Meus pés tocaram o gramado verde e límpido do Céu.
Já fazia muito tempo desde que eu estive aqui pela última vez, e tinha que dizer que a última experiência não havia sido nenhum pouco bom. Só de lembrar os pelos de meus braços ficavam arrepiados. Eu nunca mais queria passar por aquilo novamente. E tudo estava exatamente do jeito que eu me lembrava. Os campos brilhavam com a luz forte do sol incandescente, a relva se agitava com a brisa leve que batia, e as árvores estavam imaculadas de tão lindas. Caminhei junto com Castiel até o grande Salão onde Deus me esperava. O frio tomava conta do meu estômago e eu ainda queria saber por que Ele tinha me perdoado. Depois de tudo aquilo que tinha acontecido, um perdão Dele não seria tão fácil assim. E isso me intrigava cada vez mais. Preferi ir a pé e admirar a paisagem. Poderia ser estranho que uma época, não muito tempo atrás, eu não queria voltar aqui e nunca mais ver o Céu. Mas, sobretudo, istoHandora- Tenho a honra de lhe informar que você é a mais nova guerreira de todos os tempos. – Rimmon sorriu para mim e me dando um leve abraço.Estávamos reunidos na sala de refeições, eu e Heron, e mais cinquenta Demônios ainda em treinamento. Rimmon falava alto com atenção toda para mim, e fazendo-me chorar diante de todos.Apesar de os Demônios aqui, eu havia feito amizades com alguns e ganhado respeito de outros. Todos me cumprimentavam durante as refeições e no mês que tinha se passado, eu tinha me tornado a mais forte de todos. Superando treinamentos que normalmente eram de anos, em apenas semanas.E o que era mais impressionante é que eu tinha gostado
- E se Lucian souber disso? – perguntei para Heron, enquanto ele voltava o carro para a estrada.Heron olhou por pequenos segundos para mim.- Acho que ele não pode fazer muita coisa em relação a isso. Você já está se sacrificando por ele. O que ele mais pode pedir de você? Acho que mais nada. Além disso, o filho é meu. De um Demônio, que ele preza demais. – Heron disse.Minha cabeça estava tão cheia que uma leve dor de cabeça começou a se formar.Eu grávida? Ah, Senhor!E eu sabia que era verdade, por que eu sentia. A palpitação lenta e profunda do ser pequeno que eu carregava dentro de mim. Mas, isso não significa que eu conseguia pensar em mim como uma mãe. Eu havia acabado de me tornar adulta. Mal fizera dezoito anos e agora estou grávida?Eu só queria saber o que minha mãe faria se descobrisse isso. E, aliás, era nela que eu não pensava faz um bom tempo. Desde que deixara minha casa eu não havia mais sequer ligado para ela, e nem
MelahelEu não podia acreditar no que eu tinha feito.Eu deveria deixá-la em paz. Viver a vida que ela escolheu e por culpa minha. Deveria deixar ela me esquecer e seguir com os planos que ela queria. Não me intrometer em seus sonhos e beijá-la como eu havia feito.E isso só nos machucava ainda mais. Ela não acreditava em mim e não queria ficar comigo. Mais do que justo depois de tudo que tinha acontecido. Só que no fundo de minha alma gritava a voz que queria vê-la pelo menos mais uma vez.E ela estava tão linda e tão mudada. Com os olhos completamente negros e os cabelos mais longos do que eu já vira. Sabia que ela tinha passado pela transformação, afinal ontem fora aniversário dela,
Expandi minhas asas ainda mais quando sai por fim da pirâmide, e sobrevoei as árvores grandes e escuras na noite sem estrelas. Eu não conhecia muito aqui, mas havia visto um local que poderia ser perfeito para conversarmos.Passei pela minúscula floresta do parque, depois vi o observatório do parque logo à frente. Sua estrutura de pedra cinza clara se destacava na noite, e ficou fácil de se pousar.Coloquei meus pés sobre o chão, e ainda mantive Handora aninhada em meu colo. Ela estava quieta e pensativa, não olhando em meus olhos. Parecia claramente arrependida de estar aqui, e ainda mais comigo. Deveria estar preocupada com o chute que eu dera em Heron. Ou preocupada com o bebê que ela não havia me contado estar esperando.Subi alguns degraus do observatório, e me sentei com as pernas esticadas de forma que ela ainda ficasse em meu colo e mais confortável. Com os braços ao seu redor, o silêncio se prolongou. Eu odiava não saber o que ela estava pensando.
