Eu estava almoçando quando vi Ricardo entrar sem dizer uma palavra e subir. Não me importava, eu estava exausta mentalmente, depois do sonho esquisito da noite anterior. Eu nem me lembro de ter dormido, as imagens muito reais para ser apenas uma ilusão noturna. A dor em meu pescoço, e em meus pulmões e a rouquidão da minha voz de tanto gritar eram provas de que tudo foi real. Pelo menos foi na minha cabeça.Quando acordei em minha cama, suada com o pesadelo, os olhos dourados do lobo fixos em minha memória, me levantei mediatamente e fiz um bom café para mim me Wendy. Logo ele acordou, comprou um bolo e então tomamos nosso café e depois voltamos para a casa de Ricardo.Subi imediatamente para o meu quarto, tomei um banho e terminei de encher a mala. Descansei mais um pouco e desci para o almoço, já bem mais calma com meu pesadelo da noite anterior. Eu sabia que estava muito nervosa, era natural que traumas do passado voltassem à tona.Eu estava no meio a refeição quando ele entrou e s
Chegando na sala que dividia o complexo dos funcionários, bati à porta que eu já sabia ser a do quarto de Pablo.— Pablo, sou eu Amanda, posso entrar?— Só um minuto! — O ouvi gritar e pouco depois abrir a porta.Ele estava de calça, sem camisa e com o cabelo molhado, com certeza havia acabado de sair do banho. Ainda não tinha reparado no seu físico, embora o tenha visto nadar muitas vezes na piscina da casa, mas olhando de perto, não pude evitar ficar admirada.— Está tudo bem? — ele perguntou, quando eu não falei nada, olhando para ele feito uma boba.Senti meu rosto esquentar.— Não, mas vai ficar. — Saí do meu transe e falei com sinceridade. — Preciso de um favor. Eu iria pedir a Wendy, mas não sei se o verei antes da minha partida.— Falando assim até parece que vai embora... — ele parou e me observou. — Você vai embora, não vai?Eu o empurrei para dentro do quarto e comecei a falar mais baixo.— Aconteceram algumas coisas e eu estou indo para o internato. Não se preocupe, estare
Eu gostaria que Jerrilly Djovig, meu pai, estivesse vivo. Assim, eu poderia lhe dar um grande murro, mandá-lo à merda e voltar para a Acaia, um lugar de onde eu nunca deveria ter saído. Nunca me dei conta que gostava tanto de lá até aquele momento. Eu estava exausto, a noite anterior não tinha sido nada fácil. Ainda na casa de Suellen, recebi uma ligação de um dos meus homens que Amanda havia fugido do segurança, então tive que me abster do prazer para garantir a minha sobrevivência. E como se o destino, ou os deuses quisessem brincar comigo, lá estava ela, caída em um pedaço de terra maldita entre os túmulos de meus pais. Como se não fosse o suficiente, a garota me reconheceu. A tirei de lá, chamei Augusto e o irmão dele que fizeram o contrafeitiço e mandei Wendy levá-la de volta para a casa de minha mãe, ordenando-lhe que ao amanhecer a levasse imediatamente para minha casa, e claro, reforcei ainda mais a segurança dela, não somente com lobos, mas com metade da matilha. Depois, a
Tempo era algo que eu tinha sobrando até o jantar e isso não era bom para minha ansiedade. Tomei um comprimido e então um banho gelado. Vesti uma camiseta, um jeans, passei um perfume, coloquei um relógio...Quando dei por mim, parecia o filhinho de papai mimado que sempre era zoado pelos amigos. Intentei em me desarrumar, mas já estava no meu horário, então suspirando, peguei a caixinha com a chave e desci.— Certamente ele está atrasado. — Ouvi Amanda responder alguma coisa que Laila falou.— Estou exatamente no horário — respondi as duas, um pouco mais frio do que pretendia. — Fico feliz que honra horários e compromissos.— Com certeza essa é uma das características que herdei de minha mãe.“Minha mãe”. Suas palavras me atingiram como um tapa bem dado. Amanda notou, porque suas costas ficaram rígidas por um momento, mas eu continuei caminhando com a postura ereta, tirando toda e qualquer expressão do rosto.— Nosso pai também tinha a pontualidade como uma de suas mais nobres qualid
