- Está tudo pronto? – perguntou Lucian.
Olhei para as malas ao meu redor. Minhas roupas do closet estavam todas abarrotadas dentro de cinco malas gigantes. Bem, acho que sim, tudo estava pronto. - Sim. – respondi. Ele assentiu. - Ótimo. Você ficará fora um mês e espero que tenha juízo. Rimmon cuidará muito bem de você. E espero que quando volte você seja ainda mais poderosa do que é. – ele sorriu. Foi a minha vez de assentir e não dizer nada. Não seria muito bom dizer às coisas que estavam entaladas em minha garganta. Sorri e peguei a mão de Heron ao meu lado e ele me puxou para si. - E Heron cuide dela. Você está indo para manter a segurança dela e seu bem estar. Esteja ciente disso. – Lucian alertou com uma pontada de ameaça na voz. Heron não se abalou e sorriu. - Estou ciente. Até mais, Senhor. – ele disse e me puxou para o carro preto e sedã que esperava na porta da mansão. Dois seguranças Demônios colocaram as malas no porta malas e entraram no segundo carro sedã. Para “garantir’’ minha segurança. - Adeus, Lucian. – falei e entrei no banco traseiro, e Heron se sentou ao meu lado. Assim que o carro ganhou vida, e o motorista saiu da mansão de Lucian, Heron olhou para mim e apertou minhas mãos. - Você é corajosa pelo que está fazendo. – ele disse. - Foi minha única alternativa. – respondi séria. - Você sabe que não foi a única. Podíamos... – ele não terminou olhando para o motorista Demônio. É claro do que eu sabia que ele iria se referir. Ele ia dizer que poderíamos ter fugido no dia em que vi Melahel com Lexi. Mas, eu não quis e então retornamos para a mansão. E para mim aquela ainda estava sendo a melhor decisão que eu poderia ter tomado. A de aceitar meu destino e não ficar fugindo para sempre. Eu não era covarde e sinceramente preferia encarar isso a ser uma ninguém. Sendo meu destino mal ou não. Encarei Heron. - É aqui onde quero estar. – respondi. Ele sorriu e beijou meus lábios delicadamente. Encostei minha cabeça em seu peito e ficamos assim durante várias horas. Desde que tínhamos dormido pela primeira vez, há dois dias parecia ter se formado um laço de respeito e sinceridade entre nós dois. Ainda mais forte do que quando éramos amigos. Óbvio que eu não o amava, e acho que nunca mais amaria outro alguém, mas ele era tudo que eu precisava agora. Ele tinha me dado forças quando nada mais me pareceu reconfortante. Quando a dor havia escurecido meu coração e o mundo tinha se fechado de vez para mim. E era tão bom tê-lo do meu lado que eu consegui de certa forma retribuir o sentimento que ele dizia sentir por mim. As horas se passaram mais e mais, e acabei adormecendo em seu colo. O centro de treinamento era em outra cidade não assim tão distante, mas levava algumas horas para chegar até lá, e quando chegamos, Heron me sacudiu levemente e chamou meu nome. Abri meus olhos e Heron me pegou no colo. - Não precisa, Heron. Posso andar. – falei. Ele assentiu e sai do carro. Enfim tínhamos chegado. Estávamos de frente para uma casa gigante com torres altas e janelas grandes. Era moderno seu desenho e feita com pedras cinza parecendo a de um castelo antigo. Ela era adornada por floresta, e não me impressionei com isso, afinal a propriedade de Lucian era escondida do mundo também. - Sejam bem vindos a meu campo de treinamento. – a voz de Rimmon soou e então ele abriu a porta da casa, que era feita de madeira antiga. Desceu as escadas de pedra e sorriu ao me ver. Enrubesci, lembrando-me das coisas que ele havia me dito quando o conheci na festa de Lucian. - Olá, Rimmon. – Heron o cumprimentou se postando na minha frente de um jeito de macho alfa. Fala sério.