Zarina

Com um suspiro de alívio, agradeço a Irina por sua discrição e esperança. Pego a carta da universidade nas mãos, sentindo uma mistura de nervosismo e excitação. Ao voltar para o meu quarto, abro o envelope com cuidado, sabendo que este papel pode mudar completamente o curso da minha vida.

A ansiedade cresce enquanto leio as palavras impressas. Minhas mãos tremem, e finalmente, vejo as letras formando a resposta tão aguardada. “ APROVADA “  lá estava as tão esperada palavra. 

Uma onda de emoção me envolve ao constatar que fui aceita. É um misto de alegria, alívio e a certeza de que estou prestes a iniciar uma jornada extraordinária.

Decido guardar a notícia por enquanto e compartilhá-la no momento certo. Esta conquista é minha, um passo ousado em direção ao meu futuro. Mesmo sabendo dos desafios que enfrentarei, estou determinada a trilhar esse caminho. Com um sorriso nos lábios, olho pela janela, ansiosa para contar aos meus pais sobre essa nova etapa da minha vida.

Ouço risos e conversas lá embaixo, percebendo que é a voz de minha mãe e minha avó. Este parece ser um bom momento. Minha avó sempre me incentivou a ser diferente das mulheres da máfia, sempre me ensinou a ter minha própria voz.

Desço as escadas com o coração na mão, consciente de que minha vida e meu futuro dependem dessa conversa. Esta é literalmente a minha carta para a liberdade.

Ao chegar perto delas, sinto seus olhares penetrantes, como se enxergassem além do que meus olhos revelam. Abraço minha avó e, em seguida, dou um beijo em minha mãe.

— O papai ainda está em casa? — Pergunto, ansiosa.

Elas trocam olhares, como se percebessem a seriedade por trás da pergunta.

— Por que sinto que tem algo a nos dizer? — Indaga minha mãe.

— Talvez eu realmente tenha, mas acho que o papai não estará pronto para ouvir ainda. Por isso, preciso de vocês. Preciso que me entendam e compreendam os motivos que me levaram a tomar essa decisão.

— Diga, meu amor. Conte-nos o que tanto te perturba. E não, seu pai não está em casa. — Responde minha mãe, com uma expressão de curiosidade e preocupação.

Respiro fundo, sentindo o peso das palavras que estão prestes a sair. Olho nos olhos delas, buscando apoio e compreensão.

— Recebi uma carta hoje. Da universidade na França. — Começo, vendo o brilho de curiosidade nos olhos delas. — Fui aceita.

Minha avó e minha mãe trocam olhares de surpresa e orgulho, mas também com uma ponta de preocupação. Entendo que estão cientes das complexidades que envolvem a vida na máfia, especialmente para uma mulher.

— Eu quero ir, mãe. É a oportunidade de construir meu próprio caminho, longe das sombras da máfia. — Explico, sentindo a necessidade de justificar minha decisão.

Minha avó, sempre a voz da razão, coloca a mão em meu ombro.

— Você tem que seguir o que seu coração diz, meu amor. É sua vida, sua jornada. Lembre-se, você é mais do que o sobrenome que carrega.

Minha mãe, ainda processando a notícia, finalmente sorri.

— Se essa é a sua escolha, nós a apoiaremos. Seu pai pode não entender de imediato, mas com o tempo…

— Eu sei, mãe. E agradeço por isso. Não quero desapontar ninguém, só quero ser a autora da minha própria história.

— Eu tenho medo de como o papai irá reagir a iss...

Antes que eu pudesse completar a frase, meu pai aparece. Seu rosto não transmite emoção alguma, e isso aumenta a tensão em minha alma.

— O que tem tanto medo de minha reação? — Ele indaga.

Neste momento, sinto que preciso ser firme e expressar claramente o que quero, mesmo temendo sua resposta. Com o apoio de minha mãe e minha avó ao meu lado, reúno coragem para enfrentá-lo.

— Pai, recebi uma carta da universidade na França. Fui aceita. Quero ir. É minha chance de construir meu próprio caminho. — Digo, consciente de que as próximas palavras serão cruciais para o rumo da minha vida.

O silêncio se estende, pesado, enquanto aguardo a resposta do meu pai. Seu olhar sério não revela suas emoções, tornando o momento ainda mais angustiante. Sinto o apoio silencioso de minha mãe e minha avó ao meu lado, o que me dá forças para permanecer firme em minha decisão.

— Construir seu próprio caminho, hein? — Ele finalmente quebra o silêncio, com um tom sério.

Respiro fundo antes de responder.

— Sim, pai. É uma oportunidade única, e eu sinto que é o momento certo para seguir meu próprio rumo.

Seus olhos se estreitam enquanto ele processa a informação. Uma mistura de emoções parece passar por seu rosto, mas suas palavras são medidas.

— Você está ciente das responsabilidades da nossa família, do que isso implica?

— Sim, pai, eu entendo. Mas também acredito que posso contribuir de maneira significativa seguindo meu próprio caminho.

O silêncio retorna, deixando a sala impregnada de tensão. Este é o momento decisivo, onde o peso das tradições familiares confronta a busca pela minha própria liberdade.

Meu pai fixa os olhos em mim por um instante que parece uma eternidade. O ambiente está carregado com a expectativa do que ele dirá em seguida. Finalmente, ele suspira profundamente, como se estivesse ponderando suas palavras.

— Filha, eu sempre quis o melhor para você. A vida na máfia é desafiadora, e você sabe disso. Mas, se essa é a escolha que você fez, então que seja. Só espero que esteja pronta para as consequências de suas decisões.

Um misto de alívio e apreensão percorre meu corpo. Seu apoio, ainda que relutante, é mais do que eu poderia ter esperado. Eu agradeço e prometo honrar a família da melhor forma possível, mesmo seguindo meu próprio caminho.

As palavras emocionadas escapam de meu pai enquanto me envolve em um abraço caloroso. Sua expressão, antes séria, agora reflete um misto de orgulho e compreensão.

— Minha menina, ver você sendo firme e lutando por seu futuro me deixa orgulhoso. Mostra que eu e sua mãe fizemos um bom trabalho em sua criação. Nunca se esqueça, não importa para onde vá, você tem família, e estaremos sempre aqui para você.

Lágrimas de gratidão e alívio escorrem por meus olhos. Saber que tenho o apoio da minha família, mesmo diante de escolhas desafiadoras, me dá a força necessária para enfrentar o desconhecido. Abraçada ao meu pai, sinto uma mistura de emoções que marcam o início de uma nova fase, onde minha busca pela liberdade e autenticidade encontra respaldo naqueles que mais amo.

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