Verdades e Silêncios. "Segredos à Sombra do Jardim".Miguel permaneceu em silêncio, observando Clara chorar ao seu lado. Algo dentro dele queria puxá-la para perto, abraçá-la e prometer que tudo ficaria bem, mesmo sem entender completamente o que estava acontecendo entre eles. Ele sabia, de algum modo, que aquela mulher carregava respostas que seu coração ansiava, mas que sua mente ainda não conseguia alcançar.Após alguns minutos, Clara se recompôs, enxugando as lágrimas com as costas das mãos, embora a dor ainda estivesse evidente em seus olhos. Miguel estendeu a mão para ela, mas Clara hesitou, como se aquele gesto simples tivesse o poder de desmoronar todas as barreiras que ela tentava manter em pé.— Me desculpe. — disse Clara, sua voz frágil. — Eu só... Eu só não sei como lidar com tudo isso.Miguel inclinou-se ligeiramente na cadeira, os olhos firmes nos dela.— Clara, eu preciso saber a verdade. Mesmo que seja difícil, mesmo que me machuque. Eu preciso das minhas memórias de
Acordando Sem LembrançasCecília entrou no quarto, silenciosa como uma sombra. Os sons ao redor eram abafados pelo silêncio pesado da madrugada. Ela abriu a porta com cuidado, verificando se Miguel estava acordado, mas encontrou apenas tranquilidade: Miguel dormia profundamente, enquanto Clara estava sentada na poltrona, imersa na leitura de um livro, iluminada pela luz suave do abajur.Sem esboçar uma reação, Cecília foi direto para o banheiro. A água do chuveiro abafava seus pensamentos confusos enquanto o vapor enchia o espaço ao seu redor. Quando saiu, enrolada num elegante roupão de seda, encontrou Clara olhando-a com um sorriso contido e balançando a cabeça em reprovação silenciosa. Ignorando a expressão da enfermeira, Cecília deitou-se na cama ao lado de Miguel, virando-se para o outro lado e puxando o lençol sobre si, como se o peso de seus segredos e ações pudesse ser encoberto pela tranquilidade aparente do sono.Quinze minutos depois, o silêncio foi rompido pelos murmúrios
Te quero vida, seja minha para Sempre?Clara entrou no quarto enquanto Miguel se acomodava na poltrona próxima à janela, com o olhar distante e um meio sorriso nos lábios. Havia alívio em estar de volta, mas também uma expectativa silenciosa no ar, algo que ele não conseguia nomear, mas que o aproximava ainda mais dela.— Miguel, vou preparar o seu banho, tá? — disse Clara, suave, quase em um sussurro.Miguel apenas assentiu, observando-a com um brilho nos olhos, algo entre admiração e desejo. Ele a seguia com o olhar enquanto ela organizava as toalhas, enchia a banheira com água morna e selecionava óleos aromáticos. O som suave da água enchendo a banheira trouxe uma calma instantânea, mas a presença dela era o que realmente o confortava.— Está pronto, Miguel. — Clara se aproximou dele, oferecendo sua mão.Ele segurou a mão dela com firmeza e, em silêncio, ela o ajudou a se levantar e caminhar até o banheiro. Cada toque era carregado de significado, de uma intimidade silenciosa que n
O Peso da EntregaO quarto estava envolto por uma penumbra suave. A iluminação delicada das lâmpadas ao longe criava sombras que dançavam nas paredes, enquanto a brisa leve da varanda entrava pelas janelas abertas, tornando o ambiente sereno e íntimo, perfeito para um momento que parecia inevitável.Miguel respirava com dificuldade, não por cansaço, mas pela antecipação. Seus olhos estavam fixos em Clara, que permanecia próxima, os lábios entreabertos, o coração acelerado. Ele segurou a mão dela com firmeza, os dedos se entrelaçando como se nunca mais quisesse soltá-la.— Fique comigo... — ele repetiu, a voz baixa, quase um sussurro, carregada de desejo e uma pitada de medo.Clara não respondeu de imediato. Ela sabia que aquele momento era mais do que a simples união de dois corpos. Era a oportunidade de reparar o que o tempo e o esquecimento haviam rompido. Ela passou a mão pelos cabelos umidos de Miguel, inclinando-se para deixar um beijo suave em, como uma promessa silenciosa de qu