- Heron... Que prazer enorme ao te ver. – Rimmon sorriu e apertou a mão de Heron e me deu um beijo no rosto. – Handora, você como sempre está linda. Olhei para minha calça jeans preta, botas e sobretudo. Não estava assim tão arrumada. - Obrigada. –murmurei hesitante. - Venham, vou lhes mostrar seus quartos e em seguida os campos de treinamento. Suas aulas e como vamos fazer de você um incrível Demônio. – ele sorriu.Rimmon seguiu na frente, e eu e Heron atrás. Entramos na casa e ela parecia ainda maior de dentro. Seu hall era esplendoroso e de um piso polido e branco. Havia várias portas e uma enorme escada. Olhei para cima e tinha certeza que havia pelo menos cinco andares na casa. - Bem, aqui fica a sala de refeições. – ele nos levou até uma das portas, e abriu-a. Um grande salão de projetava com várias mesas espalhadas, uma cantina, banheiros e uma área de descanso. Tinha também uma grande geladeira com a porta de vidro mostrando que dentro dela tinha vários vidros cheios de sangue. Ele fechou a porta e nos levou para as escadas. - Cada quarto é uma suíte, com banheiro espaçoso, cama grande e um frigobar para os lanchinhos da noite. – ele riu, e parecia que ele estava apresentando um quarto de Motel.Subimos três andares e no quarto, entramos em um corredor longo com várias portas de madeira escura. - Cada porta dessas é um quarto de um hóspede nosso. Temos no mínimo quarenta Demônios em treinamento. – ele disse e arregalei os olhos. – Fique tranquila, querida. Você é um caso especial aqui e eu mesmo serei seu treinador particular. Faremos treinamentos apenas eu e você. – ele disse maliciosamente e revirei os olhos. Ele parou diante da última porta do corredor. - Este é seu quarto. – ele abriu e eu fiquei surpresa. O quarto era duas vezes maior do que o meu na mansão de Lucian. E olha que era grande, mas esse era absurdamente espaçoso. Com cama king size, uma mesinha com computador, uma penteadeira, dois criados mudos ao redor da cama e um tapete bege parecendo caríssimo estendido no chão. As paredes eram de um marrom suave e a roupa de cama dourada.- Espero que goste. – ele entrou e olhou para mim. - Eu realmente adorei. – falei e puxei Heron para dentro. Rimmon fez uma cara de desgosto para Heron. - Bem, aqui temos uma regra estritamente proibida de casais dormirem juntos. Cada um tem o seu quarto separado. Tenho certeza que Heron vai adorar o quarto que separei para ele. É no primeiro andar. – ele disse. Ergui as sobrancelhas. - Mas, Lucian disse para Heron cuidar de mim. Dormíamos no mesmo quarto na casa dele. E para minha segurança, ele deve permanecer comigo. – falei. - Minha cara, aqui não é a mansão de Lucian. Sinto em dizer que dormirão sim, separados. Poderia formar brigas entre nossos guerreiros se soubessem que eu estaria mantendo os dois juntos. Terão que dormir separados e não me importo se ficarem juntos durante os dias. Mas, a noite cada um em seu quarto. – ele disse parecendo pela primeira vez, sério.Heron abriu a boca para falar algo, mas se manteve quieto. - Bem, espero que você goste de tudo. Amanhã quero você na mesa do café da manhã às seis e não se atrase, por favor. Temos um longo mês pela frente. Boa noite. – ele sorriu de volta ao bom humor e caminhou para a porta. Mas, antes se virou para nós. – Os guardas trarão já já suas malas. E Heron, às oito quero você em seu quarto. Esse é o toque de recolher. Então se virou e saiu. Olhei para o relógio. Era sete e meia. - Não gosto desse cara. Tem algo errado com ele. E se eu descobrir que andou dando em cima de você sem que eu saiba, eu o mato. Demônio arrogante! – ele murmurou se sentando na cama. Sentei-me em seu colo.