>ELIZABETH<
No dia seguinte acordei péssima e cheguei atrasada nas Corporações Graham. Guardei minhas coisas na gaveta e mal tive tempo para ligar o computador quando o barulho no elevador fez meu coração falhar algumas batidas.Era ele.Patrício usava um terno preto completo. O tecido escuro realçava a pele clara e os olhos azuis, deixando-o incrivelmente lindo.Fiquei apreensiva, mas ele passou por mim sem olhar para os lados, no entanto, quando estava quase chegando à porta, resolveu quebrar o silêncio.- Me acompanhe, Liz.Pelo menos ele ainda estava me chamando pelo primeiro nome.Segui-o para dentro do seu escritório sentindo as mãos geladas e o corpo tenso. Patrício caminhou até sua mesa, encostou os quadris nela e cruzou os braços em frente ao peito.- Por que escondeu que seu ex ainda estava te procurando?A pergunta direta não deixava dúvidas de que ele estava furioso. Mas eu pensei que estivesse bem quando a gente desligou ontem.>ELIZABETHE então ela continuou: - Jamais me conformaria se tudo acabasse por causa de desentendimentos bobos. Eu sei que errei em ter mentido sobre o filho, e sobre sair com seus amigos, queria provocar ciúme e isso o deixou furioso. Minha história com Patrício é tão longa, e agora acho que ele está disposto a esquecer tudo e reatar de verdade comigo.Tinha a impressão de que todo o sangue havia sumido do meu rosto, eu só conseguia pensar nas palavras dela.“Ele foi meu primeiro namorado… primeiro amor… menti sobre o filho dele e o deixei furioso… Ele está disposto a esquecer tudo…”- Entendo - finalmente consegui dizer forçando um meio sorriso, não conseguiria falar mais que aquilo.Ela percebeu que eu não daria continuidade ao assunto e se despediu. Depois que Aurora foi embora, não consegui me concentrar em mais nada.Era como se o meu mundo tivesse perdido a cor. Saber que ela havia sido namorada de Patrício na adolescência e que havia tido u
>PATRÍCIOEu estava sentado na minha mesa, ainda processando o que acontecera com Liz. O silêncio da sala parecia abafado, como se o ar tivesse sido retirado de um lugar onde tudo estava se tornando cada vez mais difícil de respirar.Quando ela entrou, não precisei olhar para saber que algo estava errado. Liz não costumava se comportar assim, entrando sem avisar.Normalmente, ela batia na porta, sempre cuidadosa, respeitando o espaço que tentávamos manter. Mas ali, naquele momento, sua presença era diferente. Era como se ela carregasse um peso consigo, e a atmosfera já estava tensa antes mesmo de ela abrir a boca.Ela ficou parada por alguns segundos, e eu notei que o semblante dela estava distante. O que quer que tivesse a incomodado, estava mais pesado do que eu imaginava. Não era algo simples. Algo mais estava em jogo, e eu sabia que a conversa que estava por vir não seria fácil.- Precisa de alguma coisa, Liz? - Perguntei, desligando a ligação com
>PATRÍCIOEla não hesitou, e suas palavras saíram com a sinceridade que eu temia. - Tudo! Quero que confie em mim, que não me esconda mais coisas sobre o seu passado. Ou estamos juntos nessa ou é melhor terminarmos tudo e cada um faz o que quiser.Havia uma urgência em sua voz que me atingiu em cheio. Era o tipo de desespero que você sente quando percebe que está prestes a perder algo importante. E eu não sabia como reagir, porque eu sabia o que ela estava pedindo. Ela queria mais do que promessas vazias. Ela queria a verdade.Fiquei em silêncio, tentando processar a tempestade que se formava dentro de mim. Eu não estava preparado para isso. Não estava preparado para ser confrontado dessa forma, e, ao mesmo tempo, sabia que Liz tinha razão.Não podia mais continuar com essa muralha entre nós. Ela merecia a verdade. A única pergunta era: eu estava pronto para contar tudo?Eu a olhei nos olhos, e vi ali a determinação, o desejo de saber. Ela não est
