— Não estou escondendo nada! — Respondi emburrada. — Se eu estivesse saindo com alguém, você seria a primeira a saber!
De repente, Nanda segurou meu braço com excitação evidente nos olhos.
— Amiga, não olha agora, mas aquele calouro lindo está vindo em nossa direção. Ele que te segurou ontem quando você desmaiou! Tão romântico que te invejei e desejei estar morrendo só para ele me segurar também!
Por que as pessoas insistem em nos sobressaltar pedindo para que não viremos o rosto, de uma maneira que obviamente não teremos como obedecer? Lógico que na mesma hora virei o rosto e dei de cara com o rapaz em questão!
Alto, pele morena-clara, cabelos e olhos castanhos. Ao perceber que falávamos dele, deu um meio sorriso, desses que os homens tímidos dão abaixando a cabeça e apertando um pouco os lábios. Na hora, confesso, me senti embaraçada, mas não tem visão mais fofa de um homem bonito do que essa!— Oi, meninas! Tudo bem com vocês?
— Tudo bem comigo, — Respondeu Nanda prontamente. — é com minha amiga aqui que devemos nos preocupar. Lembra dela, né? Você a segurou quando ela teve aquele desmaio, como um herói de livros românticos
— Claro que lembro! — Respondeu olhando para mim um pouco sem jeito por causa do comentário de Nanda. — Fiquei preocupado com você... eh... Anne é o seu nome, certo? Meu nome é Amir Borislav.
— Nossa, que nome diferente, tão exótico! — Exclamou Nanda sem tato antes que eu tivesse tempo de dizer qualquer coisa.
— É um nome antigo que minha família faz questão de conservar. Significa: Aquele que conquista fama e glória em batalha. — Olhou para mim parecendo ainda mais encabulado do que quando chegou.— Essa costuma ser a discussão da família em todas as festas de fim de ano.
Um momento de silêncio surgiu entre nós. Nanda olhou para mim e deu uma piscadela discreta, em seguida despediu-se com uma desculpa facilmente identificável como esfarrapada, e saiu em direção às salas de aula.
— Obrigada por ter... eh... me ajudado quando passei mal. — Disse, tentando iniciar uma conversa.
— Não precisa agradecer. Acho que qualquer um em meu lugar faria o mesmo. De qualquer forma, você caiu bem em cima de mim, foi reflexo.
— Obrigada pelos seus reflexos então! Teria sido bem embaraçoso se eu tivesse me estatelado no chão.
Já imaginaram levar um tombo no meio do pessoal da faculdade ou do colégio? Deus nos livre!— Posso ser um pouco indiscreto e te fazer uma pergunta? — Ele me olhou com aqueles irresistíveis olhos castanhos.
— Claro que pode, mas se eu não gostar, simplesmente não responderei.
Eu estava com toda a minha inexperiência, tentando ser simpática. Na prática, não sei o que é pior, assumir que sou muito tímida ou tentar ser mais simpática....
— O que provocou seu desmaio? Não é todo dia que uma gata como você cai nos braços.
— Pra dizer a verdade, nem eu mesma sei. Fui procurar um médico hoje para saber o que está acontecendo com meu corpo, mas ele morreu antes de me atender... — Respondi.
— Entendo...— Ele agora me olhava pensativo, com a testa franzida. — Você precisa se cuidar, Anne!
Encarei-o e, para minha surpresa, ele parecia estar realmente preocupado comigo. Adorei sentir isso e ele não fez a menor questão de esconder. Sendo eu apenas uma estranha que desmaiou em seus braços, talvez tenha inspirado emoções cavalheirescas nele.
— Ainda faltam alguns minutos para o início das aulas. — Disse ele olhando-as horas em seu celular, colocou-o de volta no bolso e perguntou: — Gostaria de ir comigo até a secretaria? Tenho que entregar uns documentos que faltaram no momento da transferência.
Claro que concordei!
Caminhamos lado a lado pelos corredores e ele se mostrou mais falante, parecia muito interessado em mim e em minha família. Entregou um envelope de papel pardo ao rapaz que estava atrás de um balcão e em seguida me acompanhou até a porta da sala de aula.
— Aqui que vai fazer a prova?
— Sim, e não estudei nada...
— Boa sorte, vai precisar! — Disse sorrindo para mim — E antes que eu me esqueça, feliz aniversário adiantado!
— Como sabe do meu aniversário?
— Sua amiga falou sobre isso ontem.
— Amir, — Eu disse impulsivamente. — falando nisso, vu comemorar meu aniversário amanhã em minha casa com alguns amigos e ficaria feliz se você aparecesse.
— Anne, não precisa me convidar se não quiser. Eu só quis te dar parabéns...
— Mas eu quero que você vá. Você parece ser um cara legal e precisa se enturmar. deve ser difícil chegar assim no meio do período.
