A manhã foi passando arrastada, a tarde chegou com um vento frio.
Catarina estava na sala da maternidade, com a mesma expressão de sempre. Perdera Vinicius, não imaginava perder seu primeiro filho, mesmo que não pudesse tê-lo, ela não tinha corpo o suficiente para carrega-lo em seu ventre.
O pobre coitado nasceria prematuro, teria alguma chance, mas não chegou a sentir o sopro de vida. Morreu antes disso, e era isso que a incomodava.
Por mais que tentasse e precisasse dormir, ela não conseguiu, era muito doloroso, era como se assim que ela fechasse os olhos, ela visse a imagem do filho novamente. Aquilo a perseguiria, mesmo com as palavras da moça com quem falara martelando na sua cabeça.
Portanto, suas olheiras estavam bem escuras. Dormir a força não era necessariamente dormir, então, todos aqueles sedativos e etc. Não ajudavam nada de nada em seu sono.
― Boa tarde, moça ― a voz calma da enfe
Estava em uma estrada cheia de matos e árvores. Catarina estava indo de encontro a ele. De repente, começou a cair uma chuva forte e ela começou a correr em busca de um abrigo.Daí escorregou. Caiu de encontro ao chão.Vinicius estava sentado numa pedra. Cat levantou devagar da terra molhada.Ele a chamava. Agora de pé. Ela foi de encontro a ele.Seu rosto estava molhado, seus cabelos molhados grudavam na sua pele. A expressão era de preocupado e um pouco nervoso.Ele segurou cuidadosamente o rosto dela.― Eu preciso de você ― falou ele.Cat não sabia o que fazer ou dizer. Apenas o olhou. Fitando aqueles olhos.Como eu disse, ele estava nervoso. Então a sacudiu.― Eu preciso de você ― exclamou mais alto.As palavras simplesmente sumiram da boca dela. Por mais que quisesse falar, não conseguia.
Causou efeito. E ele não foi pequeno.Incrível é como simples palavras trouxeram tão grande impacto.E lá estavam elas, vestidas, prontas para ir à casa do Senhor.Rita não passou maquiagem, pois sabia que iria se debruçar em lágrimas. Vestia um vestido longo verde.Cat colocou um vestido médio da cor azul.Seja o que Deus quiser, pensou Rita.E seguiram, tentando ao máximo disfarçar o nervosismo.A cada vez mais perto, um vento diferente soprava por ali e um grande nó se formou na garganta das duas. Borboletas rodopiavam no estomago delas.E aí, chegaram. O chão de pedras continuava da mesma forma, as paredes foram repintadas, dando um brilho novo em folha, as cadeiras são novas e todos os outros móveis também, acima do púlpito tem um pano branco escrito: Ser Livre, com uma cruz no meio.Somente neste aspecto elas puder
ViniciusEu estava no fundo do poço, mas é como diz aquele ditado que minha mãe sempre dizia: colhemos o que plantamos.No final, Lúcia sempre estava certa, ela e aquele jeito de me comandar, ela e Ian,achando que sou uma criança. Mas isso é o que não sou. Sou bastante adulto e sei me virar sozinho.E não me importa se eles me mandaram escolher e eu escolhi o mundo, não me importam as lágrimas que rolaram no rosto deles quando peguei minhas coisas e simplesmente sai, isso para mim é uma mera insignificância.Só que eu não queria afirmar que não havia saída, não há luz no fim do túnel e eu me encontro na completa escuridão. Completa solidão. Eu sou mais forte do que imagino, sou forte até demais, não posso me deixar levar por esses pensam
— Senti tanto a sua falta — falou Jess.Era domingo, escola bíblica dominical (EBD), e lá estavam, mãe e filha, tentando voltar a rotina de sempre. Antes, Rita puxou Cat para o canto e falou para ela que não era para contar absolutamente nada dos acontecimentos. Nada.— Eu também senti, Jess — ela respondeu.— Chegaram algumas pessoas novas, tem uma menina que agora é do grupo dos jovens e tem o Leonardo — ela sorriu ao falar o nome dele —, o novo líder dos jovens.— Que máximo! E a igreja está novinha em folha...— Alguns hábitos mudaram, outros são totalmente novos, mas não deixam de ser excelentes.Pela empolgação da amiga, Cat soube que tudo estava muito bom por ali. Por sorte, Jess não perguntou nada sobre o sumiço dela, ela sabia que, a qualquer momento, se Cat quisesse contar, simplesmente contaria.Não demorou muito para que o tal Leonardo
