CoraMeu corpo dói menos, e está grogue pelos remédios. Eu não devia ter tomado remédio para dormir, mas meu corpo estava tão dolorido que não consegui pensar direito.Quando me levantei estava sozinha no quarto, porém a porta estava trancada.Peguei o primeiro objeto que poderia me servir de arma e esperei atrás, ouvindo o que diziam, até que mexeram na maçaneta.Segurei o objeto com força, pronta para o ataque. O que não deu em nada. O demônio loiro o tirou de mim com toda facilidade do mundo.Agora estou aqui nesse quarto com esses três malucos me pedindo para fingir que nada aconteceu e ficar aqui, dizendo loucuras sobre a minha irmã.O pior de tudo são esses gestos que o demônio fazia, sentado na cama como se estivéssemos em uma reunião de amigos. Por que ele não estava falando?― Quero sair daqui agora ― repeti.― Impossível. A sua irmã te colocou no lugar dela por algum motivo. Ela devia saber que estávamos fechando o cerco e fez isso. Ou você armou com ela para trocar de luga
Jessica― Alguma novidade? ― perguntei olhando os dois panacas que chamo de seguranças.Ao contrário do que dizem por ai e o que postei em minhas redes sociais, não sai do país. O avião em que eu estava tinha uma conexão, e foi nela que desci e peguei outro de volta a São Paulo, dessa vez particular.Estava tudo armado e andando pelo caminho certo. Era só sentar e esperar a notícia da minha morte para renascer. Porém, estou cercada de incompetentes.― Não senhora. Está tudo em silêncio. Mas era de se esperar, já que o Rodrigues mudo estava louco para colocar as mãos na senhora. ― Um respondeu enquanto o outro apenas exalava medo.― O que não era de se esperar era que os idiotas deixassem minha irmã com a bolsa cheia de provas que somos gêmeas. Se eles descobrirem meus planos já eram. E sabem quem serão os próximos nos vídeos.― Vamos resolver se isso acontecer. Não se preocupe.― Vocês é que deviam se preocupar. São tão bem casados. Imagino o que as mães dos seus filhos dirão ao desco
CoraPassei os dias em que fiquei na casa sozinha com o tal Antônio só estudando o lugar para fugir. Dentro da casa não havia ninguém além de nós. Então imaginava que havia guardas lá fora. Eu não conseguia ver ninguém. Então decidi arriscar. Eles dizem que querem me proteger, então o máximo que vai acontecer se me pegarem tentando escapar é me trancarem. Já estou presa mesmo.Ele agia como se eu não fosse uma ameaça. A única coisa que me fazia não atacá-lo era a arma que sempre carregava. Por isso, esperei que ele entrasse no quarto e colei o ouvido na porta tentando ouvir o barulho da porta do banheiro. Já havia percebido que ele não é muito delicado com portas.Quando ouvi o barulho da porta batendo, entrei rápido no quarto e peguei o telefone dele. Ia ligar para a polícia que não precisa estar destravado, mas percebi que ainda estava destravado, então liguei para minha irmã, pedindo socorro.Ela me orientou e eu deixei o telefone sobre a cama novamente e coloquei o plano em prátic
CoraOlhava confusa para todos os lados, em busca de um rosto conhecido ou de algo que direcionasse minha mente que estava mais bagunçada que a praça depois da explosão.O policial insistia em fazer perguntas.― Eu não sei o que aconteceu ― finalmente consegui responder. Até achei que não sairia voz.As pessoas me olhavam como se eu fosse uma criminosa.― Havia uma bolsa com uma bomba em lugar público. Testemunhas afirmam que você estava naquele banco e que recebeu aquela bolsa de uma pessoa de boné, óculos e máscara. Muito suspeito.É suspeito sim. O que esse homem está dizendo é que minha irmã tentou me matar. Tem que ter uma explicação... Só que eu já sei que não vou gostar dela.― Você vem comigo.Ele me levou algemada para uma viatura.O que está acontecendo com a minha vida? Eu só quero voltar para casa, para o meu cachorro, meus pacientes, minha vida tranquila.Depois de sair de um cativeiro me vejo em uma delegacia, sendo acusada de terrorismo.O policial fazia perguntas que e