— Tem razão! — Disse ele olhando para mim com um brilho diferente nos olhos. — Vou fazer o possível para ir.
O resto do dia foi o que considero normal. Mamãe preparou algumas coisas para meu aniversário e eu ajudei. À noite, após o jantar, ela veio até meu quarto e sentou-se em minha cama, rosto vago e pensativo. Olhou para mim com olhos tristes, embora estivesse sorrindo.
— Anne, Você é feliz?
Pergunta estranha em um momento estranho. Ela me encarou como quem queria realmente uma resposta, embora a pergunta parecesse retórica.
— Acho que sim, por quê?
— Por nada, filha. — Ela beijou minha testa e se levantou. — Só gostaria que você soubesse que, aconteça o que acontecer, seu pai e eu te amamos muito, tá bom?
— Hum... Por que está falando isso agora?
— Uma mãe não pode dizer o quanto ama a filha que está ficando adulta?
— Claro que pode! — Respondi sorrindo.
Ela retornou o sorriso e me abraçou bem apertado.
— Durma bem, filha, amanhã será seu dia!
— Obrigada, mãe! Boa noite!
Amir parou o carro em frente a uma mansão no bairro mais seleto da cidade, e antes mesmo que batesse, a porta se abriu. Um homem de meia-idade e aparência distinta o examinou e, parecendo aprovar o que via, chegou o corpo para o lado, dando passagem para que o jovem recém-chegado pudesse entrar.— Boa noite, senhor Borislav, Lorde Barrington lhe aguarda na biblioteca. — Disse o antiquado mordomo ao fechar a porta atrás de si. — Me acompanhe, por favor.— Boa noite, Jorge! Como está o humor do nosso Lorde hoje?— Seu tio parece estar de bom humor, senhor.Não era a primeira vez que Amir era recebido naquela mansão. Costumava frequentá-la muito quando criança. Lorde Barrington foi casado coma falecida irmã de sua mãe, o tornando seu tio por afinidade, embora Amir não tivesse nenhum título de nobreza. Lorde Barrington também era um dos integrantes do conselho dos Élderes, que era o grupo de líderes dos clãs mais poderosos, visando regular, fiscalizar e manter a ordem e a paz. O clã de L
Narrativa de AnneAcordei animada, lavei o rosto e desci correndo as escadas. Meus pais e meu irmão estavam na cozinha me esperando e assim que entrei cantaram parabéns para mim. Até meu irmão me abraçou! Eu me sentia muito especial em momentos como aquele em família, razão pela qual amava aniversários. Tomei um farto café da manhã, preparado por minha mãe especialmente para mim com tudo o que eu mais gostava antes de ligar para Nanda. Precisava que ela viesse me ajudar com a arrumação da festa. Ela veio logo que pôde e assim que chegou me perguntou sobre Amir.— E aí, amiga, como foi ontem com o gato do Amir?— Nada demais, Nanda. Não sei o que você esperava que acontecesse.— Amiga! Não é possível que você não tenha reparado no jeito que ele te olhou! Parecia ter encontrado um baú de tesouro! Deve ser algum complexo de príncipe que amparou a princesa... Saí de fininho para vocês se acertarem e nada aconteceu? Eu esperava novidades picantes!— Boba! Pois ele foi bem normal. Parecia
O pior sobre mim é que eu não sou muito discreta, e acho que ele percebeu o meu olhar para seu peito, porque deu um meio sorriso e apertou os olhos me encarando e disse:— Espero que não esteja vestido inapropriadamente...— Claro que não! — Respondi de pronto. — Não era a sua roupa que eu estava reparando.Como eu disse antes, não sou nada discreta. Ele sorriu e ofereci a ele uma cerveja.Ele bebeu um gole da cerveja e olhou em volta.— Acho que fui o primeiro a chegar. — É o que acontece quando somos pontuais hoje em dia. Venha, vamos sentar.Seguimos até o sofá da sala onde sentei ao lado dele.— Precisa de ajuda pra alguma coisa? — Não, é só uma festinha simples, já deixamos tudo pronto. Falando nisso, quer comer alguma coisa? Tem sanduíches e os salgadinhos ainda estão quentinhos...— Não, obrigado! Estou bem aqui. Nos olhamos me silêncio por alguns instantes e senti o olhar dele se tornando mais intenso, até que ele ergueu a mão e tirou uma mecha de cabelos da frente dos meu
— Hey! Acho que agora é minha vez de dançar com o Ezequiel! — Disse Rose nos interrompendo com as feições mostrando contrariedade ao nos ver juntos.A frieza com que ele a olhou me causou calafrios. Ele a acompanhou em seguida, mas não sem antes me prometer que continuaríamos nossa conversa mais tarde.Enquanto ela o arrastou para um canto qualquer, eu segui um tanto desnorteada para a varanda que era separada do salão por uma porta de vidro dupla que estava aberta, pois precisava de ar puro e fresco. Sentei em uma cadeira tentando entender o que estava acontecendo comigo e dar sentido as palavras daquele homem. Depois de um tempo, decidida em esperar até que tal conversa ocorresse para fazer perguntas, passeia observar os convidados.Ezequiel, sem dúvidas, foi a atração da festa. Todos pareciam encantados com a personalidade dele, seguro, intrigante e muito bonito. Apenas duas pessoas não estavam em volta dele como satélites o tempo todo, uma delas era eu e a outra, Amir.Amir pareci
