A Busca que Não Traz RespostasA tensão na casa de Miguel aumentava a cada minuto. Valentina permaneceu em silêncio, com o celular em mãos, aguardando a resposta do contato. Miguel, por sua vez, lutava contra a dor de cabeça que parecia se intensificar a cada pensamento sobre Clara. A ansiedade e a frustração tomavam conta dele, e Isabel observava o filho, preocupada, sem saber como aliviar a agonia que ele carregava.— Você acha que ele vai conseguir rastrear algo? — Miguel perguntou a Valentina, os olhos semicerrados devido à dor.— Eu espero que sim. Mas essas coisas levam tempo... — respondeu ela, com cautela.Miguel balançou a cabeça, a impaciência evidente. Ele não estava disposto a esperar mais tempo do que já tinha esperado. A sensação de impotência era sufocante. Camila, que se mantinha discreta em um canto da sala, preparava um remédio para tentar aliviar a dor dele.— Miguel, por favor, tome isso. Vai te ajudar a descansar. — Camila ofereceu o copo d’água com a pílula.— N
Uma Conversa OuvinteValentina caminhava pela casa, ainda tensa com a falta de notícias sobre Clara. O peso da preocupação era constante, mas ela nunca perdia sua postura firme e determinada. Precisava se manter atenta a qualquer movimento estranho ou pista que pudesse levá-los até Clara. Ao passar pela porta da cozinha, um sussurro abafado chamou sua atenção. Valentina parou imediatamente, prendendo a respiração, e se encostou silenciosamente na parede ao lado da entrada.A nova enfermeira, Camila, estava ao telefone, a voz baixa e cheia de nervosismo. Valentina inclinou-se levemente para espiar pela fresta entre a porta e a parede. O corpo da enfermeira estava tenso, e o telefone estava pressionado contra sua orelha como se ela quisesse abafar qualquer som.— Eu não consigo... Eles estão procurando... — Camila falava em um tom quase suplicante. — Se eles descobrirem, eu não sei o que vai acontecer...Valentina prendeu a respiração, seus olhos se estreitando. A enfermeira estava esco
Um amor não esquecido e uma mágoa que ainda sangraEra uma manhã ensolarada quando Cecília decidiu sair para caminhar. Precisava distrair a mente, ainda irritada com a obsessão de Miguel por Clara e a falta de controle sobre a situação. As ruas movimentadas de Brasília pareciam indiferentes aos seus pensamentos tumultuados. Com passos rápidos, ela atravessou uma praça até entrar em um charmoso café, onde pretendia se esconder do mundo e se afogar em um cappuccino.Enquanto esperava na fila, Cecília começou a vasculhar mensagens no celular, absorta. Foi então que, ao levantar os olhos, seu coração disparou: ali, do outro lado do café, estava Ricardo Martins, o grande amor de sua vida. Ele estava sentado sozinho em uma mesa perto da janela, vestido casualmente, lendo um livro.Por um instante, Cecília congelou, incapaz de se mover. Aquele homem que havia sido seu mundo ainda tinha o poder de desestabilizá-la completamente. Ele estava mais bonito do que nunca, com a barba bem aparada e o
Onde segredos se revelam sob a luz de neonPor volta de meia-noite, Cecília chegou à boate com o brilho de quem sabe que vai dominar a noite. O vestido azul deslumbrante se ajustava perfeitamente às suas curvas, com um decote ousado na frente e as costas completamente nuas. Um rasgo sensual revelava um pouco mais do que o necessário, tornando cada movimento seu um espetáculo. Cabelos soltos e esvoaçantes balançavam ao ritmo de seus passos, e o batom vermelho acentuava seus lábios, criando um contraste irresistível com sua pele clara. O salto alto estalava contra o piso brilhante da entrada, anunciando sua presença com cada passo.Assim que cruzou as portas, os dois dançarinos que sempre a esperavam surgiram no meio do salão. Ambos vestiam calças pretas justas e nada mais, seus corpos esculpidos brilhando sob as luzes multicoloridas. Um deles sorriu e estendeu a mão para ela, enquanto o outro a envolvia pela cintura com familiaridade. Eles não perderam tempo em conduzi-la para o palco,