>PATRÍCIOEla, por outro lado, parecia mais determinada do que nunca. - Tudo bem, Patrício, mas tenha em mente que os finais de semana, não ficarei em casa. Vou sair, vou beber, vou conhecer pessoas novas e quem sabe um cara menos complicado.Eu senti a raiva tomar conta de mim. Eu sabia que ela estava tentando provocar uma reação, mas, por um momento, o simples pensamento de ela sair com outro cara me fez perder o controle.Ela sabia o que isso significava para mim. Ela sabia que eu não suportava essa ideia, e ainda assim, estava me desafiando.- Por que isso agora, Liz? - Eu perguntei, a frustração transbordando.Ela não recuou. - Já que não confia em mim para falar toda a verdade, tenho o direito de fazer minhas exigências. É pegar ou largar, Senhor Graham.Eu não sabia o que mais poderia dizer. Eu estava perdido, mas, ao mesmo tempo, sabia que esse era o momento. Eu não podia perdê-la.- Tudo bem, eu aceito. - Eu sabia que, se qui
>PATRÍCIOEstava na hora de eu assumir esse relacionamento de uma vez por todas. Não é justo com a Elizabeth eu mantermos as coisas do jeito que estavam.Depois de alguns momentos em silêncio, Fernando falou:- E o Hugo? - ele perguntou, tirando-me dos meus pensamentos. - Sabe algo sobre o aparecimento e desaparecimento repentino dele? Todo esse silêncio em torno do que aconteceu não está me cheirando bem.Eu franzi a testa. A mudança de assunto foi tão repentina que eu fiquei atordoado por alguns segundos. Mas, então, a profundidade do assunto voltou a me consumir.Eu sabia que algo estava errado desde o momento em que Hugo simplesmente apareceu aqui querer retomar amizades, e ficaram mais estranhas ainda agora que ele sumiu novamente sem deixar rastros.Ele era meticuloso demais para fazer algo assim sem uma explicação. Ele não era do tipo de pessoa que dava as caras apenas por cordialidade.- Não sei, cara. Não faz sentido. O Hugo é esperto demai
>ESTELAA ponta do meu cigarro queimava devagar enquanto eu observava Hugo se servir de um copo de uísque.Ele estava impaciente, andando de um lado para o outro da minha sala. O cheiro da bebida se misturava ao aroma do cigarro, criando uma atmosfera pesada e intensa.O plano estava em andamento, e essa inquietação dele só me irritava.— Precisa parar com essa mania de parecer um rato enjaulado — murmurei, tragando o cigarro e soltando a fumaça lentamente. — Tudo já está encaminhado.Hugo bufou, virando o uísque de uma vez e batendo o copo na mesa de centro.— Eu só não gosto de depender de outras pessoas para fazer o serviço — resmungou.Revirei os olhos, impaciente.— Não temos escolha. Não podemos simplesmente invadir a sala do Patrício e acusar aquela vadia de traição sem provas. Você sabe bem que eu não passaria nem pelo hall de entrada.— Estou impaciente, Estela, você também deveria está.Olhei para ele tranquilamente, eu sabia b
>ESTELAO plano era simples e eficiente. Allan veria Patrício e Elizabeth juntos e perderia o controle. Isso fará com que a relação dos dois se auto destruía sozinha, claro, com uma ajudinha minha, e Patrício teria que lidar com uma crise de perder o filho e a namoradinha ao mesmo tempo.Tudo isso enquanto Allan afundava ainda mais no ódio e na bebida.Patrício finalmente voltaria a ficar vulnerável e uma presa fácil em minhas mãos. O plano era perfeito, eu ia tirar aquela vadia do meu caminho.— Você deveria se sentir mal por jogar tão baixo com seu próprio filho.— Você sabe melhor do que ninguém que eu apenas o suporto, já que ele é o ponto chave entre mim e o meu homem.Hugo gargalha.— Seu homem? — Hugo estala a língua — Tem certeza disso? A última vez que vi o “seu homem” ele estava fodendo legal com uma ninfeta de vinte e dois anos.Eu odeio Hugo com todas as minhas forças, ele era tão inconveniente e insuportável.— Ver se não enche.
>ESTELAAllan chegou cerca de vinte minutos depois, com o olhar cansado e um cheiro forte de álcool misturado a perfume extravagante.Ele suspirou frustrado e irritado.— A vadia da Liz tem outro.Olhei surpresa para Allan, ele sabe?— E?— Como “E” mamãe? Ela tem outro. E está dormindo com esse cara. Ele teve a coragem de me trair com esse palhaço. Você sabe o que isso significa?Ele não sabe que esse cara é o seu próprio pai. Meu plano ainda está intacto.— Se você tivesse ouvido o meu conselho, querido, você não teria que aceitar outro homem fudendo com ela.— Eu não queria fazer à força. Assim não tem graça. Mas agora ela simplesmente se entregou para outro.— Deixa a mamãe resolver para você. Confia em mim?— O que você pretende…— Só confia na mamãe. Mas as coisas terão que ser do meu jeito. — Allan hesitou, era de se esperar. Ele é um frouxo assim com o pai. — Confia em mim, quando você menos esperar. Elizabeth estará na p