Alexander Muller Estava sentado no consultório do diretor do hospital, as luzes fluorescentes lançando um brilho frio que combinava com a atmosfera da conversa. O diretor, um homem de meia-idade com óculos finos e uma expressão de cansaço, me observava do outro lado da mesa. Ele folheava alguns papéis, mas seu olhar estava fixo em mim, avaliando.— Alexander, eu entendo sua dedicação ao trabalho. Todos nós aqui reconhecemos o quanto você tem se esforçado, especialmente depois do que aconteceu. — Ele fez uma pausa, como se tentasse escolher as palavras certas. — Mas você não pode continuar assim. Trabalhando sem parar, cobrindo todos os plantões... você está se matando aos poucos.Eu me remexi na cadeira, sentindo o peso de suas palavras, mas ainda resistindo à ideia de desacelerar. Trabalhar era a única coisa que me mantinha longe dos pensamentos que me atormentavam.— Eu estou bem. Prefiro me manter ocupado — respondi, tentando parecer convincente.Ele suspirou, empurrando os óculos
Zara MillerA luz suave da manhã entrava pela janela da sala, refletindo nas plantas que decoravam o canto e criando um ambiente tranquilo, exatamente como eu gostava. Eu estava organizando algumas coisas na mesa quando ouvi a porta do apartamento se abrir e Stefan entrar. Ele largou as chaves no balcão e olhou para mim com aquela expressão típica de quem tinha algo importante para dizer.— Zara, preciso falar com você sobre um trabalho — começou, nem ao menos me dando tempo de dizer bom dia. Ele se jogou no sofá, o rosto mostrando uma mistura de cansaço e urgência.Suspirei, largando o que estava fazendo e me sentando na poltrona oposta a ele.— Stefan, já falamos sobre isso. Eu decidi tirar uma folga, lembra? Dois meses de férias, nada de reuniões, nada de novos clientes. Só eu e um tempo para descansar. — Cruzei os braços, tentando manter minha resolução.Ele assentiu, mas sua expressão não mudou.— Eu sei, eu sei. Você merece isso mais do que ninguém. Mas escuta, esse caso é difer
Zara Miller Dois dias se passaram em um piscar de olhos enquanto eu fazia as malas e me preparava para a viagem para Cambridge. Parte de mim ainda não sabia se realmente encontraria João, mas a esperança teimava em crescer. Eu me lembrava vagamente da casa da tia dele, onde João passava os verões, e também sabia o local onde ela trabalhava. Com um misto de ansiedade e nostalgia, embarquei no voo com a sensação de que algo importante estava prestes a acontecer.Assim que cheguei a Cambridge, fui direto para o hotel onde ficaria hospedada. A cidade estava exatamente como eu me lembrava das fotos que João costumava mostrar: encantadora, com suas construções antigas e ruas cheias de história. Depois de me instalar no quarto, decidi passar o primeiro dia apenas explorando a cidade, absorvendo cada detalhe e tentando encontrar alguma tranquilidade nas ruas movimentadas.Ao cair da noite, o cansaço começou a bater, e eu decidi descer para o bar do hotel para relaxar. Estava tranquila, toman
Zara Miller No dia seguinte, acordei com o som do despertador tocando suavemente ao lado da cama. Espreguicei-me, ainda sentindo o peso da conversa com Harry na noite anterior, mas rapidamente lembrei o motivo da minha viagem: encontrar João. Com um misto de ansiedade e nervosismo, me levantei, tomei um banho rápido e escolhi uma roupa simples, mas elegante, algo que combinasse com a atmosfera sofisticada de Cambridge.Ao descer para o saguão do hotel, peguei um táxi e pedi para ser levada ao endereço que era onde ficava a mansão de Helena e Joseph Collins. O motorista seguiu pelas ruas estreitas e arborizadas da cidade, e eu observava atentamente as paisagens familiares, tentando encontrar alguma tranquilidade enquanto minha mente voava em direções opostas. Será que João estaria lá? Será que ele se lembrava de mim como eu me lembrava dele?Ao chegar à imponente mansão dos Collins, respirei fundo e toquei a campainha. A porta se abriu quase imediatamente, revelando, um homem alto,
