— Catarina — ele a chamou.
Ela levantou o olhar, mas evitou fazer um contato direto.
— Nosso filho... — não conseguiu terminar a frase, mas Cat entendeu o que ele quis perguntar.
Novamente, veio a onda de tristeza, só que dessa vez foi difícil de controlar. Ela começou a chorar.
— Eu... sinto... muito — disse, soluçando.
Ele não entendeu e se preocupou.
— O que? O que foi?
— Ele não... — enxugou as lágrimas e respirou fundo. — Ele não chegou a ver a luz...
Vini tocou seu braço e a encarou, desesperadamente.
— Ele... mo-morreu?
Ela balançou a cabeça, confirmando.
E ele começou a chorar junto a ela. A abraçou novamente, em consolo.
— Sinto muito mesmo... Catarina.
Ela não conseguiu esconder o que sentiu com tudo, chorou e retribuiu o abraço.
Terceiro dia do congresso.Dois dias depois daquela visita.Nenhum sinal de sua mãe. Lúcia já havia tido alta e a acompanhava as vezes.Seu coração estava a mil por hora.O culto havia terminado e eles prepararam uma pequena festa para finalização de mais um congresso.Jess a puxou para a barraca das comidas e se serviram de algumas coisas que tinha ali.Era notório o orgulho que Jessica estava sentindo por Leo naquele momento.Era espetacular.Eles eram mais velhos que Cat e passaram por várias coisas também. Ambos não estavam disponíveis para um relacionamento, mas pareciam feitos um para o outro.Na opinião de Cat, eles se completam direitinho.Elas sentaram e estavam começando a comer quando o celular de Catarina tocou. Era seu pai.— Oi pai— Você... não
CatarinaDOIS ANOS E MEIO DEPOISMinha vida tomou um rumo um pouco esquisito.Estou no último ano do ensino médio e dou graças a Deus por ter conseguido chegar até aqui.Ontem foi o casamente de Leonardo e Jessica, levei minha mãe e fiquei com ela o tempo todo, já que meu pai não pôde estar lá. Eles estavam muito felizes, pois tinham começado a trabalhar com o que gostavam e com o que se formaram. Eles mereciam esse casamento.Eu dei um pequeno discurso, fui a madrinha, por mais que parecesse estranho, entrei com minha mãe, já que a cadeira de rodas ainda é considerada muito nova para ela e ela não consegue se mover sozinha com aquele "troço" como chama.Hoje é o meu aniversário.Eu soube, mesmo não querendo saber, que Vinicius foi solto ontem de noite.Eu não queria sair para lugar algum, mas minha mãe insistiu, o que me fez
ViniciusTudo mudou.Eu realmente havia aprendido muito naqueles longos dias dentro da prisão.Marcos me ajudou e eu sou eternamente grato a ele.Pude afirmar para mim e para ele que ele foi um anjo enviado por Deus para me ajudar pois era isso que sentia. Aliás, que outro sentido teria para o rumo que tudo tomou?Ele me contou coisas que me fizeram ficar maravilhado, por mais que minha mente dissesse várias coisas para me confundir, aqueles olhar que ele me lançava, fazia surpreendentemente todas as dúvidas e o que mais viesse sumir.Cada dia que amanhecia, passei a não xingar por ser mais um dia preso, mas passei a agradecer e até mesmo querer acordar, só para ouvir mais um pouco, aprender mais um pouco.Quando anunciaram a saída dele, eu fiquei feliz por ele, o desejando tudo de bom. Mas ao mesmo tempo, não pude esconder a minha tris
ViniciusAcordei cedo e consequentemente, ansioso. Aproveitei ao máximo aquela parte da manhã com a minha família, sentia que tudo estava voltando ao normal, que tudo estava se encaixando e finalmente funcionando.Eu estava progredindo.E como eu já sabia, a única coisa que faltava era a minha reconciliação com Catarina.Enquanto caminhava até a praça, onde a encontraria, me permite pensar nas palavras, mas vi o quanto era inútil. Eu iria apenas improvisar, ia desabafar e se preciso fosse... me humilhar.Estava disposto a tudo neste momento.E uma força dentro de mim surgia. Talvez uma coragem, eu precisava dela e aos poucos fui me agarrando a isso. Não permiti que meu coração errasse o compasso quando a vi.Me mantive estável.Me aproximei e a cumprimentei com um leve sorriso no rosto. Ela estava tão linda, n
