Ele prometeu a ela que iria mais longe e assim o fez, dirigindo calmamente pelas ruas desertas.
Estavam em um silêncio ensurdecedor, ele ainda acariciava a mão dela e a olhava várias vezes.
Quando teve aquela conversa, para que ela tentasse contar a verdade, já havia pesquisado algum lugar, perguntado e se informado. Seus amigos falaram de uma casa abandonada logo na saída de Minas Gerais. Ele ficou apreensivo, mas sacou que se não fosse ali, não seria em nenhum outro lugar. Estava resolvido.
Catarina havia cochilado duas vezes, estava um pouco cansada e repousar a ajudava a não chorar.
Quando estava fechando os olhos pela terceira vez, ele anunciou:
— Chegamos.
Ele fez o carro se deslocar até o final de uma rua estreitinha, com poucas casas e poucas luzes, onde se encontrava um casebre que, apesar de pequeno era bem equipado, mas que à muito tempo não recebia um ser humano.
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Naquela noite, ela se entregou, pela primeira vez.Naquela noite, ele se entregou, mais uma vez.Ela não pôde esconder a sua grande felicidade, ele não ocultou seu gozo, satisfez o seu desejo.Deitada na cama, Catarina lembrava de cada segundo que se passou ali, Vini dormia do seu lado, abraçando-a em forma de conchinha, ela fechou os olhos na tentativa falha de voltar a dormir, mas foi invadida novamente pelas lembranças.Depois do que fez, teve a certeza de que foi correto fugir. Sua mãe já havia falado algumas vezes sobre isso, mas agora, depois de ter feito, ela se perguntava o porquê da mãe esconder o quão bom era. Não sabia se foi o certo a se fazer, mas usufruiu das lembranças, então parou de se perguntar.— Tá acordada, docinho? — a voz sonolenta de Vini a desperta dos devaneios.— Sim... — ela sentia-se levemente estranha ao falar com ele. — Bom dia.
Uma semana depoisLá estava ela, sentindo mais um dos seus enjoos matinais, Vinicius saiu, dando a mesma desculpa de estar fazendo bicos por aí, só que dessa vez, a noite e a manhã foram estranhas, ele não queria contato físico com ela, isso a perturbou.Ela não saíra de casa, desde o dia que entrou, conseguiu de alguma forma fazer a TV funcionar no meio tempo que estava sozinha.Achou também algumas revistas e jornais velhos, guardados cuidadosamente numa das gavetas do criado-mudo, achou também uns três livros de romance de séculos atrás, era esses livros que ela lia para passar o tempo.Rita se deu conta, dias depois, da besteira que fez. A polícia orientou Calleb a fazer uma pequena busca nos lugares mais próximos, pois eles não podiam fazer muita coisa.A primeira coisa que Rita fez, ao ver que a situação se agravou de súbito, foi orar, pedindo perdão por simplesmente tê-l
Aquilo causou incômodo.Foi tudo muito rápido, Vini ficou boquiaberto, passou as mãos pelo cabelo, suspirou e saiu da sala.A Doutora olhou aflita para a porta fechada e para Catarina que abaixou as vistas, sem saber o que fazer.— Quantos anos você tem?— perguntou quebrando o silêncio assombrador que permaneceu ali após o baque da notícia.— 15 — respondeu, causando espanto.— Menina! — exclamou boquiaberta. — Sua gravidez será de enorme risco.Ela continuou de cabeça baixa, sabia perfeitamente que não tinha corpo o suficiente para isso, ela era uma criança, como sua mãe dizia. Ah, sua mãe. Como estava certa o tempo todo, aquela foi definitivamente a pior coisa a se fazer, agora ela sabia, mas não sabia o que faria.Ao se retirar da sala, as duas, encontraram Vini sentado, fitando o chão, com as mãos na cabeça.Doutora Marli confortou a
Ele jogou-se no sofá, deixando a porta entreaberta. O vento frio percorreu a sala.Ele não respondeu, estava muito embriagado para responder algo concreto.Deitado ao seu lado no sofá, ela o observou, a respiração estava ofegante, seu rosto num tom um pouco avermelhado, sua boca seca, seus cabelos desordenados e uma pequena marca de chupão no pescoço.Olhou tudo num segundo e uma pequena lágrima rolou pelas maçãs do rosto e pousou no canto de seus lábios. Aquela incerteza cochichava baixinho ao pé de seus ouvidos.Surgiu a lembrança, ainda da praça, Tadeu falando sobre seu indevido trabalho no bar que, muitas vezes dava para ser satisfatório. Ela sacou os códigos, dando a entender que mulheres iam lá e que, por coincidência, ou ironia do destino, Vini conheceu algumas das antigas namoradas lá. Ela sabia que algo aconteceu. Ela sabia que ele estava lá. Ela sabia.Desligou a televisão e foi para o qua
