Na manhã em que bateu na janela, Evangeline colocou na cabeça que iria à casa de Manuela atrás de conselhos, e antes mesmo de se vestir já mandara as cartas. Precisava de mais clareza entre as amigas e ontem foi mais uma razão para seu casamento estar nas últimas.
Na sala principal, deixou os filhos em cada cadeira e, quando já ia sentar, ouviu os filhos rindo e com sorrisos no rosto, viu os cabelos cacheados que roubaram seu fôlego entrando em seu campo de visão.
- Bom dia, papai! – Os três berraram para todos na casa e Evangeline acabou rindo, enquanto a cara de Joseph acabou sorrindo também, fazendo um carinho em cada criança, voltando para Evangeline e com um aperto firme no braço, ele deu um roçar de lábios na bochecha.
- Bom dia – Seus olhos a pegaram e tudo que fez foi sorrir, voltando ao suco.
- Bom dia, dormiu bem? – Pela cara de sono, a pergunta se alto respondia. Joseph não gostava de dormir sozinho desde a guerra e uma pequena parte nela queria que ele não conseguisse dormir e sentisse falta dela, mas também sabia que qualquer peso de uma mulher poderia substituir seu calor e amor ao homem à sua frente, a fazendo suspirar triste, chamando a atenção de todos os seus entes queridos.
- Não. – Foi tudo que os olhos escuros deram a ela, antes de sentar, a vendo de canto de olho. – Onde dormiu a noite?
- Dormimos na cama da vovó. – Magnos respondeu mais rápido que Evangeline, que evitou os olhos do marido.
- E por que dormiram lá? – A pergunta foi gentil às crianças, mas Joseph começou a ficar nervoso e preocupado.
- Porque você estava cansado, papai! – Respondeu Camélia, pensativa. – Pensando bem, você disse que não gosta de dormir sozinho. – Filhos, às vezes Evangeline pensava que poderia viver sem eles, porque eles estavam contando tudo para o marido, que a olhou buscando explicações.
- Quem falou que estou cansado, querida? – Joseph resmungou, pegando panquecas.
- Mamãe. – Dalia, sua doce menina, também gostava de entregá-la, por isso que não ligava para entregar eles por vezes.
- Hm, e você, esposa, vai falar algo? – Ele acabou rindo baixo.
- Para quê? Se meus filhos queridos falaram tudo. – Evangeline ficou apreensiva, ainda mais quando viu o mordomo. – Ótimo, até o empregado aparece. – Resmungou brava, queria ir à Manuela sem o consentimento do marido, não queria aqueles olhos a perseguindo pelos cantos.
- O que quer, James? – Joseph não estava mais calmo e o tom agressivo foi notado pelos mais velhos.
- Entrega a madame, senhor - James olhou para Evangeline buscando ajuda, que com um aceno entregou a ele. – Senhora, senhor! – e com uma reverência saiu.
- Obrigada pelo serviço. – Sorriu alegremente, pegando as cartas.
Quando James sumiu, as crianças brincavam com a comida e os dois discutiam com os olhos.
- Quem manda tão cedo? – Foi tudo que saiu entre as garfadas.
- As meninas, irei à casa de Manuela hoje enquanto as crianças têm aulas. – Abriu longe dos olhos do marido.
- Está saindo bastante com suas amigas. – Não era uma surpresa que o marido não gostasse das amigas da esposa, mas Joseph não amava as amigas de Evangeline, não gostava de ver como Rebeca era dura com a mulher, Gabriela sempre falava mal dos feitos da esposa e Manuela sempre foi doida.
- Você vai ao clube toda hora com os meninos. – O bico de Evangeline fez o marido rir baixo.
- Sim, isso é verdade. – Mas ele ia ao clube que o pai dela deixou aos seus cuidados, o clube dos cavalheiros de Mogi Mirim, onde um monte de cavalheiros ia para jogar cartas, fazer negócios e ter damas bonitas os servindo. Tinha as opções para os cavaleiros que não curtiam uma boa dama, mas isso não era o caso, o caso é que, no momento, Evangeline não o deixou explicar tudo sobre aquela loira maluca e com certeza aquelas malucas vão colocar pérolas na cabeça dela.
- Então, hoje irei à casa de Manuela, voltarei antes do almoço, acredito! – Bateu na bochecha, pensativa.
- Faça o que se sentir melhor para fazer. – Resmungo, terminando de comer as panquecas.
