Depois que a reunião com as meninas acabou, ficou se sentindo desgostosa da vida, preferiu não sair para comer quando foi anunciada a refeição pelo mordomo, só trancou a porta, deixando apenas a área destrancada que a levaria à área das crianças - já que seu quarto tinha duas saídas, uma para fora do quarto e a outra para a tal área das crianças, onde costumavam brincar etc., para que não tivesse problemas à sua frente. De qualquer forma, pelo jeito que as demais falaram, era apenas a sua culpa o marido não gostar mais da própria esposa.
Digerir a verdade era a pior coisa que tinha para fazer naquele momento e encarar a verdade era ainda pior. Sua vida foi uma ilusão de sua própria mente, dedicou tanto tempo à sua família que agora é uma pessoa apagada e chata. Isso a fez chorar no chão como um bebê, enquanto abraçou as pernas, nem sabia a quem recorrer atrás de conforto. Já que, com as amigas, conforto não foi a palavra certa que recebeu vindo delas.
Ao marido? Não, com certeza estaria com a amante loira.
Os filhos não tinham culpa dela estar naquele estado, e no meio da sua raiva solitária, acabou até se culpado por trazer Dália ao mundo e estragar o seu corpo, mas logo sentiu culpa porque tinha um enorme amor pela filha, de todo o coração, sabia que a menina, e nem os gêmeos, não tinham culpa de nada.
Enquanto permanecia chorando e abraçada a si mesmo, em seu inconsciente cantou a música de seu casamento, se lembrando da festa, do vestido lavanda que trajou no dia, com o cabelo trançado, e de como tudo era tão feliz e alegre. Olhando agora ao quarto escuro, encarou uma foto deles juntos na frente da igreja, tinha ainda ao lado da foto ramos de lavanda e aquilo a fez se encolher mais.
Tudo que ela pensou que seria para sempre... Simplesmente não era. Os beijos, os sorrisos, os momentos, Joseph não era tão especial assim como seu coração apertou e disse o contrário, já que a lógica obrigou a vê-la a verdade. Ele queria uma esposa para cumprir uma cota social e agora, depois de alguns anos, já estabelecido e de renome, não precisou seguir regras.
O pior de tudo é que não sentia raiva dele, sentia tristeza e dor, porque no final das contas a mais enganada em tudo era ela. Ele sempre deve ter deixado claro em algum momento, mas ela possivelmente deve ter ignorado.
Isso a fez chorar, saber que na verdade a errada da história sempre foi ela a fez chorar de verdade, olhando ao teto enquanto sentia as lágrimas descerem queimando a pele.
Joseph sempre foi um homem belo, tão belo que ela o considerou um anjo pela beleza. Seus cabelos encaracolados de cor marrom sempre foram um detalhe de destaque aos outros, a pele branca, os músculos que forçavam a camisa social sempre davam um ar jovem e os olhos pretos davam um ar misterioso. Ele é tão belo que todas devem apreciar.
Então, não era para tanto que a amante quisesse estar no meio daqueles braços fortes e quentes, e comparada à loira atraente e sensual, Evangeline era normal de aparência, cabelos que não sabiam se eram lisos ou ondulados, os olhos marrons e sem graça. Talvez seja por isso também que ele a trocou. Sabia que não tinha como ela ter chance contra aquela mulher.
Foi um susto quando sentiu tapinhas na cabeça, fazendo-a buscar a origem do contato. Logo viu Dália com uma cara de sono. As mãos gordinhas apertaram o rosto de Evangeline e não pensaram duas vezes antes de segurá-la em seus braços, apertando-a devagar também, ouvindo a pequena rir da brincadeira.
– Mamãe? – A voz coberta de sono foi sua boia no meio daquele mar de emoções.
– Hm?
– Você está chorando? – A adulta apenas confirmou quieta com a cabeça, escondendo os soluços. – Quer um beijinho para melhorar? – Aquilo a fez apertar Dália ainda mais, enquanto chorou baixo sobre o corpo pequeno dela. – Mamãe, não chora, eu te amo. – Seu choro a fez recuar, limpando as lágrimas de ambas.
