AntônioCom muita raiva de mim mesmo por estar sentindo pena dessa vadia, ajoelhei no chão para cuidar de fazer arte na sua perna. Só mais uma e a deixo aos cuidados de alguém para que esteja pronta quando eu quiser continuar minha arte.Mal comecei quando meu celular começou a tocar atrapalhando a tortura. O aparelho estava sobre a mesa, perto de vários instrumentos. Deixei a vaca da Jessica curtindo as sensações e fui até a mesa. Vi que era uma mensagem de voz de Alexandre, mas decidi ouvir. Não estou com pressa mesmo.― Pausa para o café ― debochei. ― Depois que atender vou colocar uma música para nós. Gosta de rock?Jessica só me olhava. Acho que desistiu de rosnar na mordaça. Deve ter entendido que daqui só vai sair morta.Empurrei minhas ferramentas na mesa, sentei nela e coloquei a mensagem para reproduzir, enquanto olhava minha arte recém feita.“Irmão, está fazendo o que? André e Amanda estão aqui com a Beatriz e vão ficar para jantar. Amanda disse que vai sair para beber mai
AntônioEu não sei o que fazer. Me sinto como aquela criança que ficou para trás, aquele menino machucado, tão impotente quanto naquela época.Essa mulher em meus braços é inocente. Eu nunca na minha vida machuquei um inocente, sequer imaginei que um dia o faria. Sinto que minha cabeça vai explodir. Tenho vontade de explodir com um tiro. Só assim abafaria seus gritos de dor tão fortes ao ponto de escapar da mordaça.Eu marquei essa mulher, não só fisicamente. Eu lhe mostrei o medo, a impotência, assim como fizeram comigo, assim como Jessica fez com aquelas crianças.Não importa se são fisicamente iguais, não importa se não tinha como saber. Eu devia saber. Devia ter entendido os sinais do meu corpo tão incomodado com o que fazia.A levei para o meu quarto. Não havia ninguém na casa. Dispensei todos. A coloquei na minha cama.Ela acordou. Mas não dizia coisa com coisa. Falava algo sobre morte e caos, ração e caos. Deve estar delirando.Preciso fazer alguma coisa. Preciso chamar um médi
AntônioAinda estava com o bisturi na mão, olhando para ela dormindo.Meus olhos procuravam pequenas diferenças para sempre saber quem era Cora e nunca mais permitir que algo assim aconteça. A única coisa que gritava era o corte no rosto.Pensava em como compensá-la. E mal sentia minha mão levando o bisturi ao meu rosto. Só quando o corte começou foi que entendi que realmente queria isso.O corte já estava no fim quando alguém puxou o instrumento da minha mão. A voz era de Amanda.― Que porra é essa, Antônio? Caralho! ― ela me olhava como se assistisse um filme de terror. Seus olhos negros estavam arregalados. Nunca os vi assim. E eu me sentia dormente, impotente diante da situação. ― O que está fazendo? ― insistiu.Não respondi, apenas a olhava, sem realmente ver.― Fala, porra! ― ela me balançou e entendi que não pararia enquanto eu não reagisse.Eu queria falar, da mesma forma com que falei com Cora, mas não conseguia. Então usei os sinais de sempre.“Não é ela.” ― disse e repeti “
CoraMeu corpo dói menos, e está grogue pelos remédios. Eu não devia ter tomado remédio para dormir, mas meu corpo estava tão dolorido que não consegui pensar direito.Quando me levantei estava sozinha no quarto, porém a porta estava trancada.Peguei o primeiro objeto que poderia me servir de arma e esperei atrás, ouvindo o que diziam, até que mexeram na maçaneta.Segurei o objeto com força, pronta para o ataque. O que não deu em nada. O demônio loiro o tirou de mim com toda facilidade do mundo.Agora estou aqui nesse quarto com esses três malucos me pedindo para fingir que nada aconteceu e ficar aqui, dizendo loucuras sobre a minha irmã.O pior de tudo são esses gestos que o demônio fazia, sentado na cama como se estivéssemos em uma reunião de amigos. Por que ele não estava falando?― Quero sair daqui agora ― repeti.― Impossível. A sua irmã te colocou no lugar dela por algum motivo. Ela devia saber que estávamos fechando o cerco e fez isso. Ou você armou com ela para trocar de luga
