>PATRÍCIO<
Estava na hora de eu assumir esse relacionamento de uma vez por todas. Não é justo com a Elizabeth eu mantermos as coisas do jeito que estavam.Depois de alguns momentos em silêncio, Fernando falou:- E o Hugo? - ele perguntou, tirando-me dos meus pensamentos. - Sabe algo sobre o aparecimento e desaparecimento repentino dele? Todo esse silêncio em torno do que aconteceu não está me cheirando bem.Eu franzi a testa. A mudança de assunto foi tão repentina que eu fiquei atordoado por alguns segundos. Mas, então, a profundidade do assunto voltou a me consumir.Eu sabia que algo estava errado desde o momento em que Hugo simplesmente apareceu aqui querer retomar amizades, e ficaram mais estranhas ainda agora que ele sumiu novamente sem deixar rastros.Ele era meticuloso demais para fazer algo assim sem uma explicação. Ele não era do tipo de pessoa que dava as caras apenas por cordialidade.- Não sei, cara. Não faz sentido. O Hugo é esperto demai>ESTELAA ponta do meu cigarro queimava devagar enquanto eu observava Hugo se servir de um copo de uísque.Ele estava impaciente, andando de um lado para o outro da minha sala. O cheiro da bebida se misturava ao aroma do cigarro, criando uma atmosfera pesada e intensa.O plano estava em andamento, e essa inquietação dele só me irritava.— Precisa parar com essa mania de parecer um rato enjaulado — murmurei, tragando o cigarro e soltando a fumaça lentamente. — Tudo já está encaminhado.Hugo bufou, virando o uísque de uma vez e batendo o copo na mesa de centro.— Eu só não gosto de depender de outras pessoas para fazer o serviço — resmungou.Revirei os olhos, impaciente.— Não temos escolha. Não podemos simplesmente invadir a sala do Patrício e acusar aquela vadia de traição sem provas. Você sabe bem que eu não passaria nem pelo hall de entrada.— Estou impaciente, Estela, você também deveria está.Olhei para ele tranquilamente, eu sabia b
>ESTELAO plano era simples e eficiente. Allan veria Patrício e Elizabeth juntos e perderia o controle. Isso fará com que a relação dos dois se auto destruía sozinha, claro, com uma ajudinha minha, e Patrício teria que lidar com uma crise de perder o filho e a namoradinha ao mesmo tempo.Tudo isso enquanto Allan afundava ainda mais no ódio e na bebida.Patrício finalmente voltaria a ficar vulnerável e uma presa fácil em minhas mãos. O plano era perfeito, eu ia tirar aquela vadia do meu caminho.— Você deveria se sentir mal por jogar tão baixo com seu próprio filho.— Você sabe melhor do que ninguém que eu apenas o suporto, já que ele é o ponto chave entre mim e o meu homem.Hugo gargalha.— Seu homem? — Hugo estala a língua — Tem certeza disso? A última vez que vi o “seu homem” ele estava fodendo legal com uma ninfeta de vinte e dois anos.Eu odeio Hugo com todas as minhas forças, ele era tão inconveniente e insuportável.— Ver se não enche.
>ESTELAAllan chegou cerca de vinte minutos depois, com o olhar cansado e um cheiro forte de álcool misturado a perfume extravagante.Ele suspirou frustrado e irritado.— A vadia da Liz tem outro.Olhei surpresa para Allan, ele sabe?— E?— Como “E” mamãe? Ela tem outro. E está dormindo com esse cara. Ele teve a coragem de me trair com esse palhaço. Você sabe o que isso significa?Ele não sabe que esse cara é o seu próprio pai. Meu plano ainda está intacto.— Se você tivesse ouvido o meu conselho, querido, você não teria que aceitar outro homem fudendo com ela.— Eu não queria fazer à força. Assim não tem graça. Mas agora ela simplesmente se entregou para outro.— Deixa a mamãe resolver para você. Confia em mim?— O que você pretende…— Só confia na mamãe. Mas as coisas terão que ser do meu jeito. — Allan hesitou, era de se esperar. Ele é um frouxo assim com o pai. — Confia em mim, quando você menos esperar. Elizabeth estará na p
