A campainha toca novamente, mais insistente desta vez. Contrariada, me levanto vagarosamente, enquanto Henry permanece sentado, me observando com uma expressão insatisfeita, mas cheia de desejo. Ele se ajeita, fechando os botões da camisa com uma lentidão proposital, como se quisesse provocar.— Pare de me olhar assim — advirto, sentindo meu rosto esquentar enquanto coloco meu vestido.— Assim como? — ele pergunta com falsa inocência, mordendo o lábio inferior enquanto fecha mais um botão. Torturantemente devagar.— Como se ainda quisesse me devorar.— Mas eu ainda quero te devorar — ele retruca, abrindo um sorriso malicioso.Reviro os olhos, pego sua mão e o puxo do sofá.— Vem, precisamos de um banho antes que Agnes traga quem quer que seja para a sala e nos encontre… assim.Henry me segue escada acima, com suas mãos firmemente agarradas à minha cintura. No corredor, ele me prensa contra a parede, roubando-me um longo beijo.— Henry… — tento soar severa, mas minha voz sai mais como
“Sebastian Morgan”A cela parece bem menor do que imaginei, e as paredes riscadas parecem se fechar cada vez mais. Duas semanas nessa maldita prisão. Quinze dias desde que a infeliz da Kim decidiu ignorar todos os perigos e ameaças, optando por falar tudo e foder minha vida.Quinze dias… e cada segundo parece uma eternidade. As noites, como agora, são as piores, pois, na escuridão, os ecos das risadas deles e a expressão de vitória de Evie quando o juiz deu o veredito me assombram.— Matarei todos eles — murmuro, cerrando os punhos enquanto encaro o teto sujo acima de mim. De repente, ouço passos se aproximando. Pesados. Os guardas não costumam vir aqui a essa hora, então… Meus pensamentos são interrompidos pelo som metálico de algo deslizando pelas grades da minha cela. Ergo o olhar, encontrando o rosto macabro de Marco.Marco inclina a cabeça, um sorriso sádico se formando enquanto brinca com um cigarro entre os dedos. O brilho fraco da lâmpada no corredor ilumina as cicatrizes em
“Evie Ashford”Duas semanas. Apenas duas semanas se passaram desde o julgamento, mas parece que vivi anos nesse curto intervalo. Tudo mudou tão rapidamente que ainda sinto a necessidade de me ajustar.Sebastian está morto. Quando soube, confesso que uma mistura de sentimentos tomou conta de mim: raiva, alívio e, talvez, até uma ponta de tristeza por quem ele poderia ter sido, mas escolheu não ser.Essa notícia, somada ao meu retorno à frente da Majestic, finalmente dissipou a insegurança, deixando em seu lugar uma sensação de satisfação. Pela primeira vez em meses, sinto que posso caminhar sem carregar o peso de mil incertezas nas costas.Imersa nesses pensamentos, sou interrompida pelo som da porta se abrindo e as vozes inconfundíveis de Lily e Chloe ecoando pela sala. Respiro fundo, lavo as mãos e saio do banheiro, encontrando as duas sentadas no sofá.— Você está pálida — Chloe diz, sem nem sequer me cumprimentar. — E magra demais.— Bom dia para você também — respondo, tentando pa
“Henry Blackwood”Já se passaram algumas semanas desde que Evie retomou a liderança da Majestic, e as coisas parecem estar voltando ao normal. Pelo menos, para ela. Para mim, bem… eu deveria estar mais calmo agora, mais seguro, mas, ao invés disso, algo parece terrivelmente errado. Ela está diferente. Não distante, mas… inquieta. Como se estivesse escondendo algo.Deixo a caneta de lado e passo a mão pelos cabelos, frustrado. Talvez eu esteja sendo um idiota. Talvez isso seja apenas paranoia. Mas a ideia de perdê-la… de que agora, com tudo em ordem, ela perceba que não precisa mais de mim…— Preciso resolver isso — resmungo, inclinando-me na cadeira. — Mas como fazer isso sem parecer um idiota ciumento e possessivo?Não posso ignorar o que está acontecendo. Não quero perdê-la por algo que sequer compreendo. Levanto-me de uma vez, decidido.— Preciso falar com ela, agora — afirmo, pegando minhas coisas.Minha pressa faz com que o caminho até o estacionamento provisório da empresa passe
