Beatriz ouvia tudo com o coração cheio de alegria por Daniel. O sonho que ele tinha naquela época finalmente estava se tornando realidade.— Pensando bem, preciso agradecer à Beatriz. — Disse Daniel, olhando para ela. — Foi ela quem conseguiu aquele investimento anjo de dez milhões.— A Bia conseguiu isso tudo? E nunca contou nada para gente? — Exclamou Letícia, surpresa.— Porque assim que ela conseguiu o investidor, foi morar fora. Na época, fiquei realmente emocionado. Cheguei até a querer que a Beatriz virasse sócia, mas ela foi embora de repente, sem aviso nenhum. — Suspirou Daniel.Ao ouvir isso, Beatriz foi levada de volta às lembranças de dois anos atrás.Naquela época, ela realmente estava decidida a empreender junto com Daniel. Mas quem diria que o destino jogaria um presente inesperado em seu colo?Por amor, acabou abrindo mão da carreira, desapareceu do radar e virou, na prática, uma babá presa numa vida que nunca escolheu de verdade.— Investimento anjo? Mas como assim a B
Na recepção do restaurante.Gabriel informou o número da mesa reservada, e o garçom começou a conduzi-lo até lá. No caminho, ao virar levemente a cabeça por reflexo, seu olhar passou pelo salão, e ele parou por um instante.Os olhos ficaram fixos numa mulher sentada em uma das mesas. Justo naquele momento, ela levantou o cardápio e escondeu o rosto.Por um segundo... Ele achou que tinha visto...Beatriz.Continuou seguindo o garçom, mas o olhar insistia em voltar para aquela direção. Quando estava prestes a enxergar o perfil da mulher, um pilar largo apareceu bem no meio, bloqueando totalmente a visão.Tentou olhar de novo, mas agora só conseguia ver a parte de trás da cabeça dela.“Cabelo curto... Não é a Beatriz. Ela usava cabelo comprido.Além disso, ela ainda estava internada no hospital. Não tinha como estar ali.”Gabriel desviou completamente o olhar, com o rosto impassível. Sentiu que provavelmente tinha se confundido.E também... Desde que Beatriz o bloqueou, ele passou a manhã
Com um sorrisinho irônico no canto dos lábios, Vitória fazia seus cálculos mentais.Os pratos principais chegaram. Gabriel mal tocou na comida, mas já tinha bebido quase uma garrafa inteira de vinho tinto. Quando abriram a segunda garrafa, o efeito do álcool começou a pesar.— Chega de beber, Vi. Tenho que trabalhar à tarde. — Disse Gabriel, afastando a taça da mão dela, impedindo que servisse mais.— É que eu te vi meio para baixo… Achei que você estava estressado com o trabalho. Um pouquinho de vinho e depois uma soneca no escritório... Vai voltar novinho em folha. — Murmurou Vitória, com voz suave, quase hipnotizante.Gabriel ouviu, mas o que o deixava de mau humor não era o trabalho. Era Beatriz.Beatriz que, até agora, não o procurara, não atendia suas ligações, não mandava uma mensagem sequer. Aquilo o deixava frustrado, irritado… E, mais do que tudo, angustiado.Sem dizer nada, pegou a taça de volta, empurrou-a na direção dela, e Vitória a encheu de novo, só com o suficiente par
Ao ouvir aquelas palavras, Gabriel franziu ainda mais a testa e, com o semblante sério, rebateu:— Srta. Letícia, por favor, cuide do que diz. Não difame os outros sem motivo.Letícia achou graça da reação e respondeu, com uma sobrancelha arqueada:— Vocês dois aí, de braços dados, e ainda aparecendo nos trending topics hoje de manhã?Gabriel baixou o olhar e só então percebeu que Vitória estava com o braço entrelaçado no seu. Sem hesitar, afastou-a com um gesto brusco.Vitória continuava ao lado, sorrindo como se nada tivesse acontecido, mas por dentro quase rangia os dentes de raiva. Os olhos, porém, deixavam claro, ela queria matar aquela mulher intrometida.— O que saiu nos trending topics é fofoca, distorção. Srta. Letícia, não acredite em tudo que lê por aí. — Disse Gabriel, com o rosto cada vez mais fechado.Letícia soltou uma risada sarcástica e, percebendo o quanto ele estava alterado pelo vinho, lançou:— Não é aquela a corrente de noventa milhões que sua amante tá usando no
