não tinha intenção de machucar os humanos, mesmo o mais ordinário deles, mas não iria deixar que levassem um dos membros daquela família, que tanto lutou para se reencontrarem.

Quando todos estavam fora da casa, ela os abordou.

– O que estão fazendo com o garoto?

– Droga! Fomos descobertos. Segurem-no, não deixem que ela chegue perto – Ordenou um dos homens aos demais.

– Não pretendo machucá-los, mas vocês não me parecem ser pacíficos – Disse a bruxa.

– Não precisamos começar uma luta aqui se você colaborar conosco – O homem respondeu, segurando o jovem vampiro, enquanto apontava uma estaca em seu peito.

– Como poderia haver colaboração a base de ameaças? – Alma perguntou – Solte o garoto imediatamente e eu prometo não machucá-los.

– Isso, de fato, não é uma ameaça?

– Faça o que estou dizendo! – Ordenou Alma.

– Quando foi que os papéis se inverteram? Não é você quem dá as ordens aqui, bruxa.

– Então sabem o que sou? Deveriam temer meu poder.

– Se é tão poderosa assim, use seu poder para salvar o garoto, antes que um pedaço de madeira seja cravada em seu peito.

O homem sabia que não poderia dar tempo à bruxa, ou ela os mataria, então, após as suas palavras, ele empurrou a ponta da estaca no peito do jovem vampiro, como um aviso, de que não estava brincando.

– Tudo bem – Alma disse – Irei colaborar, mas somente se libertarem o garoto.

Alma priorizou a segurança do vampiro, ela poderia matar aqueles homens, mas seria arriscado, uma vez que a estaca já estava a perfurar o peito do rapaz.

– Meus homens irão levá-lo de volta à sua casa, mas para garantir que você não irá nos trair, deixarei um espião infiltrado na família de vampiros. Qualquer sinal de ameaça vinda de sua parte, ele irá perfurar o coração de qualquer um deles.

– Como pode ser tão cruel? – Alma perguntou, com um olhar triste – O que estas criaturas lhe fizeram?

– A crueldade é um sentimento único e exclusivo da raça humana.

– Me recuso a acreditar, conheci muitos humanos bons.

– Acredite minha cara, eles eram ruins, apenas não havia despertado ainda sua crueldade. Todos nascemos inocentes, mas à medida em que presenciamos as injustiças desse mundo, o coração se torna impuro e os sentimentos se transformam em ódio.

Alma despediu-se novamente, e em silêncio, acompanhou os humanos, enquanto o vampiro foi levado de volta para casa na companhia de um espião.

Quando amanheceu, Lilian não encontrou a bruxa, suspeitou que ela havia retornado sozinha a Hideaway. Não tinha como ir atrás dela, uma vez que, só se podia atravessar a barreira com a ajuda da bruxa herdeira de Kharis.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados