*Os próximos capítulos serão com Catarina narrando-os.
— Sim, eu lhe digo sim para a primeira pergunta. Eu pensei a respeito. Vinícius, eu te vejo como um bom amigo, eu pedi pra me provar e me fazer ver o contrário, mas isso ainda não aconteceu.
— Caramba! Então, o que mais eu tenho que fazer?
— Toma — levantei um pequeno livro na direção dele —, creio que vai aprender mais rápido. É um livro de romance.
Ele ficou surpreso com a minha iniciativa, dava para ver em seus olhos e ele não disfarçava muito bem. Apesar de eu querer muito acabar com o drama e dizer sim de uma só vez, mas eu queria provar pra mim mesma que eu seria capaz de mudá-lo e deixar ele da melhor forma para me receber como qualquer coisa além de amiga.
Deixei que ele o
— Sabe Cat — olhei para Jess, estávamos na saída do shopping, esperando que o pai dela viesse nos buscar. — Você tinha me perguntado, por que eu escolhi você para ficar já que tenho tantas outras amigas...Eu sentia ela como uma conselheira, era como se na verdade eu estivesse fazendo-a a vontade para desabafar. Esperei que ela suspirasse e me surpreendi com a palavra que veio logo em seguida.— Sou muito julgada. Não basta ser sobrinha do pastor, morar bem longe da igreja, estar me esforçando sempre pra me deslocar e estar presente nas reuniões e nos ensaios. Eu busco fazer tudo certinho e ouvir, de verdade, a voz de Deus. Me entende?Eu não soube mais o que dizer, apenas assenti com a cabeça. Por toda a minha vida, vi como Jess sempre se dedicou a faculdade e as coisas direcionadas a Deus, não via tempo de me aproximar, ou melhor, ainda não havia achado um momento certo para conversar com ela. Saber que esse momento havia chegado
Quebra de tempo:Catarina, após a visita de Jess, aceita participar de uma coreografia na igreja, poucas coisas acontecem com ela neste meio tempo, porém, ela não pode negar que sente algo diferente dentro dela... Ela precisa decidir se irá ouvir o coração, ou se continuará a ignorar.__As duas meninas cantaram mais alguns louvores, quando Cat abriu os olhos, percebeu que deixou as lágrimas rolarem. Com a vista embaçada, viu que sua mãe já havia chegado e estava ao seu lado e que a igreja estava parcialmente cheia.O pastor pegou o microfone novamente para ministrar um pouco a palavra, Jess a chamou pro banheiro novamente, mas já com todas as outras que iriam dançar; iriam repassar alguns passos para aquelas que estavam com uma mínima dificuldade e logo após iriam orar e se vestir.Vestiram um vestido longo branco com as mangas azuis e ficaram descalças. Fizeram uma breve oração pedindo ajuda e pedindo que
— Vai ficar para o culto? — ela demorou um tempo para organizar os pensamentos na cabeça. — Não, já estou indo — a expressão dele se tornou confusa e aparentemente apressada. — Tudo bem então — ela ficou levemente triste, mas não podia fazer nada. — Preciso ir.— Eu sei, docinho. Nos vemos depois — disse ele e deu um beijo na bochecha dela, que ficou levemente corada e preocupada por estar na igreja, olhou para dentro,mas a oração continuava. — Tchau.Ela entrou, tentando respirar calmamente e fechou os olhos. Não demorou muito para as lágrimas inundarem seus olhos.Sua concentração filtrou-se no pastor e na sua oração que estava ao fim. Um clamor pela nação.Após terminar de orar e de todos se sentarem, ele começou a pregar.— Muitos dizem que o arrependimento é fazer um giro de 180 graus; mas sem dúvid
Cheron Martinez, o pastor, vestia mais um dos seus ternos, o que mais se destacava nele era o seu cabelo que caía constantemente, deixando à mostra o início de uma careca.Catarina se dirigiu até ele, perto do altar, com um certo receio e com várias perguntas rodeando sua mente.— Sim?— Foi muito boa a apresentação.— Obrigada.— Percebi que chorava. Algo a incomoda?Silêncio.— Tudo bem, não quero ser intrometido. Se não consegue desabafar comigo, tem também a minha filha, a minha mulher, ou qualquer outro daqui, pois o bom é receber e seguir os conselhos dos cristãos. Sei que nesta idade não queremos desabafar com nossas mães.— Ah... Sim, pastor. Eu nã
Sem dúvidas ela estava precisando esquecer das coisas que a perturbavam por pelo menos algumas horas, ela precisava estar em um pouco de união com a sua família, ela não podia deixar para trás tudo que fazia antes... Todo o seu passado.Sim, o passado tem que ser esquecido, mas tem certas coisas boas lá, certos momentos bons e certas pessoas que devemos levar para a vida toda.Um decreto da casa de Catarina era ler pelo menos dois livros no mês e ganhava R$50,00 se contasse tudo que acontece.Ela estava sentada na cama, devorando um desses livros, tentando ser rápida para iniciar o outro de 405 páginas.Ler para ela sempre foi um saco, mas como ela irá ganhar dinheiro com isso, lê o máximo possível, tomando sua xícara de chá para relaxar e entender bem a história.&
Cat se encontrava em sua cama, olhando para o teto. Foi um dia e tanto, ela estava relembrando; sua amiga com os amigos de Vini, troca de telefones... O que mais a intrigava era a sugestão de Vini, desde o momento em que ele perguntou "até quando", ela suspeitou e estremeceu.— Como assim, Vini? — perguntou, vendo o medo crescer cada vez mais.— Eu... — ele suspirou. — Não sei se consigo namorar escondido com você... — ele olhou para a mesa, tentando encontrar as palavras certas — não é isso que queria.— Mas o que quer que eu faça?— Nos assuma!— Mas Vini... — ela sentiu os olhos lacrimejarem. — Eu não posso.— Ah, é — era notória a impaciência dele.— A não ser que você queira que nos separem.Ele a olhou.— Não, docinho... — respirou fundo. — Isso não.— Então...— Mas não custa tentar, te
Naquele quarto, Cat chorava e suplicava, sofria e gemia.Sua mãe, por sua vez, ao ouvir as lamentações, falou que de nada adiantaria e ligou o som, em um volume alto o suficiente para não mais ouvi-lá. Quem não vem por amor, vem pela dor.Será que essa é a dor que a levará de volta?Quem não vem por amor, vem pela dor.Será que, se ela tivesse mantido o segredo, isso não estaria acontecendo?Quem não vem por amor, vem pela dor.Será que era exatamente isso que ela merecia?Será? Será? Não adianta nada se questionar, sem haver resposta alguma.Ela percebeu que não adiantaria mesmo ficar se lamentando, Rita não ouviria.Lembrou-se novamente:— Eu tenho planos. Vai ficar tudo certo.Sentou-se na cama, tentando encontrar uma solução que pudesse praticar sozinha..
Ele prometeu a ela que iria mais longe e assim o fez, dirigindo calmamente pelas ruas desertas.Estavam em um silêncio ensurdecedor, ele ainda acariciava a mão dela e a olhava várias vezes.Quando teve aquela conversa, para que ela tentasse contar a verdade, já havia pesquisado algum lugar, perguntado e se informado. Seus amigos falaram de uma casa abandonada logo na saída de Minas Gerais. Ele ficou apreensivo, mas sacou que se não fosse ali, não seria em nenhum outro lugar. Estava resolvido.Catarina havia cochilado duas vezes, estava um pouco cansada e repousar a ajudava a não chorar.Quando estava fechando os olhos pela terceira vez, ele anunciou:— Chegamos.Ele fez o carro se deslocar até o final de uma rua estreitinha, com poucas casas e poucas luzes, onde se encontrava um casebre que, apesar de pequeno era bem equipado, mas que à muito tempo não recebia um ser humano.<