Crescer na máfia, onde o machismo é evidente, é um desafio diário, especialmente quando você deseja seguir caminhos diferentes dos planejados pelos sua família. Testemunhar a desigualdade constante imposta às mulheres na máfia é emocionalmente abalador. Para eles, nosso propósito parece limitado a gerar lealdade, como se fôssemos contratos destinados a fortalecer os negócios da família.
Nossos sonhos são relegados a uma gaveta trancada com sete chaves, uma metáfora para o segredo e a inacessibilidade que envolvem nossas aspirações. Eu e minha prima Malia enfrentamos uma luta constante dentro de nossas próprias casas para evitar que nosso futuro seja moldado pelas restrições impostas a tantas outras mulheres. Somos agora a sombra dos homens em nossa família. Com o tempo, irmãos e primos se tornaram estranhos. Antes, podíamos compartilhar nossos medos e segredos mais profundos com eles, mas hoje, são como desconhecidos para nós. A distância que cresceu entre nós é como uma névoa que obscurece a intimidade que um dia compartilhamos. Sempre nutrimos o sonho de estudar na universidade na França: Malia almejando tornar-se uma grande estilista no mundo da moda, enquanto eu focava meus olhos na dança, minha alma grita o ballet. Em uma madrugada memorável, selamos nosso pacto, jurando nunca permitir que outros determinassem nossos destinos. Na quietude da noite, sem hesitação, nos inscrevemos na universidade mais prestigiada da França. Queremos mais do que conquistar nossos futuros acadêmicos; buscamos viver plenamente, ser livres para cometer nossos próprios erros, celebrar a vida, dançar até superar nossas perdas e, quem sabe, encontrar um amor que não seja escolhido por nossa família. Estamos cientes de que, quando eles descobrirem, a batalha será intensa. Contudo, temos a certeza de que seremos mais fortes e resolutas do que nunca, pois a liberdade que buscamos não é apenas acadêmica, mas um estilo de vida que desafia as convenções familiares. Sou Zarina Ivanov, filha de Anastasia Mikhailov Ivanov e Dmitri Ivanov. O nome Ivanov ressoa com uma linhagem marcada por sombras e negócios obscuros. No entanto, não permitam-se serem enganados pela sombra do que meus pais um dia foram, pois eu jamais seguirei os seus passos. Minha jornada é moldada pela determinação de trilhar meu próprio caminho, distinto da trajetória familiar na máfia. Sou, uma mulher cuja essência é entrelaçada com os princípios do feminismo. Meu olhar é firme, e meu coração pulsa com uma determinação que desafia as normas sociais. Cada passo que dou é uma declaração de autonomia, uma rebelião contra as expectativas impostas às mulheres. Meu cabelo é uma extensão da minha individualidade, uma cascata de fios que dança livremente ao vento. Cada linha no meu rosto conta histórias de lutas enfrentadas e desafios superados com uma coragem inabalável. Meus olhos, profundos e perspicazes, refletem a chama ardente da busca pela igualdade. Visto-me com roupas que expressam minha singularidade, desafiando estereótipos com um estilo que é um testemunho de minha jornada. Meu guarda-roupa é uma paleta de tradição e modernidade, uma síntese visual da dualidade que caracteriza minha luta. Minha voz, um eco poderoso, é minha ferramenta para erguer outras mulheres e desafiar as estruturas que perpetuam a desigualdade. Não apenas levanto bandeiras, mas construo pontes para um futuro onde as mulheres possam esculpir seus destinos com liberdade. Eu sou a personificação de uma batalha incessante, um farol de inspiração para aqueles que anseiam por um mundo onde a igualdade não seja apenas uma palavra, mas uma realidade que ecoa nos corações e mentes de todos. Crescer na órbita de pais que trilharam um caminho sombrio na máfia é como carregar o peso de uma herança indesejada. Anastasia e Dmitri, uma vez figuras poderosas e temidas, agora são os fantasmas do passado que assombram minha jornada. Mas, aqui está a ironia: eu, Zarina