– Eu também te amo, meu bebê. – Continuou Evangeline. – Mas, a mamãe precisa chorar um pouco porque ela está triste, ela precisa chorar só um pouquinho e aí vamos te levar para cama. – Uma criança de dois anos a olhou com mais carinho que seu marido durante muito tempo e aquilo a quebrou bastante.
Após longos minutos...
Com a crise terminada, Evangeline pegou Dália nos braços e seguiu para o quarto das crianças.
Enquanto caminhou pelo corredor, viu que a bebê nos seus braços também não tinha puxado traços nenhum vindo dela e isso a fez sorrir diferente de outras vezes, porque ela e os filhos não teriam essa culpa de serem apagados pelas outras pessoas.
Aninando melhor, sua menor caminhou tranquilamente enquanto ninou uma música conhecida em sua vida, vendo-a segurar seus cabelos.
Foi quando uma porta de um dos quartos foi aberta, e de lá saiu uma loira conhecida e com uma cara de alegre, principalmente em comparação à de Evangeline, que engasgou de leve enquanto viu no batente da porta seu marido com os lábios inchados, as roupas bagunçadas e o cheiro de sexo no ar. Mas, o impressionante de tudo foram os olhos dele a encarando. Evangeline pressionou Dália em seus braços e seguiu em frente enquanto lágrimas começaram a cair no final do corredor.
A cara de surpreso e de culpado a fez trancar a porta dos filhos quando entrou, buscando um abrigo na própria casa. Queria voltar imediatamente para o escritório, mas achou que isso seria demais. Antes de virar e encarar os filhos, respirou três vezes e depois destrancou a porta, virando para os gêmeos que já estavam na cama. Eles apenas a olharam, pensativos.
– Mamãe? – Camélia saiu da cama rapidamente e foi ao encontro de sua mãe. Magnos a acompanhou. – Você está bem?
– Sim, só estou cansada. – O sorriso normal trouxe normalidade aos dois.
– Papai perguntou de você na hora da janta, onde estava? – Camélia sempre foi a mais falante entre os gêmeos.
– Ele perguntou, é? – O curioso é que minutos atrás ele devia estar em relações íntimas com uma empregada. – Mas não precisa se preocupar – a adulta tentou confortá-los – mamãe estava terminando algo e precisou se ausentar do jantar, mas amanhã estarei lá com vocês. – Sorriu elegante, enquanto os gêmeos concordaram com a cabeça.
– Vai falar com o papai depois? – Magnos indagou, longe das mãos da mãe, com os bichinhos do ursinho do Pooh em mãos, enquanto Evangeline ajeitou uma das pelúcias que permaneciam nos braços do menor.
– Falarei com ele, prometo. – Estendeu o dedo indicador, enquanto o menino entrelaçou seu dedo no dela, como uma promessa. Ambos sorriram. Ela depois olhou para Cámelia, que permanecia agarrada com um elefante de pelúcia, feito à mão por Manuela, do seu personagem favorito da Disney, o Dumbo. A menina sorriu de volta.
– Espero mesmo. – Uma outra voz ecoou por de trás de Evangeline, a assustando. Assim que ela virou a cabeça para trás e viu seu marido ali, quase deu um pulo para trás.
– Bom, está na hora de vocês dormirem, crianças. – Com um sorriso ameno, viu a expressão de sono das crianças, então não demorou para que colocasse as três em suas respectivas camas. Depois, ela foi até uma pequena estante de livros e pegou um de contos, sentou-se numa cadeira ao lado das camas, se preparando para ler.
– Ei – a voz masculina ecoou outra vez, agora se aproximando mais de Evangaline. Parou ao lado dela, sussurrando para não atrapalhar o sono que já estava vindo das crianças. – O que foi?
Naquele instante, ela sequer olhou em seus olhos. Abriu o livro enquanto sentiu o perfume da empregada impregnado no seu marido, seu estômago embrulhou, como se uma vontade de vomitar estivesse vindo à tona, mas logo respirou fundo, não querendo transparecer isso a ele. Ela tirou forças do interior para não pestanejar na frente dele, então apenas subiu a cabeça para encará-lo, bem séria.
– Eu vou ler para eles hoje, e quero fazer isso sozinha.
