O Vazio do DesaparecimentoOs dias começaram a passar lentamente, e o silêncio sobre o paradeiro de Clara tornava-se insuportável. A cada novo amanhecer, a angústia crescia. Miguel passava boa parte do tempo na varanda, olhando para o horizonte, com o celular sempre ao alcance da mão, esperando alguma notícia, algum sinal. Mas nada acontecia.Naquela manhã, o som da campainha ecoou pela casa. Miguel, cansado e abatido, viu Cecília entrar com o pai, ambos exibindo expressões frias e controladas. Cecília, vestida impecavelmente como sempre, lançou um olhar rápido ao redor, como quem não se importava verdadeiramente com o que acontecia ali. Seu pai, com a habitual calma, cumprimentou Miguel e se acomodou em uma poltrona.— Como você está, meu jovem? — perguntou o pai de Cecília, com a voz baixa, mas sem muita empatia.— Como acha que eu estou? — Miguel respondeu, seco. — A Clara sumiu e ninguém sabe onde ela está.O pai de Cecília trocou um olhar rápido com a filha, que apenas deu de om
Onde o luxo encontra o vazio Cecília fechou a porta do quarto com força, a frustração transbordando em cada passo enquanto atravessava o espaço amplo e luxuoso de sua suíte. A presença constante de Miguel em sua mente e a obsessão dele por Clara faziam seu sangue ferver. Ela não suportava ser deixada de lado, muito menos por uma enfermeira. No banheiro, ela abriu a torneira da banheira e despejou generosamente sais perfumados, criando uma espuma densa e fragrante. A água quente jorrava, preenchendo o espaço com vapor e o aroma relaxante. Cecília se despiu lentamente, apreciando o contato do ar fresco contra sua pele. Quando a banheira estava cheia, mergulhou na água quente, sentindo os músculos relaxarem. Fechou os olhos, tentando afastar da mente a figura de Clara e os olhares de Miguel. O tempo parecia escorrer com a água enquanto Cecília lavava o cabelo com movimentos meticulosos, deixando a espuma deslizar pela pele. Após o banho, enxugou-se com uma toalha macia e escolheu, de s
Uma nova enfermeira, mas não o mesmo alívioNo meio do nada, em uma sala fria e escura, Clara está sentada em uma cadeira de metal, com as mãos amarradas nas costas. A atmosfera é opressiva, e o silêncio é quebrado apenas pelo som abafado de passos pesados e vozes baixas vindo do lado de fora. Uma lâmpada fraca balança sobre sua cabeça, criando sombras que se movem nas paredes gastas.Enquanto Clara tenta manter a calma, os sequestradores — homens mascarados e de fala contida — a vigiam, mas não interagem muito. A tensão é palpável. Um dos homens, mais alto e forte, se afasta, pega um telefone e disca um número. A ligação é breve e direta.— Está tudo sob controle, ela não deu trabalho nenhum. — Ele faz uma pausa, escutando a resposta do outro lado. — Sim, ninguém sabe onde ela está.Clara ergue a cabeça ligeiramente, tentando captar mais detalhes, mas o homem caminha para longe, falando em voz baixa.— Ainda não. Estamos esperando sua próxima ordem.Há um silêncio pesado do outro lad
O peso da ausência e uma mensagem inesperadaMiguel acordou de um sono inquieto, com a cabeça latejando mais uma vez. A ausência de Clara era uma sombra constante que o seguia, drenando sua energia e obscurecendo qualquer vestígio de paz. Ele se ajeitou na cama, tentando afastar a dor, e pegou o celular na mesa de cabeceira. Uma luz de notificação piscava, alimentando sua esperança.Ansioso, desbloqueou o aparelho. Era uma mensagem estranha, vinda de um número desconhecido:"Clara está segura, mas não por muito tempo. Descubra a verdade antes que seja tarde."Miguel sentiu o coração acelerar. Ele leu e releu a mensagem, tentando encontrar alguma pista. A dor de cabeça ficou mais intensa enquanto ele se esforçava para interpretar o significado oculto. Quem teria mandado essa mensagem? E o que significava “descubra a verdade”?Isabel entrou no quarto, preocupada ao vê-lo segurando a cabeça.— Filho, a dor piorou? Vou pegar seu remédio.— Mãe... — Miguel interrompeu, segurando o braço de
