Meu pai me tirou de lá enquanto meus olhos se inundavam em lágrimas. O soldado Yuri estava morto, não que eu o conhecesse bem, mas ele morreu por minha culpa. Nicolai não disse mais nada, apenas me colocou dentro do carro e beijou meus cabelos.Fecho os olhos, sentindo a seriedade da confusão em minha cabeça. A cada momento que passa, mais eu odeio Etore, e isso nunca vai mudar.Acabei dormindo no carro, mas sinto meu corpo sendo levado para dentro. Conforme vamos andando, ouço a voz da minha mãe.— O que aconteceu? — Ela pergunta, preocupada.— Malia confrontou Etore. Yuri foi morto na frente dela e... lembre-se, o noivado deles será no domingo.— Você por algum momento pensou na felicidade de nossa filha? — Agora já estou acordada, mas finjo estar dormindo para ouvir a conversa entre eles.Levanto da cama com lágrimas nos olhos, cansada de tudo o que aconteceu hoje. Mais cansada ainda de tudo que tenho vivido nos últimos meses.— Mãe, chega, já deu. Nada do que você falar vai mudar
Malia saiu do noivado transformada. Não entendi ao certo o motivo, mas algo me deixou inquieto. Pela primeira vez nesses meses, ela não quis bater boca como sempre gostava, não quis brigar e nem me xingar.Assim que ela saiu, voltei para dentro e fiquei conversando com alguns membros da máfia.Nikolai veio até mim. — Acho que temos alguns assuntos a tratar, não? — Ao seu lado estava uma linda mulher, com olhos inquietos, provavelmente a mãe da Malia.Um pouco mais atrás deles havia um menino, aproximadamente com a mesma idade de Malia. Eles tinham alguns traços parecidos, então deduzi que ele fosse seu irmão.— Sim, temos. Vamos até o escritório. — Falei, mostrando o caminho para eles.Conduzi a família de Malia pelo corredor, até uma sala privada que havia sido preparada para a ocasião. O ambiente era luxuosamente decorado, com móveis de mogno escuro e uma lareira que projetava sombras dançantes pelas paredes.Sentamos ao redor da mesa, e eu podia sentir a tensão no ar. A mãe de Mali
Fiquei aliviada de não ver meus pais ali, aliviada que o tio Nic não tivesse contado a eles o que eu estava fazendo em Paris. Ainda bem que ele estava focado em Malia, mas meu medo persistia, pois ainda havia a possibilidade de ele lembrar da minha existência.A semana passou voando e o único lugar que eu estava autorizada a ir era a faculdade, e olhe lá, nem passava pela minha cabeça desobedecer a ordem. Querendo ou não, minha vida também estava em risco.Malia não saiu do quarto em momento algum, nem mesmo para falar comigo. As refeições eram sempre entregues em seu quarto e, quando iam buscar, estavam praticamente intactas.No domingo de manhã, fui ao quarto dela e, assim que olhei em seus olhos, vi que estavam opacos e sem brilho. Não conseguia reconhecer minha prima ali. Pela primeira vez na vida, Malia não tinha a vontade de viver refletida em seus olhos.Tia Zoya entrou no quarto e começou a arrumá-la. Em momento algum Malia deu sua opinião ou se moveu de maneira brusca; pareci
Acordei no outro dia, mas minha vontade era continuar dormindo. No entanto, estava na hora de levantar. Minha cabeça estava girando, mas eu sabia que nada do que eu fizesse mudaria meu futuro. Não daria o gostinho nem ao meu pai, e muito menos a Etore, de achar que podem me controlar.Levantei da cama, tomei um banho e me vesti poderosa como sempre. Peguei minha mochila da faculdade e saí do meu quarto, chamando a atenção de todos que estavam na mesa tomando o café da manhã.— Bom dia, família amada. — Disse, com o deboche estampado em meu rosto.Antes que alguém pudesse responder, Nicolai respondeu ríspido: — Aonde você pensa que vai?— Não que seja de sua conta, mas vou para a faculdade.Ele riu na minha cara, como se eu tivesse falado a coisa mais engraçada do mundo. — Acho que você não entendeu a posição em que está agora, Malia. Tudo o que quiser fazer a partir de agora, precisa de autorização de seu noivo. A faculdade já não está mais na sua lista de afazeres, e a partir de hoje
