Beatriz― Repete essa merda. ― Não podia acreditar que estava ouvindo isso. Nem precisa ser inteligente para perceber com tudo isso que esse homem é perigoso e que vai acabar deixando Ângelo se ferir.― Ângelo é um Rodrigues. Com a morte da mãe ele vai ficar com o pai. ― disse me encarando, como se me desafiasse.― Não pode fazer isso ― devolvi.― Posso. Com a comprovação da paternidade não tem nenhum juiz que dê a guarda a uma prima da mãe.Pior que essa merda é verdade.― Mas na carta...― Que carta? ― começou a rasgar o papel que estava em sua mão. Desgraçado!A raiva em mim era tamanha que fiquei sem palavras por instantes. Tempo o suficiente para ele dizer:― Amanda, pode ajudar ela a voltar para sua família? Eles devem estar preocupados.Estou prestes a explodir de ódio.― Escuta aqui, seu merdinha! Você pode até ser o doador de esperma, mas é só. ― Depois me arrependo de alterar o tom de voz na casa dos outros. ― Pai é que não é. Se fosse pai não seria na minha porta que aquela
BeatrizMeus pais se assustaram quando me viram entrando em casa, depois de dizer que estava fora do país.Contei para eles onde estive e o que aconteceu nos últimos momentos.Eles ficaram indignados com a mentira e por eu ter ficado em uma pensão. Juro, isso foi o que mais os indignou.― Vocês precisam fazer alguma coisa para tirar o Ângelo daquele homem ― pedi.― Somos pessoas ocupadas e já não somos tão jovens, Beatriz. Se ele é o pai, melhor que crie o menino. ― Meu tio respondeu.Não acreditei no que ouvi.― Ouviram a parte em que quase morri e que a filha de vocês morreram. ― Me virei para o meus pais que permaneciam quietos. ― Vocês concordam com isso?― Filha, a situação é muito complicada. Temos um nome a zelar. Brigar na justiça por uma criança... ― Mamãe começou, mas interrompi.― É o filho da Marcela, não uma criança. Que palhaçada é essa? Quem são vocês? Parece que os pais maravilhosos só existem se não houver problemas. Foi assim que resolveram o problema da Marcela quan
AndréApós a saída de BeatrizOs olhares eram todos em minha direção. Levantei uma sobrancelha, intrigado com a sensação de ser julgado pelo que acabaram de ouvir.― O que foi? Acham que eu devo satisfação a uma parente qualquer?― O que foi pergunto eu. ― Meu pai foi o primeiro a se pronunciar. ― Para que toda essa raiva? Você nem conhece a moça.― Conhece sim. Eu me lembrei agora, ela saiu do seu quarto no castelo no casamento do Alexandre, eu vi. ― Amanda falou, causando ainda mais olhares em minha direção, como se fosse possível.Olhei para ela com raiva.― Foi sexo de casamento, só isso.“E deve ter sido ruim para você ter tanta raiva dela.” ― Não sei porque me dei ao trabalho de interpretar os sinais de Antônio. Não fui o único a interpretar, e todos riram.― Não tenho raiva dela. A questão é que ameaçou tirar meu filho de mim. ― Era um problema só meu que o sexo tenha sido incrível.― Acho que foi você quem começou. ― Willow falou passando o braço ao redor da cintura do marido.