A mudança havia começado, mas Cat sentia que a qualquer momento poderia desabar.Ela está tentando voltar, ou pelo menos ter, uma rotina. Como não havia escola, já que estava em plenas férias, ela procurava se ocupar lendo, arrumando a casa enquanto Rita tricota e a acompanha nas suas entregas.O livro que pegara no casebre abandonado, levava lembranças das quais ela não se sentia tão desconfortável em lembrar. Não mais.Enquanto Rita deixava seus olhos lacrimejarem toda vez que abria seu saco de tricô e via a manta que tinha feito para o futuro netinho.Nenhuma das duas poderia se deixar levar pelas duras lembranças, elas estavam indo bem.Rita contava sobre uma amiga antiga, sobre estar marcando um encontro com ela, e sobre estar feliz em reencontrá-la. Claro que Cat não a conhecia. Por um momento pensou que era a mãe de Priscila, mas pelos mínimos detalhes, percebeu que não era. De qualquer
Vinicius— Sim — eu respondi — estou interessado.Desde aquele momento, soube que não daria em boa coisa. Mas não custava nada se arriscar, se não tentarmos nunca saberemos. No final, se desse certo, eu sairia com alguma coisa que ao menos dê para sobreviver.Fiquei hospedado ali por um tempo, até terminarem de pôr o plano no papel, conheci outro cara que iria praticar também, enquanto Gancho só comandava.Ainda tive que ouvir um deles me chamando de metido e esnobe, mas não me importei, meu charme realmente incomodava alguns.De volta ao plano, eu e o "Val" entraríamos no banco em plena madrugada. Enquanto o outro ficaria do lado de fora, dando cobertura e nos avisando caso ocorra algum movimento na rua. Como eu ainda não tinha experiência, apenas esconderia as câmeras e seguraria a mochila enquanto Val colocava o dinheiro lá dentro. Entraríamos com pano branco no rosto, para não correr
Como prometeu em seu próprio pensamento, ela lutava com todas as forças contra o mal das lembranças. Ela sempre conseguia.Respirou fundo enquanto afastava as lembranças da mente mais uma vez.Rita iria entregar mais uma encomenda, dessa vez seria na casa do Leonardo.Cat se lembrou do sorriso dele ao avistar ela chegando na igreja.Ela não sabia o que queria dizer aquele sorriso. Proibir o coração de se apaixonar fazia esse tipo de coisa.Por mais que ela forçasse um desentendimento, ela sentia pureza no olhar dele, por isso, seguiu com a ideia de um "bom amigo" por perto.Ela só percebeu que estava nervosa quando a mãe anunciou que já estava saindo, obrigando-a a parar de divagar.Calada ela seguiu a mãe pelas ruas de Minas Gerais, parando algumas vezes para cumprimentar conhecidos que apareciam no caminho, debaixo do caloroso sol.Quando fi
Era horrível sentar para assistir as reportagens toda tarde e ouvir a palavra assalto trazendo à tona uma certa pessoa sem muito juízo.As coisas se tornam pior a cada dia. Crianças inocentes são mortas, idosos. O respeito sumiu, o amor sumiu. A cada dia que passa o mundo mostra que ele não terá mudança tão cedo, será que tende a piorar mais e mais? Até quando ficaremos assim?Na sua conversa com Leo, falaram sobre isso, fizeram perguntas que não tinham nenhuma resposta, fazendo Cat pensar neste assunto enquanto tentava dormir.Fez as mesmas perguntas ao acordar e por coincidência ou para ela não pensar em outra coisa, o pai falou sobre isso enquanto tomavam café.Faria mais uma entrega com sua mãe, dessa vez seria um pouco mais longe que o habitual e iam andando até lá.<