Era estranho vê-la desarmada, parecendo tão frágil. Tirei-a do carro, pegando-a em meu colo. Ela se aconchegou em meu peito como se eu fosse sua pessoa predileta no mundo, mesmo que eu soubesse que não era bem assim. Mas, naquele instante, parecia que eu era.Entrei em casa e minha mãe veio logo ao nosso encontro.— Ela está bem? — perguntou, já preocupada.— Só está cansada e acabou dormindo no carro — respondi, dando as costas para ela e subindo com Malia para o quarto onde ela ficaria hospedada.Fazia anos que eu não dormia nesta casa, que ficou para minha mãe e minha irmã depois da morte do meu pai. Eu havia comprado uma mansão mais sofisticada e moderna, com segurança impecável. Mas, como ainda não estávamos casados, não podíamos ir para minha casa. Precisávamos seguir as leis das duas máfias. Na lei russa, os noivos podem ficar na mesma casa, mas a família do noivo precisa estar presente.Acho que eles têm medo de que os noivos se matem antes mesmo da aliança estar pronta.Coloq
Acordei cedo como de costume, preparada como se fosse para a aula. Na noite anterior, já havia mandado uma mensagem para Liam, combinando de nos encontrarmos atrás da universidade.Naquela manhã, Malia resolveu sair do quarto, arrumada para a universidade, mas foi brutalmente impedida pelo tio Nic.Um frio passou pelo meu corpo com medo de que eu também fosse impedida. Eu queria ajudar minha prima, mas a única coisa que consegui fazer foi ficar quieta, não me mover e fingir que nada estava acontecendo. Se não, sobraria para mim.Assim que o tio Nic e a tia Zoya foram para o escritório conversar, aproveitei a deixa para sair.Entrei no carro e sentia como se um peso estivesse em minhas costas enquanto o motorista andava pelas ruas. Não conseguia deixar de pensar na expressão no rosto de Malia quando foi impedida de sair. Sua força estava se esvaindo, e isso só aumentava minha urgência de encontrar uma saída. Liam era meu refúgio em meio ao caos. Desde que nos conhecemos, ele se mostrou
Abri meus olhos e me vi em um lugar desconhecido. Olhei pela janela e vi que já era noite. Verifiquei as horas no meu telefone e vi que passava das 23:00. Com a fome começando a apertar, decidi levantar e procurar algo para comer.Ao sair do quarto, percebi o silêncio que pairava sobre a casa, um silêncio que parecia sufocante. Lembrei-me então que Etore havia dito que eu ficaria na casa de sua mãe até o casamento. Mais uma vez, a sensação de estar presa me envolveu, mas eu não conseguia nem gritar para expressar minha frustração.Desci as escadas e, ao tocar na parede, encontrei o interruptor para acender as luzes. A cozinha era o único lugar iluminado, o que me trouxe um pouco de alívio.Com receio, abri a geladeira e me assustei ao ver uma garota mais ou menos da minha idade me observando.— Sinta-se à vontade para pegar o que quiser na geladeira ou nos armários. Você provavelmente está com fome. — Ela disse, percebendo minha surpresa.— Desculpe, não quis te assustar. Meu nome é C
Eu estava na sede com Alex, meu subchefe, quando meu telefone começou a chegar várias mensagens. A mensagem era de um soldado na casa da minha mãe, dizendo que todos os outros soldados estavam de olho em minha noiva. Não entendi o que ele quis dizer com aquilo até ver a foto dela de pijama transparente na varanda de seu quarto.Não pensei duas vezes antes de entrar no carro e ir até essa filha da mãe. Chega a ser doentio como essa menina consegue me tirar do sério. Nunca pensei que ela teria coragem de realmente me pirraçar, mas a fedelha mandada pelo capiroto teve. Assim que o carro chegou à mansão da minha mãe, eu a vi na sacada de seu quarto com aquele pijama minúsculo e transparente. Assim que nossos olhos se encontraram, ela abriu um sorriso desafiador que me fez engolir seco. A filha da mãe tirou a blusa, ficando apenas de lingerie, que quase não cobria seus seios e meus soldados não se atreveram a mexer um músculo se quer.O carro parou, e eu desci como um foguete em direção