— Cato... Você está bem? — O homem de cabelos ruivos, cuja cor não é tão brilhante quanto a do meu tio, parece estar preocupado comigo. Seu rosto sobrepõe o meu feito uma sombra.Observo que me encontro deitado em seu quarto, um espaço organizado, com um amplo espelho à frente e uma cama de casal gigantesca a qual estou deitado, quando ele se afasta. Elliott, ao meu lado, segura uma bolsa de gelo no meu ombro, enquanto Tyron coloca outra no meu tornozelo que atualmente me incomoda.— Não precisa, pai. — Agradeço enquanto tento me afastar, esforçando-me para me levantar, mas ele me empurra de volta.— Você se machucou gravemente. — Ele insiste. — Precisa de repouso, meu filho.— Estávamos apenas jogando bola. — Tyron mentiu, removendo a bolsa de gelo de meu tornozelo e provando que estava em excelente condição. — Deve ter sido só uma torção leve.— Eu tive certeza de ter lhe visto com um osso quebrado. — Ele coça a cabeça confuso. — Bom, pode ser porque estava muito escuro. — Ele respi
Antes de prosseguir para a Universidade Beaston, optei por visitar o quarto de Tabitha. Petit estava com ela. O jovem alimentava um amor não correspondido pela moça loira — era algo notório — entretanto, sua atitude de alimentá-la com sopa não parecia ser motivada por esse sentimento. Existia uma genuinidade na decisão do rapaz em auxiliá-la.A jovem de cabelos loiros e curtos estava sentada, com uma das pernas imobilizada em gesso e elevada. Ela esboçou um largo sorriso ao me ver. Por outro lado, o jovem asiático não parecia compartilhar da mesma alegria. Não que ele me detestasse, mas certamente havia um vislumbre de ciúme em sua expressão.— Cato! — Ela estendeu os braços, convidando-me a me aproximar. — Achei que não iria me ver.— Me desculpe não ter comparecido a sua festa surpresa. — A abraço. — Como está essa perna?— Ela já queria levantar e sair andando. — Petit comenta, soprando cuidadosamente a sopa quente no prato fundo.— Eu estou me sentindo bem! — Ela revira os olhos.
POV - LeoniA floresta não apenas esconde os mais profundos mistérios místicos de uma cidade, mas também se torna o palco para as mais audazes fugas. A jovem que carrego em meus braços é leve como algodão pelo desejo de protegê-la do perigo que me impulsiona a correr com mais rapidez e agilidade. Meus olhos luminosos iluminam a paisagem noturna, fazendo-nos se destacar entre as árvores sombrias.Chego em minha aldeia, povoada por seres semelhantes a mim: Gatos Pardos. Esta se encontra oculta atrás de uma árvore cujo pó costumamos utilizar para nos proteger de criaturas rivais, como os Lobisomens e os Gatos Mestiços. No entanto, suspeitamos que estes últimos já não existam mais. Desta vez, me vejo correndo para me ocultar de uma espécie aparentemente mais frágil: os humanos.No entanto, existe uma regra: a presença de humanos é estritamente proibida na aldeia. Eu, contudo, estava disposto a quebrá-la.— Vulpard! — Kamala posiciona-se na entrada da aldeia. — Ela não pode entrar.— É uma
Permaneci sentado na arquibancada, observando o final da aula das jovens que se dedicavam a extensos treinamentos de saltos em variados equipamentos de ginástica. Felicia dirigiu-se a mim, percebendo que eu segurava o bestiário de Alys.— Cato? — Ela toma uma garrafa de água e seca o suor. — O que está lendo?— Preciso de um favor seu. — Eu destaco uma página, a mostrando. Ainda não havia perdoado as mentiras de Felicia, mas isso estava além do meu controle. — Vê isso?— Naga? — Ela franze a sobrancelha ao avistar a criatura. — Isso é sobre Tabitha?— Mais cedo, eu estava em seu quarto e notei que haviam manchas diferentes em sua pele. — Alerto.— Não deve ser nada de mais, Cato. — Ela afirma, enquanto se senta ao meu lado. No entanto, mantenho-me firme em minha convicção.— Gatos Pardos não podem transformar outros em Gatos Pardos, tampouco em... Naga, o que quer que seja isso.— Só fica de olho nela. — Peço, fechando o livro.— Vai para o circo agora? — Ela pergunta.— Tenho o almoço