Zara Miller Minha empolgação era palpável enquanto aceitava o convite. Clark chamou o motorista, e seguimos juntos para a editora Collins. Durante o trajeto, conversamos sobre as histórias da família Collins, e ele me contou sobre como a editora foi criada pelo avô dele e como se tornou uma parte fundamental do legado da família.Assim que chegamos à editora, fiquei encantada. Clark, mesmo sendo o CEO, fez questão de me mostrar cada canto do lugar com entusiasmo, explicando cada detalhe. Vi paredes repletas de capas de livros, fotos antigas dos primeiros autores e uma equipe que parecia apaixonada pelo que fazia. Era um ambiente inspirador, e eu me senti grata por estar ali.— Aqui estão alguns dos nossos livros e uns brindes. — disse Clark, entregando-me uma sacola com vários livros e mimos da editora. Agradeci, sentindo um calor no peito por estar cercada de histórias que, de certa forma, faziam parte da vida de João.Depois da visita à editora, Clark me levou a um restaurante char
Zara Miller A Alemanha me recebeu com o clima cinzento e úmido de sempre, como se até o tempo estivesse alinhado com a incerteza e o aperto que eu sentia no peito. Eu estava determinada, mais do que nunca, a encontrar João. Com o nome do hospital em mãos, segui direto para lá, tentando manter a calma e o foco. Cada batida do meu coração parecia mais forte, como se me lembrasse da importância daquele momento. Tudo o que eu tinha era a esperança de que finalmente o reencontraria.Cheguei à recepção do hospital, o ar estéril e silencioso ao meu redor, enquanto enfermeiras e médicos passavam apressados. Fui até o balcão e, tentando soar confiante, perguntei:— Olá, estou procurando o doutor João Collins. Ele trabalha aqui?A recepcionista olhou para mim por um segundo, surpresa, antes de verificar o sistema.— Me desculpe, mas não temos nenhum doutor com esse nome aqui no hospital.Essas palavras caíram sobre mim como um balde de água fria. A pequena chama de esperança que eu carregava s
Alexander MullerO toque do telefone interrompeu o silêncio da minha sala, e quando vi que era Lars, já imaginava o que ele diria. Atendi, tentando manter a calma.— Alexander, tenho boas notícias. A esposa de aluguel aceitou a reunião. Vou te passar o endereço, o horário e o local em que vão se encontrar. — A voz de Lars soou confiante.— Ótimo, estou dentro. Me mande os detalhes e estarei lá. — Desliguei a chamada, mas, assim que li o nome da esposa de aluguel fiquei pensando na Zara e naquela noite, consegui dormir um pouco imaginando se essa esposa de aluguel seria ela.No dia seguinte o sol da manhã atravessava as grandes janelas da minha sala, jogando luzes douradas sobre os móveis escuros. Eu estava sentado à mesa, revisando alguns documentos, mas minha mente estava longe. O telefonema de Lars na noite anterior não saía da minha cabeça. Zara. Seria mesmo a mesma Zara que eu conhecia? Eu balancei a cabeça, tentando afastar as memórias. Aquela Zara, a que eu conhecia no passado
Zara Miller Eu sempre acreditei que o amor verdadeiro era como nos contos de fadas, algo que transcende o tempo e o espaço, uma força inabalável que une duas almas destinadas a ficarem juntas. Era esse tipo de amor que eu imaginava enquanto crescia, e foi com essa esperança que eu me preparei para o dia mais importante da minha vida: o meu casamento. O vestido branco, que havia sido cuidadosamente escolhido, parecia brilhar com a luz suave da manhã. Cada detalhe da cerimônia tinha sido planejado com carinho. Ao olhar meu reflexo no espelho, sorri, sentindo uma onda de felicidade pura. Este era o momento que eu havia aguardado por tanto tempo, o início de um novo capítulo ao lado do homem que eu acreditava ser o meu príncipe encantado. Mas a vida, com sua cruel ironia, tinha outros planos para mim. Antes de sairmos do cartório, enquanto eu segurava a mão de Victor com um misto de nervosismo e excitação, uma mulher se aproximou de nós, com passos decididos e um olhar carregado de de