Vai ficar tudo bem.Valentina terminava mais uma ligação sem sucesso. O desaparecimento de Clara era um peso constante, mas havia algo que ela não podia ignorar: Luna. A menina estava fragilizada, emocionalmente abalada, e Valentina sabia que precisava dar um jeito de distrair a sobrinha. Com esse pensamento, Valentina pegou o telefone e discou o número da casa de Fábio.— Alô? — atendeu a mãe de Fábio, com sua voz gentil.— Oi, Ana. Sou eu, Valentina. Como você está?— Valentina! Estou bem, querida. Como estão as coisas? Conseguiu alguma notícia?— Nada ainda, Ana. Mas... Eu preciso de um favor. A Luna não está nada bem. Ela está triste e preocupada, e eu pensei que talvez um jantar com vocês pudesse ajudá-la a relaxar um pouco. O que você acha?Ana ficou em silêncio por um momento, pensando.— Claro, Valentina. Nós adoramos a Luna. Vou ligar pra ela e convidá-la agora mesmo.— Obrigada, Ana. E, por favor, peça ao Fábio para ir buscá-la com o motorista. Acho que seria mais fácil para
Um Momento de ConfortoAna sorriu gentilmente ao ver Luna se aproximar com passos hesitantes.— Querida, seu quarto já está pronto. Preparei tudo com carinho para você. — disse Ana, guiando Luna até a porta do quarto.O quarto era acolhedor, decorado com tons suaves e uma cama grande com travesseiros macios. Uma atmosfera tranquila tomava conta do ambiente, e Luna sentiu um pequeno alívio ao ver o espaço preparado só para ela.— Se você quiser tomar um banho para relaxar, há toalhas e roupões no guarda-roupa. Fique à vontade, está bem? — disse Ana, com uma voz suave.Luna olhou para Ana, hesitante.— Eu... eu não queria ficar sozinha.Ana sorriu com compreensão.— Tudo bem, querida. Tome seu banho e relaxe um pouco. Quando você deitar, eu volto e faço companhia para você, pode ser?Luna assentiu com um sorriso tímido e foi até o banheiro. A água quente do chuveiro a envolveu como um abraço acolhedor, lavando parte do cansaço e da tristeza acumulada nas últimas semanas. Ela vestiu o ro
Onde Nasce a AmizadeO pátio da escola estava cheio naquele final de manhã, como de costume. Crianças e pré-adolescentes corriam de um lado para o outro, rindo, brincando, ou simplesmente tentando sobreviver ao caos do recreio. Miguel Alencar, com 13 anos, observava tudo de longe, sentado em um dos bancos de concreto perto da quadra. Ele era um garoto quieto, nunca se envolvia em confusão. Preferia os livros de história e os jogos de estratégia aos campeonatos de futebol que dominavam as conversas dos colegas.Foi quando ele ouviu. As vozes.— Ei, Moretti! Você acha que é melhor que a gente, é? — um dos garotos gritou.Miguel virou a cabeça na direção do tumulto. No meio da roda de meninos maiores, estava Clara Moretti, com seus cabelos castanhos escorridos sobre os ombros, vestindo o uniforme da escola e com a testa franzida em desafio. Ela segurava com força a alça da mochila, apertando-a contra o corpo, enquanto três garotos a cercavam.— Acha que pode mandar na gente só porque é f
Ecos do PassadoMiguel levantou-se da cama lentamente, os músculos ainda pesados da agitação da noite anterior. O suor escorria pela testa, e ele sentia o pijama úmido colado ao corpo. Com um suspiro cansado, caminhou até o banheiro e ligou o chuveiro, deixando a água fria bater em seu rosto.Ele ficou ali por alguns minutos, tentando organizar os pensamentos. Aquele sonho o atormentava há meses, sempre voltando de forma quase idêntica. Era como se estivesse preso em uma memória distante, mas que ele não conseguia acessar totalmente.Depois do banho, Miguel saiu do banheiro, secando o cabelo com uma toalha. Abriu o armário e escolheu um belo paletó azul-escuro, acompanhado de uma camisa branca impecável e uma gravata cinza clara. Vestiu-se com a precisão que a rotina havia lhe ensinado, mas sua mente ainda estava distraída, presa na sensação que o sonho havia deixado.Pegou a chave do carro e a pasta com documentos importantes sobre a reunião que teria mais tarde. Ao descer as escada