Malia

— Então vamos conversar — começo. — Há muito o que se falar antes mesmo de acrescentar Zarina nessa história.

O silêncio que se forma é quase ensurdecedor, mas não me acanho e continuo a falar.

— É engraçado como a vida nos pega de surpresa, não é? Tanto boas quanto ruins. Me diga, pai, e me diga, tio, como foi torturar alguém da sua própria família? Foi satisfatório? Desde que conheci meu marido, muitas coisas mudaram. Minha vida deu um giro de 360 graus. Vi coisas que não queria ter visto, mas que me ensinaram muito. Matei uma pessoa para deixar claro que aquela menina que vivia em uma redoma de vidro morreu. E sim, eu ajudei minha prima a fugir e faria isso mais mil vezes se fosse preciso. Sabe por quê? Porque em pleno século 21 não existe um pai ou uma família querer obrigar alguém a se casar com quem não queira. Um filho? E daí que ela engravidou antes do casamento? Vocês todos não se casaram virgens, então por que nós teríamos que nos privar dos prazeres da vida por vocês? Injus
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