Cheron Martinez, o pastor, vestia mais um dos seus ternos, o que mais se destacava nele era o seu cabelo que caía constantemente, deixando à mostra o início de uma careca.
Catarina se dirigiu até ele, perto do altar, com um certo receio e com várias perguntas rodeando sua mente.
— Sim?
— Foi muito boa a apresentação.
— Obrigada.
— Percebi que chorava. Algo a incomoda?
Silêncio.
— Tudo bem, não quero ser intrometido. Se não consegue desabafar comigo, tem também a minha filha, a minha mulher, ou qualquer outro daqui, pois o bom é receber e seguir os conselhos dos cristãos. Sei que nesta idade não queremos desabafar com nossas mães.
— Ah... Sim, pastor. Eu nã
Sem dúvidas ela estava precisando esquecer das coisas que a perturbavam por pelo menos algumas horas, ela precisava estar em um pouco de união com a sua família, ela não podia deixar para trás tudo que fazia antes... Todo o seu passado.Sim, o passado tem que ser esquecido, mas tem certas coisas boas lá, certos momentos bons e certas pessoas que devemos levar para a vida toda.Um decreto da casa de Catarina era ler pelo menos dois livros no mês e ganhava R$50,00 se contasse tudo que acontece.Ela estava sentada na cama, devorando um desses livros, tentando ser rápida para iniciar o outro de 405 páginas.Ler para ela sempre foi um saco, mas como ela irá ganhar dinheiro com isso, lê o máximo possível, tomando sua xícara de chá para relaxar e entender bem a história.&
Cat se encontrava em sua cama, olhando para o teto. Foi um dia e tanto, ela estava relembrando; sua amiga com os amigos de Vini, troca de telefones... O que mais a intrigava era a sugestão de Vini, desde o momento em que ele perguntou "até quando", ela suspeitou e estremeceu.— Como assim, Vini? — perguntou, vendo o medo crescer cada vez mais.— Eu... — ele suspirou. — Não sei se consigo namorar escondido com você... — ele olhou para a mesa, tentando encontrar as palavras certas — não é isso que queria.— Mas o que quer que eu faça?— Nos assuma!— Mas Vini... — ela sentiu os olhos lacrimejarem. — Eu não posso.— Ah, é — era notória a impaciência dele.— A não ser que você queira que nos separem.Ele a olhou.— Não, docinho... — respirou fundo. — Isso não.— Então...— Mas não custa tentar, te
Naquele quarto, Cat chorava e suplicava, sofria e gemia.Sua mãe, por sua vez, ao ouvir as lamentações, falou que de nada adiantaria e ligou o som, em um volume alto o suficiente para não mais ouvi-lá. Quem não vem por amor, vem pela dor.Será que essa é a dor que a levará de volta?Quem não vem por amor, vem pela dor.Será que, se ela tivesse mantido o segredo, isso não estaria acontecendo?Quem não vem por amor, vem pela dor.Será que era exatamente isso que ela merecia?Será? Será? Não adianta nada se questionar, sem haver resposta alguma.Ela percebeu que não adiantaria mesmo ficar se lamentando, Rita não ouviria.Lembrou-se novamente:— Eu tenho planos. Vai ficar tudo certo.Sentou-se na cama, tentando encontrar uma solução que pudesse praticar sozinha..