Ivanov, recuso-me a ser apenas uma extensão dos pecados e escolhas deles. Em uma noite de juramentos sussurrados, eu e minha prima Malia decidimos trilhar um caminho diferente. Juramos, dentro daquele quarto, que não permitiríamos que ninguém ditasse o curso de nossas vidas. Nossa união é mais do que uma aliança; é uma resistência contra as expectativas que tentam nos moldar como meras extensões dos desejos da máfia. Às vezes, ficamos cansadas de não poder decidir sobre nossas vidas. Queremos ter o poder de escolher o que fazemos. Eu entendo que as tradições da família são importantes, mas é difícil acreditar que, mesmo agora, no século 21, não podemos escolher com quem nos casar ou qual trabalho seguir. Eu sei que meus pais são leais à máfia, mas por que não podemos ter mais controle sobre nossas próprias vidas? Se ninguém até agora defendeu uma vida diferente para nós mulheres, eu e Malia estamos prontas para ser as primeiras a fazer isso. Não queremos mais viver sob a sombra de um passado que não é nosso. Estamos determinadas a desafiar as regras que sempre foram impostas às mulheres da nossa família. Não queremos ser apenas rebeldes; queremos ser livres para decidir o que é melhor para nós. Eu e Malia estamos prontas para moldar nossos próprios futuros e ser as autoras da nossa história. A mudança começa agora, com a coragem de duas mulheres que se recusam a aceitar um destino que não escolheram. Queremos construir um amanhã melhor para nós mesmas, porque acreditamos que merecemos mais do que as tradições nos permitiram até agora. Eles nos veem como as garotas mimadas da família, mas Malia e eu somos mais do que isso. Vivemos à sombra dos meninos de ouro, os futuros líderes e chefes da máfia. Acham que somos apenas coadjuvantes nessa história, mas jamais aceitarei ser secundária. Serei a personagem principal da minha própria história, e disso não abro mão. Hoje, a ansiedade toma conta enquanto aguardo a chegada da carta da universidade. O suspense paira no ar, e percebo que não me dei ao trabalho de elaborar um plano B para o caso de a resposta não ser a esperada. Essa falta de preparação adiciona uma camada extra de nervosismo à situação. A incerteza do que está por vir torna tudo mais desafiador. Se a resposta for negativa, sei que terei que enfrentar a difícil tarefa de comunicar essa notícia aos meus pais. Essa conversa se torna uma batalha solitária, pois tento articular meus sentimentos e preocupações de maneira sensível, ao mesmo tempo em que lido com minhas próprias emoções. Em casa, todos têm o hábito de acordar cedo, o que me preocupa considerando a possibilidade de meu pai pegar a carta da universidade da França. Ele nem sonha que me inscrevi para essa faculdade. Decidi que é melhor contar primeiro à minha mãe, pois acredito que ela será mais compreensiva do que meu pai, que muitas vezes só pensa no bem da máfia. Estou ciente da importância de escolher o momento certo para essa conversa e criar um ambiente propício. Compartilhar meus planos com minha mãe é o primeiro passo, esperando que ela possa oferecer apoio e compreensão antes de enfrentar a reação do meu pai. Saindo do meu quarto ainda de pijama e sem muita preocupação, dirijo-me até Irina, a governanta da casa. — Senhora Irina, bom dia. Por acaso, as cartas já chegaram? — Pergunto, a ansiedade pulsando. — Bom dia, sim, acabaram de chegar. — Poderia verificar se há algo para mim? Ela examina carta por carta até que, finalmente, seus olhos se arregalam ao olhar para mim. — Menina, isso é o que estou pensando? — Sim, dona Irina, é exatamente isso. Mas por favor, não diga a ninguém ainda. Eu mesma quero contar. Sei que meu pai pode não aceitar de primeira, mas tenho que lutar pelo meu futuro. Se eu não fizer isso, quem o fará? — Eu entendo, menina. Não direi nada. Espero que a resposta lá dentro seja o que tanto deseja. Seu futuro será brilhante.Com um suspiro de alívio, agradeço a Irina