João Collins Minha primeira semana na universidade foi uma verdadeira maratona. Acordava cedo, correndo de uma aula para outra, tentando me adaptar ao ritmo intenso que Harvard exigia. Cada dia era uma batalha contra o cansaço, e, por mais que eu me esforçasse, parecia que nunca havia tempo suficiente para tudo. As matérias eram desafiadoras, os professores exigentes, e os novos colegas também estavam em busca de se destacar. Quando a sexta-feira finalmente chegou, senti um alívio por ter sobrevivido à primeira semana. À noite, enquanto muitos dos meus colegas saíam para comemorar, eu encontrei conforto em algo que poucos sabiam sobre mim. Embora a pressão da universidade fosse imensa, havia algo que me ajudava a manter o equilíbrio: a escrita. Desde pequeno, sempre admirei meu pai, Jack Collins, por sua habilidade com as palavras. Ele era um autor renomado, e mesmo que nunca tivesse me forçado a seguir seus passos, não consegui escapar desse legado. Escrever era algo que vinha natu
Jõao Collins No sábado à noite, fui convidado para jantar na mansão do meu tio Joseph. A semana tinha sido uma maratona, e eu estava ansioso por um momento de tranquilidade. A mansão, imponente e luxuosa, me recebeu com o brilho das luzes douradas que iluminavam a entrada. Cruzei o grande hall de entrada, onde o mármore reluzia, e fui conduzido à sala de estar, onde meu tio Joseph estava conversando com outro homem.Foi então que a vi. Anna. Estava ali, em pé, perto da lareira, com o mesmo ar de elegância e confiança que me atraíra desde o primeiro momento. Quando nossos olhares se cruzaram, senti meu coração bater mais rápido. Ela parecia surpresa ao me ver, mas sua expressão se manteve inabalável. Minha mente, por outro lado, estava uma bagunça de pensamentos e lembranças daquela noite em Cambridge.— João! — minha tia Helena exclamou, sorrindo ao me ver. Ela se aproximou e me deu um abraço caloroso antes de me conduzir para perto de meu tio. — Quero te apresentar Harry — ela dis
Anna MullerSaí do banheiro e lavei o rosto, tentando acalmar os nervos que estavam à flor da pele. Olhei para o espelho, buscando alguma firmeza em meu reflexo, mas tudo o que vi foi a confusão nos meus próprios olhos. Respirei fundo, tentando me recompor antes de sair. Eu precisava manter o controle. Não podia deixar que João me abalasse dessa maneira, não agora.Quando voltei à sala de jantar, evitei olhar para ele. João também não me olhou, o que deveria ter sido um alívio, mas a tensão entre nós era quase palpável. Senti o desejo queimar dentro de mim, o mesmo desejo que eu vinha lutando para suprimir desde aquela noite. Mas não podia me permitir ceder. João era um estudante, e eu, uma profissional com responsabilidades e um noivo. Não havia espaço para esse tipo de confusão.Harry, meu noivo, precisou sair mais cedo. Ele tinha um compromisso inadiável e se despediu com um beijo suave nos meus lábios, antes de partir com o motorista. Fiquei na casa para ajudar Helena com algumas
João Collins O vento frio de Cambridge sussurrava através das janelas do carro enquanto eu me afastava lentamente do prédio de Anna. Havia algo de estranho naquele lugar que sempre me fazia querer ficar por perto. Mas, naquele dia, havia um motivo claro para eu retornar. Olhei para o banco do passageiro e vi a pasta dela, esquecida e solitária, um lembrete de nossa última conversa tensa.Não hesitei. Dei meia-volta e estacionei novamente na frente do prédio. Enquanto me aproximava da entrada, vi uma figura saindo. A oportunidade perfeita. Apressei meus passos e consegui entrar, disfarçando minha presença como se aquele fosse um lugar familiar para mim. O porteiro me olhou com curiosidade, mas a simples menção de que eu precisava entregar algo a Anna foi suficiente para que ele não questionasse.No elevador, meus pensamentos corriam. Será que ela ficaria surpresa? Ou talvez irritada? Quando a porta se abriu no andar de Anna, caminhei com passos firmes até sua porta. Meu coração batia