Durante aquele contato visual, Evangeline queria chorar, gritar, fugir, mas não o faria. Joseph ficou com a expressão de inocente em seu rosto, mas logo suspirou e deu de ombros. Não demorou para dar as costas, em direção à saída do quarto das crianças. Ela voltou com o olhar para o livro em suas mãos, mas no instante em que ouviu o barulho da porta bater... Sentiu um arrepio correr pelo seu corpo, suspirou fundo, sentindo seus olhos marejarem. Mas ficou decidido que iria ler aquela história para seus filhos, mesmo que faltasse pouco para que o sono atingisse as crianças, então deixou as lágrimas escorrerem, porém logo começou a leitura. A primeira cena era do casal indo se casar em uma igreja, uma vez que o nome do livro era "e viveram felizes para sempre".
O quarto de casal parecia abafado e sufocante, sobretudo pelo que Evangeline estava sentindo.A fazendo abrir as janelas e as cortinas, e sem esperar sua dama de vestimenta, acabou soltando os cabelos e as roupas, partindo para um banho. As lágrimas tinham deixado um caminho molhado que manchara o rosto.Parecia que tudo estava desmoronando, seu casamento estava indo para o seu fim, seus filhos não sabiam de nada, mas o que quebrava mais seu coração era o fim que seu marido deixou claro para todos, e aquilo a fez soluçar. Nunca chegou num estado tão ruim em sua vida, nem mesmo quando seu pai a largou e a família em qualquer casa de campo para voltar às suas amantes, e agora estava no mesmo momento que sua mãe.Ela tentou fazer de tudo ao marido para não ficar sozinha de novo, mas Joseph parecia ter achado um novo amor e, bem, atualmente, divórcio não era a melhor coisa do mundo, às vezes, cada um possa os amantes era mais favorável, divórcio era a vergonha social.No caso dela, em seu
Na manhã em que bateu na janela, Evangeline colocou na cabeça que iria à casa de Manuela atrás de conselhos, e antes mesmo de se vestir já mandara as cartas. Precisava de mais clareza entre as amigas e ontem foi mais uma razão para seu casamento estar nas últimas.Na sala principal, deixou os filhos em cada cadeira e, quando já ia sentar, ouviu os filhos rindo e com sorrisos no rosto, viu os cabelos cacheados que roubaram seu fôlego entrando em seu campo de visão.- Bom dia, papai! – Os três berraram para todos na casa e Evangeline acabou rindo, enquanto a cara de Joseph acabou sorrindo também, fazendo um carinho em cada criança, voltando para Evangeline e com um aperto firme no braço, ele deu um roçar de lábios na bochecha.- Bom dia – Seus olhos a pegaram e tudo que fez foi sorrir, voltando ao suco.- Bom dia, dormiu bem? – Pela cara de sono, a pergunta se alto respondia. Joseph não gostava de dormir sozinho desde a guerra e uma pequena parte nela queria que ele não conseguisse dorm
Evangeline seguiu o caminho para a casa de Manuela tranquila e apreciando o pouco de silêncio que não tinha há tempos. A rua em que todas moravam era a mais tranquila em Mogi Mirim, perto do centro, onde sempre tinha coisas a fazer na grande igreja matriz, lojas de tecidos, sapatos e livros. Caminhar tranquilamente sem uma babá ou um carrinho de bebê era maravilhoso e se sentiu culpada por não querer os filhos por perto.Foi assim que bateu na porta da casa ao fundo da rua, a grande casa rosa, a porta branca e a cerca branca sempre foi um charme. Manuela amava a temática de casa de bonecas, pelo menos na época em que enxergava. Nesse exato momento, ela não andava vendo muito e isso fez ela não passar no programa de adoção do Brasil, deixando-a ter uma casa enorme e sem filhos. Sem contar que, depois do casamento, Manuela descobriu que nunca poderia ter filhos e isso sempre foi uma grande tristeza para a mulher.Foram três batidas e, antes da quarta, apareceu o rosto da amiga com suas
