POV - LeoniA floresta não apenas esconde os mais profundos mistérios místicos de uma cidade, mas também se torna o palco para as mais audazes fugas. A jovem que carrego em meus braços é leve como algodão pelo desejo de protegê-la do perigo que me impulsiona a correr com mais rapidez e agilidade. Meus olhos luminosos iluminam a paisagem noturna, fazendo-nos se destacar entre as árvores sombrias.Chego em minha aldeia, povoada por seres semelhantes a mim: Gatos Pardos. Esta se encontra oculta atrás de uma árvore cujo pó costumamos utilizar para nos proteger de criaturas rivais, como os Lobisomens e os Gatos Mestiços. No entanto, suspeitamos que estes últimos já não existam mais. Desta vez, me vejo correndo para me ocultar de uma espécie aparentemente mais frágil: os humanos.No entanto, existe uma regra: a presença de humanos é estritamente proibida na aldeia. Eu, contudo, estava disposto a quebrá-la.— Vulpard! — Kamala posiciona-se na entrada da aldeia. — Ela não pode entrar.— É uma
Permaneci sentado na arquibancada, observando o final da aula das jovens que se dedicavam a extensos treinamentos de saltos em variados equipamentos de ginástica. Felicia dirigiu-se a mim, percebendo que eu segurava o bestiário de Alys.— Cato? — Ela toma uma garrafa de água e seca o suor. — O que está lendo?— Preciso de um favor seu. — Eu destaco uma página, a mostrando. Ainda não havia perdoado as mentiras de Felicia, mas isso estava além do meu controle. — Vê isso?— Naga? — Ela franze a sobrancelha ao avistar a criatura. — Isso é sobre Tabitha?— Mais cedo, eu estava em seu quarto e notei que haviam manchas diferentes em sua pele. — Alerto.— Não deve ser nada de mais, Cato. — Ela afirma, enquanto se senta ao meu lado. No entanto, mantenho-me firme em minha convicção.— Gatos Pardos não podem transformar outros em Gatos Pardos, tampouco em... Naga, o que quer que seja isso.— Só fica de olho nela. — Peço, fechando o livro.— Vai para o circo agora? — Ela pergunta.— Tenho o almoço
— Nós precisamos conversar, Alys. — Posso observar a jovem se aproximando enquanto fecho a porta. Ela larga as sacolas de compras e recolhe a chave, escondendo-a na parte inferior da tábua. — O que seu pai tem ali pode acabar com...— Eu sei! — Ela colocou a mão sobre minha boca para silenciar-me. — Não fala alto. — Ela agarrou as bolsas, inspirou profundamente, e nos conduziu para fora daquele lugar.— Ele sabe o que eu sou. — Eu a observo.— Ele não sabe, Cato. — Ela estava irredutível.— Alys... Eu acho que você não conhece seu pai. — Eu me esforço para ser o mais assertivo possível, porém, ela parece não apreciar isso.— Você não sabe do que está falando. Nem nos conhece. — Ela esbraveja. — É melhor você ir embora. Você mexeu onde não deveria. — Ela dá de ombros para mim.— Alys... — Eu a chamo, observando enquanto ela se afasta em direção à porta. Me aproximo, ainda sendo ignorado. — Lembra do que conversamos. Não somos os erros de nossos ancestrais.— Vá embora, Cato. — Ela abri
POV - AlysEstava profundamente magoada pelas palavras de Cato. A insinuação que ele fez sobre meu pai era infundada e injusta. Apesar de nossa família ter conflitos históricos com os Gatos Pardos, meu pai nunca foi um criminoso. Na verdade, fomos mais vítimas dessa espécie do que o oposto. A morte da minha mãe foi um resultado direto da ação daquele homem. No entanto, concordo com Cato em uma coisa: nós dois somos muito diferentes e estamos lutando para fazer essa relação funcionar. A cada dia que passa, contudo, desistir parece ser a alternativa mais fácil.Não enxergo qualquer maldade em Cato. Apesar da fera interna, consigo distinguir a bondade em seu coração. Para mim, isso é o que verdadeiramente importa. É o que sempre procurei em um relacionamento. Ele sempre me respeitou, ao contrário de algumas experiências ruins que tive na universidade. Por isso, a desconfiança que sinto é alimentada pela raiva. Mas e se o que ele disse for verdade?Decidi por explorar o porão da garagem,
