A combinação do susto e da vergonha causou o desaparecimento da minha ereção, ao mesmo tempo que as garras começaram a recuar. No entanto, as presas permaneceram visíveis, assim como o rubor da vergonha em meu rosto.— Nada aconteceu, Cato. — Ela me tranquilizou enquanto despertava, espreguiçando. — Eu demorei a dormir, fiquei atenta por causa do que você disse, sobre o sangue. — A vejo se sentar na cama. — Como meu pai caiu no sono, eu acabei voltando para cá e fiquei te olhando.— Me olhando? — Fiquei surpreso. — Por que?— Não sei... Tive medo que algo pudesse acontecer. — Ela falou relaxando os ombros. — Mas caí no sono, e quando acordei, bem, você estava fazendo este escândalo.— Desculpa. — Pedi.Porém, antes que pudéssemos prosseguir com a nossa conversa, o pai dela bateu à porta, indagando sobre a minha presença. Imediatamente, me apressei para me esconder.— Alys? — Ele abriu a porta. — Está conversando com alguém? — Eu ouvia os dois de dentro doguarda-roupa, sentindo as best
A perspectiva de inércia era um privilégio. Todos os meus membros - braços, pernas, tornozelos, cotovelos, mãos, pés, dedos - estavam em constante movimento, estralando como o ruído de um avalanche em desmoronamento, embora com uma intensidade dez vezes maior. Era como se meus ossos estivessem se deslocando de seus lugares, quebrando-se por conta própria, para dar lugar a novas estruturas que se formavam a partir do que havia se rompido dentro de mim. O som era tão avassalador que os meus gritos agudos soavam como meros sussurros. Eu estava em plena transformação e a dor era tão intensa quanto haviam me advertido.Ao ganhar consciência visual, eu não conseguia discernir o local onde me encontrava. Movimentos involuntários do meu corpo me arremessavam contra uma parede robusta. Ainda havia terra em meu corpo e um pouco de sangue nos orifícios, mas certamente não estava mais em uma cova. Alguém havia me resgatado — ou sequestrado. Tentava compreender se estava estático ou em movimento,
— Cato... Você está bem? — O homem de cabelos ruivos, cuja cor não é tão brilhante quanto a do meu tio, parece estar preocupado comigo. Seu rosto sobrepõe o meu feito uma sombra.Observo que me encontro deitado em seu quarto, um espaço organizado, com um amplo espelho à frente e uma cama de casal gigantesca a qual estou deitado, quando ele se afasta. Elliott, ao meu lado, segura uma bolsa de gelo no meu ombro, enquanto Tyron coloca outra no meu tornozelo que atualmente me incomoda.— Não precisa, pai. — Agradeço enquanto tento me afastar, esforçando-me para me levantar, mas ele me empurra de volta.— Você se machucou gravemente. — Ele insiste. — Precisa de repouso, meu filho.— Estávamos apenas jogando bola. — Tyron mentiu, removendo a bolsa de gelo de meu tornozelo e provando que estava em excelente condição. — Deve ter sido só uma torção leve.— Eu tive certeza de ter lhe visto com um osso quebrado. — Ele coça a cabeça confuso. — Bom, pode ser porque estava muito escuro. — Ele respi
Antes de prosseguir para a Universidade Beaston, optei por visitar o quarto de Tabitha. Petit estava com ela. O jovem alimentava um amor não correspondido pela moça loira — era algo notório — entretanto, sua atitude de alimentá-la com sopa não parecia ser motivada por esse sentimento. Existia uma genuinidade na decisão do rapaz em auxiliá-la.A jovem de cabelos loiros e curtos estava sentada, com uma das pernas imobilizada em gesso e elevada. Ela esboçou um largo sorriso ao me ver. Por outro lado, o jovem asiático não parecia compartilhar da mesma alegria. Não que ele me detestasse, mas certamente havia um vislumbre de ciúme em sua expressão.— Cato! — Ela estendeu os braços, convidando-me a me aproximar. — Achei que não iria me ver.— Me desculpe não ter comparecido a sua festa surpresa. — A abraço. — Como está essa perna?— Ela já queria levantar e sair andando. — Petit comenta, soprando cuidadosamente a sopa quente no prato fundo.— Eu estou me sentindo bem! — Ela revira os olhos.