HandoraFicamos durante o que pareceram horas, abraçados juntos.Eu não tinha ficado assim tão feliz em várias semanas. E esse com certeza, era o efeito Melahel em mim. Sua alma reluzia junta com a minha, e já quase tinha me esquecido o quanto ele era lindo e quanto paralisava meu coração simplesmente com seu sorriso.Estar apaixonada por ele era talvez a melhor coisa que tinha me acontecido se eu olhasse por um lado é claro.Ele estava ainda mais lindo e maior do que da última vez que eu o havia visto. Seu corpo se perdia em infinitos músculos e linhas desenhadas mais perfeitamente do que antes. Se antes era desejo, agora era compulsão. Seu corpo me atraía d
Estava tão cansada quando cheguei ao Hotel de Cancun, que deitei sobre a cama, e apaguei. Não vi que horas eram, não vi o que Heron estava fazendo, não vi nem se dormi de roupas. Apenas queria dormir para sempre. E viver num mundo onde só existia o Paraíso, Melahel, meu bebê e eu.E realmente meus olhos o visualizaram à minha frente. Seu cabelo agitava com o vento e a fumaça que nos rodeava mais eu não sabia por que, apenas fiquei ali durante um tempo observando sua beleza surreal. Seus olhos azuis falavam para mim e tentavam me dizer algo, que eu também não compreendia. Ele gesticulava para mim, mas eu não conseguia escutar sua voz. Parecia estar furioso com alguma coisa. Será que era comigo?Foi então que como um rádio que era aumentado, sua voz foi ficando mais clara, e por fim olhei o que acontecia fora da minha bolha de felicidade.Havia caos e confusão ao meu redor. Eu estava em uma rua extensa. Era uma avenida. Os prédios ao meu redor estavam destruídos,
MelahelO ar girava ao meu redor, e eu batia as asas com mais pressa. Estava no meio da manhã, e eu queria chegar o mais depressa possível no Céu. Pois, quanto mais cedo eu chegasse mais cedo eu partiria. Não queria criar suspeitas sobre mim e não queria demorar muito.Não queria nem pensar na bronca que eu tomaria por não ter conseguido a relíquia número um, mas eu tinha que aguentar, afinal eu era um soldado, e além de tudo amava Handora e nosso bebê. Tinha que fazer isso por eles.Sorri ao pensar que eu seria pai. Pai? Eu?Quem imaginaria... Um anjo que já tinha vivido mais de dois mil anos visto de tudo e de todas as coisas mais estranhas que poderia se imaginar, e agora isso. Eu me torna
Handora- Por que vamos pegar uma conexão direta para o Brasil? – perguntei.Olhei para as passagens em minha mão. Nosso destino era o Brasil ao invés dos Estados Unidos. Eu só não entendia por que não íamos ver Lucian, entregar a relíquia, e só depois ir para o Rio. Eu estava começando a desconfiar de algo. Heron sempre dizia cada passo que íamos dar. Agora estava tomando decisões por mim?Olhei para ele. Estávamos na sala de embarque, esperando a chegada de nosso avião. Tínhamos apenas duas mochilas, uma minha e uma dele como bagagem.Heron olhou para mim com os olhos frios que me encaravam desde ontem. Desde que tínhamos saído do parque das pirâmides. Algo estava acontecendo e ele estava se escon