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Tento abrir meus olhos mas não consigo fazê-lo, espero sentir meu corpo dilacerado doer, mas não sinto tanto quanto me lembro antes de apagar. Um pensamento insano me apavora um pouco, eu estou morto? Não consigo abrir os olhos e nem mexer muito do meu corpo, porém não sinto mais tanta dor. É estranho.

Puxo o ar para meus pulmões na tentativa de sentir o cheiro de alguém ou de algo e o que sinto me deixa ainda mais confuso.

Sinto o cheiro de uma fêmea humana, é doce e leve, inclusive sinto esse cheiro por todo meu corpo, exclusivamente acima da minha cabeça, como se meus cabelos estivessem com esse aroma impregnado.

Franzo o cenho pensando na possibilidade de ter sido raptado de novo e que elas vão continuar tirando meu esperma de mim contra minha vontade, no entanto eu me sinto limpo e lá elas não me davam banho.

Minha consciência começo a retornar e eu lentamente consigo abrir os olhos, encaro ainda com a visão embaçada o teto de madeira em cima de mim, olho ao redor e vejo um quarto de madeira totalmente organizado, olho para baixo do meu corpo e confirmo que estou nu debaixo de uma coberta grossa. 

Eu não reconheço nenhum dos cheiros das fêmeas ou dos guardas que me mantinham preso no entanto. Ouço então um som suave e agradável, um tipo de canto vindo de outro cômodo e logo ouço o som de passos se aproximando. Todos os meus instintos me fazem querer levantar para fugir seja lá de quem esteja me mantendo mas sou impedido por algemas nos meus pulsos.

Observo melhor e estou deitado em um colchão no chão, ao lado de uma cama de ferro, sigo o olhar até meus pulsos e eles estão presos em um dos pés da cama que está fundido ao chão.

Grunho irritado. Fui mesmo capturado? Que tipo de cativeiro é esse agora?

Minha mente volta pouco antes de eu apagar e me recordo de avistar uma cabana de madeira, eu caí esperançoso que alguém me ajudaria, possivelmente é nela que estou. O desespero da dor que eu estava sentindo não me fez pensar direito que os humanos moradores dela poderiam ser traidores e poderiam me entregar de volta para a Mercille.

Tento forçar meus pulsos a arrancar as algemas mas ainda não estou em meu estado de força bruta total. Então a imagem de uma fêmea humana preenche meu campo de visão na porta do quarto em que estou. Ela me encara perplexa percebendo que estou acordado e rapidamente corre até mim.

Encolho meu corpo e rosno para ela que parece chocada com minha reação.

— Olá... Eu me chamo Victoria Carver. Está sentindo dor? Está com fome? Acabei de preparar o jantar. — ela diz com a voz suave que faz algo estranho com meu corpo.

Dou a ela um olhar frio, incapaz de dizer qualquer palavra no momento. Ela me encara parecendo esperar por alguma resposta minha que eu não pretendo dar até conseguir analisar direito a situação. Olho para o rosto da fêmea e ela é incrivelmente bela apesar de miúda em comparação a mim. Seus olhos são azuis e seus cabelos loiro escuro, suas feições são tão delicadas que parece não ser real.

— Ok... Esse é um silêncio bem desconfortável e eu posso sentir vibrações de raiva vindo de você. Só estou tentando ajudar. Você tem um nome? Eu não vou te fazer mal, você está a salvo agora.

— Não acredito em você. — consigo dizer com minha voz mais animalesca que o normal — Me solte. Por que estou algemado se não vai me fazer mal?

Ela parece surpresa por eu ter começado a falar e então levanta a blusa levemente, revelando um hematoma em sua costela.

— Faz três dias que você está desacordado e quando eu tentei te alimentar com uma sopa bem líquida para que não ficasse desidratado, você começou a se debater e me atacou dormindo. Minha costela ainda dói mas vai passar. Por isso o algemei, para não me machucar e não se machucar também. Eu precisava me aproximar para olhar seus machucados e tentar te dar água e não podia fazer isso nocauteada, porque era isso que acabaria acontecendo.

Suas palavras me dizem que suas ações a fazem ser boazinha demais e não existem pessoas boas no mundo, eu sou a prova viva disso. Com certeza está tramando alguma coisa, caso contrário por que me ajudaria? Humanos só fazem algo bom para alguém, esperando coisa melhor em troca. Não faz sentido. Eu não tenho nada para oferecer.

Luto contra as algemas mas meu corpo ainda parece fraco, se não eu poderia simplesmente quebrá-las. Rosno para ela, pura raiva me invadindo.

— Eu não vou permitir que roube meu esperma! Quando eu estiver forte o suficiente, vou quebrar essas malditas algemas e irei matá-la com minhas próprias mãos. Matarei a todos os envolvidos. — ameaço, furioso.

A fêmea dá um passo para trás cambaleando, parecendo surpreendida com minha ameaça, vejo medo surgir em seu olhar e não consigo evitar me sentir um pouco culpado, mas se ela trabalha para a mercille, ela merece isso e muito mais.

— Talvez eu mereça essa ingratidão para que eu possa deixar de ser uma idiota coração mole. E o que quer dizer com roubar seu esperma? Você está maluco? Por que eu faria isso? — exclama com raiva brilhando em seus olhos azuis.

— É para isso que as fêmeas me mantém algemado. Se você não vai roubar meu esperma para testes de procriação e não vai me torturar por pura diversão, solte-me agora.

Um pouco da raiva em seu olhar se dissipa e lágrimas parecem substituir. Ela me encara perplexa e meio boquiaberta.

— Era isso que faziam com você? — me olha de uma forma que eu não sei explicar. Eu nunca fui olhado assim.

Os únicos olhares que eu consigo discernir são os de raiva e seus sinônimos.

— Solte-me fêmea! Prometo matá-la rápido se o fizer agora. — grunho.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu com você, de verdade. Mas você acaba de me ameaçar e está com raiva sem eu ter feito nada de errado, eu não quero morrer e você vai me machucar se eu soltá-lo. Olha o seu tamanho, nunca poderia me defender.

— Solte-me! — grunho, irado, lutando mais contra as algemas.

Ela caminha até mim, parecendo determinada.

— Você vai ficar restrito até que eu descubra o que fazer com você. Pensei em esperar você acordar para me dizer, mas já que não é amigável, vou tentar contato com Homeland.

Rosno para ela, alto e profundo, pretendendo ser o mais assustador possível. Ela arregala os olhos e volta mais alguns passos para longe de mim.

— O que é isso? O que é Homeland? O que irão fazer comigo lá?

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