por sua discrição e esperança. Pego a carta da universidade nas mãos, sentindo uma mistura de nervosismo e excitação. Ao voltar para o meu quarto, abro o envelope com cuidado, sabendo que este papel pode mudar completamente o curso da minha vida.A ansiedade cresce enquanto leio as palavras impressas. Minhas mãos tremem, e finalmente, vejo as letras formando a resposta tão aguardada. “ APROVADA “ lá estava as tão esperada palavra. Uma onda de emoção me envolve ao constatar que fui aceita. É um misto de alegria, alívio e a certeza de que estou prestes a iniciar uma jornada extraordinária.Decido guardar a notícia por enquanto e compartilhá-la no momento certo. Esta conquista é minha, um passo ousado em direção ao meu futuro. Mesmo sabendo dos desafios que enfrentarei, estou determinada a trilhar esse caminho. Com um sorriso nos lábios, olho pela janela, ansiosa para contar aos meus pais sobre essa nova etapa da minha vida.Ouço risos e conve
O dia se desenrolou no silêncio tenso do meu quarto, evitando confrontos inevitáveis com meu pai. O medo de palavras ditas no calor do momento torna-se um peso adicional que me faz preferir a solidão. A noite avança, e minha mente continua a girar entre pensamentos tumultuados. A dor de cabeça me força a sair do quarto em busca de alívio. Na cozinha, um remédio e um sorvete parecem ser a resposta momentânea para os tormentos que me assombram. Imersa em meus próprios pensamentos, encaro o pote de sorvete como um refúgio temporário. Sem perceber, Zyan entra silenciosamente pela porta, e só noto sua presença quando sinto seus olhos sobre mim. O encontro de nossos olhares é um instante de compreensão silenciosa, como se nossas lutas individuais se conectassem em um momento de vulnerabilidade compartilhada. A visão do meu irmão machucado contrasta fortemente com as lembranças mais antigas de nossa relação. A vontade de perguntar sobre seu estado de saúde e expressar minha preocupação
Zarina Ivanov Corro para meu quarto, preciso contar tudo para Malia. Pego o telefone e disco seu número, chamo várias vezes, mas ela não atende. Tento diversas vezes, mas sempre cai na caixa postal. Começo a ficar preocupada, hoje também chegaria a carta dela da universidade, e começo a pensar que a resposta pode ter sido negativa, ou que até mesmo a reação do tio Nikolai não tenha sido boa.Meu pai sempre entendeu meu lado muito mais do que o pai de Malia. Tá, eu até entendo que ele seja o Don da bratva e meu seja o sub e conselheiro dele, mas mesmo assim, os limites impostos na vida de Malia sempre foram bem maiores.Respiro fundo, tentando acalmar os nervos, e decido enviar uma mensagem para Malia, expressando minha preocupação e pedindo para que ela retorne assim que possível. Enquanto espero, tento manter a esperança de que a situação pode não ser tão grave quanto imagino.Pois se ela não for comigo, não terá a mesma graça. Sonhamos com isso juntas, foi um juramento que fizemos
Depois de conversar com Zarina, desço as escadas correndo atrás de minha mãe e paro no último degrau quando vejo meu pai e meu irmão conversando sobre uma missão. Minha vontade era passar por eles sem nem dar bom dia, mas sei o quanto minha mãe ficaria chateada com isso. — Bom dia. — Falo seca, andando em direção à cozinha. — Bom dia. — Os dois respondem. — Parece que alguém acordou animada para abandonar a família. — Meu pai diz com deboche. — Nunca soube que quando alguém vai para a faculdade abandona a família. Aliás, se o Zyan está na sua frente, significa que isso não existe, ou existe só para o caso de quando a filha é mulher? — Perguntei no mesmo tom. — Olha o jeito que você fala comigo. — Indagou irritado. — Já ouviu falar sobre reciprocidade? Se quer respeito, deve me tratar da mesma forma, não é? Antes mesmo que ele responda, saio dando as costas para ele em direção à cozinha. — Mamãeeeee, mamãeeeeee! — Grito indo até ela. — Alguém acordou animada, bom dia meu amor.
