“Henry Blackwood”Já se passaram algumas semanas desde que Evie retomou a liderança da Majestic, e as coisas parecem estar voltando ao normal. Pelo menos, para ela. Para mim, bem… eu deveria estar mais calmo agora, mais seguro, mas, ao invés disso, algo parece terrivelmente errado. Ela está diferente. Não distante, mas… inquieta. Como se estivesse escondendo algo.Deixo a caneta de lado e passo a mão pelos cabelos, frustrado. Talvez eu esteja sendo um idiota. Talvez isso seja apenas paranoia. Mas a ideia de perdê-la… de que agora, com tudo em ordem, ela perceba que não precisa mais de mim…— Preciso resolver isso — resmungo, inclinando-me na cadeira. — Mas como fazer isso sem parecer um idiota ciumento e possessivo?Não posso ignorar o que está acontecendo. Não quero perdê-la por algo que sequer compreendo. Levanto-me de uma vez, decidido.— Preciso falar com ela, agora — afirmo, pegando minhas coisas.Minha pressa faz com que o caminho até o estacionamento provisório da empresa passe
“Henry Blackwood”Nunca imaginei que uma simples imagem embaçada e quase indecifrável pudesse significar tanto. Enquanto seguro a mão de Evie e nossos olhares permanecem fixos na tela à nossa frente, sinto o peso de um significado que ultrapassa tudo o que já conheci.Meus olhos se enchem de lágrimas e, pela primeira vez em muito tempo, fico sem palavras. Todo o império que construí, todas as conquistas que um dia considerei grandiosas, agora parecem insignificantes diante disso. Isso… é tudo.— Você está com aproximadamente sete semanas de gestação, e está tudo indo muito bem — a médica explica, com um sorriso gentil, apontando para um pequeno ponto que pulsa ritmicamente na tela. — Aqui está o coraçãozinho do bebê e... — ela interrompe a frase, deslizando o aparelho novamente, como se estivesse procurando algo. — Bem…Seu tom de voz faz meu estômago se revirar. Algo está errado? Meu olhar alterna entre Evie e a tela, buscando alguma pista. Então, a médica para o movimento e sorri an
Duas vezes. Foi o quanto nossa tão esperada viagem precisou ser adiada até que todos conseguissem alinhar suas agendas caóticas. Apesar disso, meu aniversário foi celebrado em grande estilo: um jantar animado entre amigos, risadas, brindes e um pedido de casamento inesperado de Benjamin. Chloe disse “sim” tão alto que o restaurante inteiro aplaudiu.Agora, dois meses após descobrir a gravidez, finalmente estou aqui, deitada em uma espreguiçadeira à beira-mar em Santorini. A brisa salgada acaricia meu rosto enquanto sinto os pequenos movimentos dos bebês sob minha mão pousada na barriga já saliente. É impossível não sorrir.Os últimos dois meses foram uma montanha-russa: consultas médicas, reorganizações na Majestic e a busca por equilíbrio. Henry tem estado ao meu lado em tudo, mas seu excesso de cuidado, às vezes, quase me irrita. Ainda assim, quando ele coloca a mão na minha barriga e murmura “estou apenas cuidando de vocês”, meu coração simplesmente derrete.— Amiga, você sabe que
Desligo o telefone e salto da cama. Minhas mãos tremem enquanto me visto rapidamente. Isso só pode ser um mal-entendido. Henry jamais faria nada assim, não depois de tudo o que passamos. Mas, mesmo com essa certeza, a raiva começa a se infiltrar, queimando lentamente.Quando chego à recepção, minhas amigas me encaram, assustadas. Chloe balança a cabeça, enquanto Lily tenta parecer mais calma, mas falha miseravelmente.— Isso não faz sentido — digo, tentando racionalizar enquanto me aproximo. — Deve haver alguma explicação.— Explicação? — Chloe ergue uma sobrancelha, incrédula. — Não acredito que ele teve essa coragem! Você, grávida de gêmeos, e ele… fazendo isso? Henry deveria ter mais consideração, não acha?— Concordo — Lily completa, balançando a cabeça. — Isso foi péssimo, Evie. Ele nem se deu ao trabalho de se certificar de que você estava bem antes de sair.— Por isso, precisamos planejar a morte dele, bem lenta e cruel! — Chloe exclama, abrindo um sorriso malicioso.— Precisam
