E a lágrima saiu, sem que ela percebesse, e então ela viu a oportunidade de pensar.
Eu saí, pensou. Saí de casa, não deveria. Se eu não tivesse o conhecido. Isso não teria acontecido.
Mas, o destino às vezes é bastante irônico, se as coisas não vêm para ficar, elas não vêm necessariamente para decepcionar, mas sim para ensinar.
Foram várias casas que aquele ônibus passou, o destino dele era a garagem, ela sabia perfeitamente onde ficava e, por sorte, sua casa era perto.
Ao aproximar-se da garagem, Cat desembarcou no ponto e seguiu calada.
Passou pela praça minutos depois, praça essa que dias atrás foi o ponto de uma fuga.
As lembranças vieram de um jeito urgente, fazendo-a chorar mais um pouco, enxugando rapidamente com as costas da mão.
Ela estava com a cabeça baixa, os raios de sol insistiam em iluminar o corpo de Cat, fazendo seus olhos arderem, tanto
O céu límpido ostentava raios solares. Aquelas férias de verão, com aquele belo sol, estavam ótimas. Mas, do jeito que estava, tinha certas limitações de lugares para ir. Não, ela não estava doente, mas com seus enjoos e tonturas, ficava um pouco difícil sair...Ela acordou determinada a ir à praia. Abriu a cortina do quarto e deixou-se ser aquecida pelo sol, com certa preguiça de ir se cuidar.Foi fazer sua higiene matinal, para tomar café em seguida. Fazia pouco menos de uma semana que ela havia voltado, mas seus pais continuavam naquela alegria. Era como se ela tivesse feito uma viagem de um ano e voltasse prestes a sair novamente.Quando se dirigiu à sala, Rita estava sentada no sofá, lendo o jornal. Quando a viu logo se levantou e deu um beijo na bochecha dela, acariciando o rosto dela, como se há muito tempo não a visse. O pai também chegou, dando um carinhoso beijo na testa dela.Mostrando preocupação,
D. Rita não conseguiria ver aquela cena, era demais para ela.Catarina gritava de dor, enquanto os médicos faziam de tudo por ela.Rita saiu da sala e ficou no corredor, andando de um lado para o outro, pensando no porquê de tudo aquilo, pensando nas possíveis chances de dar tudo certo. As doutoras pela qual elas passaram, afirmaram a todo o momento que: a gravidez era de risco. Mas, apesar de saber perfeitamente disso, elas não deixaram de pensar nas chances de dar certo. Mantiveram os pensamentos positivos pode-se dizer que até aquele momento.― Dona Rita? ― perguntou uma das médicas ao sair da sala, despertando Rita dos seus breves e leves devaneios. Ela assentiu com a cabeça, demonstrando preocupação no olhar. A médica parecia procurar as palavras certas para dizer aquilo. ― Bom... ― iniciou, respirando fundo ― está havendo complicações no parto... ― ela abaixou o olhar. ― Apenas um poderá viver.― Por fav
― Por que isso aconteceu? ― perguntou Cat a uma das enfermeiras. ― Isso não deveria ter acontecido, não é? ― sua voz embargada demonstrava a amargura que sentia.― Problemas com a placenta, alegamos; e também, ele estava muito frágil para sobreviver à pressão de um parto — falou, a mais ignorante, podemos dizer.― O que acontecerá?— Ela deverá ficar aqui por um tempo, para fazermos necropsia e análise da placenta e termos a chance de obter alguma explicação — falou a mais gentil.— Infelizmente — pronunciou o médico —, em mais de 50% dos casos, a causa é desconhecida.Era muita informação para absorver, Cat deixou esse trabalho para a mãe, não sabia se ouviria direito, já que seu coração batia forte em seus ouvidos.— Eu... — falou ela meio alto, afastando um pouco os soluços — posso... vê-lo?E todos se entreolharam por um longo tempo, fazendo o clima ficar ainda