A Busca que Não Traz RespostasA tensão na casa de Miguel aumentava a cada minuto. Valentina permaneceu em silêncio, com o celular em mãos, aguardando a resposta do contato. Miguel, por sua vez, lutava contra a dor de cabeça que parecia se intensificar a cada pensamento sobre Clara. A ansiedade e a frustração tomavam conta dele, e Isabel observava o filho, preocupada, sem saber como aliviar a agonia que ele carregava.— Você acha que ele vai conseguir rastrear algo? — Miguel perguntou a Valentina, os olhos semicerrados devido à dor.— Eu espero que sim. Mas essas coisas levam tempo... — respondeu ela, com cautela.Miguel balançou a cabeça, a impaciência evidente. Ele não estava disposto a esperar mais tempo do que já tinha esperado. A sensação de impotência era sufocante. Camila, que se mantinha discreta em um canto da sala, preparava um remédio para tentar aliviar a dor dele.— Miguel, por favor, tome isso. Vai te ajudar a descansar. — Camila ofereceu o copo d’água com a pílula.— N
Uma Conversa OuvinteValentina caminhava pela casa, ainda tensa com a falta de notícias sobre Clara. O peso da preocupação era constante, mas ela nunca perdia sua postura firme e determinada. Precisava se manter atenta a qualquer movimento estranho ou pista que pudesse levá-los até Clara. Ao passar pela porta da cozinha, um sussurro abafado chamou sua atenção. Valentina parou imediatamente, prendendo a respiração, e se encostou silenciosamente na parede ao lado da entrada.A nova enfermeira, Camila, estava ao telefone, a voz baixa e cheia de nervosismo. Valentina inclinou-se levemente para espiar pela fresta entre a porta e a parede. O corpo da enfermeira estava tenso, e o telefone estava pressionado contra sua orelha como se ela quisesse abafar qualquer som.— Eu não consigo... Eles estão procurando... — Camila falava em um tom quase suplicante. — Se eles descobrirem, eu não sei o que vai acontecer...Valentina prendeu a respiração, seus olhos se estreitando. A enfermeira estava esco
Um amor não esquecido e uma mágoa que ainda sangraEra uma manhã ensolarada quando Cecília decidiu sair para caminhar. Precisava distrair a mente, ainda irritada com a obsessão de Miguel por Clara e a falta de controle sobre a situação. As ruas movimentadas de Brasília pareciam indiferentes aos seus pensamentos tumultuados. Com passos rápidos, ela atravessou uma praça até entrar em um charmoso café, onde pretendia se esconder do mundo e se afogar em um cappuccino.Enquanto esperava na fila, Cecília começou a vasculhar mensagens no celular, absorta. Foi então que, ao levantar os olhos, seu coração disparou: ali, do outro lado do café, estava Ricardo Martins, o grande amor de sua vida. Ele estava sentado sozinho em uma mesa perto da janela, vestido casualmente, lendo um livro.Por um instante, Cecília congelou, incapaz de se mover. Aquele homem que havia sido seu mundo ainda tinha o poder de desestabilizá-la completamente. Ele estava mais bonito do que nunca, com a barba bem aparada e o
Onde segredos se revelam sob a luz de neonPor volta de meia-noite, Cecília chegou à boate com o brilho de quem sabe que vai dominar a noite. O vestido azul deslumbrante se ajustava perfeitamente às suas curvas, com um decote ousado na frente e as costas completamente nuas. Um rasgo sensual revelava um pouco mais do que o necessário, tornando cada movimento seu um espetáculo. Cabelos soltos e esvoaçantes balançavam ao ritmo de seus passos, e o batom vermelho acentuava seus lábios, criando um contraste irresistível com sua pele clara. O salto alto estalava contra o piso brilhante da entrada, anunciando sua presença com cada passo.Assim que cruzou as portas, os dois dançarinos que sempre a esperavam surgiram no meio do salão. Ambos vestiam calças pretas justas e nada mais, seus corpos esculpidos brilhando sob as luzes multicoloridas. Um deles sorriu e estendeu a mão para ela, enquanto o outro a envolvia pela cintura com familiaridade. Eles não perderam tempo em conduzi-la para o palco,