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Heloise narrando

—    Aqui, falta apenas o delineado – eu falo terminando.

—    Ficou perfeito – a noiva fala

—    Obrigada.

Eu termino a maquiagem e saio do hotel , meu aluguel tinha vencido e estava tendo poucas maquiagens nesses últimos meses e com a correria da faculdade, eu mal estava conseguindo pagar tudo que eu tinha para pagar e infelizmente eu teria que recorrer ao meu pior pesadelo, meu pai e a minha melhor amiga Jessica.

Desde que eu fui embora do morro da rocinha, eu nunca mais pisei os meus pés lá , eu fui embora para São Paulo com a minha mãe e depois de alguns anos da sua morte, eu voltei para o Rio de Janeiro cursar direito e graças aos cursos de automaquiagem, eu estava conseguindo ganhar uma grana para me manter, mas agora estava quase impossível sobreviver, meu pai tinha uma casa no morro da Rocinha e mesmo ele não querendo me ver nem pintada de ouro, eu iria até lá pedir abrigo, até porque ele era meu pai e não poderia me negar isso, se caso ele me negasse eu ficaria com a Jessica, como ele já me ofereceu diversas vezes.

Eu a via sempre com frequencia, na verdade quase toda semana, ela não me contava muito as coisas do morro e sei que era porque ele estava envolvida com Ph, irmão do Rk, no qual eu tive uma amizade muito sincera quando criança, porém agora que ele assumiu o morro, eu duvido que ele se lembre de mim.

Fazi quase um ano que comecei a faculdade de Direito. Todos os dias saia bem cedo para ir até a faculdade e voltava no meio da tarde.

A minha casa era bem no alto do morro, quase ao lado da casa de Alice e do dono e sub dono do morro, porém a minha casa era mais simples, meu pai tinha uma farmácia e Jessica sempre me dava noticias dele e sempre me disse que a farmácia ia muito bem, deve ser porque era a única no morro.

Começo a subir o morro para ir para minha casa e passava pela boca principal, é quando eu vejo um homem sem camisa todo tatuado fumando um baseado, de longe eu até fiquei em duvida se era o Rk, até porque eu não o via a mais de 14 anos, mas era ele mesmo, eu o encaro e vejo que ele me encara também e até vejo os seus olhos se estreitando e quem sabe ele está pensando a mesma coisa que eu estou pensando: que o tempo fez bem a ele.

Quando pequenos, ele disse que se casaria comigo e me tornaria a sua fiel quando ele virasse dono de morro, que loucura, até parece que hoje com a minha sã consciência eu viraria fiel de um traficante.

—    -Heloise - Minha tia Marta fala com um sorriso em seu rosto e com certeza está sem acreditar que está me vendo dentro do morro.

—    - Tia - Eu falo sorrindo - Como a senhora esta ?

—    - Estou bem e você? - Ela fala me abraçando. – Faz tanto tempo que eu não te vejo.

—    - Não tenho tempo para vir até aqui, mas hoje eu precisei vir. - Eu falo.

—    - Mas, eu sou a sua tia - Ela fala. - Você pode vir me visitar - Eu dou um sorriso fraco - Seu pai não gosta de mim e nem eu dele, mas eu sou sua família também, e sei que para está aqui algo aconteceu.

—    - Eu sei tia, prometo que eu vou vir - Eu falo. - Jessica está em casa?

—    - Não- Ela fala suspirando - Está com aquele lá. - ela nega com a cabeça. - Eu não gosto dele e ele vai só afundar a minha filha.

—    - Ela gosta dele pelo menos - Eu falo. – deixa ela ser feliz.

—    Eu também achava que Jessica não deveria se envolver com ele, mas se ela ama ele e ele trata ela bem, como a gente iria impedir?

—    - Mas ele não tem futuro para ela - Ela fala. - Jessica deveria querer estudar que nem você, ir atrás de uma vida melhor que eu não posso dar para ela e sair do morro. Você esta procurando um destino diferente para você e eu tenho orgulho disso.

—    - Eu preciso ir tia - Eu falo para ela. - Preciso Falar com meu pai.

—    - Ele te explora. - Ela fala - Você não deveria deixar, eu sei que o pouco que ganha as vezes manda para ele.

—    - Preciso ir mesmo - Dou um beijo em sua testa.

Eu continuo subindo, eu não gostava de falar mal da Jessica e nem de ouvir ninguém falando nada do meu pai. Ele era tudo que eu tinha, por mais que na verdade não fosse um pai presente e sim, eu ainda o ajudava quando entrava um pouco mais de grana, porque eu sei que as coisas eram complicadas para ele.

—    - Oi Pai - Eu falo entrando e vejo LK falando com ele.

—    - Valeu - LK fala - Precisava desses remédios para dores de cabeça- Vejo LK sair com uma sacola cheia. - depois você me leva as pílulas lá.

—    - Ok - Meu pai fala sem mostrar os dentes.

—    - Pai? – Lk fala me encarando – Heloise?

—    Olá – eu respondo para ele

—    Heloise? – Meu pai fala me encarando

—    Oi Pai – eu respondo

—    O que faz aqui? – ele pergunta

—    Eu preciso morar com você.

—    Como? – ele pergunta

—    Estou sem ter onde morar e queria saber se posso ficar um tempo com você, até conseguir me arrumar.

—    E sua faculdade?

—    Por isso mesmo – eu respondo – eu estou estudando e não tenho como trabalhar – ele me encara.

—    Só não quero que me traga problemas – ele fala – aqui a chave, você sabe como chegar até lá.

—    E o que Lk queria?

—    - Coisas que o RK pede para as mulheres dele lá. - Ele fala.

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