AntônioVou te mostrar como as tripas dela são feias. ― Ela sorria com seu olhar angelical enquanto Cora estava parada ao lado dela, como se estivesse paralisada. Só seu olhar demostrava todo o desespero que sentia.Não, por favor. Jessica, não faça... ― implorei. Foi em vão.Nãoooo. ― meu gritou ecoou enquanto ela sorria e estripava a própria irmã. O corte havia sido na barriga, porém Jessica segurava o coração de Cora na mão. Dentro do pesadelo eu sabia que não era real, porém a dor em mim era real.Ela olhava o coração como se analisasse.Olha! Não te disse. Você se apaixonou por uma mulher tão feia por dentro ― disse e esmagou o coração da irmã.Nãooo...O grito ficou preso em minha garganta ao acordar desse maldito pesadelo onde Jessica me mantinha amarrado enquanto esfaqueava a irmã e arrancava seus órgãos.Sem pensar, levantei do sofá e fui até meu quarto. Acendi a luz, mas isso não foi o suficiente para acordar Cora. E se realmente tivesse acontecido algo com ela?Me aproxime
CoraNão acredito no que quase fiz. Eu estava sim disposta a fechar os olhos e abrir as pernas. Desejei muito sentir aquele homem por inteiro. Se ele não tivesse dito merda, eu teria ido até o fim.Quem esse cara pensa que é? Christian Grey? Se quer alguém para amarrar e bater pode procurar em outro lugar. É cada uma!Por sorte agora tenho meu trabalho temporário para ocupar a mente.Indiquei todos os meus pacientes para uma amiga. Ela não gostou muito da ideia de atender vários de graça, mas aceitou depois que implorei bastante e disse que pagaria a consulta deles. Ainda estou com o cartão de Antônio e ainda não achei que gastei o suficiente para pagar os meu danos físicos e morais.Agora estou aqui nessa casa. Passo quase vinte e quatro horas pensando no demônio loiro. Se não fosse as crianças no orfanato tenho certeza que já estaria surtada com esse desejo fora de hora. Fico só pensando que beijei o demônio loiro em três ocasiões, beijos que me deixaram de pernas bambas, e que quas
CoraNão entendi nada do que Antônio disse.― Por que? ― perguntei confusa. Não quero mais festa por hoje. Estou morta, só agradecendo por não ter ido a nenhuma balada.Ele veio para cima de mim, dizendo:― Simplesmente porque eu vou tirar.A festa que Antônio tinha em mente era bem diferente da que imaginei. Ele avançou em meus lábios. Seu beijo macio e lento era provocante demais.Quando finalmente se afastou, me dando chance de um lapso de lucidez, não havia nada que me impedisse de querer mais.― Agora sim é um feliz aniversário ― falou sorrindo contra os meus lábios, antes de devorá-los novamente.Ele me empurra contra a parede e começa a desabotoar a própria blusa enquanto me beija.— Não mudei de ideia — consegui falar.— Não quer?— Do seu jeito não.— Então me ensina o seu.Antônio me joga na cama, tira a blusa desabotoada e me beija, descendo o beijo e a minha blusa junto.Ele não brinca em serviço, sua boca já captura meu seio e chupa sem cerimônia. Só depois de experimenta
CoraAbri os olhos e a primeira coisa que encontro são os olhos de Antônio.Ele leva a sua mão até meu rosto e o toca, mas desvio o olhar e me afasto dele, saindo da cama. Não vou me arrepender do que fiz, muito menos vou me envolver na enrascada que seria me apaixonar por esse homem.― O que foi?― Eu vou ser bem sincera com você e espero que entenda. ― Para não ficar tão exposta e ele parar de encarar cada pedaço do meu corpo, visto sua camisa e abotoo enquanto falo. ― Sim, eu seria idiota se negasse que sinto uma atração por você. Mas não vou virar um clichê podre de mocinha que se apaixona por sequestrador.― Você não foi sequestrada. Estou tentando te manter a salvo. Te deixei ir, se lembra?― Tanto faz. Isso, não vai rolar. Enquanto estivermos sob o mesmo teto é possível que acabemos transando em algum momento, mas é só. Não vou me iludir e não quero que se iluda. Apesar de que acho isso impossível.― Cora... Você que está se iludindo. ― Segurou o meu braço e me puxou de volta p