O vidro do carro foi batido, e Daniel, instintivamente, olhou para fora, era Beatriz. Ele rapidamente abriu a porta.Mas, em vez de ir para o banco do passageiro, ela entrou direto no banco de trás, o olhar visivelmente tenso.— O que aconteceu? Teve algum problema? — Daniel perguntou, preocupado.— Não... Não. — Respondeu Beatriz, tentando controlar a respiração. — Daniel, você pode dirigir? Me leva até o próximo cruzamento, por favor.Mesmo sem entender muito bem, ele ligou o carro e atendeu ao pedido.Ao fazer a curva, viu Letícia na praça, acompanhada por um homem e uma mulher. O homem ele reconheceu de imediato: era Gabriel.Daniel lançou um olhar pelo retrovisor e notou que Beatriz já não estava mais sentada normalmente. Estava curvada, quase deitada. Ele franziu o cenho, intrigado.Letícia já tinha saído do restaurante, mas Beatriz… Agia como se estivesse fugindo de um crime. Com aquele jeito de quem precisa se esconder, como se ninguém pudesse vê-la...— Beatriz, você tá fugind
Ao ouvir aquilo, Gabriel não hesitou. Seguiu Vitória até o táxi, cambaleando, mas determinado.Do outro lado, no cruzamento seguinte, Beatriz havia recusado o convite de Daniel para visitar a empresa mais cedo e decidiu esperar por Letícia ali mesmo.Quando viu o carro vermelho se aproximando, caminhou até ele e entrou.— Você não vale nada mesmo, hein, Bia! — Letícia disparou assim que ela se acomodou no banco. — Quando eu falei do Daniel, você quase jurou que não queria nem cruzar com ele… Aí agora, só pra trocar mais duas palavrinhas, já pulou no carro do cara!Beatriz ficou sem palavras, tentando justificar:— Foi só um trajeto curto... A gente quase nem conversou.— Mas deu tempo de trocar uns beijinhos, né? — Retrucou Letícia com um sorrisinho debochado.Beatriz nem respondeu.— Então me conta, vai... Do que vocês falaram? Se não contar, eu mesma vou inventar a versão mais picante possível! — Insistiu Letícia, impiedosa.Beatriz tentou rir, mas o sorriso era claramente forçado.—
Rafael olhou para o rosto aparentemente calmo de Gabriel e comentou, em tom cauteloso:— O senhor não parece tão bêbado assim… Ainda lembra quem eu sou, né?“No fim das contas, queria ligar pra Beatriz… E acabou ligando pra mim.”— Ele bebeu demais, sim. — Enfatizou Vitória, apressada. — Se não tivesse, não estaria sentado na calçada desse jeito, todo perdido.Rafael a encarou por alguns segundos. Sabia exatamente como aquela história terminaria se deixasse Gabriel sair dali com ela: caos, escândalo e arrependimento.Por isso, com firmeza, declarou:— O Sr. Gabriel está bem. Tá sóbrio. E tem duas reuniões internacionais marcadas pra essa tarde. Ele não pode faltar.Vitória, já com a boca aberta para sugerir que as reuniões fossem adiadas, foi rapidamente interrompida:— São projetos de bilhões. Se atrasar... Quem assume a responsabilidade? Você acha que pode lidar com isso?Vitória engoliu seco.Bilhões...Se Gabriel descobrisse depois que ela tentou impedi-lo de ir, estaria ferrada. E
Em meio a tanta contradição e confusão emocional, Gabriel foi tomado por uma raiva silenciosa. Com o semblante fechado, limpava os respingos de café da mesa com movimentos irritados.— A Beatriz tá se achando demais… Já são quatro dias com essa pose toda. Tá até esquecendo o sobrenome, pelo visto. — Resmungou, com amargura. — Com esse gênio, se fosse em qualquer outra família, já tinha sido posta pra fora. Não tem nome, não tem herança, e ainda não sabe valorizar o posto de Sra. Pereira. Tem uma boca, mas não sabe usar. Se não sabe conversar, pra que serve essa boca, afinal? A culpa é toda dela, mas age como se o mundo inteiro devesse alguma coisa para ela. Francamente...As palavras saíam como veneno. Gabriel jogava cada frase como se fosse uma descarga de frustração acumulada, jogando toda a culpa nela.Rafael, parado ao lado, assistia à transformação do Sr. Gabriel em um verdadeiro “marido rancoroso”. Ele não parava de resmungar, feito uma alma penada, despejando mágoa em cada frase