Jessica― Alguma novidade? ― perguntei olhando os dois panacas que chamo de seguranças.Ao contrário do que dizem por ai e o que postei em minhas redes sociais, não sai do país. O avião em que eu estava tinha uma conexão, e foi nela que desci e peguei outro de volta a São Paulo, dessa vez particular.Estava tudo armado e andando pelo caminho certo. Era só sentar e esperar a notícia da minha morte para renascer. Porém, estou cercada de incompetentes.― Não senhora. Está tudo em silêncio. Mas era de se esperar, já que o Rodrigues mudo estava louco para colocar as mãos na senhora. ― Um respondeu enquanto o outro apenas exalava medo.― O que não era de se esperar era que os idiotas deixassem minha irmã com a bolsa cheia de provas que somos gêmeas. Se eles descobrirem meus planos já eram. E sabem quem serão os próximos nos vídeos.― Vamos resolver se isso acontecer. Não se preocupe.― Vocês é que deviam se preocupar. São tão bem casados. Imagino o que as mães dos seus filhos dirão ao desco
CoraPassei os dias em que fiquei na casa sozinha com o tal Antônio só estudando o lugar para fugir. Dentro da casa não havia ninguém além de nós. Então imaginava que havia guardas lá fora. Eu não conseguia ver ninguém. Então decidi arriscar. Eles dizem que querem me proteger, então o máximo que vai acontecer se me pegarem tentando escapar é me trancarem. Já estou presa mesmo.Ele agia como se eu não fosse uma ameaça. A única coisa que me fazia não atacá-lo era a arma que sempre carregava. Por isso, esperei que ele entrasse no quarto e colei o ouvido na porta tentando ouvir o barulho da porta do banheiro. Já havia percebido que ele não é muito delicado com portas.Quando ouvi o barulho da porta batendo, entrei rápido no quarto e peguei o telefone dele. Ia ligar para a polícia que não precisa estar destravado, mas percebi que ainda estava destravado, então liguei para minha irmã, pedindo socorro.Ela me orientou e eu deixei o telefone sobre a cama novamente e coloquei o plano em prátic
CoraOlhava confusa para todos os lados, em busca de um rosto conhecido ou de algo que direcionasse minha mente que estava mais bagunçada que a praça depois da explosão.O policial insistia em fazer perguntas.― Eu não sei o que aconteceu ― finalmente consegui responder. Até achei que não sairia voz.As pessoas me olhavam como se eu fosse uma criminosa.― Havia uma bolsa com uma bomba em lugar público. Testemunhas afirmam que você estava naquele banco e que recebeu aquela bolsa de uma pessoa de boné, óculos e máscara. Muito suspeito.É suspeito sim. O que esse homem está dizendo é que minha irmã tentou me matar. Tem que ter uma explicação... Só que eu já sei que não vou gostar dela.― Você vem comigo.Ele me levou algemada para uma viatura.O que está acontecendo com a minha vida? Eu só quero voltar para casa, para o meu cachorro, meus pacientes, minha vida tranquila.Depois de sair de um cativeiro me vejo em uma delegacia, sendo acusada de terrorismo.O policial fazia perguntas que e
Jessica― Não acredito nessa porra! ― joguei o copo de champanhe na parede. Era para eu estar comemorando e esses idiotas me dizem que não houve fatalidade na explosão, ou seja, minha querida irmã continua viva e atrapalhando meus planos. Pior, foi levada para a delegacia como suspeita. Agora todo mundo vai saber que tenho uma gêmea. Isso pode colocar fim aos meus planos.Tudo que eu queria era notícias nos jornais dizendo que Jessica Prates havia sido vítima de terrorismo.Será possível que terei que estrangular essa sonsa eu mesma?Estou começando a achar uma boa ideia fugir do país. Vai chegar um momento que nem os Pereira vão conseguir me livrar das garras dos Rodrigues.― A senhora precisa ver isso. ― Um dos meus seguranças entrou na sala dizendo e foi direto a televisão.― O que deu errado dessa vez? ― Obviamente eu não esperava boas notícias.― Veja.Era um plantão urgente na televisão, coisas que só acontecem quando ocorre algo muito grave ou com famosos.Havia dois apresentad