Novo Aluno Parte 2

— Não estou escondendo nada! — Respondi emburrada. — Se eu estivesse saindo com alguém, você seria a primeira a saber!

De repente, Nanda segurou meu braço com excitação evidente nos olhos.

— Amiga, não olha agora, mas aquele calouro lindo está vindo em nossa direção. Ele que te segurou ontem quando você desmaiou! Tão romântico que te invejei e desejei estar morrendo só para ele me segurar também!

Por que as pessoas insistem em nos sobressaltar pedindo para que não viremos o rosto, de uma maneira que obviamente não teremos como obedecer? Lógico que na mesma hora virei o rosto e dei de cara com o rapaz em questão! 

Alto, pele morena-clara, cabelos e olhos castanhos. Ao perceber que falávamos dele, deu um meio sorriso, desses que os homens tímidos dão abaixando a cabeça e apertando um pouco os lábios. Na hora, confesso, me senti embaraçada, mas não tem visão mais fofa de um homem bonito do que essa!

— Oi, meninas! Tudo bem com vocês?

— Tudo bem comigo, — Respondeu Nanda prontamente. — é com minha amiga aqui que devemos nos preocupar. Lembra dela, né? Você a segurou quando ela teve aquele desmaio, como um herói de livros românticos

— Claro que lembro! — Respondeu olhando para mim um pouco sem jeito por causa do comentário de Nanda. — Fiquei preocupado com você... eh... Anne é o seu nome, certo? Meu nome é Amir Borislav.

— Nossa, que nome diferente, tão exótico! — Exclamou Nanda sem tato antes que eu tivesse tempo de dizer qualquer coisa.

— É um nome antigo que minha família faz questão de conservar. Significa: Aquele que conquista fama e glória em batalha. — Olhou para mim parecendo ainda mais encabulado do que quando chegou.— Essa costuma ser a discussão da família em todas as festas de fim de ano.

Um momento de silêncio surgiu entre nós. Nanda olhou para mim e deu uma piscadela discreta, em seguida despediu-se com uma desculpa facilmente identificável como esfarrapada, e saiu em direção às salas de aula.

— Obrigada por ter... eh... me ajudado quando passei mal. — Disse, tentando iniciar uma conversa.

— Não precisa agradecer. Acho que qualquer um em meu lugar faria o mesmo. De qualquer forma, você caiu bem em cima de mim, foi reflexo.

— Obrigada pelos seus reflexos então! Teria sido bem embaraçoso se eu tivesse me estatelado no chão.

Já imaginaram levar um tombo no meio do pessoal da faculdade ou do colégio? Deus nos livre!

— Posso ser um pouco indiscreto e te fazer uma pergunta? — Ele me olhou com aqueles irresistíveis olhos castanhos.

— Claro que pode, mas se eu não gostar, simplesmente não responderei.

Eu estava com toda a minha inexperiência, tentando ser simpática. Na prática, não sei o que é pior, assumir que sou muito tímida ou tentar ser mais simpática....

— O que provocou seu desmaio? Não é todo dia que uma gata como você cai nos braços.

— Pra dizer a verdade, nem eu mesma sei. Fui procurar um médico hoje para saber o que está acontecendo com meu corpo, mas ele morreu antes de me atender... — Respondi.

— Entendo...— Ele agora me olhava pensativo, com a testa franzida. — Você precisa se cuidar, Anne!

Encarei-o e, para minha surpresa, ele parecia estar realmente preocupado comigo. Adorei sentir isso e ele não fez a menor questão de esconder. Sendo eu apenas uma estranha que desmaiou em seus braços, talvez tenha inspirado emoções cavalheirescas nele.

— Ainda faltam alguns minutos para o início das aulas. — Disse ele olhando-as horas em seu celular, colocou-o de volta no bolso e perguntou: — Gostaria de ir comigo até a secretaria? Tenho que entregar uns documentos que faltaram no momento da transferência.

Claro que concordei! 

Caminhamos lado a lado pelos corredores e ele se mostrou mais falante, parecia muito interessado em mim e em minha família. Entregou um envelope de papel pardo ao rapaz que estava atrás de um balcão e em seguida me acompanhou até a porta da sala de aula.

— Aqui que vai fazer a prova?

— Sim, e não estudei nada...

— Boa sorte, vai precisar! — Disse sorrindo para mim — E antes que eu me esqueça, feliz aniversário adiantado!

— Como sabe do meu aniversário?

— Sua amiga falou sobre isso ontem.

— Amir, — Eu disse impulsivamente. — falando nisso, vu comemorar meu aniversário amanhã em minha casa com alguns amigos e ficaria feliz se você aparecesse.

— Anne, não precisa me convidar se não quiser. Eu só quis te dar parabéns...

— Mas eu quero que você vá. Você parece ser um cara legal e precisa se enturmar. deve ser difícil chegar assim no meio do período.

— Tem razão! — Disse ele olhando para mim com um brilho diferente nos olhos. — Vou fazer o possível para ir.

O resto do dia foi o que considero normal. Mamãe preparou algumas coisas para meu aniversário e eu ajudei. À noite, após o jantar, ela veio até meu quarto e sentou-se em minha cama, rosto vago e pensativo. Olhou para mim com olhos tristes, embora estivesse sorrindo.

— Anne, Você é feliz?

Pergunta estranha em um momento estranho. Ela me encarou como quem queria realmente uma resposta, embora a pergunta parecesse retórica.

— Acho que sim, por quê?

— Por nada, filha. — Ela beijou minha testa e se levantou. — Só gostaria que você soubesse que, aconteça o que acontecer, seu pai e eu te amamos muito, tá bom?

— Hum... Por que está falando isso agora?

— Uma mãe não pode dizer o quanto ama a filha que está ficando adulta?

— Claro que pode! — Respondi sorrindo.

Ela retornou o sorriso e me abraçou bem apertado.

— Durma bem, filha, amanhã será seu dia!

— Obrigada, mãe! Boa noite!

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