Sou Kathy Marrone, a Dama de Couro e sou a narradora dessa história. Tomo posse aqui da minha narrativa porque Laura morreu dentro do disfarce. O que em verdade seu lado mais sombrio, mais egoísta, mais egocêntrico e irresponsável. Estava precisando encontrar um pouco de paz no caos!
Vestir um disfarce fez toda a diferença e a transformação veio de dentro para fora. Laura precisava descansar sua imagem e se afastar para rever suas prioridades. Descansar a alma! Muita anestesia! Perdeu-se do amor e precisava encontrar o caminho do coração. E isso só acharia dentro dela mesma. Então eu assumo daqui para frente o rumo dessa história.
Era impressionante como meu visual impressionava as pessoas que transitavam a minha volta nas noites do Baixo Gávea. A aparência era uma mistura gótica com punk. Já duran
O ano correu e para mim tudo continuava na mesma velocidade.Algumas figuras novas vieram se juntar a turma! João conheceu Carlos que era marido do Giovani, um coroa italiano que morava lá no Caju. Duda votou a aparecer nas madrugadas para o deleite de Luciana e Carla. Ele estava em São Paulo e voltou ao Rio para um espetáculo novo que estrearia em Copacabana. Voltei as boas com Pacheco que arrumou umas meninas para passar os papelotes de dez que ele tanto queria. Não disse nada, mas aquilo seria uma puta exposição. Finalmente ele entendeu que eu era sua freguesa e ele era o meu matuto e parou de querer me tratar como se eu fosse sua empregada. Exigi que continuasse o pacto de silêncio e era João quem me entregava a mercadoria. Não me misturei com as pessoas que ele trouxe e não deixei que ele as misturasse a nós. Eu tinha poder sobre ele j&aacu
No banheiro me entregou o pó e contou que o Pacheco rodou assim do nada. A sorte foi que ele cansou de te esperar, deixou a parada comigo e foi para o carro distribuir os papelotes de dez para o seu pessoal.- Rodou todo mundo Keithy! Bagulho dado com certeza! Você deu sorte! – dizia ela nervosa.- Porra! Foi sorte mesmo! Cão apareceu na portaria bem na hora que eu estava saindo.Ele estava arrasado e bem machucado por causa da pancadaria e decidiu não fazer mais parte da gang de motoqueiros. Ia pedir uma carona e convida-lo a ficar comigo no Baixo, mas minha irmã chamou e nós subimos. Ela queria vê-lo. São amigos. Aí bebemos um vinho e ele ficou na boate me esperando voltar!- Puta que pariu! Vamos sair daqui. Vai que eles voltam! Vamos pra outro lugar! Vamos nessa! – disse nervosa com a situação.<
O balcão estava cheio e as mesas ainda vazias. Enquanto Telma e João pegavam as bebidas me sentei com Dani, cansadas e pancadas. O pó que estava vendendo e usando era um tipo de Cocaína que quanto mais a gente se agitava mais ela mostrava seu efeito e quem tinha as neuroses ficava de cara torta. Precisava beber alguma coisa, e avaliar o lugar melhor e com calma. A visão dali era privilegiada. Dava para ver o mar de gente bem na nossa frente! E em frente ao Coluna era o local dos gays, só gays se reuniam ali. Não que eles não estivessem em outras partes do point Galeria Alaska que era um reduto gay famoso na noite carioca e as tribos se espalhavam por toda a quebrada, mas aquele espaço era único e exclusivo deles.E tinha gay de tudo que era jeito. Fantasiados com perucas coloridas, de terno e gravata, camisetas e jeans, unhas e bocas pintadas, divas em vestidos de b