João Collins Era uma noite de sexta-feira, e o ar carregava um peso que eu não conseguia ignorar. Amanhã seria o casamento de Anna, e eu me encontrava indo até a casa de minha tia Helena. Precisava buscar dois livros de medicina que ela havia separado para mim. A ideia de passar por aquele lugar, tão próximo ao evento que eu preferia esquecer, era desconfortável, mas minha tia sempre foi alguém em quem eu podia confiar.Estacionei o carro na entrada da mansão e caminhei em direção à porta. As luzes do jardim estavam acesas, e logo percebi que havia uma movimentação diferente no ar. Ao atravessar os portões, notei a presença de várias mulheres espalhadas pelo jardim, conversando e rindo. Eram amigas de Anna, claramente envolvidas em alguma celebração.Minha tia Helena, sempre uma anfitriã elegante, havia preparado uma despedida de solteira para Anna. A ironia daquela situação não passou despercebida por mim. Senti um aperto no peito, mas mantive o controle. Eu sabia que estava ali por
João Collins Deixei a biblioteca com o coração acelerado, sentindo o peso do pedido de Anna ainda queimando em minha mente. Enquanto caminhava pelos corredores da mansão, a voz dela ecoava na minha cabeça: "Me impeça de me casar com um homem que eu não amo." Respirei fundo, tentando acalmar meus pensamentos. A ideia de impedir aquele casamento era tentadora, claro. Uma parte de mim havia desejado ouvir isso dela desde o começo, mas agora, às vésperas do casamento, parecia uma loucura. Anna estava confusa, e eu sabia que me envolver ainda mais poderia destruir ambos. Atravessei o jardim, desviando o olhar das mulheres que ainda festejavam. Entrei no carro e bati a porta com mais força do que pretendia. Liguei o motor e saí de lá o mais rápido possível, como se fugir daquele lugar pudesse me livrar do dilema que carregava.Quando cheguei ao meu apartamento, a solidão era sufocante. Sentei no sofá e fiquei olhando para o nada, tentando processar o que havia acontecido. Eu não consegu
João Collins A manhã passou como um borrão, e eu me encontrei na frente do espelho, ajustando o nó da gravata com mãos trêmulas. O reflexo me devolvia um olhar que eu quase não reconhecia — olhos fundos, cheios de incerteza. O terno preto que escolhi para aquela tarde parecia pesado, como se carregasse o peso de todas as minhas dúvidas e medos. Aquele era o dia do casamento de Anna, e eu ainda não sabia o que faria. Meu coração estava dividido entre a razão e o desejo, entre o medo de me arrepender e a possibilidade de um erro irremediável. Mas eu precisava estar lá. Precisava ver com meus próprios olhos e decidir por mim mesmo.Respirei fundo e finalmente consegui dar um jeito na gravata. Enfiei as mãos nos bolsos, tentando encontrar algum conforto nas dobras do tecido. Olhei uma última vez para o espelho, como se procurasse por uma resposta que ele não podia me dar, e saí.No carro, a cidade parecia passar em câmera lenta. Cada semáforo, cada pedestre, cada segundo se arrastava co
João Collins A igreja estava cheia, e o som suave do órgão tocava ao fundo, criando uma atmosfera solene e carregada de expectativa. Todos os olhos estavam voltados para o altar, onde Anna e Harry estavam de pé, frente a frente, diante do padre. Eu estava sentado no meio dos convidados, com o coração batendo como um tambor descompassado. Minha mente estava à deriva, tentando se ancorar em algum ponto de sanidade.O padre começou a falar, sua voz profunda ressoando pelas paredes da igreja.— Estamos aqui hoje, diante de Anna e Harry, que escolheram este dia para se unirem em matrimônio, para se tornarem uma só carne. O amor é algo grandioso, e os dois estão decididos a viverem uma vida de felicidade, juntos, como um só.Senti o suor nas palmas das minhas mãos, a tensão subindo pelo meu corpo. Tudo parecia se mover em câmera lenta. Olhei para Anna, esperando encontrar um vislumbre de incerteza em seus olhos. Ela olhou para mim. Foi um olhar longo, silencioso, cheio de algo que eu não c