Joguei os sapatos pesados em um dos cantos e tirei os brincos falsos de Keyla os guardo com cuidado em cima da penteadeira, o cômodo antigo já havia dado cupim uma vez e o espelho estava um pouco sujo. Meus pés doíam, mas não mais do que o meu coração. Me arrastei pelos cômodos, tudo continuava da mesma forma quando saímos, aquele pequeno espaço não era dos melhores, mas era nosso. Mas será que eu era a mesma? Agora tudo parecia estranho, como se fosse um sonho distante, a minha realidade havia sido distorcida pelos Bonner? Eu estava acostumado ao luxo? Passava mais tempo na mansão, cuidando de António do que em minha própria casa, voltando somente duas vezes por semana, quando a outra cuidado me substituía para que eu tivesse a minha folga, mas sempre que eu chegava em casa me sentia bem. Agora tudo parecia distante. Não era o lugar, tudo estava conforme quando saímos da última vez, era eu. Não sentia que estava bem na mansão e nem mesmo sentia que me enquadra mais
— Bom dia — Apareci na porta e olhei para Jonathan que parecia ter levado um susto, ele mexia no telefone com uma mão enquanto a outra estava segurando uma colher de pau, me aproximei dele que guardou o telefone no bolso e sorriu quando o abracei por trás. — Eram para ficar bonitos? — Era… — Ele riu — Mas se ficar gostoso já está bom. Balancei a cabeça assentindo e contornei a mesa de madeira antiga, o espaço da cozinha era minúsculo, mesmo assim eu gostava de mesas então, na época, convenci Jonathan a comprar uma. Peguei o café surpresa por Jonathan já ter feito “Ele levantou bem cedo” pensei e então enchi minha xícara. — Quer que eu bote para você? — Sim, por favor. Enchi sua xícara também, eu sabia a dosagem certa de açúcar que ele gostava. Duas colheres, nem a mais e nem a menos, eram os pequenos detalhes que me faziam lembrar que havíamos caminhado uma longa estrada, eu não podia desistir disso de uma hora para outra. Logo íamos nos casar, só esper
Abri o guarda-roupa e dando uma olhada rápida, peguei apenas o necessário, me virei para Jonathan, o clima entre nós não era dos mais agradáveis. — Rosa, vamos conversar… — Eu não quero conversar Jonathan, eu sei o que você pensa. Eu só quero um pouco de paz! — Mas… Joguei as roupas de cama no seu peito. — Vai dormir na sala hoje. Ele me encarou com olhos sérios, era a primeira vez que eu o pedia tal coisa. Esperava que ele fizesse barulho pelo meu pedido, mas ao invés disso ele assentiu e se virou para a sala, fechei a porta do quarto me trancando e me deitei ainda com raiva. Ultimamente eu estava constantemente com raiva, notei. Surpreendentemente eu não demorei para dormir, assim que deitei senti meu corpo pesar sobre a cama e relaxei os músculos, mas antes, meus pensamentos me levaram a Damon. Era como se as memórias viessem com força, a forma como tudo havia acontecido, desde o primeiro momento em que eu o vi era inegável. Damon me tirava do
Lorenzo estava no escuro, o porque eu não sabia, mas a primeira coisa que fiz foi acender a luz. Ele parecia pálido, em choque ainda pelo susto. — O Sr. Lorenzo, como conseguiu entrar na minha casa? — Perguntei abismada — Tenho certeza de que fechei a porta. — Boa noite Sr. Rosalina, isso é de relevância. — Para mim tem total relevância, eu gostaria muito de entender como o Sr conseguiu acesso a essas paredes. Ele olhou em volta. — Você guarda a sua chave reserva perto do cacto, na varanda. Muito acessível a ladrões. — Como você sabe? — Porque tapete e planta é onde costumam guardar, por isso mesmo volto a repetir. É muito fácil de ladrão achar. Balancei a cabeça incrédula, eu com certeza não esconderia a chave lá novamente. — Me desculpe o inconveniente, aparecer de noite na casa dos outros sem ser convidado com certeza é um importuno. Principalmente quando você invade a casa da pessoa. Mas não foi por mal que fiz isso, eu precisava falar com a Sra