>ALLANAinda estou puto da vida.Eu estava enfurecido. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Liz... com outro homem.Ainda tinha que aturar aquele velho patético pai dela.A raiva tomou conta de mim de uma forma que eu não sabia como controlar. Não era só o fato de ela estar com outro cara, mas era a maneira como ela parecia tão feliz.Eu olhava para ela e sentia que tinha perdido algo que nunca poderia recuperar. Algo que eu achei que fosse meu. Algo que sempre seria meu.Mas agora a vagabunda se entregou para outro.A sensação de traição me consumia por dentro.Como ela poderia fazer isso comigo? Eu estava ali, destruído, vendo a vida dela seguir em frente, e ela nem ao menos parecia se importar.Eu a amava. Eu ainda a amava. E ver ela nos braços de outro homem... isso não fazia sentido para mim. O que ele tinha que eu não tinha? O que ele oferecia que eu não poderia dar?Tudo o que Liz fez foi um drama desnecessário só po
>ALLANAcordei com o toque estridente do meu celular e uma tremenda dor de cabeça.Estela estava me ligando. Queria me ver com urgência.Estela às vezes me surpreende, ela não é a mulher que inventa você fazer algo sem se beneficiar com isso.A voz dela ainda ecoava na minha cabeça enquanto eu dirigia até a empresa de Patrício. Algo nela sempre me deixava inquieto.Eu sabia que ela estava tramando alguma coisa, só não sabia ainda o que era.Eu sabia que Estela nunca falava nada por acaso, cada conselho ou sugestão dela tinha um objetivo escondido. Mas, no fim, ela sempre conseguia me convencer.Por quê?Talvez porque, no fundo, eu ainda quisesse acreditar que ela se importava comigo.Suspirei, apertando o volante.Eu não gostava de pedir para Patrício, e muito menos de ir até ele na empresa. Mas a verdade era que eu precisava.Mais uma vez minhas contas estavam acumulando, aquele maldito, o chefe da facção, estava me pressionando de
>ELIZABETHCheguei à empresa sentindo um misto de ansiedade e expectativa. Não era como se eu nunca tivesse estado ali antes, mas ultimamente, cada encontro com Patrício carregava uma tensão diferente, uma mistura perigosa de desejo e incerteza.Nada entre a gente havia mudado, era como se tudo fosse como a primeira vez. Nosso tesão continuava intenso.Atravessei os corredores com passos decididos, tentando ignorar os olhares curiosos de alguns funcionários.Meu namoro com Patrício estava cada vez mais público.Desde que nosso relacionamento começou a se tornar mais evidente dentro da empresa — mesmo que ainda tentássemos manter as aparências — eu sabia que as pessoas comentavam.Não me importava. A gente simplesmente se apaixonou.— Bom dia, Jeh!— Bom dia, Liz!Olhei ao redor, alguns funcionários agitados, porém pude perceber um novato que me olhava atentamente de longe. Ele tem feito bastante isso.Mas decidi ignorar, pode ser só cois
>ELIZABETHFernando chegou mais perto, com as mãos nos bolsos e um sorriso de quem sabia que estava vivendo um momento especial com seu filho. Ele estava visivelmente encantado, quase sem palavras.– Ah, você sabe como é – disse Fernando, com um tom de quem estava adorando aquele momento. – Jerusa não conseguiu arranjar quem ficar com ele hoje, então... teve que trazer o pequeno para o trabalho. E ele adora passear pela empresa.Gael olhou para mim com aqueles olhinhos brilhantes e me perguntou:– Posso te chamar de tia Liz?— Claro que pode — E você vai brincar comigo?Eu ri baixinho, imaginando o que ele teria em mente. Havia algo tão simples e encantador em suas palavras.Para ele, o mundo era um grande parque de diversões. Eu olhei para Fernando, que, embora estivesse tentando se controlar, claramente se derretia vendo Gael com aquele entusiasmo todo.Jerusa não era diferente. Os três formavam uma família linda.– O que você acha, F
>ELIZABETHSorrimos e continuamos brincando por alguns minutos, até eu infelizmente ter que voltar ao trabalho.— Liz! — Jerusa me chamou. — Patrício quer te ver.Me levantei e despedi do pequeno Gael com um até mais tarde e fui ver Patrício.Respirei fundo antes de bater na porta da sala dele e entrar. Patrício estava atrás da mesa, olhando para alguns papéis, mas assim que me viu, largou tudo e sorriu de lado.— A senhorita está pontual.Revirei os olhos e cruzei os braços.— Como se eu não fosse sempre.Ele riu, se recostando na cadeira.— O que temos para hoje?Sentei na cadeira em frente à mesa e tirei os documentos da bolsa.— Precisamos revisar os contratos do novo projeto. Algumas cláusulas precisam ser ajustadas antes da assinatura final.Patrício pegou os papéis e começou a analisá-los. Enquanto ele lia, eu aproveitei para observá-lo.O jeito que sua expressão se tornava séria ao se concentrar, a forma como seus ded