Victoria
A chuva parece cessar um pouco na medida que minha viagem de volta para a cabana se torna mais lenta e difícil. O homem Nova Espécie geme de dor algumas vezes mas não acorda por nada. A parte mais difícil vem agora, os três degraus para a varanda, temo machucá-lo mas pior do que estar, com certeza não fica.
Paro para respirar e retomar um pouco de força, depois de alguns minutos, com um impulso forte eu o puxo degraus acima. A madeira molhada faz deslizar com mais facilidade, até mesmo eu já escorreguei algumas vezes e caí nelas quando choveu.
— Consegui! — expresso feliz quando estamos na porta da cabana.
Minha respiração está tão ofegante meu peito dói ao inspirar e expirar o ar, me recomponho e abro a porta, vou até o quarto e coloco o colchão no chão, nunca iria conseguir levantar o espécie para colocá-lo em cima da cama.
Vários minutos depois, me jogo ao seu lado no colchão, totalmente exausta com minhas articulações doloridas, nunca fiz tanta força na vida e é provável que eu sinta meus músculos por alguns dias. Depois que consegui trazê-lo para dentro, ainda voltei para o poço onde religuei o cano de água, afinal de contas não conseguiria cuidar dele sem limpá-lo.
— Ainda bem que meu colchão é grande, embora estejamos fazendo a maior bagunça, você todo sujo de sangue e eu toda suja de terra. — murmuro sabendo que ele não vai responder.
Para ser um pouco sincera eu até que senti falta de alguém dentro dessa cabana para conversar, as paredes já devem estar cansadas de me ouvir falando sozinha o tempo todo. Os únicos com quem eu falava diariamente eram os clientes da cafeteria mas em sua maioria eram só frases típicas de uma atendente simpática, com excessão é claro do Sr. Paul.
— Outro ponto positivo do meu colchão ser grande é que caso contrário você ocuparia todo o lugar e está frio demais, eu não poderia dormir no chão e meu sofá é todo velho e desproporcional em seu estofado, cheio de buracos. Tem até uma madeira lá que machuca as nádegas.
Percebo que estou falando sozinha como uma maluca, no entanto não posso evitar quando já é corriqueiro para mim fazer isso no meu dia a dia. Me recomponho depois de alguns minutos e me levanto. Agora eu tenho que evitar que ele fique molhado, isso pode agravar seu estado de saúde, infelizmente eu preciso tirar as roupas dele para deixá-lo limpo e seco e depois cuidar de seus machucados.
— A única maneira de tirar sua calça é cortando elas, apesar de já estarem bem velhas pode ter algum ferimento que se eu forçar puxar de você, pode machucar mais. — murmuro e vou atrás de uma tesoura para fazer meu trabalho — Não se preocupe, amanhã irei dar um jeito de comprar uma nova para você na cidade, eu trabalho perto de uma lojinha de roupas.
Não consigo conter as lágrimas com o número de cortes e contusões que vejo no pobre Nova Espécie. Minhas mãos tremem quando corto e arranco sua calça fora, meu rosto fica quente como o inferno no momento em que me dou conta de que ele não usava nada debaixo de suas calças.
Tento ao máximo não olhá-lo lá, mas é um tanto impossível quando ele é impressionantemente grande que eu não posso evitar em meu campo de visão. Faço o meu máximo para manter um toque respeitoso e espero que ele não fique bravo por isso quando acordar.
Meu coração se parte quando constato o tanto de hematomas e cortes pelo seu corpo. Provavelmente ele foi torturado por muito tempo, lágrimas deslizam pelos meus olhos quando retiro a atadura do seu tórax, é o ferimento mais grave até agora e parece estar inflamando.
Me levanto rápido, jogo a calça velha no lixo, entro no banheiro e encho um balde com água, vou até o fogão, despejo em uma panela grande e deixo mornar.
Quando a água atinge a temperatura que eu quero, retiro do fogo, coloco no balde e pego algumas toalhas. Me abaixo perto dele e começo a limpar os ferimentos menores. Tento virá-lo de costas e com dificuldade consigo, lavo toda suas costas até as pernas, em seguida seco com uma toalha limpa, aproveito para arrancar o lençol e o viro novamente.
Tomo todo cuidado do mundo quando limpo o corte maior em sua costela, em seguida faço um curativo rápido com algumas coisas que tenho em casa. Meu rosto fica ainda mais quente quando chego na área íntima dele, parece grandemente construído mesmo em seu estado de inatividade.
Minhas mãos tremem na medida que o limpo suavemente tentando não olhar muito e terminar o mais rápido possível. Assim que termino de limpar por completo seu corpo, desato o nó que fiz em seu cabelo, busco um pente e os penteio com um pouco de dificuldade pois está muito embaraçado, consigo terminar com a ajuda do meu creme para pentear.
— Ufa! Pronto. Agora você está limpinho. — sibilo me levantando e pegando toda a bagunça que fiz.
Minha carne do corpo treme por todo esforço que fiz, mas olhando-o agora, eu faria tudo de novo.
Afasto o corpo do Nova Espécie para um lado do colchão e forro um novo lençol e em seguida puxo do outro lado até ter o colchão completamente forrado. O ajeito direitinho no colchão e o cubro com cobertas.
— Você já parece melhor aparentemente. Espero que acorde logo e me diga o que fazer para ajudá-lo. De forma alguma chamarei alguém, eu não sei em quem podemos confiar.
Nas horas seguintes eu passo arrumando as compras que fiz, lavo todas as toalhas e panos que usei e também o lençol, estendo nos varais pela minha varanda e em seguida entro para tomar um banho, sou rápida em fazer isso e então começo a preparar o jantar, se ele acordar com certeza estará com fome, sendo assim faço um pouco a mais do que estou acostumada a fazer.
