“Henry Blackwood”Já se passaram algumas semanas desde que Evie retomou a liderança da Majestic, e as coisas parecem estar voltando ao normal. Pelo menos, para ela. Para mim, bem… eu deveria estar mais calmo agora, mais seguro, mas, ao invés disso, algo parece terrivelmente errado. Ela está diferente. Não distante, mas… inquieta. Como se estivesse escondendo algo.Deixo a caneta de lado e passo a mão pelos cabelos, frustrado. Talvez eu esteja sendo um idiota. Talvez isso seja apenas paranoia. Mas a ideia de perdê-la… de que agora, com tudo em ordem, ela perceba que não precisa mais de mim…— Preciso resolver isso — resmungo, inclinando-me na cadeira. — Mas como fazer isso sem parecer um idiota ciumento e possessivo?Não posso ignorar o que está acontecendo. Não quero perdê-la por algo que sequer compreendo. Levanto-me de uma vez, decidido.— Preciso falar com ela, agora — afirmo, pegando minhas coisas.Minha pressa faz com que o caminho até o estacionamento provisório da empresa passe
“Henry Blackwood”Nunca imaginei que uma simples imagem embaçada e quase indecifrável pudesse significar tanto. Enquanto seguro a mão de Evie e nossos olhares permanecem fixos na tela à nossa frente, sinto o peso de um significado que ultrapassa tudo o que já conheci.Meus olhos se enchem de lágrimas e, pela primeira vez em muito tempo, fico sem palavras. Todo o império que construí, todas as conquistas que um dia considerei grandiosas, agora parecem insignificantes diante disso. Isso… é tudo.— Você está com aproximadamente sete semanas de gestação, e está tudo indo muito bem — a médica explica, com um sorriso gentil, apontando para um pequeno ponto que pulsa ritmicamente na tela. — Aqui está o coraçãozinho do bebê e... — ela interrompe a frase, deslizando o aparelho novamente, como se estivesse procurando algo. — Bem…Seu tom de voz faz meu estômago se revirar. Algo está errado? Meu olhar alterna entre Evie e a tela, buscando alguma pista. Então, a médica para o movimento e sorri an
Respiro fundo, ajustando o vestido Valentino azul royal em frente ao espelho antes de pegar a bolsa de mão e me virar para sair do quarto. Meu estômago se revira a cada passo, reclamando com a expectativa da noite que está por vir. Ao descer as escadas, encontro Sebastian Morgan, meu marido, digitando algo em seu celular. Alto, com cabelos loiros, um sorriso cativante e, o principal: meu. Com um sorriso bobo, me aproximo.— Estou pronta, meu am…— Não falei para você ir com o vestido vermelho? — Sebastian me interrompe, lançando um olhar avaliador enquanto guarda o celular no bolso.— Sim, falou, mas esse combina mais com o ambiente. Está ruim?— Não, querida — ele diz, finalmente segurando minha mão para me guiar até a saída da nossa casa. — Mas precisamos brilhar esta noite. Temos um prêmio para receber.— Não seja exagerado, meu amor. Nós nem sabemos se vamos ganhar aquele…— Óbvio que vamos, querida — ele me interrompe, abrindo a porta do carro com um sorriso confiante. — Com aquel
Acordo de repente, sentindo todo o meu corpo doer. A escuridão ainda me cerca, e me pergunto se ainda é noite. O silêncio é pesado, cortado apenas por um “bip” irritante. Tento me levantar, mas a dor rapidamente me atinge, provocando um gemido involuntário.Ao tentar mover o braço esquerdo, sou tomada por uma dor excruciante, acompanhada pelo peso desconfortável de algo que o imobiliza. Meu coração dispara, intensificando o “bip” que ecoa nos meus ouvidos. Então percebo: estou em um hospital.Com esforço, levanto o braço direito. Lentamente, toco meu rosto, tentando entender por que tudo continua escuro se estou acordada. Meus dedos encontram curativos sobre os olhos, e o pânico me atinge, frio e alucinante.Luto para me sentar na cama, ignorando a dor latejante. Meus dedos deslizam pelo lençol até o botão de chamada. Pressiono-o repetidamente, desesperada por respostas.Depois do que parece uma eternidade, ouço passos apressados se aproximando. A porta do quarto se abre e alguém se ap