CoraDepois do sexo no banheiro e de realmente comermos salgadinhos com refrigerante, Antônio me deixou sozinha em casa, avisando que visitaria o seu pai. Ele disse para deixar a casa como estava que depois dava um jeito, mas decidi arrumar. Como acordamos quase onze da manhã, terminei de arrumar a casa depois das 14hs e comi mais salgadinhos e doces como almoço. É domingo, segunda volto para dieta.Pouco depois de arrumar tudo, tomar um banho e vestir uma roupa fresca, recebi um telefonema de Amanda avisando que passaria na casa. Eu disse que seu irmão não estava, mas ela insistiu.Poucos minutos depois, Amanda apareceu na minha porta segurando algumas caixas, ao seu lado um segurança segurava mais.― Presentes para o meu irmão ― disse passando por mim e colocando as caixas sobre o sofá. ― A maioria das suas admiradoras nada secretas.― Como eu disse, ele não está? ― mesmo tendo dito que não queria um relacionamento com Antônio, não sou obrigada a não sentir nada ao ouvir sobre suas
AntônioAnos atrás.Dois meses após chegar na minha nova casa, eu ainda não confiava em ninguém, exceto meus irmãos. Nem mesmo na mulher que dizia querer ser minha mãe.Ela parecia ser boa, sempre conversava comigo, contava histórias para eu dormir. Mas eu não dormia, esperava ela sair para trancar a porta e escorar uma cômoda nela, e sempre carregava uma faca comigo.Ela ia comigo a um terapeuta. Eu não falava nem com ela perto nem quando ela saia. Foi o terapeuta que indicou que eu aprendesse a falar usando sinais. Não vi problemas. Rapidamente estava falando usando gestos.Mais de um ano depois, eu estava menos arredio e mais confiante que essas pessoas eram mais como meus falecidos pais que como os miseráveis do orfanato.Minha mãe me chamou para conversar na cozinha, só nós dois. Era um teste, claro que era. Eu tenho pavor de cozinhas.Apertei a faca que me acompanhava. Não queria machucar essa mulher tão gentil, mas se ela tentasse algo teria que me defender.Quando entrei ela e
AntônioAcabei passando o dia inteiro fora de casa por causa do meu aniversário. Quis visitar pessoas que significam muito para mim e estavam velhos demais para festas em minha casa.Já era quase dez da noite quando cheguei. Abri a porta do quarto de Cora e vi que ela já estava dormindo.Decidi tomar um banho e me deitar em meu sofá, onde tenho passado muitas noites desde que ela veio para minha casa.Meu sono é leve, o bastante para o fato de alguém acendendo a luz ser motivo para me acordar.Abri os olhos e vi Cora parada perto do sofá.― Aconteceu alguma coisa? Que horas são? ― perguntei me levantando e sentando no sofá.Ela ignorou minhas perguntas e fez outra:― Quando você ia me contar que alguém como ela fez isso com você?― Isso o que? ― a desafiei.― Você sabe o que quero dizer.― Quer dizer que alguém como ela me transformou em um monstro.― Exatamente.Ri. Cora realmente não sabia ser boazinha comigo, nem quando sentia pena da criança que fui.Sinceramente não quero falar s
Cora“Eu quero olhar para o seu rosto todos os dias e que essa pequena cicatriz me lembre que tipo de monstro sou. E que seu sorriso me mostre que até monstros como eu tem direito a ser amado.”Amado?Fiquei pensando nas palavras de Antônio enquanto seus dedos iam e vinham nas minhas costas nuas, deitados no sofá.― Você não gosta de falar do seu passado, não é? ― comentei.― Falar me faz lembrar de algo que só quero esquecer. Meu pai me fez ir muito a terapeutas e psiquiatras. Apesar do que você acha, não sou louco, tenho um diploma de mente sã. Ri.― Existe isso?― Sei lá. Inventei agora. Mas tenho sim um laudo do médico atestando que apesar do trauma minha mente está firme e forte.― A sua irmã disse que você não falava antes de me conhecer.― É verdade. Quando aquilo aconteceu, eu pedi ajuda e a pessoa não só negou ajuda como mandou eu me calar, então eu me calei totalmente. Só que depois meu pai me adotou, e minha mãe me ensinou a nunca esquecer minha voz. Eu sempre lia em voz a