Fico aliviada quando as luzes se acendem me deixando saber que a energia voltou. Graças a Deus! Apago as velas e olho para o lado de fora da janela, ainda chove fraco e faz muito frio, fecho toda a cabana e caminho até o colchão com um prato de sopa, observo o grande Nova Espécie deitado, coloco minha mão sobre sua testa e a febre parece ter abaixo um pouco apesar de seu corpo ainda estar mais quente que o normal.
Volto para a sala e me sento no sofá para comer, depois de alguns minutos sinto-me satisfeita, eu poderia dormir nesse sofá mas infelizmente ele é desconfortável demais. Terei que dormir com o Nova Espécie. Vou me sentir melhor estando por perto caso ele piore.
1001Tento abrir meus olhos mas não consigo fazê-lo, espero sentir meu corpo dilacerado doer, mas não sinto tanto quanto me lembro antes de apagar. Um pensamento insano me apavora um pouco, eu estou morto? Não consigo abrir os olhos e nem mexer muito do meu corpo, porém não sinto mais tanta dor. É estranho.Puxo o ar para meus pulmões na tentativa de sentir o cheiro de alguém ou de algo e o que sinto me deixa ainda mais confuso.Sinto o cheiro de uma fêmea humana, é doce e leve, inclusive sinto esse cheiro por todo meu corpo, exclusivamente acima da minha cabeça, como se meus cabelos estivessem com esse aroma impregnado.Franzo
VictoriaBem, a idéia de soltar o Nova Espécie não está se quer em cogitação na minha cabeça, pelo menos não até ele entender que não lhe farei mal. Entendo que está traumatizado e fragilizado, entretanto preciso me preocupar com minha segurança. Ele me ameaçou e não parece amigável. Se ele já parece enorme deitado, de pé e vindo com raiva para mim deve parecer aterrorizante.— Existem dois lugares, Homeland e Reserva, é onde vivem todos os Novas Espécies que foram libertados há muitos anos. O mundo agora está em dívida com o seu povo, por isso eles tem seu espaço soberano, ou seja, as leis fora dos portões não se aplicam a eles, l&a
Victoria— Agora você vai se alimentar. — informo após guardar todo material que usei em seus ferimentos.Caminho até a mesinha na qual deixei em cima a tigela com a sopa e o prato com as torradas.— Como vou me alimentar assim? Solte-me para que eu possa comer. — pede mais uma vez.O ignoro, não querendo começar a mesma discussão novamente. Sento-me na beirada da cama e ergo uma colher com a sopa em direção ao seus lábios, ele balança o rosto em direção a colher batendo nela fazendo derramar tudo em sua barriga.— Poxa, olha o que você fez!
Victoria— Te falei quase tudo sobre mim. Você quer me dizer seu nome verdadeiro agora? Ou eu posso continuar te chamando de Gross?— pergunto.— Eu me chamo 1001. — responde sem hesitar e eu o encaro surpresa.— Sério? — exclamo e ele franze o cenho.— O que está errado com o meu nome?— Seu nome não pode ser esse, isso aparentemente é um nome de cobaia. Agora você é livre e deve escolher um nome de verdade, algo que goste, se indentifique. É assim que os outros Novas Espécies escolhem seus nomes.
Victoria— Oi, Victoria. Como você está? — o homem com alguns anos de diferença de mim, se aproxima com pouca cautela.Instintivamente me afasto. Ele tem essa mania de querer tocar enquanto fala e eu odeio que me toquem.— Oi. Estou bem. — respondo limitando as palavras.A maioria dos homens pensam que se você é simpática, está dando em cima ou abertura para eles se achegarem mais e Maik é um exemplo típico do tipo.— Você quer almoçar comigo hoje? Semana passada não deu porque você estava doente. — ele pergunta e eu me lembro de t
VictoriaSou pega pela cintura e levantada do chão sem nenhuma dificuldade aparente. Gross caminha comigo até chegar no quarto e para quando chega perto da cama, que ele já arrumou e colocou o colchão de volta,e então me solta sobre ela. Ainda estou atordoada e confusa para lutar mas quando ele se afasta, eu faço menção de levantar para correr.— Nem pense nisso, será perda de tempo. Eu irei alcançá-la em qualquer lugar que vá. — adverte percebendo minha intenção. Congelo no lugar.Olho para o Nova Espécie que parece ainda mais enorme e aterrorizante, ele é como eu suspeitava que seria de pé e ele está... totalme
Victoria— Eu gostaria muito que me permitisse mostrar a você que o prazer existe. Não só através de um toque como este, mas ir além. — fala de repente.Suas palavras me fazem abrir os olhos e sinto imediatamente a falta da carícia quando ele para de tocar meus cabelos e meu braço. De uma coisa eu tenho certeza, o toque dele não me machucou ou me trouxe asco como acontecia com Robert.— Isso é estranho, acabamos de nos conhecer. Não, acho melhor não. — balanço a cabeça sentindo incerteza nas minhas próprias palavras quando na verdade queria que ele continuasse a me tocar.Ele abre um
Gross— Obrigado. Eu não vou desapontá-la. — agradeço e abro um sorriso, sentindo dentro de mim uma felicidade incomum.Acabo não me importando ou me envergonhando em demonstrar tamanho contentamento com sua permissão.Ela apenas olha para mim com as bochechas rosadas e os olhos azuis que estão mais escuros, eu achava que não conseguia distinguir outros tipos de olhares porque nunca havia sido olhado de outra forma a não ser raiva, porém o que vejo na perfeição azul agora parece que ela me deseja. É assim que deve ser um olhar de desejo.Posso sentir o cheiro de sua excitação e isso me deixa louco, ne