- Fique tranquilo. – sussurrei. - Ficaria sim, se eu dormisse com você. – ele passou os braços ao meu redor. Sorrindo o joguei na cama e me joguei em cima dele. Beijei seus lábios com paixão e suas mãos apertaram minha cintura. Mas, algo estava errado. Senti algo subindo pela minha garganta e minha cabeça girou. Zonza, sai de cima de Heron e voltei a me sentar. Olhei ao redor e eu parecia ver duas penteadeiras à minha frente. Aquilo me deu náuseas e coloquei a mão sobre o estômago. - Handora? O que foi? – Heron puxou meu ombro. Olhei para ele e a tontura já estava passando. Meu estômago se acalmou e então tão rápido como aquele mal estar veio, foi embora. Respirei fundo e me levantei. - Não sei. Fiquei zonza de repente e senti enjoo. Isso é tão estranho. Não costumo me sentir assim. – falei olhando para Heron. Ele ficou preocupado. - Você comeu algo hoje? – ele disse. - Apenas no almoço. Não senti tanta fome assim. Fiquei a maior parte do dia dormindo. Não se lembra? – falei. E eu realmente tinha... Além de ter dormido até a uma da tarde, tinha me atrasado para a viagem. - Sim, sim. Acho que precisa comer algo. Vou pedir que te preparem alguma coisa. – ele disse. - Tudo bem. Ele se levantou e beijou minha testa, saindo do quarto. Encostei a porta e então tirei minhas botas e meu casaco. Um toque soou na porta e abri. Eram os seguranças com as malas. Eles deixaram perto da penteadeira e saíram silenciosos. Com preguiça de desfazer a mala, me deitei na cama esperando Heron. Meu estômago roncou, mas antes que Heron chegasse, eu adormeci novamente.- Amor? Amor... – a voz de Heron soou ao longe.Meus pensamentos estavam confusos e vinham de um lugar muito distante. Asas e olhos azuis haviam ficado em meus sonhos a noite inteira e aquilo tinha me feito ficar em dor.Abri os olhos e Heron me olhava preocupado. Ah, caramba, será que já eram seis horas?Me levantei rapidamente e respirando fundo tentando organizar a desordem de meu cabelo. Heron ainda me encarava preocupado e aquilo me fez corar. O que estava errado?- O que foi? – perguntei.- Por que não me esperou ontem para comer? Cheguei e você dormia profundamente. Não quis te acordar, então apenas te cobri e fechei a porta. – ele disse. – Você dormiu bem?- Na verdade não. Estava confuso... Tinha asas e olhos profundos azuis que me perturbavam. Não sei direito o que era. – eu na verdade sabia que eu deveria ter sonhado com Melahel, mas não quis dizer isso. Sinceramente eu queria esquecer tudo.Heron me avaliou por um segund
MelahelMe sentei na pedra coberta de limo e olhei no horizonte. As árvores se espalhavam por todo o caminho à minha frente e a selva era calma e tranquila no fim da tarde. Os pássaros voavam por toda a floresta e cantavam felizes dando boas vindas para o pôr do Sol.Por que eu ainda não tinha percebido o quanto Lexi me controlava?Por Deus, eu sou apaixonado por essa mulher? Nunca!Ao acordar essa manhã percebi que nada mais estava igual. Eu não tinha mais atração por ela, o que de verdade nunca senti. Alguma coisa havia despertado em mim, e eu nem sabia o que era. Simplesmente tive nojo ao vê-la ali ao meu lado e com os braços sobre meu peito.<
Meus pés tocaram o gramado verde e límpido do Céu.Já fazia muito tempo desde que eu estive aqui pela última vez, e tinha que dizer que a última experiência não havia sido nenhum pouco bom. Só de lembrar os pelos de meus braços ficavam arrepiados. Eu nunca mais queria passar por aquilo novamente.E tudo estava exatamente do jeito que eu me lembrava.Os campos brilhavam com a luz forte do sol incandescente, a relva se agitava com a brisa leve que batia, e as árvores estavam imaculadas de tão lindas.Caminhei junto com Castiel até o grande Salão onde Deus me esperava. O frio tomava conta do meu estômago e eu ainda queria saber por que Ele tinha me perdoado. Depois de tudo aquilo que tinha acontecido, um perdão Dele não seria tão fácil assim. E isso me intrigava cada vez mais.Preferi ir a pé e admirar a paisagem. Poderia ser estranho que uma época, não muito tempo atrás, eu não queria voltar aqui e nunca mais ver o Céu. Mas, sobretudo, isto