Qual é mesmo a palavra que usamos para definir alguém que usa da arrogância e poder para se beneficiar? Ah, sim, é babaca! E esse é um termo um tanto genérico para chamar Ricardo Djovig. Bem, pelo menos, não lhe dei o gosto de saber o quanto fui afetada naquele bendito jantar.Se há uma coisa que vou levar como lição de minha mãe, é não me deixar ser intimidada por ninguém. E foi justamente por isso que, ao chegar no quarto, joguei a caixinha que ele me deu na mala e não voltei a procurá-la mais.Me deitei, adormecendo logo, mas acordei sentindo que estava sendo observada. Abri os olhos sem me mexer, sem alterar minha respiração, e vi grandes olhos dourados me observando, os olhos de um lobo. Eu sabia que estava alucinando, que era apenas o trauma retornando, então fechei os olhos novamente e quando tornei a abri-los, o animal já não estava mais lá.Voltei a dormir e acordei somente com o toque do alarme, na madrugada. Tomei um banho, me vesti com o uniforme do internato, que nada mai
Os alunos ali eram selecionados de acordo com suas habilidades, tanto tecnológicas quanto mágicas e a maioria ali parecia ter saído da capa de alguma revista. Ou apenas aquele fosse um refeitório para os mais populares da escola. Eu tinha certeza que conseguiria adquirir muito conhecimento ali, para que um dia, quando eu tivesse me formado, pudesse abrir a minha própria expansão tecnológica bem longe da empresa do meu irmão. Aquele era o melhor colégio de Beréia e eu acreditava no meu potencial.Eu ainda admirava as pessoas dali quando uma dupla de alunos, provavelmente já da faculdade, porque só usavam a camiseta da instituição, surgiu na minha frente. Eram bem excêntricos para o cenário. Embora muito bonitos, não exalavam a arrogância que vinha dos outros alunos.Os dois usavam cabelos mais compridos do que o normal. Um era negro, tinha os cabelos crespos e os olhos tão verdes quanto uma esmeralda. O outro, ainda mais bonito, era moreno, tinha cabelos escuros e cacheados, olhos cas
No fim das contas, o colégio interno não era tão ruim quanto eu pensava que seria no início. As regras eram sim rígidas, mas posso dizer que me adaptei bem. Hellen, Rodrigo e Apollo me serviram como bons amigos e me ajudaram bastante a escapar de muitas encrencas. Apesar de não ligar para popularidade, dividir o quarto com a filha da diretora e andar na turma dos mais poderosos da instituição me deu uma boa reputação de início, coisa que eu não conseguiria se Ricardo não tivesse pago para isso. Mesmo difícil, eu precisava admitir que esse ato me emocionou... um pouquinho.Eu o odiava ainda, mas tinha que reconhecer que ele fez o melhor para que eu me sentisse bem e segura. Na segunda semana que eu estava ali, então aconteceu. Havia rolado uma baladinha no prédio de TI e Hellen e eu, claro, participamos. Uma denúncia foi feita e enfim, eu acabei pegando uma detenção e segundo a diretora, foi enviada uma mensagem ao meu tutor. Não recebi nenhuma reclamação, nem de Ricardo, nem de Wendy,
— O que? Foi pega no quarto do segurança pelo tutor desconhecido? Conta tudo! — Hellen chegou por trás de mim com sua alegria habitual, falando mais alto do que o necessário. — Epa! Você não é o segurança bonitão, mas até que dá para o gasto.— Pode tirar o cavalinho da chuva, que o Pablo não é para você, oxigenada — falei jogando uma batata nela.— Prazer, meu nome é Hellen. Às vezes tento colocar juízo na cabeça dessa menina, mas é difícil — ela falou da forma mais séria possível, fazendo Pablo automaticamente assumir sua postura profissional.Eu não aguentei e comecei a rir. De repente, Hellen começou a rir também, desmanchando a máscara de amiga responsável, deixando Pablo totalmente vermelho. Hellen era a melhor aluna na área da espionagem, tanto virtual quanto presencial e teatro estava na grade curricular. — Pablo, essa é a minha colega de quarto e é tão louca quanto parece. E esse é o segurança número 2, Hellen.;— Segurança número 2? — perguntou Pablo, confuso.— Na escala d