CatarinaPassado três anos e meio, posso dizer que a minha vida se tornou o oposto do que eu imaginava quando completei 18 anos e presenciei a volta de Vinicius.E notando como o tempo passa rápido, pensando e lembrando de toda a minha juventude, todas as decepções e as coisas certas que fiz e desejando que tudo caminhe da forma que Deus queira, assopro as 22 velas que estavam acima do meu bolo de aniversário.Sorridente, abraço os poucos convidados que ali estava, começando por meus pais e terminando em Vinicius, que me trouxe um lindo buquê de presente.Dei um demorado beijo nele, demonstrando que estava feliz e fitei seus olhos que adquiriram um tom mais brilhante, me lembrando de tudo que passamos durante esses anos, a partir do dia que eu disse que sim, com o consentimento dos meus pais.Posso afirmar que ele deu o seu melhor, ele fez tudo que estava ao seu alcance, para me dar uma s
━━━━━ • ஜ • ❈ • ஜ • ━━━━━_Os dias se passaram e logo vieram meses, e depois anos, o noivado de Catarina com Vinicius continuou firmado este tempo inteiro, e posso dizer que o amor aumentava a cada dia.Catarina se fez ainda mais forte, o amor de sua vida agora estava na igreja, assim como ela, isso era gratificante e de grande ajuda. A fé de ambos aumentava, as dúvidas eram tiradas e a certeza de finalmente estarem felizes surgia.Rita melhorou consideravelmente, porém, levará este acidente por toda a vida, a dor repentina e algumas marcas sempre estará em seu corpo para lembrá-la do acontecimento.O pai de Cat, assim como o de Vini, permaneciam cada vez mais firmes e fortes, apesar de não estar sendo nada fácil para eles, eles proseeguiram, lutaram e conquistar
— Sim — respondeu ela, deletando os sentimentos de seu coração e aceitando o que Deus lhe dizia —, eu aceito.🌟— Radassa — gritou com a voz ofegante —, espere.Suas pernas estavam doloridas, correr atrás da filha era um trabalho incrivelmente árduo, mas ela não podia deixar isso para a mãe, temia que algo de ruim acontecesse com as marcas deixadas nas pernas dela.— Minha filha, deixe a criança, você era pior — aconselhou sua mãe, sentada na varanda descascando uma laranja numa paz incompreensível.— Eu sei mãe, mas ela precisa comer — suspirou e sentou-se no chão, ao lado da poltrona onde sua mãe se sentará. — Ela já não nasceu tão fortinha, porque não segue as atitudes dos irmãos?Radassa surgiu rindo, colocando as mãozinhas nos joelhos simbolizando seu cansaço. Quando levantou-se, encontrou um olhar nada agradável de sua mãe, dando um sorriso desajeitado, a criança
― Mãe, por que eu não posso namorar?Catarina Moura julga viver sofridamente os dilemas de uma juventude avassaladora, onde tudo lhe é proibido, porém, o desejo de ter e fazer é maior e isso a angustiava. Aqui, ela via-se necessitada de um amor, de uma paixão, coberta de carências, ela buscava satisfazer a sua carne e não fazê-lo parecia-lhe cruel e doloroso.O caso perturbante é que sua mãe proibia-lhe quaisquer ação e desejo da mocidade, consciente do resultado dos "desejos carnais" e tentando ao máximo proteger sua filha, para que a mesma não acabasse por vivenciar e repetir tudo que a mãe, Rita, consequentemente vivera. E Catarina, apelidada por Cat, caminhava pela praça movimentada de seu bairro, com as lembranças ávidas em sua mente, questionando-se quando ela poderia, finalmente, alcançar sua liberdade.Enquanto ela se distraía, chutando uma pequena pedra pelo caminho, a pessoa que seria a sua perdição, ou a sua liberda