E a lágrima saiu, sem que ela percebesse, e então ela viu a oportunidade de pensar.Eu saí, pensou. Saí de casa, não deveria. Se eu não tivesse o conhecido. Isso não teria acontecido.Mas, o destino às vezes é bastante irônico, se as coisas não vêm para ficar, elas não vêm necessariamente para decepcionar, mas sim para ensinar.Foram várias casas que aquele ônibus passou, o destino dele era a garagem, ela sabia perfeitamente onde ficava e, por sorte, sua casa era perto.Ao aproximar-se da garagem, Cat desembarcou no ponto e seguiu calada.Passou pela praça minutos depois, praça essa que dias atrás foi o ponto de uma fuga.As lembranças vieram de um jeito urgente, fazendo-a chorar mais um pouco, enxugando rapidamente com as costas da mão.Ela estava com a cabeça baixa, os raios de sol insistiam em iluminar o corpo de Cat, fazendo seus olhos arderem, tanto
O céu límpido ostentava raios solares. Aquelas férias de verão, com aquele belo sol, estavam ótimas. Mas, do jeito que estava, tinha certas limitações de lugares para ir. Não, ela não estava doente, mas com seus enjoos e tonturas, ficava um pouco difícil sair...Ela acordou determinada a ir à praia. Abriu a cortina do quarto e deixou-se ser aquecida pelo sol, com certa preguiça de ir se cuidar.Foi fazer sua higiene matinal, para tomar café em seguida. Fazia pouco menos de uma semana que ela havia voltado, mas seus pais continuavam naquela alegria. Era como se ela tivesse feito uma viagem de um ano e voltasse prestes a sair novamente.Quando se dirigiu à sala, Rita estava sentada no sofá, lendo o jornal. Quando a viu logo se levantou e deu um beijo na bochecha dela, acariciando o rosto dela, como se há muito tempo não a visse. O pai também chegou, dando um carinhoso beijo na testa dela.Mostrando preocupação,
D. Rita não conseguiria ver aquela cena, era demais para ela.Catarina gritava de dor, enquanto os médicos faziam de tudo por ela.Rita saiu da sala e ficou no corredor, andando de um lado para o outro, pensando no porquê de tudo aquilo, pensando nas possíveis chances de dar tudo certo. As doutoras pela qual elas passaram, afirmaram a todo o momento que: a gravidez era de risco. Mas, apesar de saber perfeitamente disso, elas não deixaram de pensar nas chances de dar certo. Mantiveram os pensamentos positivos pode-se dizer que até aquele momento.― Dona Rita? ― perguntou uma das médicas ao sair da sala, despertando Rita dos seus breves e leves devaneios. Ela assentiu com a cabeça, demonstrando preocupação no olhar. A médica parecia procurar as palavras certas para dizer aquilo. ― Bom... ― iniciou, respirando fundo ― está havendo complicações no parto... ― ela abaixou o olhar. ― Apenas um poderá viver.― Por fav
― Por que isso aconteceu? ― perguntou Cat a uma das enfermeiras. ― Isso não deveria ter acontecido, não é? ― sua voz embargada demonstrava a amargura que sentia.― Problemas com a placenta, alegamos; e também, ele estava muito frágil para sobreviver à pressão de um parto — falou, a mais ignorante, podemos dizer.― O que acontecerá?— Ela deverá ficar aqui por um tempo, para fazermos necropsia e análise da placenta e termos a chance de obter alguma explicação — falou a mais gentil.— Infelizmente — pronunciou o médico —, em mais de 50% dos casos, a causa é desconhecida.Era muita informação para absorver, Cat deixou esse trabalho para a mãe, não sabia se ouviria direito, já que seu coração batia forte em seus ouvidos.— Eu... — falou ela meio alto, afastando um pouco os soluços — posso... vê-lo?E todos se entreolharam por um longo tempo, fazendo o clima ficar ainda