- E se Lucian souber disso? – perguntei para Heron, enquanto ele voltava o carro para a estrada.
Heron olhou por pequenos segundos para mim. - Acho que ele não pode fazer muita coisa em relação a isso. Você já está se sacrificando por ele. O que ele mais pode pedir de você? Acho que mais nada. Além disso, o filho é meu. De um Demônio, que ele preza demais. – Heron disse. Minha cabeça estava tão cheia que uma leve dor de cabeça começou a se formar. Eu grávida? Ah, Senhor!E eu sabia que era verdade, por que eu sentia. A palpitação lenta e profunda do ser pequeno que eu carregava dentro de mim. Mas, isso não significa que eu conseguia pensar em mim como uma mãe. Eu havia acabado de me tornar adulta. Mal fizera dezoito anos e agora estou grávida? Eu só queria saber o que minha mãe faria se descobrisse isso. E, aliás, era nela que eu não pensava faz um bom tempo. Desde que deixara minha casa eu não havia mais sequer ligado para ela, e nemMelahelEu não podia acreditar no que eu tinha feito.Eu deveria deixá-la em paz. Viver a vida que ela escolheu e por culpa minha. Deveria deixar ela me esquecer e seguir com os planos que ela queria. Não me intrometer em seus sonhos e beijá-la como eu havia feito.E isso só nos machucava ainda mais. Ela não acreditava em mim e não queria ficar comigo. Mais do que justo depois de tudo que tinha acontecido. Só que no fundo de minha alma gritava a voz que queria vê-la pelo menos mais uma vez.E ela estava tão linda e tão mudada. Com os olhos completamente negros e os cabelos mais longos do que eu já vira. Sabia que ela tinha passado pela transformação, afinal ontem fora aniversário dela,
Expandi minhas asas ainda mais quando sai por fim da pirâmide, e sobrevoei as árvores grandes e escuras na noite sem estrelas. Eu não conhecia muito aqui, mas havia visto um local que poderia ser perfeito para conversarmos.Passei pela minúscula floresta do parque, depois vi o observatório do parque logo à frente. Sua estrutura de pedra cinza clara se destacava na noite, e ficou fácil de se pousar.Coloquei meus pés sobre o chão, e ainda mantive Handora aninhada em meu colo. Ela estava quieta e pensativa, não olhando em meus olhos. Parecia claramente arrependida de estar aqui, e ainda mais comigo. Deveria estar preocupada com o chute que eu dera em Heron. Ou preocupada com o bebê que ela não havia me contado estar esperando.Subi alguns degraus do observatório, e me sentei com as pernas esticadas de forma que ela ainda ficasse em meu colo e mais confortável. Com os braços ao seu redor, o silêncio se prolongou. Eu odiava não saber o que ela estava pensando.
HandoraFicamos durante o que pareceram horas, abraçados juntos.Eu não tinha ficado assim tão feliz em várias semanas. E esse com certeza, era o efeito Melahel em mim. Sua alma reluzia junta com a minha, e já quase tinha me esquecido o quanto ele era lindo e quanto paralisava meu coração simplesmente com seu sorriso.Estar apaixonada por ele era talvez a melhor coisa que tinha me acontecido se eu olhasse por um lado é claro.Ele estava ainda mais lindo e maior do que da última vez que eu o havia visto. Seu corpo se perdia em infinitos músculos e linhas desenhadas mais perfeitamente do que antes. Se antes era desejo, agora era compulsão. Seu corpo me atraía d
Estava tão cansada quando cheguei ao Hotel de Cancun, que deitei sobre a cama, e apaguei. Não vi que horas eram, não vi o que Heron estava fazendo, não vi nem se dormi de roupas. Apenas queria dormir para sempre. E viver num mundo onde só existia o Paraíso, Melahel, meu bebê e eu.E realmente meus olhos o visualizaram à minha frente. Seu cabelo agitava com o vento e a fumaça que nos rodeava mais eu não sabia por que, apenas fiquei ali durante um tempo observando sua beleza surreal. Seus olhos azuis falavam para mim e tentavam me dizer algo, que eu também não compreendia. Ele gesticulava para mim, mas eu não conseguia escutar sua voz. Parecia estar furioso com alguma coisa. Será que era comigo?Foi então que como um rádio que era aumentado, sua voz foi ficando mais clara, e por fim olhei o que acontecia fora da minha bolha de felicidade.Havia caos e confusão ao meu redor. Eu estava em uma rua extensa. Era uma avenida. Os prédios ao meu redor estavam destruídos,
