Capitulo 3

O quarto de casal parecia abafado e sufocante, sobretudo pelo que Evangeline estava sentindo.

A fazendo abrir as janelas e as cortinas, e sem esperar sua dama de vestimenta, acabou soltando os cabelos e as roupas, partindo para um banho. As lágrimas tinham deixado um caminho molhado que manchara o rosto.

Parecia que tudo estava desmoronando, seu casamento estava indo para o seu fim, seus filhos não sabiam de nada, mas o que quebrava mais seu coração era o fim que seu marido deixou claro para todos, e aquilo a fez soluçar. Nunca chegou num estado tão ruim em sua vida, nem mesmo quando seu pai a largou e a família em qualquer casa de campo para voltar às suas amantes, e agora estava no mesmo momento que sua mãe.

Ela tentou fazer de tudo ao marido para não ficar sozinha de novo, mas Joseph parecia ter achado um novo amor e, bem, atualmente, divórcio não era a melhor coisa do mundo, às vezes, cada um possa os amantes era mais favorável, divórcio era a vergonha social.

No caso dela, em seu coração era só Joseph em todas as suas forças.

Foi no meio disso que saiu das águas quentes, enquanto se enrolava na toalha, ficou pensando no que diria aos filhos sobre tudo. Enquanto crianças, ainda poderia enrolar, mas quando eles crescessem, seria mais difícil até que a verdade viesse à tona, mas até lá seu coração já deveria estar melhor, né?

Com a camisola pronta, começou a pentear o cabelo. A escova tinha as iniciais dos dois, por que tudo em sua casa tinha um sinal do casamento deles?

- Está mais tranquila? – Adentrou o quarto enquanto Evangeline confirmou com um aceno.

- E você, por que não comeu hoje? – Joseph tinha preocupação nos olhos e Evangeline achou aquilo como se fosse uma piada a ela.

- Sem fome. – Na verdade, ela estava chorando em seu quarto, lamentando o amor que ela sentia por ele. A esse pensamento rosnou na cabeça de Evangeline, tudo que pode fazer foi murmurar com raiva e tristeza. Foi no meio dos pensamentos que surgiu algo, será que seu casamento foi uma cota da sociedade? Uma simples fase? Que ele cumpriu e agora não precisa dar mais explicações à sociedade?

- Está sensível hoje? – Seus dias do mês já se foram há muito tempo, enquanto tinha seus dias, ele nunca iria saber. Dá má sorte o marido ver o sangue da esposa, pelo menos é o que a mãe dizia.

- Só estou sem fome mesmo. – Foi mais firme, dizendo com o tom que queria acabar com tudo e ir dormir, e torceu para que esse dia fosse só um grande pesadelo.

Aquilo deu um silêncio no quarto.

- Evangeline? – O silêncio acabou rápido demais, a fazendo olhar para ele, dando sua atenção ao marido.

- Sim?

- A cena no corredor... – Aquilo foi uma verdadeira faca no seu coração.

- Está tudo bem, não quero falar sobre isso. – Amar alguém por tanto tempo era triste, ver como tudo acabou tão rápido e nem tinha mais lágrimas para sair.

Talvez o que a quebrasse mais era a verdade que caiu dura em seu coração, que, diferente das suas amigas, ela amou seu marido desde que o viu. Ela lembra bem quando o achou no meio dos bailes aos seus 17 anos, quando foi acompanhada por sua tia e mãe, e no meio das danças, vendo suas irmãs casando-se e indo embora, acabou encontrando seu marido.

Joseph, com seu uniforme militar no meio dos jardins de inverno, quando pegou os olhos escuros contra ela, foi quando soube que ele não ficaria com ela por dinheiro. Bem que isso nem era possível, seu dote não era tão grande, a caçula de oito irmãs, era impossível ter um dote bom. Não tinha dons de música ou canto, nem mesmo dança, nem se quisesse, então foi mágico.