Amir observava cauteloso os movimentos de Anne. De repente, sentiu uma forte sensação de apreensão. Sabia que alguma coisa estava prestes a acontecer, ainda que não soubesse exatamente o que seria. Seus olhos encontraram com os de Anne, ela também sentia, não tinha como adivinhar o que essa sensação significava, mas ele notou que ela também estava inquieta. Era uma sensação com a qual ele já estava acostumado: a aproximação de um deles. "Vladmir deve ter enviado um de seus lacaios e tal lacaio deve estar nas proximidades." Pensou.Anne foi atender a porta, alguém tinha chegado. Sem que ela percebesse, Amir se posicionou por trás de seus ombros, apreensivo, para que pudesse ver quem tinha acabado de chegar. Foi tomado de surpresa ao ver entrar Ezequiel Vladmir em pessoa. Não era o que os Élderes esperavam. Lorde Barrington havia sugerido que ele talvez enviasse um dos seus, mas estar presente pessoalmente era muito audacioso. Seria possível que Lorde Vladmir acreditasse tão intensame
Ezequiel saiu da cozinha sorridente, estava satisfeito com a visita. Seguiu em direção à rua sem se despedir de ninguém. Amir ficou parado por uns momentos no mesmo lugar pensando nas palavras de Ezequiel. Por que Lorde Barrington omitiria uma informação tão importante? Perguntaria tão logo encontrasse o Lorde, mas não faria julgamento algum, Ezequiel era uma vergonha para os Upyrs e suas palavras eram como veneno. Voltou para junto dos outros convidados pensativo.Passava das duas da manhã e os convidados começaram a se despedir. Amir foi o último a sair e Anne o levou até a porta.— Obrigada por vir, Amir, e obrigada pelo presente. Desculpe-me se fui grossa mais cedo na cozinha e espero que a festinha não tenha sido tão chata...— Não foi chata, me diverti e conheci gente nova. Eu que devo pedir desculpas pelo mau-humor de antes e agradeço por ter me convidado.— Não há o que agradecer, gostei de ter você aqui. Vamos começar do zero?— Claro! — Amir lhe entregou um pequeno cartão de
Ezequiel encostou os lábios nos dela suavemente, mas tão logo Anne retornou o beijo, suas línguas se tocaram em uma dança mais antiga do que o próprio tempo. Ela apoiou as mãos no peito dele, firme e quente. Músculos esculpidos em perfeição, nada exagerados, mas evidenciando a força da espécie que ela não sabia que existia. O toque de suas mãos na pele dele a deixaram querendo mais. Como se tivesse lido sua mente, uma das mãos dele segurou o seio e apertou, em uma tortura deliciosa, enquanto a outra desceu até alcançar entre as pernas dela, por baixo da camisola. O som que se fez ouvir era uma mistura do gemido de Anne e o grunhido de Ezequiel, quando dois dos dedos dele tocaram a parte mais íntima do corpo dela.Ele puxou seu corpo ainda mais firmemente para junto de si e ela sentiu que ele estava tão excitado quanto ela.— Seja minha Anne, não lute contra o que está sentindo. — Sussurrou em seu ouvido.Ezequiel sentiu seus dedos ficarem ainda mais molhados quando enfiou a língua no
Anne gritou assustada, desesperada para tirar a criatura de cima de seu corpo. Se debatia descontrolada até sentir o edredom cair. Estava em sua cama, em segurança. Olhou para a janela de onde a luz do sol recém-nascido entrava em seu quarto timidamente. Podia ouvir o som de pássaros cantando do lado de fora.Passou as mãos pelo rosto, ainda ofegante, porém aliviada: era apenas mais um de seus pesadelos. Um pesadelo extremamente realista. Anne pôde sentir as garras da criatura rasgando sua carne durante o sonho, e ainda presente após acordar. Olhou para o braço e arregalou os olhos: próximo à pulseira que Amir lhe deu, havia três cortes e um filete de sangue escorria deles, sujando o lençol.Levantou assustada e confusa e correu para o banheiro. Lavou o rosto e a ferida sem saber o que pensar. O sangue escorrendo com a água da torneira trouxeram à memória os olhos da criatura.Intrigada, Anne voltou para a cama para ver se havia algo que pudesse ter causado o ferimento no braço, como