CoraPassei os dias em que fiquei na casa sozinha com o tal Antônio só estudando o lugar para fugir. Dentro da casa não havia ninguém além de nós. Então imaginava que havia guardas lá fora. Eu não conseguia ver ninguém. Então decidi arriscar. Eles dizem que querem me proteger, então o máximo que vai acontecer se me pegarem tentando escapar é me trancarem. Já estou presa mesmo.Ele agia como se eu não fosse uma ameaça. A única coisa que me fazia não atacá-lo era a arma que sempre carregava. Por isso, esperei que ele entrasse no quarto e colei o ouvido na porta tentando ouvir o barulho da porta do banheiro. Já havia percebido que ele não é muito delicado com portas.Quando ouvi o barulho da porta batendo, entrei rápido no quarto e peguei o telefone dele. Ia ligar para a polícia que não precisa estar destravado, mas percebi que ainda estava destravado, então liguei para minha irmã, pedindo socorro.Ela me orientou e eu deixei o telefone sobre a cama novamente e coloquei o plano em prátic
CoraOlhava confusa para todos os lados, em busca de um rosto conhecido ou de algo que direcionasse minha mente que estava mais bagunçada que a praça depois da explosão.O policial insistia em fazer perguntas.― Eu não sei o que aconteceu ― finalmente consegui responder. Até achei que não sairia voz.As pessoas me olhavam como se eu fosse uma criminosa.― Havia uma bolsa com uma bomba em lugar público. Testemunhas afirmam que você estava naquele banco e que recebeu aquela bolsa de uma pessoa de boné, óculos e máscara. Muito suspeito.É suspeito sim. O que esse homem está dizendo é que minha irmã tentou me matar. Tem que ter uma explicação... Só que eu já sei que não vou gostar dela.― Você vem comigo.Ele me levou algemada para uma viatura.O que está acontecendo com a minha vida? Eu só quero voltar para casa, para o meu cachorro, meus pacientes, minha vida tranquila.Depois de sair de um cativeiro me vejo em uma delegacia, sendo acusada de terrorismo.O policial fazia perguntas que e
Jessica― Não acredito nessa porra! ― joguei o copo de champanhe na parede. Era para eu estar comemorando e esses idiotas me dizem que não houve fatalidade na explosão, ou seja, minha querida irmã continua viva e atrapalhando meus planos. Pior, foi levada para a delegacia como suspeita. Agora todo mundo vai saber que tenho uma gêmea. Isso pode colocar fim aos meus planos.Tudo que eu queria era notícias nos jornais dizendo que Jessica Prates havia sido vítima de terrorismo.Será possível que terei que estrangular essa sonsa eu mesma?Estou começando a achar uma boa ideia fugir do país. Vai chegar um momento que nem os Pereira vão conseguir me livrar das garras dos Rodrigues.― A senhora precisa ver isso. ― Um dos meus seguranças entrou na sala dizendo e foi direto a televisão.― O que deu errado dessa vez? ― Obviamente eu não esperava boas notícias.― Veja.Era um plantão urgente na televisão, coisas que só acontecem quando ocorre algo muito grave ou com famosos.Havia dois apresentad
CoraNão esqueci aquelas imagens. Acho que nunca vou esquecer. Foi ela. Ela machucou crianças indefesas, ela tentou me matar quando não conseguiu que me matassem em seu lugar.Que espécie de monstro é minha irmã?Não faço ideia do que ela pretende me matando, mas sei que aquela bomba era para mim. Não sou tão ingênua. Eu lhe dei o benefício da dúvida e ela fez questão de explodir com a verdade na minha cara. Fico pensando nos meus pais. Duvido que eles saibam. Mas logo descobrirão. As notícias estão por toda parte. Não liguei a televisão ou pesquisei na internet, vejo as pessoas comentando pelo hotel, indignadas. Sei que não era minha culpa, porém me sentia culpada. Sentia como se as pessoas me olhassem e vissem ela. Que merda!Olhei em meu celular e vi o contato salvo: “Demônio Loiro”. Não fui eu quem salvei assim. Em algum momento devo tê-lo chamado assim alto.Comprei roupas em uma loja do hotel e coloquei as que usava para lavar. Também comprei uma tintura para cabelo, pois toda v
CoraNão aceitei ficar com o demônio loiro. Tomei um banho, peguei sua camisa mais longa e usei enquanto comia e esperava minha roupa lavar e secar.Depois que me senti melhor e com roupa limpa e seca, avisei a ele que voltaria para casa. Ele não se opôs, disse que o avião estava a meu dispor. Ser rico deve ser muito prático.Voltei para minha casa. De toda forma tinha extrema consciência que alguém me seguia, mesmo sem ver. E não achei tão ruim assim. Depois de quase ser explodida, depois de ser torturada, não seria fácil me sentir segura novamente.Chegar na minha casa foi estranho depois de tudo que passei. Só me senti em casa porque Caos veio com tudo me saldar. Me ajoelhei e enchi meu amigo de carinho.― Estava tão preocupada com você. Nunca mais vou te deixar, meu lindo, prometo.Dei mais carinho a Caos, até ele ficar enjoado e fugir de mim. Pelo jeito que estava a vasilha de comida e água dele acho que minha vizinha acabou de fazer uma visita. Tenho muito que agradecer a ela.