Eu nunca pensei que o tio Nic pudesse tratar a Malia daquele jeito. Sei que ele faz de tudo para proteger a família, mas dessa vez ele passou dos limites. Na verdade, se formos observar bem, ele tem pegado pesado há algum tempo. Antigamente, quando éramos crianças, não era assim. Eles pareciam uma daquelas famílias felizes e amorosas de comercial de TV. Mas tudo mudou quando Zyan começou o treinamento na máfia. Malia foi colocada em uma redoma. Não podia ter amigos, sair ou mesmo ir a pequenas festas, por mais inofensivas que fossem. Ela tinha tudo de material que podia desejar, mas por mais que se esforçasse, nunca conseguiu se sentir orgulhosa ou ganhar algum reconhecimento do tio Nic. Tudo para ele girava em torno do filho, que se tornaria o futuro Don. Ele deixou Malia de lado. Após toda a gritaria e palavras jogadas ao vento como se não significassem nada, o avô da Malia interveio. O silêncio reinou por um longo momento. O olhar perdido de Malia causava pena, mas apenas eu sab
— Eu não vou abrir mão da minha vida por suas convicções, pai. Como te disse várias vezes, se essa é a última coisa que você tem a dizer, então prefiro ser deserdada desta família.Todos na sala me olham chocados. Meu pai se levanta furioso, vindo em minha direção, e levanta a mão para me dar um tapa, mas Zyan é mais rápido e o segura.— Pai, acalme-se. Pense no que está fazendo. A Malia não merece ser tratada assim. — Meu irmão intervém, segurando firmemente o braço do nosso pai.— Você está passando de todos os limites, Nikolai. — Meu avô acrescenta, com voz firme.A tensão na sala se torna insuportável. Meu pai, ainda ofegante de raiva, olha para Zyan e depois para mim. A luta interna dele é visível, uma batalha entre seu desejo de controle e o amor, ainda que distorcido, que sente por nós.— Vocês acham que é fácil? — Grita ele, a voz ecoando pelo salão. — Vocês acham que eu quero ser esse monstro? Eu só quero proteger vocês, manter vocês seguros!— Mas não é assim que você faz is
A semana passou voando, e reunir tudo o que precisávamos levar parecia uma tarefa impossível. Entre caixas empilhadas e listas intermináveis, a ansiedade pairava no ar.Surpreendentemente, tio Nic estava mais conformado com a ideia de Malia ir para a universidade. Ele até nos presenteou com um apartamento perto do campus. Claro, nós queríamos liberdade, mas também valorizávamos o conforto. Deus me livre pensar em ter que dividir o banheiro com outras meninas ou ficar em quartos separados da Malia.Querendo ou não, éramos mimadas. Sempre tivemos tudo o que queríamos, e não seria agora que seria diferente. Queríamos liberdade, mas isso não significava que não queríamos conforto.Malia e eu estávamos empolgadas com a nova fase de nossas vidas, mas também estávamos um pouco nervosas. Era a primeira vez que estaríamos longe da família e de toda a segurança que conhecíamos. Mas, ao mesmo tempo, era uma oportunidade para explorar o mundo, conhecer novas pessoas e nos descobrirmos além das ex
Meninas.. comentem e coloque o livro na biblioteca para me ajudar por favorzinho !! Sentada confortavelmente na poltrona chique daquele avião, observei Zarina dormindo ao meu lado, tão serena como um bebê. Ao olhar pelas janelas, minha mente vagou para a emocionante despedida com minha família. O abraço caloroso de minha mãe transmitia todo o amor e carinho que uma mãe pode sentir por seu filho. Ela sempre foi e continua sendo uma mulher incrível, e seguir seus passos seria uma verdadeira honra para mim.Quando meus olhos encontraram os de meu irmão Zyan, uma enxurrada de sentimentos me invadiu. Não me recordava da última vez que estivemos tão próximos. Na infância, éramos inseparáveis, nossos melhores amigos. No entanto, a influência da máfia acabou por nos separar e, quando Zyan retornou, mal o reconheci. Estar tão perto dele agora era assustador, mas seu abraço me trouxe uma sensação de segurança que há anos não experimentava.— Não perca esta oportunidade. — sussurrou ele em meu