— Nós precisamos conversar, Alys. — Posso observar a jovem se aproximando enquanto fecho a porta. Ela larga as sacolas de compras e recolhe a chave, escondendo-a na parte inferior da tábua. — O que seu pai tem ali pode acabar com...— Eu sei! — Ela colocou a mão sobre minha boca para silenciar-me. — Não fala alto. — Ela agarrou as bolsas, inspirou profundamente, e nos conduziu para fora daquele lugar.— Ele sabe o que eu sou. — Eu a observo.— Ele não sabe, Cato. — Ela estava irredutível.— Alys... Eu acho que você não conhece seu pai. — Eu me esforço para ser o mais assertivo possível, porém, ela parece não apreciar isso.— Você não sabe do que está falando. Nem nos conhece. — Ela esbraveja. — É melhor você ir embora. Você mexeu onde não deveria. — Ela dá de ombros para mim.— Alys... — Eu a chamo, observando enquanto ela se afasta em direção à porta. Me aproximo, ainda sendo ignorado. — Lembra do que conversamos. Não somos os erros de nossos ancestrais.— Vá embora, Cato. — Ela abri
POV - AlysEstava profundamente magoada pelas palavras de Cato. A insinuação que ele fez sobre meu pai era infundada e injusta. Apesar de nossa família ter conflitos históricos com os Gatos Pardos, meu pai nunca foi um criminoso. Na verdade, fomos mais vítimas dessa espécie do que o oposto. A morte da minha mãe foi um resultado direto da ação daquele homem. No entanto, concordo com Cato em uma coisa: nós dois somos muito diferentes e estamos lutando para fazer essa relação funcionar. A cada dia que passa, contudo, desistir parece ser a alternativa mais fácil.Não enxergo qualquer maldade em Cato. Apesar da fera interna, consigo distinguir a bondade em seu coração. Para mim, isso é o que verdadeiramente importa. É o que sempre procurei em um relacionamento. Ele sempre me respeitou, ao contrário de algumas experiências ruins que tive na universidade. Por isso, a desconfiança que sinto é alimentada pela raiva. Mas e se o que ele disse for verdade?Decidi por explorar o porão da garagem,
Ao despertar, noto que minha perna apresenta uma grande laceração. As veias adquirem uma coloração púrpura, assemelhando-se a raios durante uma tempestade, propagando-se lentamente pela extensão da minha perna. A dor é forte embora suportável, mas o cenário ao meu lado aparenta ser ainda mais doído. Meu tio Leoni encontra-se pendurado por dois cabos metálicos, um em cada pulso, inconsciente, ao nível das faces empaladas de animais. Em seu abdômen, a marca de Anemônia se espalha em igual intensidade àquela que possuo na minha perna.Eu me volto para ele, percebendo que meus tornozelos estão presos por duas correntes, fixadas ao chão. O ambiente possui uma atmosfera nebulosa, quase fumegante, que interfere na minha visibilidade, no entanto, é evidente onde estamos: no quarto secreto de Ryker.— Alys? — Chamo seu nome, buscando-a entre o que posso ver. — O que você fez?Por muitas horas, não recebemos resposta. Meu tio parece exausto, com um cansaço evidente. Ocasionalmente, ele desperta
A corrida até o esconderijo de Leoni estava se mostrando um desafio. O homem forte e pesado que eu carregava, gemendo de dor, superava minha força. Ele me atrasava tanto quanto a minha perna ferida, que impedia meus movimentos de serem mais rápidos. Parei brevemente, ciente de que não tinha meu telefone para ligar para Felicia, enquanto me concentrava nos sons da floresta.— Quem está aí? — Eu me viro para procurar, até finalmente localizar sua sombra escura entre os arbustos. — Eu já sei de toda a verdade.— Onde está meu irmão? — Tygon se aproxima, porém Calice posiciona as mãos em seus ombros, puxando-o para trás.— Você não irá para lugar algum, garoto. — Ela mostra suas presas. — Este homem precisa morrer.— Vocês não sabem do que estão falando. Ryker está enganando vocês também! — Eu declaro, com um olhar irritado, enquanto Leoni faz meu corpo cambalear. — Ele quer meu sangue para ressuscitar a sua falecida esposa.— Você está mentindo! — Clarice grita. Cuidadosamente, eu coloco