Handora- Tenho a honra de lhe informar que você é a mais nova guerreira de todos os tempos. – Rimmon sorriu para mim e me dando um leve abraço.Estávamos reunidos na sala de refeições, eu e Heron, e mais cinquenta Demônios ainda em treinamento. Rimmon falava alto com atenção toda para mim, e fazendo-me chorar diante de todos.Apesar de os Demônios aqui, eu havia feito amizades com alguns e ganhado respeito de outros. Todos me cumprimentavam durante as refeições e no mês que tinha se passado, eu tinha me tornado a mais forte de todos. Superando treinamentos que normalmente eram de anos, em apenas semanas.E o que era mais impressionante é que eu tinha gostado
- E se Lucian souber disso? – perguntei para Heron, enquanto ele voltava o carro para a estrada.Heron olhou por pequenos segundos para mim.- Acho que ele não pode fazer muita coisa em relação a isso. Você já está se sacrificando por ele. O que ele mais pode pedir de você? Acho que mais nada. Além disso, o filho é meu. De um Demônio, que ele preza demais. – Heron disse.Minha cabeça estava tão cheia que uma leve dor de cabeça começou a se formar.Eu grávida? Ah, Senhor!E eu sabia que era verdade, por que eu sentia. A palpitação lenta e profunda do ser pequeno que eu carregava dentro de mim. Mas, isso não significa que eu conseguia pensar em mim como uma mãe. Eu havia acabado de me tornar adulta. Mal fizera dezoito anos e agora estou grávida?Eu só queria saber o que minha mãe faria se descobrisse isso. E, aliás, era nela que eu não pensava faz um bom tempo. Desde que deixara minha casa eu não havia mais sequer ligado para ela, e nem
MelahelEu não podia acreditar no que eu tinha feito.Eu deveria deixá-la em paz. Viver a vida que ela escolheu e por culpa minha. Deveria deixar ela me esquecer e seguir com os planos que ela queria. Não me intrometer em seus sonhos e beijá-la como eu havia feito.E isso só nos machucava ainda mais. Ela não acreditava em mim e não queria ficar comigo. Mais do que justo depois de tudo que tinha acontecido. Só que no fundo de minha alma gritava a voz que queria vê-la pelo menos mais uma vez.E ela estava tão linda e tão mudada. Com os olhos completamente negros e os cabelos mais longos do que eu já vira. Sabia que ela tinha passado pela transformação, afinal ontem fora aniversário dela,
Expandi minhas asas ainda mais quando sai por fim da pirâmide, e sobrevoei as árvores grandes e escuras na noite sem estrelas. Eu não conhecia muito aqui, mas havia visto um local que poderia ser perfeito para conversarmos.Passei pela minúscula floresta do parque, depois vi o observatório do parque logo à frente. Sua estrutura de pedra cinza clara se destacava na noite, e ficou fácil de se pousar.Coloquei meus pés sobre o chão, e ainda mantive Handora aninhada em meu colo. Ela estava quieta e pensativa, não olhando em meus olhos. Parecia claramente arrependida de estar aqui, e ainda mais comigo. Deveria estar preocupada com o chute que eu dera em Heron. Ou preocupada com o bebê que ela não havia me contado estar esperando.Subi alguns degraus do observatório, e me sentei com as pernas esticadas de forma que ela ainda ficasse em meu colo e mais confortável. Com os braços ao seu redor, o silêncio se prolongou. Eu odiava não saber o que ela estava pensando.
HandoraFicamos durante o que pareceram horas, abraçados juntos.Eu não tinha ficado assim tão feliz em várias semanas. E esse com certeza, era o efeito Melahel em mim. Sua alma reluzia junta com a minha, e já quase tinha me esquecido o quanto ele era lindo e quanto paralisava meu coração simplesmente com seu sorriso.Estar apaixonada por ele era talvez a melhor coisa que tinha me acontecido se eu olhasse por um lado é claro.Ele estava ainda mais lindo e maior do que da última vez que eu o havia visto. Seu corpo se perdia em infinitos músculos e linhas desenhadas mais perfeitamente do que antes. Se antes era desejo, agora era compulsão. Seu corpo me atraía d