O Desaparecimento de Clara.A manhã parecia seguir seu curso habitual. Miguel saiu para mais uma sessão de fisioterapia, enquanto Clara se preparava para visitar a mansão de seu pai, onde Valentina a aguardava para resolver alguns assuntos. Ela colocou a bolsa no banco do passageiro e seguiu pelas ruas tranquilas, pensando na rotina do dia. No entanto, o que era para ser uma visita comum se transformou em um pesadelo.No meio do caminho, em uma estrada relativamente isolada, Clara notou algo estranho. Dois carros surgiram repentinamente à sua frente, freando bruscamente e bloqueando a passagem. Antes que pudesse reagir, outro veículo surgiu por trás, encurralando-a completamente. O coração de Clara acelerou, e suas mãos apertaram o volante. Ela tentou dar ré, mas estava presa. Não havia escapatória.— Meu Deus… o que está acontecendo? — murmurou Clara, com um nó na garganta.Em questão de segundos, um homem armado surgiu ao lado da janela do carro. Ele bateu com a coronha da arma no v
O Vazio do DesaparecimentoOs dias começaram a passar lentamente, e o silêncio sobre o paradeiro de Clara tornava-se insuportável. A cada novo amanhecer, a angústia crescia. Miguel passava boa parte do tempo na varanda, olhando para o horizonte, com o celular sempre ao alcance da mão, esperando alguma notícia, algum sinal. Mas nada acontecia.Naquela manhã, o som da campainha ecoou pela casa. Miguel, cansado e abatido, viu Cecília entrar com o pai, ambos exibindo expressões frias e controladas. Cecília, vestida impecavelmente como sempre, lançou um olhar rápido ao redor, como quem não se importava verdadeiramente com o que acontecia ali. Seu pai, com a habitual calma, cumprimentou Miguel e se acomodou em uma poltrona.— Como você está, meu jovem? — perguntou o pai de Cecília, com a voz baixa, mas sem muita empatia.— Como acha que eu estou? — Miguel respondeu, seco. — A Clara sumiu e ninguém sabe onde ela está.O pai de Cecília trocou um olhar rápido com a filha, que apenas deu de om
Onde o luxo encontra o vazio Cecília fechou a porta do quarto com força, a frustração transbordando em cada passo enquanto atravessava o espaço amplo e luxuoso de sua suíte. A presença constante de Miguel em sua mente e a obsessão dele por Clara faziam seu sangue ferver. Ela não suportava ser deixada de lado, muito menos por uma enfermeira. No banheiro, ela abriu a torneira da banheira e despejou generosamente sais perfumados, criando uma espuma densa e fragrante. A água quente jorrava, preenchendo o espaço com vapor e o aroma relaxante. Cecília se despiu lentamente, apreciando o contato do ar fresco contra sua pele. Quando a banheira estava cheia, mergulhou na água quente, sentindo os músculos relaxarem. Fechou os olhos, tentando afastar da mente a figura de Clara e os olhares de Miguel. O tempo parecia escorrer com a água enquanto Cecília lavava o cabelo com movimentos meticulosos, deixando a espuma deslizar pela pele. Após o banho, enxugou-se com uma toalha macia e escolheu, de s
Uma nova enfermeira, mas não o mesmo alívioNo meio do nada, em uma sala fria e escura, Clara está sentada em uma cadeira de metal, com as mãos amarradas nas costas. A atmosfera é opressiva, e o silêncio é quebrado apenas pelo som abafado de passos pesados e vozes baixas vindo do lado de fora. Uma lâmpada fraca balança sobre sua cabeça, criando sombras que se movem nas paredes gastas.Enquanto Clara tenta manter a calma, os sequestradores — homens mascarados e de fala contida — a vigiam, mas não interagem muito. A tensão é palpável. Um dos homens, mais alto e forte, se afasta, pega um telefone e disca um número. A ligação é breve e direta.— Está tudo sob controle, ela não deu trabalho nenhum. — Ele faz uma pausa, escutando a resposta do outro lado. — Sim, ninguém sabe onde ela está.Clara ergue a cabeça ligeiramente, tentando captar mais detalhes, mas o homem caminha para longe, falando em voz baixa.— Ainda não. Estamos esperando sua próxima ordem.Há um silêncio pesado do outro lad