Evangeline seguiu o caminho para a casa de Manuela tranquila e apreciando o pouco de silêncio que não tinha há tempos. A rua em que todas moravam era a mais tranquila em Mogi Mirim, perto do centro, onde sempre tinha coisas a fazer na grande igreja matriz, lojas de tecidos, sapatos e livros. Caminhar tranquilamente sem uma babá ou um carrinho de bebê era maravilhoso e se sentiu culpada por não querer os filhos por perto.Foi assim que bateu na porta da casa ao fundo da rua, a grande casa rosa, a porta branca e a cerca branca sempre foi um charme. Manuela amava a temática de casa de bonecas, pelo menos na época em que enxergava. Nesse exato momento, ela não andava vendo muito e isso fez ela não passar no programa de adoção do Brasil, deixando-a ter uma casa enorme e sem filhos. Sem contar que, depois do casamento, Manuela descobriu que nunca poderia ter filhos e isso sempre foi uma grande tristeza para a mulher.Foram três batidas e, antes da quarta, apareceu o rosto da amiga com suas
Miguel achava feio espionar Manuela, já que a mesma era super desconfiada, mas com a cegueira aumentando conforme o tempo passava e a mulher não querendo aceitar um cuidador quando ele não estava em casa, as coisas tinham que ser mudadas. Miguel acabou descobrindo que, conforme os anos de vivência, era divertido ver Manuela fazer atividades normais, ele sempre ajudava sem ela saber, mas o importante era ver seus olhos e sorrisos alegres porque conseguiu sozinha.A coisa mais divertida era quando iam à igreja e ela confundia o padre com um pedestal, aquilo o fazia rir. Claro que isso os fazia ir embora mais cedo, mas Miguel amava passar um tempo só com a esposa, seu jeito era divertido e, mesmo sem o barulho de crianças, Miguel sentia-se bem com o casamento. Chegou recentemente a ver a mulher como além de sua companheira, mas também o amor da sua vida.E saber que a mulher de sua vida concordou em ir embora em dois meses com o bando de suas amigas o deixou apavorado.Manuela podia ser
Joseph chegou no clube de cavaleiros estressado. Evangeline tinha sumido para a casa de Manuela, tinha dormido super mal e ainda por cima tinha uma maluca na sua casa que foi demitida com sucesso. Aquela loira veio com palavras e depois foi achando que podia se agarrar a ele.Joseph não gostou quando ela chegou, sempre ficava olhando e chamando seu nome num ronronado que somente Evangeline tinha esse direito, e agora a mulher tinha encurralado num quarto com um cheiro estranho que tinha e quando deu por si estava nos braços da mulher, sentiu-se até mesmo sujo e quando teve forças de novo empurrou a mulher longe.E quando saiu do quarto, deu de cara com ela e os olhos marejados. Foi naquele momento que soube que tinha dado merda de vez.Tentou conversar com ela depois, mas Evangeline tinha passado a noite longe dele e isso a fez acordar com o frio, e quando chegou no café soube que a sua mulher tinha ido dormir no quarto da sogra, isso o fez gelar.Normalmente, logo surgiria a velha mal
Ricardo saiu daquele clube com a cabeça quente depois de acudir um irmão e tudo que ele queria era beber, ver as apostas horríveis de Gabriel, Miguel entrando numa briga e Joseph arrumando o clube, falando sobre como Magnos ia gostar daquilo quando grande, mas não saber que as esposas iam fugir deixou os homens loucos.Isso fez olhar para sua casa azul cintilante.Rebeca nunca ia deixá-lo com crianças, ela não perderia sua vida confortável e muito menos o amor dele. Os dois tinham uma história de superação. Depois de seu irmão Robert, amá-la foi mais fácil do que seu irmão tinha falando.Rebeca sempre foi sistemática e, mesmo com os filhos atrás dela com
Gabriel achou tudo aquilo uma grande piada. As mulheres sempre reclamavam, mas nunca iam longe, e Gabriela era um bom exemplo disso.Uma mulher sem alma, completamente apática; perfeita para ser uma esposa. Dessa forma, ele poderia continuar suas atividades promíscuas e ter várias amantes, porque Gabriela aceitava seus filhos ilegítimos.Gabriel achava cômico como aquela mulher ainda conseguia manter sua aparência. Podiam o chamar de cruel, mas seu pai tinha o ensinado assim, e tentou ensinar seus filhos a mesma coisa. Porém, Jonatas e Tomas eram fracos; diziam não valer a pena fazer a mãe chorar a noite.Sua solução foi os mandar para internados, chamando-os de "Maricas". Não precisava do
Deu merda para todo mundo, Miguel sabia disso.Esse evento o fez pensar nos dias que passou ao lado de Manuela. A relação dos dois tinha altos e baixos, e, nesses últimos meses, mais baixos do que tudo, mas Miguel sentia-se confiante perto dela. E mesmo que ela fosse neurótica e ansiosa, os dois se completavam, e até mesmo caçoavam um do outro.Aquilo o fez rir. Entrando pelas portas, foi ao local onde Manuela ficava. Os arcos dividiam os cômodos bem amplos, e começou a pensar em modificar mais a casa. Já tinham um elevador, mas a mulher era muito teimosa para usar, e mesmo agora, pegou-a andando de bengala.Antes de abrir a boca, a figura se enroscou nos próprios pés e soltou um grito agudo, mas ele foi mais rápido, a envolvendo em seus braços ao puxar seu corpo
- No fim, tá todo mundo ferrado? – Joseph perguntou, servindo uma dose de uísque. Ele não costumava beber, o que demonstrava como seu nível havia caído tanto.- Sim, todo mundo está ferrado. – Ricardo também serviu-se de um copo.- Ela quer se separar, acredita? – Gabriel falou com desinteresse, mas Ricardo, Miguel e Joseph trocaram olhares entre eles.- Bem, até que demorou! Finalmente ela se tocou que você é um pedaço de merda. – Miguel interrompeu o silêncio.- O QUÊ? – Gabriel bateu na mesa, chamando a atenção de outros cavalheiros ao redor, o que fez Joseph erguer as mãos em
As crianças notaram as mudanças na casa.Evangeline sempre foi muito presente na vida dos filhos.Então Camélia e Magnos, começaram a ver sua mãe chorando mais e bem melancólica, sempre no quarto dos brinquedos chorando e quando foi pega pelos dois, acabou limpando as lágrimas e sorrindo, mas Camélia ficou com medo, o que diabos estava acontecendo? Por que sua querida mãe está tão triste? Não sabia de muito e Magnos sabia de menos ainda, deixando os dois perdidos.Dalia, noto também algo de estranho acontecendo.Sua mãe estava triste e ela não sabia como ajudar, isso começou a a angustiá-la e