Ele prometeu a ela que iria mais longe e assim o fez, dirigindo calmamente pelas ruas desertas.Estavam em um silêncio ensurdecedor, ele ainda acariciava a mão dela e a olhava várias vezes.Quando teve aquela conversa, para que ela tentasse contar a verdade, já havia pesquisado algum lugar, perguntado e se informado. Seus amigos falaram de uma casa abandonada logo na saída de Minas Gerais. Ele ficou apreensivo, mas sacou que se não fosse ali, não seria em nenhum outro lugar. Estava resolvido.Catarina havia cochilado duas vezes, estava um pouco cansada e repousar a ajudava a não chorar.Quando estava fechando os olhos pela terceira vez, ele anunciou:— Chegamos.Ele fez o carro se deslocar até o final de uma rua estreitinha, com poucas casas e poucas luzes, onde se encontrava um casebre que, apesar de pequeno era bem equipado, mas que à muito tempo não recebia um ser humano.<
Naquela noite, ela se entregou, pela primeira vez.Naquela noite, ele se entregou, mais uma vez.Ela não pôde esconder a sua grande felicidade, ele não ocultou seu gozo, satisfez o seu desejo.Deitada na cama, Catarina lembrava de cada segundo que se passou ali, Vini dormia do seu lado, abraçando-a em forma de conchinha, ela fechou os olhos na tentativa falha de voltar a dormir, mas foi invadida novamente pelas lembranças.Depois do que fez, teve a certeza de que foi correto fugir. Sua mãe já havia falado algumas vezes sobre isso, mas agora, depois de ter feito, ela se perguntava o porquê da mãe esconder o quão bom era. Não sabia se foi o certo a se fazer, mas usufruiu das lembranças, então parou de se perguntar.— Tá acordada, docinho? — a voz sonolenta de Vini a desperta dos devaneios.— Sim... — ela sentia-se levemente estranha ao falar com ele. — Bom dia.
Uma semana depoisLá estava ela, sentindo mais um dos seus enjoos matinais, Vinicius saiu, dando a mesma desculpa de estar fazendo bicos por aí, só que dessa vez, a noite e a manhã foram estranhas, ele não queria contato físico com ela, isso a perturbou.Ela não saíra de casa, desde o dia que entrou, conseguiu de alguma forma fazer a TV funcionar no meio tempo que estava sozinha.Achou também algumas revistas e jornais velhos, guardados cuidadosamente numa das gavetas do criado-mudo, achou também uns três livros de romance de séculos atrás, era esses livros que ela lia para passar o tempo.Rita se deu conta, dias depois, da besteira que fez. A polícia orientou Calleb a fazer uma pequena busca nos lugares mais próximos, pois eles não podiam fazer muita coisa.A primeira coisa que Rita fez, ao ver que a situação se agravou de súbito, foi orar, pedindo perdão por simplesmente tê-l
Aquilo causou incômodo.Foi tudo muito rápido, Vini ficou boquiaberto, passou as mãos pelo cabelo, suspirou e saiu da sala.A Doutora olhou aflita para a porta fechada e para Catarina que abaixou as vistas, sem saber o que fazer.— Quantos anos você tem?— perguntou quebrando o silêncio assombrador que permaneceu ali após o baque da notícia.— 15 — respondeu, causando espanto.— Menina! — exclamou boquiaberta. — Sua gravidez será de enorme risco.Ela continuou de cabeça baixa, sabia perfeitamente que não tinha corpo o suficiente para isso, ela era uma criança, como sua mãe dizia. Ah, sua mãe. Como estava certa o tempo todo, aquela foi definitivamente a pior coisa a se fazer, agora ela sabia, mas não sabia o que faria.Ao se retirar da sala, as duas, encontraram Vini sentado, fitando o chão, com as mãos na cabeça.Doutora Marli confortou a
Ele jogou-se no sofá, deixando a porta entreaberta. O vento frio percorreu a sala.Ele não respondeu, estava muito embriagado para responder algo concreto.Deitado ao seu lado no sofá, ela o observou, a respiração estava ofegante, seu rosto num tom um pouco avermelhado, sua boca seca, seus cabelos desordenados e uma pequena marca de chupão no pescoço.Olhou tudo num segundo e uma pequena lágrima rolou pelas maçãs do rosto e pousou no canto de seus lábios. Aquela incerteza cochichava baixinho ao pé de seus ouvidos.Surgiu a lembrança, ainda da praça, Tadeu falando sobre seu indevido trabalho no bar que, muitas vezes dava para ser satisfatório. Ela sacou os códigos, dando a entender que mulheres iam lá e que, por coincidência, ou ironia do destino, Vini conheceu algumas das antigas namoradas lá. Ela sabia que algo aconteceu. Ela sabia que ele estava lá. Ela sabia.Desligou a televisão e foi para o qua