POV - LeoniA floresta não apenas esconde os mais profundos mistérios místicos de uma cidade, mas também se torna o palco para as mais audazes fugas. A jovem que carrego em meus braços é leve como algodão pelo desejo de protegê-la do perigo que me impulsiona a correr com mais rapidez e agilidade. Meus olhos luminosos iluminam a paisagem noturna, fazendo-nos se destacar entre as árvores sombrias.Chego em minha aldeia, povoada por seres semelhantes a mim: Gatos Pardos. Esta se encontra oculta atrás de uma árvore cujo pó costumamos utilizar para nos proteger de criaturas rivais, como os Lobisomens e os Gatos Mestiços. No entanto, suspeitamos que estes últimos já não existam mais. Desta vez, me vejo correndo para me ocultar de uma espécie aparentemente mais frágil: os humanos.No entanto, existe uma regra: a presença de humanos é estritamente proibida na aldeia. Eu, contudo, estava disposto a quebrá-la.— Vulpard! — Kamala posiciona-se na entrada da aldeia. — Ela não pode entrar.— É uma
Permaneci sentado na arquibancada, observando o final da aula das jovens que se dedicavam a extensos treinamentos de saltos em variados equipamentos de ginástica. Felicia dirigiu-se a mim, percebendo que eu segurava o bestiário de Alys.— Cato? — Ela toma uma garrafa de água e seca o suor. — O que está lendo?— Preciso de um favor seu. — Eu destaco uma página, a mostrando. Ainda não havia perdoado as mentiras de Felicia, mas isso estava além do meu controle. — Vê isso?— Naga? — Ela franze a sobrancelha ao avistar a criatura. — Isso é sobre Tabitha?— Mais cedo, eu estava em seu quarto e notei que haviam manchas diferentes em sua pele. — Alerto.— Não deve ser nada de mais, Cato. — Ela afirma, enquanto se senta ao meu lado. No entanto, mantenho-me firme em minha convicção.— Gatos Pardos não podem transformar outros em Gatos Pardos, tampouco em... Naga, o que quer que seja isso.— Só fica de olho nela. — Peço, fechando o livro.— Vai para o circo agora? — Ela pergunta.— Tenho o almoço
— Nós precisamos conversar, Alys. — Posso observar a jovem se aproximando enquanto fecho a porta. Ela larga as sacolas de compras e recolhe a chave, escondendo-a na parte inferior da tábua. — O que seu pai tem ali pode acabar com...— Eu sei! — Ela colocou a mão sobre minha boca para silenciar-me. — Não fala alto. — Ela agarrou as bolsas, inspirou profundamente, e nos conduziu para fora daquele lugar.— Ele sabe o que eu sou. — Eu a observo.— Ele não sabe, Cato. — Ela estava irredutível.— Alys... Eu acho que você não conhece seu pai. — Eu me esforço para ser o mais assertivo possível, porém, ela parece não apreciar isso.— Você não sabe do que está falando. Nem nos conhece. — Ela esbraveja. — É melhor você ir embora. Você mexeu onde não deveria. — Ela dá de ombros para mim.— Alys... — Eu a chamo, observando enquanto ela se afasta em direção à porta. Me aproximo, ainda sendo ignorado. — Lembra do que conversamos. Não somos os erros de nossos ancestrais.— Vá embora, Cato. — Ela abri
POV - AlysEstava profundamente magoada pelas palavras de Cato. A insinuação que ele fez sobre meu pai era infundada e injusta. Apesar de nossa família ter conflitos históricos com os Gatos Pardos, meu pai nunca foi um criminoso. Na verdade, fomos mais vítimas dessa espécie do que o oposto. A morte da minha mãe foi um resultado direto da ação daquele homem. No entanto, concordo com Cato em uma coisa: nós dois somos muito diferentes e estamos lutando para fazer essa relação funcionar. A cada dia que passa, contudo, desistir parece ser a alternativa mais fácil.Não enxergo qualquer maldade em Cato. Apesar da fera interna, consigo distinguir a bondade em seu coração. Para mim, isso é o que verdadeiramente importa. É o que sempre procurei em um relacionamento. Ele sempre me respeitou, ao contrário de algumas experiências ruins que tive na universidade. Por isso, a desconfiança que sinto é alimentada pela raiva. Mas e se o que ele disse for verdade?Decidi por explorar o porão da garagem,