“Henry Blackwood”Nunca imaginei que uma simples imagem embaçada e quase indecifrável pudesse significar tanto. Enquanto seguro a mão de Evie e nossos olhares permanecem fixos na tela à nossa frente, sinto o peso de um significado que ultrapassa tudo o que já conheci.Meus olhos se enchem de lágrimas e, pela primeira vez em muito tempo, fico sem palavras. Todo o império que construí, todas as conquistas que um dia considerei grandiosas, agora parecem insignificantes diante disso. Isso… é tudo.— Você está com aproximadamente sete semanas de gestação, e está tudo indo muito bem — a médica explica, com um sorriso gentil, apontando para um pequeno ponto que pulsa ritmicamente na tela. — Aqui está o coraçãozinho do bebê e... — ela interrompe a frase, deslizando o aparelho novamente, como se estivesse procurando algo. — Bem…Seu tom de voz faz meu estômago se revirar. Algo está errado? Meu olhar alterna entre Evie e a tela, buscando alguma pista. Então, a médica para o movimento e sorri an
Duas vezes. Foi o quanto nossa tão esperada viagem precisou ser adiada até que todos conseguissem alinhar suas agendas caóticas. Apesar disso, meu aniversário foi celebrado em grande estilo: um jantar animado entre amigos, risadas, brindes e um pedido de casamento inesperado de Benjamin. Chloe disse “sim” tão alto que o restaurante inteiro aplaudiu.Agora, dois meses após descobrir a gravidez, finalmente estou aqui, deitada em uma espreguiçadeira à beira-mar em Santorini. A brisa salgada acaricia meu rosto enquanto sinto os pequenos movimentos dos bebês sob minha mão pousada na barriga já saliente. É impossível não sorrir.Os últimos dois meses foram uma montanha-russa: consultas médicas, reorganizações na Majestic e a busca por equilíbrio. Henry tem estado ao meu lado em tudo, mas seu excesso de cuidado, às vezes, quase me irrita. Ainda assim, quando ele coloca a mão na minha barriga e murmura “estou apenas cuidando de vocês”, meu coração simplesmente derrete.— Amiga, você sabe que
Desligo o telefone e salto da cama. Minhas mãos tremem enquanto me visto rapidamente. Isso só pode ser um mal-entendido. Henry jamais faria nada assim, não depois de tudo o que passamos. Mas, mesmo com essa certeza, a raiva começa a se infiltrar, queimando lentamente.Quando chego à recepção, minhas amigas me encaram, assustadas. Chloe balança a cabeça, enquanto Lily tenta parecer mais calma, mas falha miseravelmente.— Isso não faz sentido — digo, tentando racionalizar enquanto me aproximo. — Deve haver alguma explicação.— Explicação? — Chloe ergue uma sobrancelha, incrédula. — Não acredito que ele teve essa coragem! Você, grávida de gêmeos, e ele… fazendo isso? Henry deveria ter mais consideração, não acha?— Concordo — Lily completa, balançando a cabeça. — Isso foi péssimo, Evie. Ele nem se deu ao trabalho de se certificar de que você estava bem antes de sair.— Por isso, precisamos planejar a morte dele, bem lenta e cruel! — Chloe exclama, abrindo um sorriso malicioso.— Precisam
“Evie Ashford”Trinta e seis semanas. Oito meses completos. Cada mês tem sido cercado de cuidados, amor e expectativa. Não sei dizer se é só a ansiedade de finalmente conhecer os bebês ou o cansaço de carregar dois pequenos que parecem estar sempre em movimento, mas cada dia parece mais longo que o anterior.Apesar disso, não poderia estar mais feliz por estar aqui, no spa de noivas, ao lado das minhas melhores amigas, ajudando Chloe a se preparar para o que será, sem dúvida, o casamento do ano.— Ok, isso é divino — Chloe suspira, fechando os olhos enquanto uma das esteticistas massageia seus ombros. — Não acredito que demorei tanto para fazer algo assim.— Vai dizer que Benjamin não te mima assim após te deixar acabada na cama? — Lily provoca, recostada em uma poltrona próxima, enquanto uma manicure trabalha em suas unhas.— Claro que sim, nada mais justo, certo? Mas nada supera isso aqui — ela responde, sorrindo preguiçosamente.Enquanto isso, estou afundada em uma cadeira confortá