“Algumas semanas depois… Por Henry Blackwood”O céu londrino está particularmente cinzento hoje, embora isso dificilmente seja uma novidade. Após pegar um novo café — as duas últimas xícaras esfriaram enquanto eu lia relatórios — finalmente posso me dar ao luxo de parar por alguns minutos.Há sete anos, quando decidi me aventurar no mercado hoteleiro, tudo se resumia a um hotel caindo aos pedaços, comentários descrentes, risadas debochadas… Hoje, não só calei a boca de cada um, como fiz da All Seasons um dos maiores impérios da Europa. No auge dos meus 32 anos, me orgulho de tudo o que criei.Meus pensamentos são interrompidos pela vibração do celular sobre a mesa, me fazendo revirar os olhos.— Claro, eu não preciso de descanso, não é mesmo? — resmungo, girando a cadeira de volta para a mesa de mogno. Ao pegar o celular, encontro uma mensagem de Harper, minha noiva.“Não se esqueça do jantar na casa dos meus pais. Estou com saudades.”É inevitável não soltar uma risada ao ler a última
“Alguns dias depois… Por Henry Blackwood”Após três horas de reunião com os acionistas, permaneço na cadeira enquanto os outros membros deixam a sala. Junto o relatório em cima da mesa, observando Benjamin, que me lança o mesmo olhar de todo o tempo da reunião.— Então? — pergunto assim que a porta se fecha, deixando-nos a sós. Benjamin arqueia as sobrancelhas, fingindo não entender. — Você estava inquieto durante toda a reunião.— Estava ansioso para te mostrar isso — ele sorri, abrindo uma revista de negócios sobre minha mesa. — Parece que dessa vez você estava errado sobre Sebastian.Franzo o cenho ao ver as reportagens. São fotos de Evie Ashford em aparições recentes. Em uma delas, ela sorri em um café próximo à Torre Eiffel. Em outra, posa elegantemente diante da Galleria Vittorio Emanuele II, em Milão.— Paris, Milão… Talvez a pressão tenha sido demais, afinal — Benjamin comenta com um tom debochado. — E a querida CEO da Majestic decidiu se rebelar.— Interessante — murmuro, afas
“Evie Ashford”O som familiar dos passos de Sebastian no corredor me faz sorrir antes mesmo de ele entrar. Como todas as manhãs deste último mês, ele chega ao quarto trazendo meu café da manhã, mas desta vez, sua energia é contagiante: abre as cortinas, cantarola… Desde o acidente, Sebastian tem sido meu porto seguro, o único que permaneceu. Seguindo seu conselho, tenho evitado contato direto com as pessoas. A ideia de sentir a pena nos olhares alheios, mesmo sem poder vê-los, me sufoca.Mas, às vezes, no silêncio da casa, sinto falta das minhas amigas. Das risadas, das conversas, da cumplicidade. Sebastian diz que elas me mandam mensagens, sempre com desculpas elaboradas sobre compromissos inadiáveis. É mais fácil assim, suponho. Mais fácil para elas lidarem com minha ausência do que com minha nova realidade.Ao menos tenho Sebastian. Seu otimismo teimoso, sua presença constante. E, por enquanto, isso precisa ser suficiente.— Bom dia, querida — Sebastian me saúda com um beijo suave.
“Henry Blackwood”Desde as últimas notícias e, principalmente, a ligação anunciando que a disputa pelo resort em Capri seria entre a All Seasons e a Majestic, a imagem de Evie Ashford insiste em permanecer na minha mente. Com seus cabelos loiros, olhos esverdeados, corpo escultural e um atrevimento que parece grande demais para alguém tão baixinha, ela se tornou uma lembrança constante de como essa jovem CEO irritante conseguiu me desafiar mais do que eu esperava.Passei os últimos dias em um misto de ansiedade e irritação, tentando manter a cabeça fria. Torcia para que as propostas surpreendentemente parecidas fossem apenas uma coincidência infeliz, mas a verdade é que a incerteza não me dá paz. Sempre valorizei o controle e a certeza de estar no comando, no entanto, desde aquela apresentação, a sensação de traição e desconfiança paira sobre mim.Ao entrar na minha sala, solto um suspiro pesado e me jogo na cadeira. Ligo o computador, sentindo a familiar tensão no estômago. Em poucos