Ao despertar, noto que minha perna apresenta uma grande laceração. As veias adquirem uma coloração púrpura, assemelhando-se a raios durante uma tempestade, propagando-se lentamente pela extensão da minha perna. A dor é forte embora suportável, mas o cenário ao meu lado aparenta ser ainda mais doído. Meu tio Leoni encontra-se pendurado por dois cabos metálicos, um em cada pulso, inconsciente, ao nível das faces empaladas de animais. Em seu abdômen, a marca de Anemônia se espalha em igual intensidade àquela que possuo na minha perna.Eu me volto para ele, percebendo que meus tornozelos estão presos por duas correntes, fixadas ao chão. O ambiente possui uma atmosfera nebulosa, quase fumegante, que interfere na minha visibilidade, no entanto, é evidente onde estamos: no quarto secreto de Ryker.— Alys? — Chamo seu nome, buscando-a entre o que posso ver. — O que você fez?Por muitas horas, não recebemos resposta. Meu tio parece exausto, com um cansaço evidente. Ocasionalmente, ele desperta
A corrida até o esconderijo de Leoni estava se mostrando um desafio. O homem forte e pesado que eu carregava, gemendo de dor, superava minha força. Ele me atrasava tanto quanto a minha perna ferida, que impedia meus movimentos de serem mais rápidos. Parei brevemente, ciente de que não tinha meu telefone para ligar para Felicia, enquanto me concentrava nos sons da floresta.— Quem está aí? — Eu me viro para procurar, até finalmente localizar sua sombra escura entre os arbustos. — Eu já sei de toda a verdade.— Onde está meu irmão? — Tygon se aproxima, porém Calice posiciona as mãos em seus ombros, puxando-o para trás.— Você não irá para lugar algum, garoto. — Ela mostra suas presas. — Este homem precisa morrer.— Vocês não sabem do que estão falando. Ryker está enganando vocês também! — Eu declaro, com um olhar irritado, enquanto Leoni faz meu corpo cambalear. — Ele quer meu sangue para ressuscitar a sua falecida esposa.— Você está mentindo! — Clarice grita. Cuidadosamente, eu coloco
A recuperação dos movimentos do meu corpo ocorre de maneira gradual. Sinto-me como uma máquina viva, robótica, com músculos rígidos, incapazes de executar movimentos completos. Gradualmente, meus ossos estalam à medida que se fortalecem, retomando a sensação da fase anterior e induzindo um considerável desconforto. Agora, a nova etapa se funde com a anterior, deixando-me imobilizado e mergulhado em agonia. Nesse processo, transformo-me em algo semelhante a uma puma.— Um esconderijo subterrâneo. — Calice observou o local, que mal conseguia acomodar a todos nós. — Esperto, Leoni.— Como cobre seus rastros? — Tygon perguntou.— Isso não é da conta de vocês. — Felicia retrucava, meticulosamente examinando o abdômen lesionado de seu pai, que agora havia despertado. — Como está, pai?— Estou bem. — Ele fala sem muita dificuldade, esboçando um sorriso para ela e um olhar de preocupação para mim.— Cato?Aceno com a cabeça, assentindo de forma positiva, embora morda os lábios por causa da dor
O que existe entre o trovão e a tempestade?O som dos meus passos ressoava como trovões ao longe, ecoando pelas ruas inundadas. Cada passo fez meu calçado afundar nas poças, espirrando gotas que bailavam no ar, semelhante aos relâmpagos que cortavam o céu tempestuoso acima de mim. A água dentro do sapato tornava meus movimentos escorregadios, no entanto, eu resistia a cair, segurando firme o único descendente da minha família em meus braços.Correndo desesperadamente, o céu se iluminava com uma luz intensa, acompanhada pelo som perturbador do trovão que ressoava atrás de mim, como se os deuses estivessem decidindo o meu destino. Os lampejos de relâmpago serviam como um lembrete de quão vulnerável minha vida é perante as forças da natureza. Meu desespero era tão excessivo quanto a tempestade.Meus braços estavam doloridos de exaustão enquanto segurava o bebê, e seu peso parecia aumentar durante a viagem que realizei desde o início da tempestade. Meus músculos estavam rígidos e encharca