MelahelO ar girava ao meu redor, e eu batia as asas com mais pressa. Estava no meio da manhã, e eu queria chegar o mais depressa possível no Céu. Pois, quanto mais cedo eu chegasse mais cedo eu partiria. Não queria criar suspeitas sobre mim e não queria demorar muito.Não queria nem pensar na bronca que eu tomaria por não ter conseguido a relíquia número um, mas eu tinha que aguentar, afinal eu era um soldado, e além de tudo amava Handora e nosso bebê. Tinha que fazer isso por eles.Sorri ao pensar que eu seria pai. Pai? Eu?Quem imaginaria... Um anjo que já tinha vivido mais de dois mil anos visto de tudo e de todas as coisas mais estranhas que poderia se imaginar, e agora isso. Eu me torna
Handora- Por que vamos pegar uma conexão direta para o Brasil? – perguntei.Olhei para as passagens em minha mão. Nosso destino era o Brasil ao invés dos Estados Unidos. Eu só não entendia por que não íamos ver Lucian, entregar a relíquia, e só depois ir para o Rio. Eu estava começando a desconfiar de algo. Heron sempre dizia cada passo que íamos dar. Agora estava tomando decisões por mim?Olhei para ele. Estávamos na sala de embarque, esperando a chegada de nosso avião. Tínhamos apenas duas mochilas, uma minha e uma dele como bagagem.Heron olhou para mim com os olhos frios que me encaravam desde ontem. Desde que tínhamos saído do parque das pirâmides. Algo estava acontecendo e ele estava se escon
Senti o cansaço pesar meu corpo. Eu estava indo rápido demais. Mas, eu precisava saber que Handora estava bem. Que nosso bebê estava bem. Só que algo me dizia cada vez mais que eu voava, que nada estava bem.Ela estava tão mal, que seu corpo e o meu refletia com o seu aperto no peito. Eu só sei que eu iria matar Heron assim que eu o encontrasse. Por que se houvesse tocado que fosse num fio de cabelo de minha protegida, as coisas ficariam pesadas para ele.Eu já havia chegado ao Brasil, e atravessava o estado vizinho do Rio de Janeiro. Chegaria a menos de meia hora, e eu sei que de verdade eu não via combinado um lugar com Handora para nos encontrarmos, mas eu sabia que a sentiria assim que chegasse lá. Eu só esperava que isso realmente acontecesse.Todos estavam comentando, tamanha a minha pressa em chegar ao Rio. Eu não me importava, continuava a voar como um desesperado.- Você precisa ir com mais calma, Melahel. – Alba batia suas asas rapidamente par
Escuridão.Era onde eu estava agora.Entorpecido de sentimentos nenhum. Sem nada que pesasse minha consciência ou que se quer poderia fazer com que eu sentisse sofrimento, dor ou algum vazio.Eu estava livre de sentimentos. Que pessoa que no mundo não poderia querer isso?Ficar sem sofrer. Não sentir dor nenhuma nem por dentro nem por fora. Não poder sentir falta de alguém que nunca se amou. Não se magoar jamais. E nunca amar nenhuma pessoa. Não sentir saudades, não sentir nada. Mas, também não sentir amor, não sentir felicidade. Não sentir o dom do melhor sentimento do mundo.Ser vazio. Oco.Teria coisa pior que isso?Mas, era assim que eu me sentia. Exatamente como um nada. Um ser completamente desprovido de sentimentos e sensações. Não conseguia enxergar nada a minha frente, nem meu corpo, não conseguia imaginar que horas eram, nem quantos dias se passaram desde a tragédia que pôs fim a minha vida.Minha ment