AndréFiquei na casa do casal exatamente uma semana. Vitor chora muito enquanto Ângelo é bem quieto. Amanhã será a entrevista com as babás. Decidindo isso já posso ir para casa com meu filho. Sendo sincero, foi melhor mesmo nos acostumarmos um com o outro em um ambiente com várias pessoas para dar palpite, irritante, mas foi melhor. Ele agora busca meu colo como a um abrigo. Deus, não existe sensação melhor do que ter esse garotinho nos braços. Pensava nele enquanto trabalhava e até mesmo dormindo. Se algum dia pensei que não teria vocação para ser pai, nem lembro.Assim que escolher a babá, levo meu filho para casa. Agora que meio que não sou um Rodrigues, pelo menos na parte sangrenta, quero cria-lo longe disso.Foi um dia antes das entrevistas que recebi uma visitante inesperada, Beatriz.Ela apareceu na casa de Alexandre quando estava apenas eu. Tinha acabado de chegar da delegacia e sabia que meu irmão e sua esposa estavam com as crianças no parquinho do prédio.O porteiro a anun
BeatrizNão consegui ficar na casa que meus pais e meus tios dividem. Depois do que aconteceu com Marcela não sinto que somos exatamente a família de antes. Por enquanto estou em um hotel. Preciso decidir o que fazer com minha vida. Não quero ir embora sem resolver minha questão com André, pelo menos que ele me permita ver Ângelo algumas vezes, porque pelo andar da carruagem o desejo da Marcela nunca será cumprido.Fiquei com tanta raiva quando tentei ver meu pequeno e aquele imbecil praticamente me enxotou. E ainda me chamou de querida com aquele tom esnobe. Querida são as putas dele. Odeio que me chamem assim. Tive que fazer um esforço quase que sobrenatural para não chorar na frente daquele homem. E o pior de tudo, o que me deixa com mais raiva é perceber o quanto fiquei molhada só por estar perto dele. Eu devo ser masoquista e não sabia.Não o procurei mais.Constantemente falo com Willow por telefone para saber notícias do anjinho. É o que estou fazendo agora, dia seguinte ao des
AndréSe tem uma coisa que eu não esperava era ter Beatriz Albuquerque implorando uma vaga como babá.Eu quis mesmo dizer a ela que não precisava disso, que daria espaço para ela ter contato com meu filho, mas um instinto maior em mim gostava de desafiá-la e esse espírito baixou assim que ela passou pela porta.A provoquei ao máximo, mas minhas armas evaporaram ao vê-la desabar, deixando de lado a provocação e me fazendo ver que estava sendo um imbecil.“Quem é você? Algum tipo de corpo sem alma? Só estou pedindo para cuidar dele.” Suas palavras ainda vibravam dentro de mim, mesmo depois que ela saiu.Naquela hora eu ainda tentei manter a provocação. E ela cada vez minava mais com sua sinceridade.“Estou sozinha nessa luta, o que diminui minhas armas consideravelmente. Sabe disso e continua dificultando, como se eu fosse a pessoa mais indesejada da face da terra quando tudo que quero é ter contato com esse pequeno parente que acabei de conhecer.” Se ela soubesse o quanto a desejo, us
AndréPorra! Não acredito que vou ficar pensando nisso. Foi só um beijo. Tudo bem que despertou lembranças daquela noite. Tudo bem que desde que encontrei meu filho que não transo. Eu preciso transar. Isso é tesão acumulado. Claro que teria efeito tendo uma gostosa tão ao alcance das mãos.― Chefe, arquivei o caso que me pediu. ― Lana apareceu na porta. Já tivemos alguns momentos de prazer, inclusive na delegacia. É ela.― Obrigado. Lana, tem compromisso hoje? Pensei em nos divertirmos.― Mesmo se tivesse abriria espaço para você ― respondeu com expectativa.― Que tal um aperitivo?― Aquela sala de interrogatório ainda está em manutenção ― sugeriu animada.― Te espero lá.Sai pela delegacia como se não houvesse nada acontecendo na minha cabeça de cima ou de baixo e entrei na sala. Poucos minutos depois Lana chegou. E já veio para cima. Me beijando e abrindo minha calça. A delegacia não era o lugar ideal para sexo despreocupado. Se nos pegássemos, Lana estaria fora em um piscar de olho
AndréNão consegui dormir. Duas da madrugada e eu rolando na cama feito um idiota. O rosto de Beatriz não sai da minha mente. A forma como me tocava naquela noite do casamento, como me mordia, lambia, beijava...― Eu vou enlouquecer assim.Levantei da cama e fui para cozinha beber água gelada até apagar meu fogo. A luz estava acessa. E qual não foi minha surpresa ao encontrar Beatriz sentada a mesa com vários papeis com desenhos. Ela usava um pijama azul de seda. Esse sim combina com ela, azul escuro de blusa com alças finas e um short curto o bastante para deixar suas lindas coxas expostas.Me aproximei.― Sem sono? ― tentei olhar o que ela escondeu. Parecia ser um desenho de roupa, assim como os outros sobre a mesa. ― Então você trabalha como babá de dia e vira estilista a noite?Ela deu de ombros.― Quando as ideias vem não consigo dormir até colocar no papel.― Interessante. Posso ver?― É só uma blusa. ― Me entregou o papel que escondia.Analisei o desenho feito a lápis imaginand