Um, dois, três… Não adiantava contar, nada me acalmava então paguei o táxi usando o cartão e sai do carro, sem mala alguma da mesma forma que saí, voltei. Sem aviso, sem bagagem, somente quando deu na telha e quando sentia a necessidade, agora estava de frente para os portões que foram abertos de prontidão para mim e Jonathan sem que eu precisasse pedir ao porteiro. Eu era mesmo a dona daquela mansão? Quando lembrava da dor de cabeça que teria ao fazer a contabilidade ao lado de Gisele já me sentia cansada, ouvir tudo o que estava sendo feito, tudo o que precisava agir, a forma como a casa se movimentava, como ela funcionava, havia coisas que eu já sabia como os horários que eram servido às refeições e o cardápio da semana. Às terças e quintas António comia frutos do mar, às segundas e sextas comia massas e às quartas, por algum motivo, ele comia sempre alguma coisa extremamente gordurosa sendo sempre algo diferente a aleatorio que ele pedia, dependia do seu dia de criatividad
Caminhei pela casa com Jonathan do meu lado, espantando a todos quando atravessava os corredores. — Que bom que está de volta Sra. Rosa, Sr Jonathan. Sejam bem vindos! — Disse Gisele com um meneio de cabeça. — Obrigada Gisele — Falei — Soube que queria falar comigo. — Sim, precisamos ver o cardápio da semana. — Isso não pode ficar para depois? — A Sra saiu por por três dias, o cardápio da semana não é a única coisa a ser discutida sobre a casa, o encanamento de um dos banheiros parece estar ruim, está fazendo um barulho estranho. — Qual banheiro? — O da ala leste, o terceiro. Arregalei os olhos. — Quantos banheiro há nesta casa? — Perguntei curiosa e Wallace e Jonathan prenderam um riso, os olhei indignada. — A Sra ainda não explorou a casa? Balancei a cabeça negando. — Não. — Me avise quando estiver disponível para que eu te mostre todos os cantos da casa. — Ninguém conhece essa casa melhor do que Gisele. — Disse Wallace me fazendo prestar ate
Me virei e fiquei imovel, olhei para os lados e dei um sorriso tímido, sem graça, sem saber ao certo como reagir. — Eu não vi nada. — Não importa — Disse ele dando de ombros — Eu até gosto de plateia! — Mas eu não vi nada! — Repetir ainda sem graça. — Quer ver? — Como? — Perguntei se você quer me ver tocar. Pensei por um momento e então balancei a cabeça assentindo, Damon abriu mais a porta me convidando para entrar, então o fiz. O cômodo era simples, minimalista, paredes em tons de pastel com detalhes e bordas brancas, um carpete embutido em toda a extensão do cômodo e janelas amplas e abertas, trazendo tanta claridade ao quarto que nem mesmo era preciso acender a luz. Três ventiladores de teto grandes que giravam lentamente, era um dia fresco nem mesmo seria preciso deles, mesmo assim estavam ligados. — Tire os sapatos. — Como? — Tire! — Repetiu ele e tirei os sapatos, o carpete era gostoso sobre os pés, a pelagem tão macia parecia massagear meus
Olhei para seu rosto procurando alguma coisa que me dissesse o que havia acontecido, já que Damon parecia não estar disposta a continuar a falar, perguntei: — Como assim terminaram, o que aconteceu? — Não estava dando certo. — Por que não? — Por que não, só isso. — Isso é muito vago. Ele assentiu. — Keyla não estava comigo porque gostava de mim, estava comigo por causa do dinheiro. Franzi a testa. — Como sabe disso? — Eu já suspeitava, por mais apaixonada que a pessoa pareça, quando envolve dinheiro é difícil saber se ela te ama de verdade ou não, se ela está com você porque gosta ou por que tem dinheiro. — Mas você também é bonito — Deixei escapar e me arrependi, Damon sorriu. — Obrigada. — Eu não quis dizer isso. — Então quis dizer o que? Ele me olhava atento esperando que eu terminasse, mas fiquei quieta me dando por vencido. — De qualquer forma, por mais que eu seja bonito. O dinheiro cega às pessoas, ela via uma pilha de dinhei