Só de imaginar tudo aquilo, a fez suspirar.

- Preciso que pare de imaginar as coisas, - O tom duro a despertou de seus devaneios e, quando notou ele muito próximo, já secou suas lágrimas. – Não foi nada que está pensando. – Queria inclinar-se sobre a mão e aproveitar o toque e o carinho, mas tinha medo. Medo de acreditar e pegá-los de novo nos braços um do outro, porque sabia que poderia acontecer e, com isso, os fez ir para trás.

- Eu já disse que está tudo bem! - Ela saiu da penteadeira, indo para a cama.

Não precisava de justificativa, não estava pronta para saber os detalhes, precisava de um tempo sozinha.

Foi assim que se deitou na cama em silêncio.

- Evangeline? – O homem parou irritado para a esposa, que ignorou, arrumando as cobertas, logo indo para a única vela e, com um sopro, apagou a única luz.

O escuro foi bom para a mente perturbada de Evangeline.

Joseph agarrou Evangeline em seus braços para dormir, mas logo ela conseguiu se desgrudar quando o homem acabou adormecendo contra o corpo delicado da menor. O perfume que ainda tinha na pele leitosa do marido a fez quase vomitar.

Aquilo a fez recuar nos braços fortes que a prendiam, colocando o travesseiro em seu lugar. Ele nem mesmo tomou banho depois do encontro dele? Ela merecia essa humilhação?

Conforme a noite passava, Evangeline não dormia. Não conseguia descansar a mente de imagens do marido com a loira, isso a fez pular para fora da cama. Não conseguia dormir ali, só de imaginar ele dividindo aquela cama que fez seus filhos, que deu a vida a eles, agora poderia ter o corpo da amante, fazendo-a pegar sua capa e assim indo dormir no quarto de sua mãe.

...

Sair do quarto foi um pequeno alívio em toda a sua mente.

Mesmo com lágrimas caindo, começou a achar que estava fazendo uma tempestade em um copo d'água. Quando já ia virar seu corpo para voltar ao quarto, foi parada por um puxão, fazendo-a olhar em volta até bater na cabeça de Camélia.

Não era só sua irmã mais velha, mas Magnos também estava em seu encalço, com Dália que bocejava.

- O que vocês estão fazendo aqui? – Fez um carinho nos mais velhos que estenderam as mãos pedindo colo, imitada pela mais nova.

- Tive um pesadelo. – Murmurou Magnos com olhos tristes que brilharam no escuro, como os do pai.

- E vocês duas. – Evangeline pegou seu garotinho enquanto as duas subiram como gatos, a fazendo quase pular, fazendo os três rirem enquanto andava devagar até o quarto de sua mãe.

- Viemos fazer companhia até o quarto e dormimos com ele para não ficar triste. – Camélia amava dormir com os pais, Dália conseguia dormir bem sozinha, mas Camélia tinha medo de deixar a mais nova sozinha, então agora Dália tinha chegado ao corredor do quarto da mãe. – Então por que vamos dormir no quarto da vovó?

- Porque seu pai teve um dia muito difícil, então precisamos dar um tempo a ele, e já que tiveram pesadelos, acho melhor dormirmos no quarto da vovó. – E quando abriu a porta.

Acendeu uma das velas, levando perto da cama, e agradeceu por sempre pedirem para tomar conta do quarto de sua mãe, já que ela sempre aparecia. Mesmo que nesse momento a mulher não viesse mais devido à briga das duas, aquilo a fez segurar as lágrimas, iria chorar ainda mais pela sua mãe? Pelo seu marido? Choraria mais por mais quem?

Puxando o cobertor, os gêmeos foram para um lado e Dália ficou mais perto de Evangeline porque queria o seio para buscar conforto. A menina usava mais como chupeta do que para mamar e sabia que isso era normal no processo de desmame, então não ligou muito e pela primeira vez na noite conseguiu dormir bem.

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