Mas olhando em volta todos os dançarinos estavam acompanhados de pessoas que eram da produção do show. Uns maquiavam, outros oleavam o corpo, faziam alongamento, alguns experimentavam os figurinos, todo mundo envolvido com suas apresentações e passamos despercebidos Aqueles deuses nus perambulando a minha volta era um oásis para os meus olhos! Homens sarados, pauzudos, gostosos! Uma loucura!Foi nessa hora que eu percebi alguns dos Leopardos se masturbando ou sendo masturbados, preparando-se para o show. E o Duda viu minha cara de espanto e tentou explicar o que estava acontecendo enquanto Luciana saia de fininho com um gostosão vestido de bombeiro. Como a cena final era de ereção eles se esvaziavam para não ficarem de pau duro em meio ao espetáculo já que eram apalpados de todo jeito. E o Duda explicando a coisa toda e rindo era demais!&
Ele foi se aproximando até encostar seu corpo no meu. Era bem mais alto e eu adorava isso. Agarrei com as duas mãos aquela cabeleira loura cheia de tesão e beijei sua boca com força. Ele me puxou para si com o pau tão duro que dava para sentir sobre a calça jeans que vestia. Apertou forte minha cintura e me levantou do chão. Senti como se estivesse levitando no ar!Ele se encaixou bem no meio das minhas pernas. No susto lembrei que estávamos na pista de dança rodeada de pessoas e o empurrei de leve com as duas mãos em seu peito. Duda foi me fazendo escorregar calmamente sobre seu corpo até meus pés tocarem o chão novamente e num movimento rápido prendeu meus pulsos e saiu me puxando, rindo safadamente. E eu zonza de tesão não tinha forças para resistir!- Resistir pra que? – pensei, sentindo um tor
Pacheco reconheceu o moço e apertando a sua mão disse empolgado:- Te vi no teatro. Que show maravilhoso! Parabéns! Vocês são lindos! Amei! – Elogiou o dançarino se desmunhecando todo. Parecendo uma lombriga veia!- Que viado ridículo! – Pensei.Achava ridículo o cara se contorcendo todo e falando com aquela voz afinada na marra. Pô! Maior forçação de barra! Senti até vergonha!Pacheco levou Duda até o quarto dos fundos e fizeram negócio em uma rapa de cinco gramas de Cocaína da melhor qualidade. Cochichou no meu ouvido na volta:- Esse matuto é gay???? – disse surpreso.- É sim – respondi.Nos olhamos e não conseguimos conter as gargalhadas! Foi legal!Tirei as botas e me joguei no sofá da sala
Detestava Carnaval! A porra da festa da carne. Toda a bagunça que parecia eterna nessa época do ano me entediava. Não se via nem se falava em outra coisa e isso era muto chato. Odiava a loucura coletiva que tomava conta das ruas, das casas, das famílias e da TV. Minhas lembranças da época de menina eram muito ruins pois nessa época do ano Marta trabalhava dobrado e até viajava e lá em Copacabana passava uma semana inteira por conta dos cuidados da Chica e morria de medo de Madame Severina me colocar na roda de prostituição ou fazer leilão da minha pureza. Eram dias e noites de agonia e incerteza. E durante a minha adolescência o movimento do Bordel triplicava e meu ir e vir era complicado. Para minha segurança Mainha proibia minhas saídas e eu ficava refém dentro do apartamento sempre acompanhada e vigiada por alguém de confi
Então era isso que eu vinha notando de diferente na Galeria, no ap., no João. Também a bicha velha do Claudio, o síndico, estava diferente. Sempre tão rabugento e quando usava Cocaína ficava mudo e torto e do nada todo bonzinho, socializando.Era a Heroína!Voltamos a festa e a maioria dos convidados dançavam ao som do rock do Nirvana, muito doidos e felizes. Passei por eles desviando dos sapatos, saltos, gravatas e casacas jogados pelo chão. Nem me notaram. Cruzei a saleta e fui me debruçar no janelão que dava para a Avenida Copacabana. Lá embaixo o povo brincava numa farra ecumênica regada a alegria brasileira. De qualquer forma acabara de conhecer um outro tipo de alegria e ainda sentia os efeitos no corpo. Bem no meio das minhas pernas. A sensação de orgasmo que senti com a Heroína me fez lembrar da festa na