“Evie Ashford”Trinta e seis semanas. Oito meses completos. Cada mês tem sido cercado de cuidados, amor e expectativa. Não sei dizer se é só a ansiedade de finalmente conhecer os bebês ou o cansaço de carregar dois pequenos que parecem estar sempre em movimento, mas cada dia parece mais longo que o anterior.Apesar disso, não poderia estar mais feliz por estar aqui, no spa de noivas, ao lado das minhas melhores amigas, ajudando Chloe a se preparar para o que será, sem dúvida, o casamento do ano.— Ok, isso é divino — Chloe suspira, fechando os olhos enquanto uma das esteticistas massageia seus ombros. — Não acredito que demorei tanto para fazer algo assim.— Vai dizer que Benjamin não te mima assim após te deixar acabada na cama? — Lily provoca, recostada em uma poltrona próxima, enquanto uma manicure trabalha em suas unhas.— Claro que sim, nada mais justo, certo? Mas nada supera isso aqui — ela responde, sorrindo preguiçosamente.Enquanto isso, estou afundada em uma cadeira confortá
Quase uma hora se passou desde que minha bolsa estourou. Por recomendação da médica, viemos diretamente ao hospital antes que as contrações começassem de verdade.A correria quando perceberam a situação foi surreal, com Chloe e Lily claramente emocionadas. Chloe, em particular, quis abandonar o próprio casamento para nos acompanhar, mas acabou sendo convencida por todos a ficar. Lily também se prontificou a vir comigo, mas consegui convencê-la a permanecer com nossa amiga dramática. Afinal, se a noiva ficasse sozinha, seria capaz de inventar uma desculpa para aparecer aqui.Entro no hospital caminhando na velocidade que essa barriga pesada me permite. Henry permanece ao meu lado com os dedos entrelaçados aos meus, me dando sorrisos surpreendentemente calmos. Mas sei que isso não passa de fachada.— Srta. Ashford? — Uma enfermeira se aproxima com uma cadeira de rodas. — Vamos levá-la para a sala de avaliação.— Vou acompanhá-los — Henry diz, num tom firme, embora eu perceba um leve tre
“Henry Blackwood”São quatro da manhã e estou ninando nosso pequeno Theo pela terceira vez esta noite. É a nossa segunda noite desde que Daphne e Theo chegaram ao mundo, e tudo ainda parece tão surreal quanto emocionante. Evie finalmente conseguiu dormir após outra mamada particularmente difícil.Observo nosso filho, tão pequeno em meus braços, e então olho para Daphne, que dorme tranquilamente no pequeno berço ao lado da mãe. Me pergunto como vivi tanto tempo achando que sucesso se media em números em uma conta bancária.Theo se mexe, ameaçando chorar novamente, e começo a cantarolar baixinho aquela mesma música que minha mãe cantava para Olivia. É engraçado como certas memórias voltam quando menos esperamos. Jamais imaginei que me lembraria dessa canção, muito menos que a usaria para acalmar meu próprio filho.Caminho até a janela do quarto, observando a cidade ainda adormecida. O céu começa a clarear timidamente, anunciando que logo o dia começará. Penso em todas as reuniões que te
“Evie Ashford”O tempo é engraçado. Parece que foi ontem que Daphne deu seus primeiros passos, enquanto Theo, admirando a nova habilidade da irmã, decidiu que não queria ficar para trás e repetiu o ato na mesma semana. Agora, aqui estamos nós, três anos depois, e aqueles pequenos que mal cabiam nos meus braços estão correndo pela casa com uma energia inesgotável.Daphne e Theo completaram três anos na semana passada. A festa foi um caos delicioso, cheia de risadas, balões e, claro, doces suficientes para deixar todas as crianças em estado de pura euforia. Theo, como sempre, roubou a cena com sua dança desajeitada, enquanto Daphne comandava as brincadeiras com a autoridade de uma pequena rainha.E Henry? Ele continua sendo o mesmo homem que me faz perder o fôlego, mas agora também é um pai dedicado, paciente (ou pelo menos tenta ser) e completamente apaixonado pelos nossos pequenos.Observá-lo com Daphne e Theo sempre me faz lembrar do quanto minha vida mudou desde que o conheci. De um