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Filho do Desígnio
Filho do Desígnio
Por: Diana Mendonça
Parte Um - Capítulo Um

Melahel

Eu não precisava dormir, mas o cansaço e meu corpo pediam por isso mais do que nunca. Eu não entendia aquela necessidade de adormecer e relaxar meu corpo, transportando-o para um mundo que raramente eu entrava, que era o dos sonhos. 

Lexi repousava em meu peito, e meus olhos foram se fechando lentamente. Meu coração sentiu um aperto quando por fim dormi. 

O que você estava fazendo? Por que ainda está aí dormindo aos braços de uma mulher nojenta e velha que nunca será quem você ama de verdade? Por que magoou o único Demônio que queria o seu bem que era a Olivia? Meu subconsciente gritou para mim. 

Alguns flashes passaram por minha mente e mesmo inconsciente tremi com aquelas imagens. 

Primeiro era de Olivia adormecendo. Quando pela primeira vez havia visto aquela alma atormentada e tão bela. Sentia até mesmo sua respiração oscilar perto de mim enquanto eu sorria a vendo dormir. 

Logo depois a imagem mudou e era à noite em que dormi com ela na cabana a uma vida inteira atrás e fizemos amor também pela primeira vez. O rosto dela estava em chamas sobre o meu e o seu sorriso era a coisa mais linda que eu já havia visto. Seu toque e seu amor me mudaram para sempre naquela noite. 

E então quando a encontrei depois de dez meses preso, ela estava em depressão e quase caindo em uma doença profunda e terrível, mas ao me escutar e eu ficar ao lado dela, ela tinha voltado a ficar melhor. 

E assim mais flashes repetidamente passaram por mim. Rápidos e inconstantes. Quando eu havia mostrado a ela que o fato de ela ser metade Demônio e metade humana não mudava nada o que eu sentia. Quando fizemos amor pela última vez na floresta e a última imagem foi de quando ela queimou meu peito deixando uma marca permanente em minha pele. 

Mas, assim que seu rosto sumiu de meus pensamentos, o de Lexi entrou e o sonho era uma recordação de apenas alguns dias atrás. 

Pousei no chão logo após ter fugido dos anjos, os anjos nossos amigos entraram na caverna que eu havia pedido e então fui com ela para a mata ajudá-la. Caminhamos ao que pareceu horas e ela foi recolhendo tudo que precisava para fazer algum tipo de feitiço. Percebi conforme o tempo, que estranhamente ela não parecia precisar de ajuda, eu ficava andando atrás dela, como um idiota. 

Quando por fim ela acabou, parou no meio de uma clareira e juntou o que tinha pegado. 

- Você pode acender uma fogueira para mim? – ela pediu com um sorriso amável no rosto. 

Não gostei daquele sorriso e me deixava cada vez mais desconfortável, porém fiz o que ela pediu. Acendi a fogueira e Lexi queimou todos os tais ingredientes. E pronunciou algumas palavras enquanto gesticulava com as mãos. O céu acima de nós pareceu se fechar e como se eu tivesse recebido uma pancada na cabeça desmaiei. 

Meus pensamentos ficaram confusos e foram se dispersando com outros novos. 

O amor da minha vida era Lexi. Lexi me amava e eu a ela. Não Olivia. Ela fora uma paixão de muito tempo. Ela era um Demônio cruel que não servia para mim nunca. Ela gostava de Heron e não de mim. 

Eu amava Lexi. Apenas Lexi. Só Lexi. 

Meus olhos se abriram no sonho e Lexi me beijava. Afastei-a um pouco de mim e sorri para seu lindo rosto de fada. 

- Calma, amor. – sorri ainda mais. – Espere eu primeiro me levantar. 

Lexi riu e me ajudou a sair do chão. Seu rosto estava radiante e até mesmo seu cabelo parecia brilhar mais. Seus braços me rodearam e a abracei meio hesitante ainda. Meus braços pareciam incertos ao redor dela, e perfeitos nos de Olivia. Por que eu não fora atrás ainda? De repente os pensamentos foram afastados de minha mente. 

Eu amava Lexi. E era com ela que eu tinha que ficar mesmo que eu não soubesse como e nem por que eu me apaixonara tão rápido por ela.

- Eu esperei tanto por isso. Por mais de quinhentos anos fiquei presa naquele lugar e então você me resgatou. E você está com meu anel. Sei que você é a encarnação de meu amado Eamon. Basta agora eu fazer um para mim novamente e seremos eternamente um do outro. Eu te amo. – ela esconde o rosto sobre meu peito. 

Fiquei meio sem saber o que dizer, mas as palavras saíram obrigadas e forçadas por algo. 

- E eu te amo, Lexi. 

Sem que eu pensasse ou quisesse, automaticamente a peguei nos braços e comecei a amá-la ali. 

Com um solavanco abri meus olhos para o mundo real, despertando dos sonhos confusos e cheio de imagens. Olivia me veio à mente e a saudade gritou em meu peito. Afastei-me de Lexi que dormia feito pedra e abri minha camisa. A pequena mão de minha amada ainda estava lá. Rosada e marcada em meu peito. Algumas lágrimas escaparam por meus olhos. O que eu estava fazendo?

Levantei da colcha e do colchão e andei em direção a floresta. Foi quando a voz de Lexi retumbou. 

- Você é meu. E vai ficar. Eu ordeno. – ela disse. 

Me virei como um robô ao qual Lexi tinha o controle. Caminhei até ela e os pensamentos de Olivia automaticamente foram deixados de lado. Eu amava Lexi. Lexi, Lexi e Lexi. 

Lá no fundo minha mente sabia que algo estava acontecendo, mas eu não tinha controle. Lexi que mandava em mim. Ela era minha dona para sempre porque eu pertencia a ela.

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