Miguel achava feio espionar Manuela, já que a mesma era super desconfiada, mas com a cegueira aumentando conforme o tempo passava e a mulher não querendo aceitar um cuidador quando ele não estava em casa, as coisas tinham que ser mudadas. Miguel acabou descobrindo que, conforme os anos de vivência, era divertido ver Manuela fazer atividades normais, ele sempre ajudava sem ela saber, mas o importante era ver seus olhos e sorrisos alegres porque conseguiu sozinha.A coisa mais divertida era quando iam à igreja e ela confundia o padre com um pedestal, aquilo o fazia rir. Claro que isso os fazia ir embora mais cedo, mas Miguel amava passar um tempo só com a esposa, seu jeito era divertido e, mesmo sem o barulho de crianças, Miguel sentia-se bem com o casamento. Chegou recentemente a ver a mulher como além de sua companheira, mas também o amor da sua vida.E saber que a mulher de sua vida concordou em ir embora em dois meses com o bando de suas amigas o deixou apavorado.Manuela podia ser
Joseph chegou no clube de cavaleiros estressado. Evangeline tinha sumido para a casa de Manuela, tinha dormido super mal e ainda por cima tinha uma maluca na sua casa que foi demitida com sucesso. Aquela loira veio com palavras e depois foi achando que podia se agarrar a ele.Joseph não gostou quando ela chegou, sempre ficava olhando e chamando seu nome num ronronado que somente Evangeline tinha esse direito, e agora a mulher tinha encurralado num quarto com um cheiro estranho que tinha e quando deu por si estava nos braços da mulher, sentiu-se até mesmo sujo e quando teve forças de novo empurrou a mulher longe.E quando saiu do quarto, deu de cara com ela e os olhos marejados. Foi naquele momento que soube que tinha dado merda de vez.Tentou conversar com ela depois, mas Evangeline tinha passado a noite longe dele e isso a fez acordar com o frio, e quando chegou no café soube que a sua mulher tinha ido dormir no quarto da sogra, isso o fez gelar.Normalmente, logo surgiria a velha mal
Ricardo saiu daquele clube com a cabeça quente depois de acudir um irmão e tudo que ele queria era beber, ver as apostas horríveis de Gabriel, Miguel entrando numa briga e Joseph arrumando o clube, falando sobre como Magnos ia gostar daquilo quando grande, mas não saber que as esposas iam fugir deixou os homens loucos.Isso fez olhar para sua casa azul cintilante.Rebeca nunca ia deixá-lo com crianças, ela não perderia sua vida confortável e muito menos o amor dele. Os dois tinham uma história de superação. Depois de seu irmão Robert, amá-la foi mais fácil do que seu irmão tinha falando.Rebeca sempre foi sistemática e, mesmo com os filhos atrás dela com
Gabriel achou tudo aquilo uma grande piada. As mulheres sempre reclamavam, mas nunca iam longe, e Gabriela era um bom exemplo disso.Uma mulher sem alma, completamente apática; perfeita para ser uma esposa. Dessa forma, ele poderia continuar suas atividades promíscuas e ter várias amantes, porque Gabriela aceitava seus filhos ilegítimos.Gabriel achava cômico como aquela mulher ainda conseguia manter sua aparência. Podiam o chamar de cruel, mas seu pai tinha o ensinado assim, e tentou ensinar seus filhos a mesma coisa. Porém, Jonatas e Tomas eram fracos; diziam não valer a pena fazer a mãe chorar a noite.Sua solução foi os mandar para internados, chamando-os de "Maricas". Não precisava do
Deu merda para todo mundo, Miguel sabia disso.Esse evento o fez pensar nos dias que passou ao lado de Manuela. A relação dos dois tinha altos e baixos, e, nesses últimos meses, mais baixos do que tudo, mas Miguel sentia-se confiante perto dela. E mesmo que ela fosse neurótica e ansiosa, os dois se completavam, e até mesmo caçoavam um do outro.Aquilo o fez rir. Entrando pelas portas, foi ao local onde Manuela ficava. Os arcos dividiam os cômodos bem amplos, e começou a pensar em modificar mais a casa. Já tinham um elevador, mas a mulher era muito teimosa para usar, e mesmo agora, pegou-a andando de bengala.Antes de abrir a boca, a figura se enroscou nos próprios pés e soltou um grito agudo, mas ele foi mais rápido, a envolvendo em seus braços ao puxar seu corpo