AntônioEstava chegando na empresa, onde todos os meus irmãos estavam reunidos, até mesmo André. Ele não faz mais parte dos trabalhos, mas continua se metendo. A pauta era nosso pai doente e eu. Eles querem que eu me decida o que fazer com Cora porque uma hora a identidade dela será revelada, se não fizéssemos nada.Fui o último a chegar e fui logo sentando. Apenas a mulher de Alexandre estava presente. A de André não.― Nosso pai teve alguns problemas de saúde e me avisaram que ele anda esquecendo as coisas. Eu gostaria de acreditar que o primeiro Rodrigues viveria eternamente e sempre estaria aqui para nos ensinar tudo que precisamos saber sobre a vida, mas não é assim. Acabaremos perdendo o homem que nos fez quem somos. Por isso, aproveitem e passem bastante tempo com ele. ― Alexandre falou assim que teve a atenção de todos. Ele estava de pé, atrás da cadeira onde sua mulher estava sentada.Concordamos com ele, claro que concordamos.― Quanto a Cora... ― Ele começou a falar e olhou
CoraTalvez até tenha feito errado em procurar esse homem e não a polícia. Mas errado ou não me sinto segura com ele.Não insisti para ficar com o sofá. Vou me aproveitar da culpa dele o máximo que eu puder, e se alguém me julgar que vá tomar bem no meio do que achar melhor. Fui eu quem fui torturada, por erro ou não.Me instalei como podia e tomei um banho.Quando entrei na cozinha ele estava cozinhando algo com um cheiro delicioso e Caos estava em um canto, indeciso entre comer sua ração ou rosnar para ele. Ele não era muito de latir para estranhos, gostava mais de rosnar. E também não atacava sem ordem para isso. Era muito bem treinado. Fiz questão de adestrá-lo ao máximo para que pudesse ser meu parceiro com as crianças.― Dem... Antônio ― Quase o chamei de demônio loiro. Ele me olhou com a sobrancelha levantada. ― Peguei essa camisa, tudo bem?― Claro. Ficou ótima em você. E quem é Dem? Tive a impressão que me chamaria por outro nome.O desgraçado sabe muito bem. Foi ele quem sal
Cora Eu não sabia que ele namorava.Mas é claro que um homem com esses traços ou estaria namorando ou aproveitando sua beleza para pegar todas que quisesse, ou os dois.― Que surpresa! ― ela falou toda empolgada, ainda com os braços ao redor do pescoço dele, que parecia surpreso e irritado.Eu é que não ia querer receber um olhar desse do meu namorado.Vera não disse nada. Muito menos eu.Antônio simplesmente tirou as mãos dela de si, me entregou as sacolas e saiu arrastando a mulher até um canto afastado. Não afastado o bastante para que eu não ouvisse a voz dela ou visse seus sinais.Ele fez alguns gestos e ela respondeu:― Eu estava com saudades. Não vejo problemas em demonstração de carinho.Ele fez mais sinais.― Por que? Eu vi como estava olhando aquela puta. Está comendo ela também? Aposto que não teria problema nenhum em comer ela na frente das crianças.Mais sinais. Dessa vez pude sentir raiva exalando de cada gesto. Eu também tive raiva dela colocar crianças em sua briga. O