A manhã foi passando arrastada, a tarde chegou com um vento frio.Catarina estava na sala da maternidade, com a mesma expressão de sempre. Perdera Vinicius, não imaginava perder seu primeiro filho, mesmo que não pudesse tê-lo, ela não tinha corpo o suficiente para carrega-lo em seu ventre.O pobre coitado nasceria prematuro, teria alguma chance, mas não chegou a sentir o sopro de vida. Morreu antes disso, e era isso que a incomodava.Por mais que tentasse e precisasse dormir, ela não conseguiu, era muito doloroso, era como se assim que ela fechasse os olhos, ela visse a imagem do filho novamente. Aquilo a perseguiria, mesmo com as palavras da moça com quem falara martelando na sua cabeça.Portanto, suas olheiras estavam bem escuras. Dormir a força não era necessariamente dormir, então, todos aqueles sedativos e etc. Não ajudavam nada de nada em seu sono.― Boa tarde, moça ― a voz calma da enfe
Estava em uma estrada cheia de matos e árvores. Catarina estava indo de encontro a ele. De repente, começou a cair uma chuva forte e ela começou a correr em busca de um abrigo.Daí escorregou. Caiu de encontro ao chão.Vinicius estava sentado numa pedra. Cat levantou devagar da terra molhada.Ele a chamava. Agora de pé. Ela foi de encontro a ele.Seu rosto estava molhado, seus cabelos molhados grudavam na sua pele. A expressão era de preocupado e um pouco nervoso.Ele segurou cuidadosamente o rosto dela.― Eu preciso de você ― falou ele.Cat não sabia o que fazer ou dizer. Apenas o olhou. Fitando aqueles olhos.Como eu disse, ele estava nervoso. Então a sacudiu.― Eu preciso de você ― exclamou mais alto.As palavras simplesmente sumiram da boca dela. Por mais que quisesse falar, não conseguia.
Causou efeito. E ele não foi pequeno.Incrível é como simples palavras trouxeram tão grande impacto.E lá estavam elas, vestidas, prontas para ir à casa do Senhor.Rita não passou maquiagem, pois sabia que iria se debruçar em lágrimas. Vestia um vestido longo verde.Cat colocou um vestido médio da cor azul.Seja o que Deus quiser, pensou Rita.E seguiram, tentando ao máximo disfarçar o nervosismo.A cada vez mais perto, um vento diferente soprava por ali e um grande nó se formou na garganta das duas. Borboletas rodopiavam no estomago delas.E aí, chegaram. O chão de pedras continuava da mesma forma, as paredes foram repintadas, dando um brilho novo em folha, as cadeiras são novas e todos os outros móveis também, acima do púlpito tem um pano branco escrito: Ser Livre, com uma cruz no meio.Somente neste aspecto elas puder
ViniciusEu estava no fundo do poço, mas é como diz aquele ditado que minha mãe sempre dizia: colhemos o que plantamos.No final, Lúcia sempre estava certa, ela e aquele jeito de me comandar, ela e Ian,achando que sou uma criança. Mas isso é o que não sou. Sou bastante adulto e sei me virar sozinho.E não me importa se eles me mandaram escolher e eu escolhi o mundo, não me importam as lágrimas que rolaram no rosto deles quando peguei minhas coisas e simplesmente sai, isso para mim é uma mera insignificância.Só que eu não queria afirmar que não havia saída, não há luz no fim do túnel e eu me encontro na completa escuridão. Completa solidão. Eu sou mais forte do que imagino, sou forte até demais, não posso me deixar levar por esses pensam
— Senti tanto a sua falta — falou Jess.Era domingo, escola bíblica dominical (EBD), e lá estavam, mãe e filha, tentando voltar a rotina de sempre. Antes, Rita puxou Cat para o canto e falou para ela que não era para contar absolutamente nada dos acontecimentos. Nada.— Eu também senti, Jess — ela respondeu.— Chegaram algumas pessoas novas, tem uma menina que agora é do grupo dos jovens e tem o Leonardo — ela sorriu ao falar o nome dele —, o novo líder dos jovens.— Que máximo! E a igreja está novinha em folha...— Alguns hábitos mudaram, outros são totalmente novos, mas não deixam de ser excelentes.Pela empolgação da amiga, Cat soube que tudo estava muito bom por ali. Por sorte, Jess não perguntou nada sobre o sumiço dela, ela sabia que, a qualquer momento, se Cat quisesse contar, simplesmente contaria.Não demorou muito para que o tal Leonardo