Jessica― Não acredito nessa porra! ― joguei o copo de champanhe na parede. Era para eu estar comemorando e esses idiotas me dizem que não houve fatalidade na explosão, ou seja, minha querida irmã continua viva e atrapalhando meus planos. Pior, foi levada para a delegacia como suspeita. Agora todo mundo vai saber que tenho uma gêmea. Isso pode colocar fim aos meus planos.Tudo que eu queria era notícias nos jornais dizendo que Jessica Prates havia sido vítima de terrorismo.Será possível que terei que estrangular essa sonsa eu mesma?Estou começando a achar uma boa ideia fugir do país. Vai chegar um momento que nem os Pereira vão conseguir me livrar das garras dos Rodrigues.― A senhora precisa ver isso. ― Um dos meus seguranças entrou na sala dizendo e foi direto a televisão.― O que deu errado dessa vez? ― Obviamente eu não esperava boas notícias.― Veja.Era um plantão urgente na televisão, coisas que só acontecem quando ocorre algo muito grave ou com famosos.Havia dois apresentad
CoraNão esqueci aquelas imagens. Acho que nunca vou esquecer. Foi ela. Ela machucou crianças indefesas, ela tentou me matar quando não conseguiu que me matassem em seu lugar.Que espécie de monstro é minha irmã?Não faço ideia do que ela pretende me matando, mas sei que aquela bomba era para mim. Não sou tão ingênua. Eu lhe dei o benefício da dúvida e ela fez questão de explodir com a verdade na minha cara. Fico pensando nos meus pais. Duvido que eles saibam. Mas logo descobrirão. As notícias estão por toda parte. Não liguei a televisão ou pesquisei na internet, vejo as pessoas comentando pelo hotel, indignadas. Sei que não era minha culpa, porém me sentia culpada. Sentia como se as pessoas me olhassem e vissem ela. Que merda!Olhei em meu celular e vi o contato salvo: “Demônio Loiro”. Não fui eu quem salvei assim. Em algum momento devo tê-lo chamado assim alto.Comprei roupas em uma loja do hotel e coloquei as que usava para lavar. Também comprei uma tintura para cabelo, pois toda v
CoraNão aceitei ficar com o demônio loiro. Tomei um banho, peguei sua camisa mais longa e usei enquanto comia e esperava minha roupa lavar e secar.Depois que me senti melhor e com roupa limpa e seca, avisei a ele que voltaria para casa. Ele não se opôs, disse que o avião estava a meu dispor. Ser rico deve ser muito prático.Voltei para minha casa. De toda forma tinha extrema consciência que alguém me seguia, mesmo sem ver. E não achei tão ruim assim. Depois de quase ser explodida, depois de ser torturada, não seria fácil me sentir segura novamente.Chegar na minha casa foi estranho depois de tudo que passei. Só me senti em casa porque Caos veio com tudo me saldar. Me ajoelhei e enchi meu amigo de carinho.― Estava tão preocupada com você. Nunca mais vou te deixar, meu lindo, prometo.Dei mais carinho a Caos, até ele ficar enjoado e fugir de mim. Pelo jeito que estava a vasilha de comida e água dele acho que minha vizinha acabou de fazer uma visita. Tenho muito que agradecer a ela.
AntônioEstava chegando na empresa, onde todos os meus irmãos estavam reunidos, até mesmo André. Ele não faz mais parte dos trabalhos, mas continua se metendo. A pauta era nosso pai doente e eu. Eles querem que eu me decida o que fazer com Cora porque uma hora a identidade dela será revelada, se não fizéssemos nada.Fui o último a chegar e fui logo sentando. Apenas a mulher de Alexandre estava presente. A de André não.― Nosso pai teve alguns problemas de saúde e me avisaram que ele anda esquecendo as coisas. Eu gostaria de acreditar que o primeiro Rodrigues viveria eternamente e sempre estaria aqui para nos ensinar tudo que precisamos saber sobre a vida, mas não é assim. Acabaremos perdendo o homem que nos fez quem somos. Por isso, aproveitem e passem bastante tempo com ele. ― Alexandre falou assim que teve a atenção de todos. Ele estava de pé, atrás da cadeira onde sua mulher estava sentada.Concordamos com ele, claro que concordamos.― Quanto a Cora... ― Ele começou a falar e olhou